Sem hipocrisia, essa polícia mata pobre todo dia!
Nota sobre o justo protesto estudantil na UERJ repudiando a presença da Polícia Militar
A Frente Independente Popular do Rio de Janeiro vem a público se manifestar a respeito do protesto estudantil ocorrido na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) na última terça-feira, 14/10, que repudiou e de fato expulsou a Polícia Militar do auditório 93 daquela universidade. Fazemos esse posicionamento não apenas porque um dos organizadores do protesto, o coletivo Inimigos do Rei, é membro da FIP-RJ desde a sua fundação, mas também porque repudiamos com veemência o linchamento da justa manifestação estudantil e ameaça de perseguição política contra os ativistas por parte do reitor da UERJ, Ricardo Vieiralves. Tendo a FIP-RJ de fato sustentado as históricas jornadas de luta contra a Copa do Mundo, em decorrência do que vários de seus membros foram encarcerados e estão sendo processados, e dada a solidariedade que recebemos então, nos vemos igualmente na obrigação de nos solidarizar com os estudantes combativos da UERJ.
É hipocrisia chamar de antidemocrática a atitude de protesto protagonizada pelos estudantes; chamá-los de fascistas ultrapassa os limites do aceitável. Fascista é a instituição Polícia Militar do Rio de Janeiro, que assassina pobres todos os dias. TODOS OS DIAS! As mãos dessa instituição pingam sangue de pobres. O ato foi claramente um repúdio à Polícia Militar e às UPPs, o que está expresso em todas as faixas e palavras-de-ordem, aliás, todas de cunho evidentemente político e quase integralmente retiradas do repertório das manifestações que têm sacudido o Rio há mais de um ano. A apologia às UPPs fica clara sim até mesmo na imagem do livro – policiais militares sob o título “Os donos do morro”. As populações que ali moram, certamente, não são donas de nada… “Críticas” pontuais são também uma forma de legitimação. O que a revolta popular crescente exige é o fim das UPPs e de toda a militarização das comunidades.
Repudiamos a declaração de Luis Eduardo Soares comparando os jovens ao “Comando de Caça aos Comunistas”. Talvez por ignorância Luis Eduardo Soares parece esquecer que o CCC perseguia jovens militantes de esquerda que criticavam o regime militar e atuavam contra ele. Regime militar que foi o autêntico pai dos Esquadrões da Morte e de uma política de segurança baseada no inimigo interno, que persiste até hoje. Se alguém representava, como uma continuidade histórica, o CCC naquele evento, não era certamente a juventude ativista, e sim o representante da PM fascista e assassina.
Repudiamos a declaração do reitor da UERJ Ricardo Vieiralves, chamando os manifestantes/estudantes de fascistas e ameaçando puni-los. Lembramos que esse mesmo reitor tem um histórico de perseguir estudantes, professores e funcionários em decorrência de posições políticas. Foi assim após a ocupação da reitoria em 2008 ou na luta em defesa do bandejão público e gratuito em 2011 (atualmente o restaurante universitário da UERJ é privado, administrado pelo Banco Santander). Em 2012, durante a última greve da universidade, a Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu o campus universitário – o que não ocorria desde o regime militar – agredindo estudantes, professores e funcionários, e Vieiralves se omitiu perante um fato tão grave. Quando em julho último uma professora titular da Universidade e diversos estudantes foram encarcerados pela polícia de Pezão, Vieiralves fez declarações tímidas e cautelosas. Certamente considera a defesa da Polícia Militar mais importante que a do direito de livre manifestação, gravemente ameaçado no Brasil dos nossos dias.
No Brasil, infelizmente, somente de poucos anos para cá os torturadores e assassinos do regime militar têm sido escrachados publicamente, e talvez por isso o que ocorreu na UERJ tenha espantado a tantos. Pois foi justamente isso: um escracho público daqueles que torturam e assassinam, só que nas favelas e nos dias atuais.
