Thursday, October 17, 2024

Destruir o sionismo é destruir o imperialismo!

 

Destruir o sionismo é destruir o imperialismo!

Nota sobre a escalada da guerra de agressão imperialista no Oriente Médio

“Os povos e as nações oprimidas não devem de modo algum depositar as suas esperanças de libertação na ‘sensatez’ do imperialismo e seus lacaios. Eles só poderão triunfar se reforçarem a sua unidade e perseverarem na luta.” (Mao Tsetung, “Declaração contra a agressão e massacre do povo do Sul do Vietnã perpetrados pela camarilha Estados Unidos-Ngo Dinh Diem”, 1963).

Um ano após o Dilúvio de Al-Aqsa – o maior acontecimento político do século XXI e uma das mais impressionantes incursões militares protagonizadas por um povo oprimido da história – a chama da guerra de agressão imperialista e seu polo inseparável, a guerra de resistência nacional, se espraia por todo o Oriente Médio. Região que pode ser considerada o “hotspot” da crise mundial, a qual concentra as mais graves tensões e dilemas de nossa época, na qual a escalada das contradições nações x povos oprimidos e as contradições interimperialistas formam um todo indissociável.

Os reacionários de todos os matizes, incluindo entre eles a quinta-coluna colaboracionista no interior dos povos agredidos, maldizem a Resistência Palestina e seu contundente golpe na besta sionista, como se este fosse o responsável pelo genocídio na Faixa de Gaza, que já martirizou 40 mil pessoas, sendo 11 mil crianças. Aos defensores da política de “viver de joelhos”, mostremos a realidade da Cisjordânia ocupada, na qual 700 mil colonos judeus armados até os dentes têm avançado sua colonização sobre as melhores terras e reservas de água, contrariando todas as resoluções da ONU, deixando um rastro de assassinatos, torturas, estupros e incêndios. Neste momento, está em vigor uma resolução do Conselho de Segurança da ONU de cessar-fogo na Faixa de Gaza, mas os bombardeios e incursões prosseguem. Pretender deter Israel e Netanyahu através do diálogo seria como um condenado à morte entregar flores ao seu carrasco no instante derradeiro.

É fato que a ação heroica da Resistência Palestina, que conta com a solidariedade de outras forças regionais, como o Hezbollah no Líbano e os Houthis no Iêmen, remexeu todo o mundo, recolocou a causa palestina no centro da agenda mundial e desmoralizou o mito da invencibilidade sionista, talvez menos pelo 7 de outubro em si, e mais pelo simples fato de manter-se de pé e atuante mesmo diante da destruição de 80% do seu território – o que confirma a máxima de Mao Tsetung de que são as massas a única força motriz da história. O ataque pérfido do Mossad ao Hezbollah, seguido pelo assassinato do seu líder, Hassan Nazrallah, a agressão ao território do Líbano e a autodefesa iraniana (que teve sua soberania violada com o bombardeio da sua embaixada em Damasco e o assassinato de Ismail Haniya, líder do Hamas, em Teerã) indicam que toda a situação na região se modifica rapidamente e que ainda estamos longe de poder apreciar o significado e a repercussão histórica do Dilúvio de Al-Aqsa em toda a sua abrangência.

A defesa firme e intransigente da Resistência Palestina e Libanesa, bem como das ações de autodefesa iraniana e de qualquer outra nação agredida – é significativo notar como a defesa da soberania de um Estado é tratada na imprensa imperialista como “retaliação” –  fazem parte da luta comum anti-imperialista e são uma tarefa obrigatória para todos os marxistas-leninistas-maoistas de nosso tempo. Trata-se de um problema de princípios, que não se confunde nem pode se confundir com a defesa dos regimes internos ou da concepção política das lideranças que encabeçam estas resistências. Com estas, a única relação possível para os comunistas deve ser a de unidade e luta.

Pois, se algo ficou ainda mais nítido neste último ano, é que Israel é Estados Unidos, e Estados Unidos é Israel. Do ponto de vista do imperialismo norte-americano, Israel não é uma espécie de anel que se pode dar para conservar os dedos, mas um ponto vital para sua projeção e dominação em uma região rica em recursos naturais, militarmente estratégica e disputada com seus principais contendentes mundiais. Para citar apenas um exemplo, o eventual bloqueio do Estreito de Ormuz pelo Irã significaria o bloqueio de cerca de 20% da produção mundial de petróleo, arrastando a economia mundial para um cenário de deterioração, num contexto que já conta com variáveis tais como a desaceleração na China e a Guerra na Ucrânia. Até aqui, o governo iraniano não tem demonstrado interesse em escalar a guerra a este nível – o que arrastaria inevitavelmente outras potências imperialistas para o conflito –, mas como prever a sua reação em caso de luta pela própria sobrevivência? À Rússia certamente não interessa participar diretamente de um novo front, enquanto prossegue sua guerra de agressão na Ucrânia, mas também não lhe interessa em absoluto a humilhação e queda do regime no Irã, que foi fundamental, por exemplo, na manutenção do governo de Assad na Síria, este sim, seu principal ponto de apoio na região. Tudo aí é material inflamável na política mundial. Não fazem muito meses, também parecia apenas uma possibilidade improvável uma guerra direta entre os Estados de Israel e do Irã, e ela agora se realizou.   

