A Comissão Nacional das Ligas de
Camponeses Pobres manifesta seu total apoio aos companheiros da FNL
diante do covarde ataque de pistoleiros ocorrido na tarde de quinta
feira, 08 de março, Dia Internacional da Mulher Proletária, contra os
camponeses que no mês de fevereiro haviam ocupado a sede deste
latifúndio, avançando na luta.
São ridículas e mentirosas as manchetes
do monopólio da imprensa para divulgar os fatos. “Troca de tiros”, G1;
“Conflito Agrário”, Estado de Minas; “Conflito em Fazenda”, O Tempo; o
que houve foi um ataque covarde, uma emboscada, com alvos premeditados,
pistoleiros armados contra camponeses desarmados. E das informações
divulgadas (até agora só apareceu a versão da polícia e em algumas
reportagens declarações da “gerente” do latifúndio, nenhum companheiro
da FNL foi ouvido), o que aparece é um companheiro que seria da
liderança gravemente ferido, no hospital correndo risco de vida, com
tiros na cabeça e no corpo, um outro camponês ferido à bala, e diversos
camponeses espancados.
A declaração da “gerente” do latifúndio
Andréia Beatriz (qual o sobrenome da sujeita, senhores, informem, ou só
pobres merecem ser identificados?) é uma confissão de culpa cristalina:
“A gerente da fazenda,
Andreia Beatriz, alega que foi informada de um roubo de gado na
propriedade e quando iria fazer um boletim de ocorrência soube do
tiroteio na Norte América. Segundo ela, alguns funcionários da fazenda
foram enviados à propriedade para pegar ração, e acabaram sendo
confundidos com autores do tiroteio, sendo presos pela PM.”
É evidente que “fazer um boletim de
ocorrência” era um álibi, estar em outro local, de preferência público,
quando os pistoleiros de sua quadrilha atacassem os camponeses e
eliminassem seus líderes.
E mais absurdas ainda são as imagens
divulgadas pela polícia das armas “apreendidas” com os “suspeitos”, os
tais “funcionários” da fazenda:
O que aconteceu foi: quem não era
reconhecido como “funcionário da fazenda” (e legalmente nenhum era, pois
duvidamos que algum deles tenha a carteira de trabalho assinada) saiu
fora com as armas do crime.
E a revolta só aumenta quando nos
deparamos com o lixo que escreve o monopólio da imprensa, como os
trechos que reproduzimos da “matéria” do G1:
“Até o momento, de acordo com a polícia, seis pessoas foram detidas por suspeita de envolvimento no crime.”
“Cerca de 120 sem terras, integrantes do FNL, participaram da invação na Fazenda Norte América.” (o erro é do G1)
Quando é no Rio de Janeiro e a polícia
prende pobres, no mínimo são “traficantes” ou “bandidos”, quando é
pistoleiro do latifúndio, “pessoas” “trabalhadores da fazenda”; e os
camponeses não são “pessoas”, são “120 sem terras”.
Que nojo!
Tudo isso para acobertar a quadrilha que
gerencia e assalta o país (em Minas, Temer e Pimentel são grandes
aliados), dos quais os pistoleiros do latifúndio escravocrata são
peças-chave (Leo Andrade, o latifundiário, é da mesma família Andrade do
Pará, conhecida por posses ilegais de terras, crimes, trabalho escravo e
matanças).
No ano passado, em 2017, pistoleiros
deste mesmo latifúndio foram presos armados, um seria de Minas e outro
do Pará, quando atacaram integrantes do MST que então organizava a luta
pela área. A FNL, junto com os mesmos camponeses que não aceitavam
desvios no caminho da luta, encampou a retomada da terra. Esta luta se
soma com a luta da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da
Bahia pelas terras de Cachoeirinha.
Conclamamos ao apoio imediato de todas
as entidades democráticas aos companheiros atacados, que todos cobrem do
Estado, façam vigílias no hospital para garantir a vida dos
companheiros internados e que ainda podem ser atacados, apóiem as
famílias das vítimas.
Conclamamos que se realizem atos de protesto e denúncia.
E também que as lutas dos camponeses do Norte de Minas recebam todo o apoio que merecem e precisam.
Viva a Retomada do Latifúndio Norte América!
Viva a luta dos Posseiros de Cachoeirinha!
Total apoio e solidariedade aos companheiros da FNL!
Morte ao latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
Belo Horizonte, 09 de Março de 2018
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