Tuesday, June 18, 2013

brasil en lucha

Vigência da violência revolucionária

Rio2
Foto: Felipe Dana/AP
Por R. Mineiro 
Estamos assistindo, nas ruas, o maior legado das Copas das Confederações. Thanks Fifa.
Os ministros e os monopólios de comunicação, atônitos, dizem não entender o significado de tamanha revolta. Isolados em seus paraísos artificiais estão assustados com a cara do país. Há pelos menos dez anos, espero que coisas como estas aconteçam. O dia raiou, “Toda noite – tem auroras, Raios – toda a escuridão”. “O Brasil acordou”, esta frase pôde ser lida em cartazes de muitas manifestações. Acordar para sonhar.
Em uma noite histórica, tiveram sorte aqueles que não conseguiram dormir. A insônia dos que atacam é muito mais prazerosa que a dos defensores da velha fortaleza.
As classes dominantes e reacionárias, em meio ao pesadelo das ruas, esboçam sua estratégia para esvaziar as manifestações. Na semana passada, assistimos aos ataques venenosos de seus porta-vozes. Arnaldo Jabor disse que esta juventude não valia um vintém, Luiz Datena nos chamou de vândalos e baderneiros. Depois de ficar claro que a repressão só aumentava a rebelião, o discurso mudou. Ontem, Jabor falou de uma geração que reencontra ideias; Datena disse ao CQC, que apesar de estar no jornalismo policial, a especialidade dele era direitos humanos.
Quanta mudança em apenas uma semana. Agora assistimos “especialistas em segurança” promovidos a especialistas em manifestações. Estamos acostumados a ver reportagens com dicas de como se comportar em uma entrevista de emprego. Mas é novidade ouvir jornalistas antipovo nos darem aula sobre o que devemos ou não fazer em nossos protestos.
Os mesmos que nos enxovalharam querem, hoje, nos dar lições. E a lição enfadonha é repetida, insistentemente, por todas as emissoras: “os protestos devem ser pacíficos”, “é lindo ver as pessoas vestidas de branco”, “a maioria dos jovens quer paz, apenas um pequeno grupo de manifestantes radicais atirou pedras contra a polícia.”
O discurso de paz, senhores, chegou atrasado. Por que vocês, escribas da reação, não incentivaram a tropa de choque a vestir branco nas remoções de favelas para as obras da Copa no Rio de Janeiro? Por que não defenderam que a Força Nacional de Segurança do governo Dilma levasse flores aos operários rebelados de Jirau? Não deveria, a Polícia Federal, ter atuado de forma ordeira na reintegração de posse que provocou o assassinato do índio Terena no Mato Grosso do Sul?
“Do rio que tudo arrasta se diz violento, porém ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”
O discurso de paz de Datena é dantesco. Que ninguém se iluda, pois estes senhores e senhoras serão os mesmos a esbravejar por punição exemplar aos manifestantes radicais. A classe operária conhece a fúria sanguinária da reação burguesa. Na Comuna de Paris, os revolucionários pagaram caro por não oprimirem a classe dominante derrotada. Vinte mil foram assassinados assim que a burguesia retomou a capital francesa.
A contra-propaganda ao defender manifestações pacíficas tem por objetivo tornar estéril nossa revolta. Chegaram a dizer: “manifestação ordeira é um tapa na cara dos políticos, pois aí eles não tem desculpa para reprimir”. O povo não precisa fazer passeata para ser reprimido, basta ser pobre, preto e favelado para estar ameaçado, todos os dias, pela violência policial do velho Estado.
Dizer que manifestações pacíficas são mais “eficientes” é papo-furado. Ir para as ruas, simplesmente, não é suficiente. Vejamos o exemplo das manifestações das “Diretas Já”, em 1984. Milhões de pessoas, no final do regime militar, saíram às ruas exigindo eleições diretas para presidente. Todos os comícios das diretas transcorreram de maneira ordeira e pacífica. Um tapa na cara da ditadura, diriam os atuais especialistas em manifestações. O resultado? Derrota para o povo. Apesar da multidão nas ruas, a emenda das diretas foi rejeitada pelo Congresso Nacional e Tancredo Neves foi eleito presidente pelo voto indireto de um colégio eleitoral.
“A violência é a parteira da história”.
Porque toda violência do povo é resistência. Porque a “rebelião se justifica”. E o que fez alastrar as manifestações por todo o país não foi o ataque covarde da PM fascista de Alckmin. Foi a resposta violenta dos jovens, foram as vidraças quebradas, os bancos depredados, os ônibus queimados. Pintamos o rosto no impeachment de Collor e forçamos sua renúncia, seu vice assumiu e nada mudou. Agora os adolescentes da vez, cobrem o rosto, invadem a Assembleia Legislativa do RJ e ocupam a rampa do Congresso.
A história está sendo reescrita em garatujas de graffiti nos monumentos do passado. É o urro tribal de jovens que dançam em torno de uma viatura incendiada. Somos guaranis-kaiowás, terenas, tapebas, mundurukus. Somos o povo brasileiro, “copa do mundo é o caralho”.
É apenas o começo, o recomeço de uma longa saga por nossa liberdade. Que felicidade viver este momento. É hora do ponto final porque meu mundo está na rua e exige minha presença.
“Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.”
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Citações de Castro Alves, Bertold Brecht, Karl Marx, Mao Tsetung e Carlos Drummond.

