Porque rompemos com a Coordenação Nacional do MEPR?
Sob os princípios e o estilo marxistas, retificar desvios e construir o Novo Movimento Estudantil Popular Revolucionário!
“Muitos camaradas não se empenham em unir à sua volta os elementos ativos para formar o núcleo dirigente ou não são capazes de fazê-lo, nem se empenham em estabelecer laços apertados entre o núcleo dirigente e as grandes massas ou não são capazes de fazê-lo, sendo por isso que a sua direção se torna burocrática e desligada das massas. Muitos camaradas não se empenham em fazer a síntese da experiência da luta das massas ou não são capazes de fazê-lo; julgando-se inteligentes, preferem expor múltiplas opiniões subjetivas, pelo que as suas ideias se revelam vazias e impraticáveis. Muitos camaradas se contentam com lançar apelos gerais para cumprir as tarefas e não se empenham em passar imediatamente a um trabalho de direção particular e concreto ou não são capazes de fazê-lo, de modo que os apelos ficam-lhes nos lábios, no papel ou na sala de reuniões, caindo o seu trabalho de direção no burocratismo. No decurso do atual movimento de retificação, devemos corrigir esses defeitos e aprender a empregar, tanto no estudo como no controle do trabalho e na verificação dos quadros, os métodos seguintes: ligar a direção às massas e ligar o geral ao particular. Há que aplicar esses métodos em todo o trabalho que temos de fazer.”(Presidente Mao, A Propósito dos Métodos de Direção, 1943)
Companheiras e companheiros,
É com grande comoção e felicidade que comunicamos ao conjunto dos ativistas do Movimento Estudantil Popular Revolucionário, aos estudantes brasileiros e ao movimento popular em geral que, por decisão unânime da Coordenação Regional do Rio de Janeiro, referendada em Encontro Regional Extraordinário – com a participação de dezenas de militantes do movimento estudantil – rompemos com a Coordenação Nacional do MEPR. Isto significa objetivamente que não nos submetemos mais à sua direção nem a quem ela indique, e fundamos neste domingo, 25 de agosto de 2024, o Novo Movimento Estudantil Popular Revolucionário.
Renunciamos de bom grado às nossas más heranças, não para romper, senão que para defender as gloriosas tradições revolucionárias de nossa Corrente, que esteve à frente do maior movimento de massas da história recente do Brasil – as jornadas de 2013 e 2014 -, bem como de um número incontável de ocupações, manifestações, greves, campanhas de solidariedade etc, de modo ininterrupto nos últimos vinte anos. Não acatamos nem acataremos no futuro a tentativa vã de nos fazer recolher as nossas bandeiras, de reduzir nossa atuação a um estreito economicismo-ocultismo, de desqualificar as nossas queridas lideranças, de montar organizações paralelas e informais para combater não os oportunistas mas o próprio MEPR, de substituir a linha de massas do Presidente Mao pelo sectarismo e estilo de clichê estéreis, de menosprezar a participação das mulheres na direção dos movimentos, de sonegar a luta teórica e ideológica sobre o papel da escravidão e da questão negra na formação histórica do Brasil, de usar da mentira ou meias verdades, bem como dos ataques pessoais, como armas de luta política. A esta caricatura não só renunciamos: a repudiamos e combatemos!
A prática é o critério da verdade e pudemos constatar, através da nossa própria experiência, que ali onde se impôs temporariamente o estilo subjetivista e dogmático de trabalho acima descrito, não só não pudemos formar novos quadros nem ampliar nosso vínculo com os estudantes e o povo, como o trabalho político de forma geral definhou; pelo contrário, onde restabelecemos uma autêntica linha e estilo de trabalho marxista, “vivo, transpirando frescura e vigor” (Presidente Mao), pudemos nos desenvolver a passos largos. Contra a reprovação (velada e recentemente aberta) de pretensos “dirigentes”, mantivemos ao longo dos anos a prática de estudar os clássicos do marxismo-leninismo-maoismo e não apenas declarações e diretivas (em geral, tão extensas quanto superficiais), a fim de resolver os problemas práticos e com eles aprendemos que a nossa fidelidade se deve à causa e não a indivíduos. Como diz o Grande Timoneiro, “em nenhum caso um comunista deve seguir cegamente os outros ou encorajar a obediência servil” (Mao, “Retifiquemos o estilo de trabalho no Partido”, 1942), pois quem confunde disciplina com seguidismo acatará hoje ordens de Stalin e amanhã de Kruschev, hoje de Mao e amanhã de Teng. Não nos opomos de maneira nenhuma aos chefes em geral, mas apenas aos falsos chefes, os quais, afora as promessas, vivem dos frutos dos esforços e formulações alheios. Com os clássicos, também aprendemos que uma linha só pode ser justa se parte das massas; que é a contradição, e não a unanimidade, a força motriz do processo da verdade; e que remar contra a corrente é um princípio comunista.
