Sobre os protestos por um transporte público de qualidade em Porto Velho
18 de julho, Porto Velho-RO.
A Frente de Luta Popular – FLP vem a público
se manifestar e esclarecer sobre nossa luta e o episódio ocorrido na 4ª
Manifestação pela redução da tarifa de ônibus, por Passe Livre e por um
transporte público coletivo de qualidade ocorrida no dia 16 de
julho(terça-feira) em Porto Velho-RO. Protesto este que terminou em
confronto com a polícia e a detenção de 9 manifestantes.
Em primeiro lugar, gostaríamos de responder
aos que nos acusam de sermos intransigentes e de não estarmos dispostos
ao diálogo com os poderes constituídos. Pelo contrário, sim, tivemos
conversação com a Prefeitura e Câmara dos Vereadores, porém, como
esperávamos nada se resolveu.
Mauro Nazif só enrola em reunião com a FLP
Após a primeira manifestação, acontecida em
26/06, onde houve confronto entre os manifestantes e a polícia, o
prefeito Mauro Nazif(PSB) chamou a FLP para reunir e discutir nossas
pautas de reivindicações. Na reunião, realizada no dia seguinte (27/06)
no auditório da UNIR-CENTRO, com a presença de seu secretário Coronel
Carlos Guttemberg(SENTRAM), o prefeito falou muito e nada disse. Entre
as pautas foram discutidas: a redução imediata da tarifa do transporte
coletivo de Porto Velho, R$2,60 atualmente, tendo em vista que nada do
prometido foi cumprido pelas empresas nos últimos dois aumentos; fixação
de prazo para ampliação e melhoria da frota de ônibus; construção do
terminal de integração; posicionamento do prefeito a cerca da ação
truculenta da PM no dia anterior; possibilidades e formas para
implementação do Passe Livre estudantil e a situação atual dos moradores
despejados do bairro Jardim Santana 3.
Em todos as pautas Mauro Nazif só se
esquivou, não disse se seria possível cumprir ou não as reivindicações.
Além do “blablabla” de sempre, se limitava a dizer que está quebrando o
monopólio das empresas de transportes, como se colocar outra empresa
fosse resolver todos os problemas no transporte público coletivo de
Porto Velho. Nada de concreto e palpável foi apresentado à FLP e aos
presentes, permanecendo o impasse e comprovando que o prefeito de Porto
Velho está ao lado dos empresários. Mauro Nazif saiu debaixo de uma
forte vaia proferida pelas cerca de 100 pessoas que se encontravam na
reunião.
Na Câmara dos Vereadores também, mais enrolação…
Seguimos nos organizando realizamos outras
duas manifestações nos dias 01 e 05 de julho. Participamos de audiência
sobre o transporte público realizada na Câmara dos Vereadores de Porto
Velho no mesmo dia 5, aproveitamos para denunciar a perseguição e
repressão da PM e tentativa de parte da imprensa em criminalizar a FLP. O
relatório da CPI sobre o transporte público coletivo, apresentado pelos
vereadores, reforçou nossa defesa de que é possível sim a redução da
tarifa, demonstrando a possibilidade de redução de 6% através de redução
de imposto. Porém nada de concreto saiu dessa audiência, como já
esperávamos.
A história nos demonstra que não há
conquista de direitos sem luta e desta vez não seria diferente, outras
manifestações e atos se sucederiam.
Manifestação e conflito do dia 16 de julho
Na terça-feira(16) a manifestação se iniciou
às 18:00 horas, com cerca de 200 pessoas, passamos pela 7 de setembro e
nos dirigimos à prefeitura de Porto Velho. Em frente ao prédio
municipal os manifestantes denunciaram Mauro Nazif e queimaram um boneco
simbolizando o prefeito. Colaram também vários cartazes na prefeitura,
exigindo transporte público de qualidade, mais ônibus, passe livre,
redução da tarifa e etc. O secretário(e aparentemente o tal agente do
serviço de inteligência da PM que forneceu fotos à polícia) coronel
Carlos Guttemberg(SENTRAM) se fez presente, porém parecia estar sem
língua pois nada disse, se limitou a filmar e dar risadas, enquanto os
manifestantes denunciavam seu vil papel de serviçal dos empresários de
transporte.
A partir daí a manifestação seguiu pela Av.
Pinheiro Machado em direção a Av. Jorge Teixeira, onde os manifestantes
fecharam a rodovia, isolaram o cruzamento e atearam fogo em pneus.
Rapidamente a Força Tática da PM se fez presente e se colocou em
formação. A manifestação seguiu para a rodoviária na tentativa de evitar
o confronto. No cruzamento da Av. Carlos Gomes com a Av. Jorge
Teixeira, os manifestantes fecharam novamente a rodovia. A partir deste
momento a PM chegou já atacando os manifestantes com tiros de borracha e
bombas de efeito moral, sem nem mesmo, antes de tudo, tentar algum
diálogo, já que estávamos encerrando a manifestação e seguiríamos para o
centro novamente. Após a agressão policial iniciou-se uma verdadeira
perseguição pelos quarteirões seguintes.
PM truculenta agride os manifestantes raivosamente e parte da imprensa acoberta com mentiras!
Ao contrário do que foi veiculado pelos
sites, porta-vozes da polícia, RondoniaVip e Rondoniaovivo os
manifestantes não atacaram a PM, nada foi quebrado ou destruído por
eles, tanto que a população que estava nos lanches e restaurantes ao
redor aplaudiam e apoiavam o protesto. Quem estava presente no protesto
empreendeu fuga e agiu em legítima defesa quando foi atacado pela
polícia com balas de borracha e bombas de efeito moral, sendo que nenhum
policial saiu ferido, comprovando que não houve ataque à PM. A polícia,
longe de querer somente dispersar o protesto, saiu em perseguição pelas
ruas do centro de Porto Velho, onde prenderam 9 pessoas com extrema
truculência. Segundo relatos, transeuntes e taxistas da rodoviária
comentavam que a ação da polícia era desnecessária e desmedida, já que
os manifestantes só estavam protestando.
Dos manifestantes presos, vários ficaram com
lesões provocadas pelo abuso dos policiais que estavam, novamente, sem
identificação.
Homens e mulheres foram arrastados e jogados
no chão, xingados raivosamente, tomaram chutes e foram pisoteados com a
cara na terra. Uma moça que questionava se era necessário esse tipo de
ação foi ameaçada por um policial que a “mandou” calar a boca e disse:
“vou dar um tiro na tua cara!”. Um PM ao revistar uma mochila colocou
outros objetos dentro dela e ao ser indagado pela dona da bolsa que
dizia que aquilo não era dela, respondeu: “então prova pro delegado que
não é teu!”. No caminho pra delegacia os policiais jogaram spray de
pimenta no rosto dos jovens que estavam algemados no camburão de duas
viaturas, uma com mulheres e outra com homens. Sobre estas ações
truculentas, que se configuram tortura, os sites policiais de
“notícias”, citados a cima, não disseram uma linha sequer.
Informamos que todos os jovens presos já
estão em liberdade. As ameaças e prisões realizadas pela polícia não
intimidaram e nem intimidarão a juventude que está indo às ruas de Porto
Velho.
Continuaremos firmes no caminho da luta!
Por fim, reafirmamos nossa disposição de
luta e que permaneceremos firmes até o final. Conclamamos todos os
estudantes e trabalhadores que utilizam o transporte público coletivo de
Porto Velho para se manifestar conosco. Seguiremos exigindo nossos
direitos constitucionais e democráticos: transporte, saúde, educação,
emprego e moradia, custe o que custar.
Frente de Luta Popular – FLP