Urgente: Violento confronto no Centro do Rio

RJ. Foto de Pedro Kirilos, agência O Globo
Foto: Pedro Kirilos, agência O Globo
Rebelião popular nas ruas do Centro do RJ. Nossa reportagem esteve até pouco tempo no local e registrou horas de confrontos entre milhares de manifestantes e a polícia, que não resistiu a revolta e se trancou dentro de prédio da Alerj. Já são horas de confronto e agora a pouco a tropa de choque chegou ao local. Estima-se que cerca de 100 mil pessoas participaram da manifestação (algumas fontes afirmam 50 mil).
Recebemos ainda graves denúncias que pelo menos duas pessoas foram feridas com armas de fogo. Uma delas se encaminhou para o hospital do Andaraí.

RJ: Denúncia de agressão policial contra manifestante

Recebemos uma mensagem de Sabrina Torres Magalhães relatando agressões sofridas pela PM no Maracanã no último domingo, 16 de junho:
Olá, gostaria de pedir um grande favor! Hoje eu estava no protesto aqui no Rio, sabemos que houve um abuso excessivo da polícia, isso não é novidade, o que poucos sabem é que PM’s estavam apreendendo celulares de protestantes com a intenção de destruir os registros feitos! E quem não entregava o aparelho, era agredido, o que de fato aconteceu comigo e duas amigas. Levamos alguns socos e chutes até que apareceu alguns rapazes nos ajudando e partindo pra cima dos policiais. Nesse meio tempo – não me pergunte como (rs)- conseguimos tirar o cartão de memória de 2 celulares, 1 eles levaram com tudo. Será que seria pedir demais para que publiquem isso? Já consegui contato com um outro meio de comunicação, porém acho que quanto mais gente divulgando e mostrando como de fato são as coisas nos protestos, melhor! Estou procurando mais pessoas que que tenham passado o mesmo que a gente, melhor ainda se alguém tiver fotografado/filmado! Desde já, agradeço!

Apoio internacional aos protestos no Brasil

dublin1Em 16 de junho, centenas de pessoas que moram em Dublin, capital da Irlanda, incluindo brasileiros, realizaram um ato de apoio aos protestos que vêm ocorrendo no Brasil.
Entre as faixas e cartazes levados, alguns continham as frases: “Desculpe o transtorno, nós estamos construindo um novo Brasil” e “Protesto não é crime.
No mesmo dia, centenas de manifestantes em Berlim, na Alemanha, também enviaram apoio aos protestos. O ato também contou com a participação de turcos e ocupou a movimentada rua Kottbusser Damm, uma das principais da cidade.
Outros protestos de apoio estavam sendo organizados em Paris (França), Coimbra (Portugal) e outras cidades. Na página Democracia Não Tem Fronteiras – Brasileiros no Exterior são estão sendo convocadas manifestações também em Londres, Madri, Barcelona, Lisboa, Nova Iorque, Cidade do México, Sidney, Chicago e Tóquio. A maioria delas ocorrerá no dia 18,
“Mesmo que tenhamos um oceano de distância, nós, brasileiros no exterior, queremos demonstrar nossa recusa em aceitar a violência militar contra os protestos democráticos no Brasil. Contra a repressão policial, contra a barbárie dos governantes”, postaram os organizadores do ato na França, que ocorrerá em 28 de junho.

Urgente! Repressão policial no Maracanã (RJ)

rj
Nossa redação acabou de receber informações de que a manifestação no Maracanã na tarde de hoje, 16 de junho, foi brutalmente reprimida pela PM. Além das agressões há denúncias de que a PM está tomando celulares e câmeras das pessoas e que as câmeras de Metrô e das ruas estão desligadas para não registrar a ação policial. Algumas rádios tiveram seus sinais cortados. Um repórter da CBN que estava cobrindo o protesto disse que a polícia iniciou a confusão. A fala desse repórter está circulando no Facebook. O protesto ocorreu simultaneamente com o primeiro jogo da Copa das confederações no Rio de Janeiro.

Brasília: Protesto na abertura da Copa das Confederações

Valter Campanato, ABr
Foto: Valter Campanato, ABr
Trabalhadores e estudantes participaram da manifestação durante a abertura da Copa das Confederações no estádio Mané Garrincha, Brasília, neste último sábado, 15 de junho. Mesmo com um grande aparato policial, que contou com 10 mil policiais militares e soldados das forças armadas, os manifestantes foram para o local reivindicar seus direitos e critivar os absurdos gastos com a compaetição organizada pela Fifa. Até um avião não-tripulado (drone) fez parte do esquema de “segurança”.
O protesto no redor do estádio foi atacado pela polícia dando início a um confronto. Cerca de 30 pessoas ficaram feridas e 17 detidas. As imagens divulgadas nos canais de Tv e na internet mostram pessoas sendo agredidas, motos perseguindo manifestantes e bombas de gás sendo lançadas ostensivamente.
O secretário de “Segurança Pública”, Sandro Avelar, deu sua declaração reacionária dizendo que a ação (leia-se a covarde repressão) foi necessária porque os manifestantes ameaçaram invadir o estádio: “Não houve falha. Foi um trabalho maravilhoso que garantiu a realização do evento”.
Além dos protestos, na cerimônia inaugural vaias foram direcionadas para a gerente federal Dilma Roussef e ao presidente da Fifa, Joseph Blatter.

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