Sunday, December 20, 2015

BRASIL: Novos ataques de pistoleiros contra camponeses vizinhos ao Acampamento Paulo Justino



Conheça, divulgue, apoie a luta camponesa!
Novos ataques de pistoleiros contra camponeses vizinhos ao Acampamento Paulo Justino
Jaru, 17 de dezembro de 2015
Camponeses denunciaram na sede da LCP mais um ataque de pistoleiros contra trabalhadores do Assentamento Terra Prometida. No dia 12 de dezembro, 5 pistoleiros fortemente armados atacaram o sítio de familiares de um morador do Acampamento Paulo Justino. Os pistoleiros – cada um com uma espingarda 12 e uma pistola na cintura – abordaram um jovem quando chegava na casa e disseram que ele era um dos líderes do Acampamento. Falaram vários nomes que não eram o dele e depois invadiram a casa, renderam todos presentes, inclusive mulheres, ameaçaram bater com um pedaço de pau, reviraram a casa e roubaram a aliança de um dos moradores e os produtos de beleza que uma camponesa vendia, num valor de R$1.000,00. Depois da sessão de violência, os pistoleiros fizeram mais ameaças, perguntaram ao dono da casa se ele faria alguma denúncia e disseram que seria inútil: “Vocês estão vendo nossas roupas? É a polícia que vem buscar na fazenda para levar para lavar.”
Este ataque ocorreu no dia seguinte ao assassinato brutal do jovem acampado Francimar de Souza, no dia 11 de dezembro. Os camponeses suspeitam que este seja mais um crime destes pistoleiros.
Desde o dia 1º de novembro, quando 25 famílias ocuparam a fazenda Santo Antônio, no município de Alto Paraíso, até hoje já ocorreram vários ataques de pistoleiros fortemente armados contra camponeses do Acampamento Paulo Justino e do Assentamento vizinho Terra Prometida:
- 4 de novembro de 2015: camponeses do Acampamento Paulo Justino foram covardemente agredidos e despejados por 8 pistoleiros fortemente armados.
- Novembro de 2015: pistoleiros invadiram e roubaram casas no Assentamento Terra Prometida, abordaram pessoas que passavam nas estradas, ameaçaram quem não informasse onde os camponeses estavam acampados. Roubaram R$200 de um morador que vende picolé nas casas.
- Novembro de 2015: um morador do Assentamento Terra Prometida esteve na delegacia de Ariquemes para denunciar estes crimes e ouviu do delegado que a polícia estava atuando na área. Mas até agora, nenhum pistoleiro foi preso.
- 23 de novembro de 2015: dois pistoleiros atiraram contra dois acampados quando passavam de moto na estrada C 60, indo para o Acampamento.
- Novembro de 2015: pistoleiros agrediram brutalmente um funcionário de um fazendeiro vizinho da fazenda Santo Antônio, quando ele trabalhava na divisa. Ele foi socorrido de carro e transportado para Porto Velho, em estado grave. Os camponeses suspeitam que os pistoleiros cometeram este crime porque pensaram tratar-se de um acampado.
- Novembro de 2015: camponeses denunciaram que Antônio Carlos Faitaroni, pretenso proprietário da fazenda Santo Antônio disse várias vezes, para diversas pessoas que não vai perder a fazenda porque tem 36 homens trabalhando para ele lá, e que buscaria mais se algo acontecesse com eles. Camponeses denunciam ainda que Antônio Faitaroni manda recados aos líderes, que na verdade são ameaças: “eles são novos, é melhor desistirem.”
Por tudo isto, os camponeses suspeitam e nós denunciamos que os pistoleiros devem estar a mando de Antônio Faitaroni, com o apoio da recém-criada Associação de latifundiários do Vale do Jamari.
Todos estes ataques de pistoleiros no Assentamento Terra Prometida, uma área já regularizada, tem o objetivo de gerar um clima de terror para que os os camponeses do Acampamento Paulo Justino não tenham nenhum apoio na vizinhança. Um morador abandonou seu lote, com medo, vários falam que farão o mesmo.
A maioria dos camponeses tem medo de denunciar. É urgente organizarmos uma missão para visitar os camponeses destas áreas, colher estes relatos das vítimas, pressionar pelo fim dos ataques de pistoleiros e apoiar a justa luta pela terra para quem nela trabalha.
Lutar pela terra não é crime!
O camponês quer terra, não repressão!
Terra para quem nela vive e trabalha!
LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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