Os que se iludiam e iludiam a outros, pensando que enfrentavam jovens ingênuos e inexperientes, que seguiriam servilmente suas calúnias e concepções errôneas, receberam uma merecida lição: chocaram-se com a força da juventude, que se levantou como uma muralha, precisamente em defesa daqueles princípios Que ela sirva para ensinar certo ripo de gente a ser menos presunçosa e truculenta na luta ideológica, mais honesta e persuasiva no trato das contradições internas. Se não servir, paciência, uma vez que a primeira condição para qualquer aprendizado é querer aprender.
No Rio, vimos de perto os danos que o método de direção subjetivista acarreta, ao não compreender a relação entre o particular e o geral, descuidar da formação dos militantes e não fazer propaganda revolucionária entre a juventude. Pelo contrário, sempre que nos distanciávamos de tais orientações, nosso trabalho florescia, ao ponto de se converter na principal base de massas do movimento revolucionário em nossa região, uma das principais referências de luta para jovens combativos de todo o país.
Ao contrário do que dizem os detratores, apenas no último ano interviemos em três ocupações da UFF, bem como nos piquetes e comitês de greve; na UFRJ, ocupamos duas vezes o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, enfrentando o DCE oportunista; na UERJ, denunciamos a atuação cretina do governador e seus apaniguados do DCE/PT, e agora de novo estamos ombro a ombro com os estudantes na greve de ocupação para derrotar a AEDA da fome. Ao mesmo tempo, realizamos dezenas de reuniões de formação, encontros, saraus, atividades musicais e artísticas em geral, bem como diversos atos em defesa da heroica resistência palestina. Sob as nossas bandeiras, foi atacado o consulado ianque no final de 2023.
Não nos baseamos em especulações quando apontamos de forma dura os erros das diretivas que instruíam os militantes a não defenderem abertamente o marxismo na universidade. Não é claro que tal atitude favorece enormemente a ação enganadora dos revisionistas sobre a juventude? Essa tática também nos impede de disputar outras frentes de lutas e incentiva que se atue apenas através de organizações artificiais, que conseguem ser duplamente inconsequentes: não podem defender a Revolução de Nova Democracia e o marxismo e tampouco protegem ninguém, pois não haverá jamais melhor cobertura para o trabalho revolucionário do que a sua vinculação com as amplas massas.
Nos eventos nacionais, travamos diversas lutas sobre isso. Como ampliar o trabalho se se desqualifica tudo o que não seja idêntico consigo, levando mesmo a incorrer em chavões e preconceitos sobre determinadas manifestações culturais? Como desenvolver linhas específicas se o que se pratica é um surrado estilo de clichê, que substitui uma agitação viva sobre temas candentes pela mera repetição de palavras-de-ordem aprendidas de cor? Como mobilizar o pleno entusiasmo dos estudantes e sua participação nos encontros e entidades se se limita a discussão e a democracia em referidos fóruns, bem como se restringe as instâncias de participação e direção?
Outra deficiência notável, que é consequência de um mau estilo de trabalho, dogmático e sectário, é o número reduzido de mulheres que se alçam ao papel de direção nas fileiras da juventude revolucionária. Durante anos, a maior parte e as mais importantes responsabilidades no âmbito da Executiva Nacional dos Estudantes da Pedagogia, um curso majoritariamente feminino, foram desempenhadas por companheiros homens. Não é isto uma distorção da linha de massas e um desincentivo a que as companheiras assumam efetivo papel de direção? Não raro, ao tratar da questão feminina nos encontros, enfatiza-se de modo unilateral o suposto perigo de que, ao criticar as manifestações de machismo, as companheiras “exagerem” e incorram em “feminismo”, como se fosse esta a tendência principal em nossa sociedade, caracterizada exatamente pela brutal opressão e cerceamento da participação política das mulheres! Sobre a questão LGBT+, o que se tem é este quadro deplorável: oficialmente, nenhuma linha ou formulação; informalmente, os mais vis preconceitos.