Seja como for, a política genocida de Netanyahu prosseguirá e o apoio incondicional dos Estados Unidos ao colonialismo sionista, idem. Do mesmo modo como o fascismo foi açulado pelas “democracias ocidentais” para se contrapor ao bolchevismo no período entre-guerras, o terrorismo sionista é usado atualmente para tentar levar à capitulação os países e movimentos contrários aos interesses do imperialismo ianque na região. Isto não mudará sob Trump ou Kamala – na verdade, nenhum governo norte-americano tem sido mais intransigente na defesa do genocídio palestino do que o de Biden, do mesmo modo como Obama foi o primeiro presidente deste país que passou a integralidade do seu mandato em guerras. Na linguagem cínica do imperialismo, se os republicanos são considerados mais “isolacionistas”, os democratas são chamados de mais “internacionalistas”, o que se deve traduzir por: intervencionistas. No fundo, são diferenças de matiz, mas não de essência. A queda de Israel, a criação de um único Estado palestino soberano, são objetivos estratégicos inalcançáveis sob o sistema imperialista e a hegemonia ianque, pois a queda de um significaria a própria queda do outro.

Isto não deve quebrantar nem por um centímetro nosso apoio incondicional à resistência nacional; não significa, tampouco, que estas resistências não possam impor derrotas humilhantes ao agressor, sempre que apliquem com mestria a guerra de guerrilhas apoiada nas massas, como ocorreu no Líbano em 2006 e há um ano na Palestina. Significa apenas que devemos dizer com clareza às massas que não é possível uma vitória completa contra o agressor sionista (e vitória completa aqui significa o fim do Estado de Israel) sem a derrota do imperialismo norte-americano, para o qual é indispensável a construção de uma poderosa frente anti-imperialista a nível mundial, e frente única patriótica nos países agredidos ou sob ameaça de agressão. É preciso elevar a mobilização contra a agressão e a guerra imperialista a nível mundial, e contra o avanço do fascismo, do militarismo e do racismo no interior dos países, pois eles são duas faces de uma mesma moeda. Tal frente única só a pode construir o proletariado, pela razão crucial de que o proletariado é a única classe capaz de lutar de maneira independente, e não como um peão no tabuleiro de uma ou outra potência. Se é certo que a mobilização de massas por si só não basta para deter uma guerra imperialista – e o mundo está mais próximo da eclosão desta guerra hoje do que estava há um ano, de que o colapso prático da ONU, comparável ao da velha Liga das Nações, é um dos indicativos –, é igualmente exato que ela é fundamental para educar as pessoas no espírito do internacionalismo e prepara o terreno para que se possam fundir o heroismo patriótico dos combatentes com a ciência poderosa do marxismo-leninismo-maoismo, traduzida no terreno como guerra popular. Aqui, se aplica com precisão o conselho do grande Lênin:

“Tereis que se apoiar no nacionalismo burguês que desperta nestes povos, nacionalismo que não pode senão despertar e que tem sua justificativa histórica. Ao mesmo tempo, deveis abrir caminho para as massas trabalhadoras e exploradas de cada país e dizer-lhes, numa linguagem compreensível para elas, que a única esperança de libertação é a vitória da revolução internacional e que o proletariado internacional é o único aliado de todos os trabalhadores e explorados dos povos do Oriente, integrados por centenas de milhões de homens.”[1]

Unir a causa da libertação nacional dos povos oprimidos com a emancipação social dos trabalhadores em todo o mundo: eis a nossa grandiosa tarefa histórica.

Viva as invencíveis resistências palestina e libanesa!

Morte ao sionismo e ao imperialismo!

Ousar lutar, ousar vencer!

Comitê Comunista Maoista – 04 de outubro de 2024.


[1] V.I.Lênin, “Do informe no II Congresso de toda a Rússia das organizações comunistas dos povos do Oriente”, 22 de novembro de 1919

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