Friday, October 7, 2022

Brazil - on the elections - 'Quase 50 milhões rechaçam a farsa eleitoral ' AND - for debate

Na primeira rodada das eleições gerais, a 2 de outubro, o que mais chamou a atenção – inclusive preocupando os colunistas a soldo dos monopólios dos meios de comunicação – foi o alto índice de abstenções, votos nulos e brancos. Apenas em abstenção, foi o maior número – em dados oficiais – desde 1998.

Foram mais de 38 milhões de brasileiras e brasileiros que, registrados no TSE, não compareceram ou não votaram em nenhum candidato, segundos dados oficiais do próprio tribunal. Números oficiais, mas subestimados, porque não englobam os jovens entre 16 e 18 anos que não se registraram na justiça eleitoral e nem aqueles cidadãos que, mesmo sendo obrigados, também não atendem aos apelos para regularizar seu título de eleitor.

O número oficial de abstenção (pessoas aptas a votar e cadastradas que não comparecem) é de 32,8 milhões, e votos nulos e brancos são 5,5 milhões, totalizado 38,2 milhões. Somam-se aproximadamente 10,9 milhões de pessoas aptas a votar (em condições de voto) e que não se cadastraram na justiça eleitoral, portanto, também se abstiveram.

Contando tais excluídos, são, pelo menos, 49,1 milhões de pessoas aptas a votar que não se registraram, não compareceram ou votaram branco e nulo, contra cerca de 57,3 milhões de votos obtidos por Luiz Inácio, primeiro colocado e 51,1 obtidos por Bolsonaro, segundo colocado. São 49,1 milhões de pessoas, de carne e osso, que apesar das punições e toda chantagem para votar no “menos pior”, se recusaram a dar seu voto para qualquer candidato ou não se moveram para regularizar sua situação no TSE. Ressalta-se que a maior abstenção do País (dado oficial) foi em Rondônia, com 24,7%.

O bombardeio ideológico e as chantagens de todos os lados para assegurar uma alta participação na farsa eleitoral foi tal como poucas vezes se viu na história dessa velha república. Justifica-se: o alto índice de abstenção, nulos e brancos que se registra a cada eleição é resultado do profundo estágio de decomposição do sistema político reacionário e, também, agrava tal crise a medida que cresce. Pelo esforço de guerra do TSE, verifica-se um rotundo fracasso.

Por que só faz crescer o boicote eleitoral? Porque, com diferentes níveis de consciência, todas essas pessoas não creem para nada, no fundamental, neste processo reacionário. Não creem, porque, na sua experiência concreta, se confirma que a farsa eleitoral só pode dar o mesmo resultado: a piora crescente de suas condições de vida, intercalada por raros e curtíssimos períodos de menos arrocho.

É fundamental não ver isso como despolitização. Ao contrário. Essa constatação é o conhecimento vivo das massas, embora ainda fragmentado. A medida que o movimento revolucionário de massas avança, unindo-se a essas massas desesperançosas, o seu conhecimento sensível, fragmentado, transforma-se em conhecimento científico, abrangente, a medida que transformam suas condições de vida através da luta de classes. Assim as massas passam a reconhecer que a democracia burguesa é apenas a máscara para o real problema: a ditadura da grande burguesia e do latifúndio, serviçais do imperialismo, principalmente ianque. E reconhecem que a transformação cabal do país não será obra de eleições, mas da derrubada revolucionária dessas classes e o surgimento de um Novo Estado apoiado e governado pelas próprias massas, a Nova Democracia.

Um outro ponto importante. O resultado eleitoral, que leva o pleito presidencial ao segundo turno e demonstra que Bolsonaro ainda tem força, não surpreende os revolucionários e democratas consequentes. O setor reacionário, que esbraveja contra a democracia burguesa em decomposição predicando uma marcha ao fascismo, não perderá sua força, mas a reforçará, a medida que se prolongar a própria crise da democracia burguesa. Eis que um inepto como Bolsonaro, desmoralizado até o tutano, mesmo ele, não perde completamente sua base de massas, pura e simplesmente porque certo segmento importante delas creem nas meias verdades da denúncia que, hipocritamente, o capitão do mato faz da podridão da velha democracia.

A crise da democracia burguesa e a tendência ao fascismo se prolongarão e se retroalimentarão até serem definitivamente varridas pela revolução de nova democracia ininterrupta ao Socialismo. Ou avança a revolução, ou avança dia após dia a tendência ao fascismo, com ou sem a máscara “democrática”. Não há terceiro caminho.

 

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