Esse constrangimento da luta de duas linhas, a ausência de fóruns apropriados para que as/os companheiras/os se expressem, bem como a ausência de vínculos com os estudantes, produz uma deformação na educação política de jovens quadros revolucionários. Não se incentiva o estudo dos clássicos, nem a investigação da realidade, mas, ao contrário, a mera expectativa de que cheguem ordens prontas vindas de cima. Não raro, a militância da juventude se reduz a um “tarefismo” frenético, usado como justificativa para impedir que se façam balanços completos e realistas sobre a nossa atuação. Os erros não são levados a sério, os balanços são sempre “positivos”, o que só serve a esfriar o indomável espírito de rebeldia da juventude.
Devemos assumir com coragem a autocrítica para nos libertarmos desses desvios, resultantes do dogmatismo e dos três maus estilos apontados pelo Presidente Mao: subjetivismos no estudo, sectarismo nas relações internas e externas e estilo de clichê no trabalho de propaganda. Combater o revisionismo e o dogmatismo inseparavelmente, pois ambos negam o marxismo. Como diz o Presidente Mao: “As fórmulas dogmáticas, vazias e secas, destroem a disposição criadora, e não somente isso, pois, antes de mais, destroem o próprio Marxismo. Um ‘marxismo dogmático’ não é Marxismo, é antimarxismo.” (“Colóquios em Ienan em literatura e arte”, 1943). É preciso voltar ao Presidente Mao, cujas afirmações e escritos têm sido secundarizados, quando não completamente esquecidos, nos últimos anos.
Nós convocamos as companheiras e companheiros a darem um passo à frente em sua militância, integrando-se neste processo de retificação dos três maus estilos e de retomada da linha das massas. Nos últimos anos, ao mesmo tempo em que o trabalho paciente de perspicaz de nossa Coordenação era usado, quando interessava, para promover atividades e posições específicos, fomos não raro estigmatizados, difamados e perseguidos em eventos nacionais, nos quais nunca encontrávamos um espaço franco e fraterno para colocar as nossas posições. Qualquer divergência é logo tachada como “pós-modernismo”, que no dicionário de certo tipo de “maoistas” deve estar definido assim: “tudo aquilo que eu não compreendo ou não sei explicar”.
Ao mesmo tempo, mantemos o firme compromisso de apoiar a luta do nosso povo em todas as suas manifestações, no campo e na cidade, nas favelas e nas fábricas, fundindo-a na própria marcha à estratégia da Revolução de Nova Democracia. No plano internacional, apoiamos e apoiaremos, como sempre fizemos, as lutas anti-imperialistas e revolucionárias, das quais destacamos a gloriosa Guerra Popular da Índia, dirigida pelo Partido Comunista da Índia (Maoista), cuja fundação completa vinte anos precisamente agora e merece ser celebrada com destaque. Não é apenas o seu exemplo de heroísmo diário que nos entusiasma, mas também as suas justas críticas a posições equivocadas no âmbito do movimento comunista internacional e brasileiro.
Rompemos com a Coordenação Nacional para manter as nossas bandeiras erguidas. Não se trata de “regionalismo”, mas, ao contrário, de questões de princípio, válidas para a linha e o estilo de trabalho dos estudantes revolucionários em todo o País. Se a extrema-direita, em aliança com os militares, fizer uma nova ofensiva golpista, não será com ordens de se esconder que os enfrentaremos, mas ao lado do nosso povo nas primeiras fileiras contra o fascismo! O marxismo não está proscrito, devemos propagá-lo nas escolas e universidades, não a poucos mas a muitos, não uma, mas mil vezes! Marxismo que, nesta década de vinte do século XXI, tem nome e sobrenome: marxismo-leninismo-maoismo. O que é justo não teme o embate nem pode florescer em estufa.
Aprender do Presidente Mao!
Pela Revolução de Nova Democracia!
Derrubar os muros da universidade, servir ao povo no campo e na cidade!
Rebelar-se é Justo!
Coordenação Regional do Rio – (Novo) Movimento Estudantil Popular Revolucionário
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