LCP responde a Bolsonaro: 'Não vão conseguir parar a luta pela terra'
“Para os camponeses, sobreviver significa conquistar um pedaço de terra para trabalhar. Buscam tachar essa luta como guerrilha, pois bem, se assim querem, quanto mais repressão, mais ódio de classe e maior resistência. Independente da vontade de quem quer que seja entramos já num novo tempo, não só o Brasil, mas todo o mundo, um novo período de revoluções da História universal. E apesar de Bolsonaro e seu governo militar de fato, todos que escaparem da morte pela covid-19, todos que viverem verão! Bolsonaro precisa e quer arrastar o país para a guerra civil e nisto com seus amos latifundiários estão transformando os camponeses em combatentes, que a seu modo e a sua maneira lutarão para garantir seus direitos sagrados e por seus justos interesses, dentre os quais a defesa de uma Nova Democracia e um Brasil Novo para nosso Povo”. Assim concluiu a Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres, respondendo aos ataques sucessivos do presidente fascista Jair Bolsonaro contra a luta pela terra.
A resposta veio em nota emitida no dia 12 de maio, intitulada Berreiro e repressão contra a LCP não vão parar a luta pela terra, através da qual o movimento responde quem são os verdadeiros terroristas, situando que quem de fato pratica terrorismo em Rondônia são os latifundiários que se utilizam das próprias estruturas do velho Estado para isso, é seu governo militar de fato sediado em Brasília.
A Comissão aponta na nota que “quem está fazendo terrorismo contra o povo e o país é Bolsonaro e o governo militar de fato, que já levaram à morte mais de 430 mil brasileiros em cerca de 400 dias”. Os camponeses denunciam ainda o negacionismo de Bolsonaro e a farra dos militares com banquetes e altos salários e, em contrapartida, sabotam a vacinação, não cedem leitos de UTIs em hospitais militares, nem garantem fabricação ou compra de oxigênio e insumos para vacinas.
Os camponeses denunciam também as forças militares e policiais que, historicamente, massacram o povo e seguem o terrorismo contra o povo. Dão como exemplo a chacina promovida contra 28 jovens moradores da favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, que contou com cumprimentos dos genocidas.
O movimento afirma que “terroristas são os latifundiários ladrões de terra, que com seus bandos armados de pistoleiros ou se utilizando diretamente das próprias forças policiais a seu serviço, esses sim, causam verdadeiro terror no campo, cometendo toda sorte de crimes e atrocidades, assassinando impunemente camponeses e demais lutadores do povo”.
A LCP cita então uma série de massacres orquestrados pelo latifúndio como o assassinato de 11 e tortura de centenas na então fazenda Santa Elina, Corumbiara, Rondônia (1995); assassinato de 19 da fazenda Macaxeira, Eldorado de Carajás, Pará (1996); o despejo na fazenda Forkilha, Redenção, Pará (2007), seguido do assassinato de 12; os assassinatos de 11 em Pau D’Árco, Pará (2017) e outros diversos casos.
QUEM SÃO OS GRILEIROS, INVASORES E LADRÕES DE TERRA E QUEM SÃO OS VERDADEIROS PRODUTORES RURAIS?
Demarcando claramente quem são os verdadeiros produtores rurais, a LCP afirma que são os pequenos e médios, “os mais de 5 milhões de famílias de camponeses sitiantes e centenas de milhares de médios proprietários, que produzem 70% do alimento que chega na mesa dos brasileiros, além de outras matérias-primas”. Diz também que estes são os homens e mulheres de mãos calejadas, os pobres do campo.
O movimento declara que os latifundiários, por sua vez, são, na verdade, parasitas, que toda sua produção é feita por trabalhadores e técnicos e, por fim, sua produção é destinada apenas à exportação. Apesar de não produzirem e explorarem os seus trabalhadores, detêm a maior parte das terras, inúmeras delas terras públicas roubadas, e ainda são beneficiados com fartos financiamentos públicos, perdão das dívidas, isenção de impostos, e apontam ainda o grave fato de que estes são os únicos que não contribuem para a previdência social.
A Comissão Nacional das LCP's afirma também que tal propriedade que dizem os reacionários defender, a propriedade de latifúndios, não tem nenhuma legitimidade, pois estas estão envoltas em usurpação, roubos de terras da união, dos indígenas e de pequenos e médios camponeses, além de fraudes como a grilagem através de falsificação de documentos, prática muito utilizada pelos ricos do campo nas regiões ao Norte do país.
