Rufam os tambores da terceira guerra mundial
Jaílson de Souza, AND nº 187
No dia 6 de abril de 2017, o
arquirreacionário presidente ianque Donald Trump cometeu mais um crime
contra as nações oprimidas. Sob suas ordens, mais de 60 mísseis foram
lançados contra o território sírio, anunciando que o USA não pretende
sair deste conflito sem o seu quinhão, crime que se junta às dezenas de
bombardeios ianques que agridem a Síria desde setembro de 2014, sob o
mantra de “guerra ao Estado Islâmico”. O diferencial foi que este ataque
visou a base aérea de Shayrat, que serve como plataforma de atuação da
Rússia, através do seu lacaio Bashar al-Assad.
Os 60 mísseis Tomahawk foram
criminosamente lançados de um porta-aviões ianque, estacionado no Mar
Mediterrâneo. O ataque matou 9 civis, dentre eles 4 crianças, e 7
militares sírios, além de causar a destruição de casas em povoados da
província de Homs e de danificar a base aérea do exército sírio.
O
bombardeio foi apresentado pelo imperialismo ianque sob o pretexto de
“punir” Assad por um ataque com armas químicas que supostamente teria
sido realizado pelo exército semicolonial sírio contra a região de Khan
Sheikhun, controlada por mercenários pró-ianques, em que morreram 100
pessoas, entre as quais 15 crianças.
Segundo as
agências imperialistas, com tal ataque, gases tóxicos foram liberados
no ar. Os russos e Assad alegam terem bombardeado o arsenal de armas
químicas dos mercenários, enquanto os ianques acusam Assad de realizar
ataque químico deliberado. Daí se desenvolve uma nova etapa da guerra de
agressão e pugna interimperialista.
O porquê do ataque e o que pretendem os ianques
Este
ataque direto dos ianques na verdade é mais uma agressão direta a uma
nação oprimida e é, portanto, mais um crime imperialista. Ao mesmo
tempo, é um ataque direto às forças vivas que servem ao imperialismo
russo (isto é, o exército semicolonial sírio) e é também expressão da
disputa entre as superpotências por controlar a Síria.
A
hipocrisia no pretexto ianque reside no fato de eles serem os maiores
especialistas em utilizar armas de destruição em massa para praticar os
mais condenáveis crimes ao redor do mundo contra os povos em luta. Na
guerra contra o Iraque, desatada em 2003, por exemplo, bombas de racimo,
fósforo branco, urânio empobrecido e um novo tipo de napalm foram habitualmente utilizadas em áreas urbanas densamente habitadas para esmagar a resistência nacional e controlar o país.
O real motivo para tal ataque direto é outro. Donald Trump, pressionado pelo dividido establishment ianque, não pôde deixar de realizá-lo, dado seus fracassos políticos na região. O setor do establishment que
Obama representava, por exemplo, sustentava que era preciso enfraquecer
ao máximo Assad, intervindo através da “oposição” mercenária (o fazem
desde 2011), para assim dividir a Síria em várias zonas de influência e,
somente depois, intervir com botas próprias no país e estabelecer um
governo lacaio.
Já Trump
indicou, a princípio, a política de conluiar com os russos (e com Assad,
serviçal russo) para centrar fogo principalmente no Estado Islâmico e
na resistência nacional, dadas as derrotas militares sofridas pela
“oposição” mercenária. Mas, uma vez aplicada por pouco menos de dois
meses, essa política já deu frutos podres. Conforme o ISIS e a
resistência nacional foram sendo expulsas pela ação genocida das duas
superpotências imperialistas em cooperação, quem ocupou-os foram os
lacaios dos russos — que, por sua vez, seguiram atacando os mercenários pró-ianques, impedindo-os de ocupar as regiões vagas.
Portanto, a
situação dos ianques no campo de batalha na Síria é débil. Os
mercenários pró-ianques seguem principalmente cercados em Aleppo e em
Homs, e isolados nos povoados periféricos a Damasco (fronteira com a
Jordânia). Os curdos, que ocupam grande faixa do norte do país a partir
da fronteira com a Turquia e são financiados/armados pelos ianques para
combater o ISIS e a resistência nacional, são, agora, as únicas forças
significativas que manejam o USA na Síria, mas não são absolutamente
confiáveis por não serem diretamente controlados (são usados como carne
de canhão sob a promessa de serem recompensados com o controle da
região). Neste jogo ainda soma-se a Turquia que, sob o pretexto de
“combate ao terrorismo curdo”, também expande sua atuação na fronteira
com a Síria e é uma força instável entre a disputa interimperialista.
Em
síntese, na guerra por dominar a nação oprimida Síria, o USA está
perdendo para a Rússia, e ambas duramente golpeadas pela resistência
nacional. Daí a necessidade de Trump dar uma resposta e sinalização,
principalmente para o establishment
ianque, de que a pugna por retomar posições será prontamente
incrementada e as derrotas serão amenizadas com uma maior ação militar
genocida contra a nação síria.
Aponta
também como uma ameaça e início da campanha de agressão a outras
semicolônias que são almejadas pelos ianques, principalmente a Coreia do
Norte.
O papel que cumprem Assad e Rússia
O maior
dos crimes de Assad é sua política capitulacionista, lesa-pátria e
pró-imperialista. Isso se expressa na sua postura frente à agressão
imperialista, à matança das massas sírias perpetradas pelo USA e pela
Rússia, esta última na qual ele toma parte.
No geral,
Assad aplica a política do “tudo pelo meu governo” e coloca-se como peão
do imperialismo russo no tabuleiro de xadrez da pugna interimperialista
pela nova partilha em curso no mundo. Além disso, ataca as massas que
resistem de forma armada contra a agressão ianque em Al-Raqqa, Palmira e
outras regiões.
Como
oposição aos ianques, emprega a política de subjugação nacional e
entrega setores estratégicos do território sírio a Rússia, convertendo a
Síria num teatro de uma disputa entre duas superpotências imperialistas
pelo controle territorial-militar, político e econômico de uma
semicolônia localizada numa região estratégica do mundo, tudo pela
divisão deste país.
Entregar o
país ao controle direto do imperialismo russo não assegura a segurança
nacional contra a intervenção ianque, como propagandeiam os
capitulacionistas tipo Assad, pois as relações de Rússia e USA são de
pugna e conluio, nas quais Rússia agudiza a contradição para negociar,
fazendo concessões quando entra em jogo um acordo que lhe assegure sua
parte no butim.
Exemplo se
vê em 2013, quando a Rússia selou acordo com o USA no qual, para haver
uma trégua no avanço dos lacaios ianques, acordou o desarmamento da
Síria e do seu arsenal de armas químicas. Ali se vê a clara condição de
Assad de submissão ao bastão de mando do imperialismo russo como forma
de sobrevivência de seu regime burocrático. Frente à agressão
imperialista Assad nunca decidiu por unir-se ao povo sírio contra todos
imperialistas e pela verdadeira libertação nacional.
Ante a
situação, quem estão encarregadas de manter desfraldada e pujante a
bandeira da resistência nacional são as massas mais profundas do povo
sírio, os filhos da nação síria, que pese os problemas de direção, estão
com armas em punho e vertendo seu generoso sangue, combatendo a guerra e
intervenções imperialistas, principalmente dos ianques e russos e
expulsando seus lacaios, sem vender a Síria a uma das bandas em pugna.
No comments:
Post a Comment