No dia 22 de Outubro deste ano
completam-se quatro anos do covarde assassinato do companheiro Cleomar,
por pistoleiros e policiais, a mando dos latifundiários. Cleomar
Rodrigues de Almeida, dirigente da Liga dos Camponeses Pobres, foi
fuzilado por disparos de armas de grosso calibre numa tocaia, na
porteira que dá acesso à Área Unidos com Deus Venceremos em Pedras de
Maria da Cruz, onde trabalhava e vivia com 35 famílias, desde 2008.
Seu assassinato causou grande
repercussão na região, revolta entre os camponeses e comoção entre os
apoiadores da luta pela terra e democratas em várias partes do país.
O companheiro Cleomar há muito tempo
vinha sendo ameaçado de morte, por conhecidos pistoleiros da região e
pelo policial civil Danilo de Januária, que junto com outros agentes do
Estado, publicamente prestam “serviços” aos latifundiários de Pedras de
Maria da Cruz e região.
Desde 2010, isto foi denunciado
amplamente ao MP, Ouvidoria Agrária, INCRA e outras autoridades,
inclusive em audiências públicas, onde foram citados os latifundiários
Antônio Carlos Vinagre, Hiram Moura, Rodolfo Rabelo, Antônio Aureliano e
outros.
O
companheiro Cleomar foi assassinado por sua militância abnegada, por
defender os interesses e a união dos camponeses pobres na luta contra o
inimigo comum: o latifúndio e seu velho Estado; Em sua memória, as
famílias camponesas retomaram parte das terras griladas da fazenda
Pedras de Maria Agropecuária, cortaram e distribuíram as parcelas, dando
seu nome à Comunidade.
No final de 2014, depois de um inquérito
farsante, que tinha como objetivo esconder os nomes dos latifundiários
mandantes do assassinato do companheiro Cleomar, bem como impedir que
viesse à tona a participação de agentes policiais de Januária no crime,
foram presos os pistoleiros Marcos Ribeiro de Gusmão e Marco Aurélio da
Cruz Silva, acusados pelo assassinato. No entanto, menos de 1 ano
depois, em 03 de novembro de 2015, um habeas corpus do STJ concedeu
liberdade provisória para eles.
A soltura destes bandidos, assim como a
não acusação formal dos mandantes e da formação de uma organização
criminosa dos latifundiários desta região, envolvendo agentes policiais
do Estado, como evidencia o julgamento que será realizado dia 13 de
setembro deste ano, demonstra bem a farsa desta “justiça” que
historicamente acoberta grileiros de terra, torturadores, assassinos de
camponeses, quilombolas e indígenas, configurando em Crimes de Estado.
Só a Revolução Agrária fará verdadeira justiça!
Não é um fato isolado, em todo o Brasil e
na região, temos visto o desenvolvimento de uma guerra civil
reacionária contra o povo pobre e a preparação de um golpe de Estado
militar contrarrevolucionário preventivo ao inevitável levantamento das
massas, principalmente no campo.
Atrás de uma mentirosa propaganda sobre o
agronegócio para encobrir a realidade de miséria e exploração em que
milhões de famílias estão submetidas pelo sistema de concentração da
terra, os latifundiários estão organizando seus bandos armados e grupos
de extermínio, através da Sociedade Rural, relançando seu famigerado
“Movimento Paz no Campo” como evidenciaram os ataques em Capitão Enéas,
em março, pelo latifundiário escravocrata Leonardo Andrade.
Nenhum governo no Brasil fez a reforma
agrária, porque todos estão comprometidos até o tutano com o latifúndio,
através do velho Estado burguês, latifundiário, serviçal do
imperialismo. Um Estado em decomposição e um sistema político podre
falido por completo e gerenciado por bandidos profissionais como Temer e
sua quadrilha condenado a arrastar o país e a Nação, de crise em crise
para a barbárie.
Só o povo pode salvar o Brasil e
não pode fazê-lo através da farsa eleitoral comandada por essa
politicalha que controla e assalta o país, muito menos pelos militares
lambe botas do imperialismo ianque. As botas e
baionetas dessa milicada bajuladora dos Estados Unidos jamais serviram
para resguardar os interesses dos camponeses, dos operários, do povo e
da nação.
Denunciamos o sinistro propósito dos
latifundiários e de seu velho Estado de afogar nossa luta em sangue. E
afirmamos mais uma vez que, assim como ao longo dos séculos a luta pela
terra nunca parou, cada vez mais, está chegando a hora do acerto de
contas, em que o povo do campo, sofrido e mil vezes pisoteado e
humilhado, com o apoio dos pobres da cidade, se levantará para acabar de
vez com todo o latifúndio tomando todas as suas terras, através da
revolução agrária que irá pôr fim a este sistema de exploração e
opressão sobre nosso povo e de subjugação e saqueio das riquezas de
nossa Pátria, para conquistar a nova democracia, nova economia, nova
cultura e o novo Brasil!
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