Rebatendo as acusações de que as famílias camponesas organizadas pela LCP são contrárias à propriedade privada, o movimento afirma: “Não somos contrários à propriedade privada, defendemos os pequenos e médios proprietários, bem como a entrega das terras dos latifúndios para os camponeses pobres sem terra ou com pouca terra”. E continua ainda: “Somos contra a criminosa concentração de terras na mão de um punhado de parasitas. Somos a favor de democratizar a propriedade da terra, de que ela seja dividida em parcelas para todos os que necessitam de terra para trabalhar, essa sim, é uma luta justa e profundamente legítima”.
Seguem declarando que defendem não apenas a posse, mas também os títulos de suas propriedades negados sucessivamente a camponeses assentados. Diz a nota: “Pois bem Bolsonaro, por que ao invés de regularizar o roubo das terras da União hoje na mão dos latifundiários, não faz a titulação de todas as terras hoje na posse de pequenos e médios proprietários, de camponeses, incluindo as terras de “assentamentos” do INCRA? Os camponeses de forma legítima, reivindicam e exigem a regularização e titulação de todas suas terras. Se realmente defendem o produtor rural, os camponeses, por que não fazem isso?”
QUEM NÃO RESPEITA AS LEIS?
A LCP afirma que mesmo que o velho Estado insista em caracterizar como crime a luta dos camponeses em Rondônia, o que existe ali é uma disputa pela posse dessas terras, com clara situação caracterizada e chamada de conflito agrário.
Aponta que os crimes e ilegalidades vêm sendo cometidos pela polícia que se comporta como pistoleiros é guaxebas do latifundiário, fatos que não puderam passar despercebidos pelo judiciário e foram comprovados com as investigações e prisões decretadas contra policiais e guaxebas à serviço de Toninho Miséria, latifundiário grileiro de terras.
O movimento diz ainda que através de um cerco ilegal que durou duas semanas, os policiais agiram de maneira criminosa, passando por cima da suspensão do possível despejo.
Após a prisão dos pistoleiros, diz a LCP, o próprio aparato policial esta cumprindo o papel daqueles, de “reprimir e atacar as famílias a serviço dos latifundiários bandidos, ladrões de terra pública da União, assassinos de camponeses e indígenas”.
“Quando Bolsonaro enche a boca para falar de liberdade, o que de fato quer dizer, é reclamar liberdade para as classes dominantes explorarem e oprimirem ainda mais sem freio os pobres”, afirma o movimento camponês.
SÓ A REVOLUÇÃO AGRÁRIA ENTREGA TERRA AOS POBRES NO CAMPO!
Ao final da nota, o movimento aborda a situação que vive o país desde 2013, quando as massivas rebeliões populares e o desenvolvimento de situação revolucionária resultante da crise geral de decomposição do atrasado capitalismo burocrático. A LCP diz que está em curso um plano - uma ofensiva contrarrevolucionária preventiva - desencadeado e encabeçado pelo Alto Comando das Forças Armadas (ACFA), que junto ao imperialismo norte-americano busca conter os que ameaçam sua dominação.
O movimento diz que para "barrar estes sinistros planos da reação só a mobilização das amplas massas em lutas cada vez mais contundentes", e dentro disso a firme luta pela terra os assombra, pois esta é uma luta democrática que “traz em suas entranhas a solução desses problemas fundamentais que se arrastam há séculos”.
Explicitando como ocorre o desenvolvimento da situação revolucionária através da Revolução Agrária, a LCP afirma: “Com a destruição do latifúndio e conquista da terra cortando e distribuindo parcelas aos camponeses pobres sem-terra ou com pouca terra, a situação se desenvolve e muda a favor dos camponeses, pequenos e médios comerciantes, e para os demais trabalhadores. Dezenas de milhares, milhões de famílias com seu pedaço de terra reduz o desemprego, aumenta a produção de alimentos, fortalece o mercado local, e leva progresso para as cidades, principalmente as pequenas e médias”.
Os camponeses agradecem ainda as manifestações de solidariedade diariamente recebidas e declaram: “Por mais que tentem, por mais repressão, ataques e campanhas de calúnias, não vão conseguir parar a luta pela terra”.
A nota traz ainda à tona que mesmo o povo sofrendo derrotas, é com a persistência na luta, aprendendo com as derrotas que conhecem o caminho da vitória, e que a luta é prolongada, como tem sido prolongada a resistência secular do povo, e que há de triunfar.
No dia 1º de maio, o presidente fascista discursou para um público de latifundiários e bois zebus atacando mais uma vez a LCP. Foto: Banco de dados AND
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