Saudamos a atitude corajosa dos alunos da UERJ e esperamos que não retrocedam um passo sequer. A ciência não é neutra e nem pode se basear em critérios corporativistas, como claramente parece estar ocorrendo. A luta por construir um conhecimento que não ignore o povo, sua realidade e suas aspirações, a luta por uma universidade realmente popular e emancipadora, é parte integrante da luta por uma nova sociedade. Derrubar os muros que separam as universidades das periferias é tarefa fundamental e verdadeira obrigação de todos os intelectuais honestos e democráticos. Os milhões de moradores de favelas, que não podem se manifestar sob pena de serem esculachados ou mortos, certamente se sentiram representados pela manifestação. Eles conhecem muito de perto a “democracia” da Polícia Militar…
Lutar não é crime!
Por escolas e universidades que sirvam ao povo!
Chega de chacina, polícia assassina!
Frente Independente Popular do Rio de Janeiro (FIP-RJ) – 20/10/2014
A Frente Independente Popular do Rio de Janeiro vem a público se manifestar a respeito do protesto estudantil ocorrido na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) na última terça-feira, 14/10, que repudiou e de fato expulsou a Polícia Militar do auditório 93 daquela universidade. Fazemos esse posicionamento não apenas porque um dos organizadores do protesto, o coletivo Inimigos do Rei, é membro da FIP-RJ desde a sua fundação, mas também porque repudiamos com veemência o linchamento da justa manifestação estudantil e ameaça de perseguição política contra os ativistas por parte do reitor da UERJ, Ricardo Vieiralves. Tendo a FIP-RJ de fato sustentado as históricas jornadas de luta contra a Copa do Mundo, em decorrência do que vários de seus membros foram encarcerados e estão sendo processados, e dada a solidariedade que recebemos então, nos vemos igualmente na obrigação de nos solidarizar com os estudantes combativos da UERJ.
É hipocrisia chamar de antidemocrática a atitude de protesto protagonizada pelos estudantes; chamá-los de fascistas ultrapassa os limites do aceitável. Fascista é a instituição Polícia Militar do Rio de Janeiro, que assassina pobres todos os dias. TODOS OS DIAS! As mãos dessa instituição pingam sangue de pobres. O ato foi claramente um repúdio à Polícia Militar e às UPPs, o que está expresso em todas as faixas e palavras-de-ordem, aliás, todas de cunho evidentemente político e quase integralmente retiradas do repertório das manifestações que têm sacudido o Rio há mais de um ano. A apologia às UPPs fica clara sim até mesmo na imagem do livro – policiais militares sob o título “Os donos do morro”. As populações que ali moram, certamente, não são donas de nada… “Críticas” pontuais são também uma forma de legitimação. O que a revolta popular crescente exige é o fim das UPPs e de toda a militarização das comunidades.
Repudiamos a declaração de Luis Eduardo Soares comparando os jovens ao “Comando de Caça aos Comunistas”. Talvez por ignorância Luis Eduardo Soares parece esquecer que o CCC perseguia jovens militantes de esquerda que criticavam o regime militar e atuavam contra ele. Regime militar que foi o autêntico pai dos Esquadrões da Morte e de uma política de segurança baseada no inimigo interno, que persiste até hoje. Se alguém representava, como uma continuidade histórica, o CCC naquele evento, não era certamente a juventude ativista, e sim o representante da PM fascista e assassina.
Repudiamos a declaração do reitor da UERJ Ricardo Vieiralves, chamando os manifestantes/estudantes de fascistas e ameaçando puni-los. Lembramos que esse mesmo reitor tem um histórico de perseguir estudantes, professores e funcionários em decorrência de posições políticas. Foi assim após a ocupação da reitoria em 2008 ou na luta em defesa do bandejão público e gratuito em 2011 (atualmente o restaurante universitário da UERJ é privado, administrado pelo Banco Santander). Em 2012, durante a última greve da universidade, a Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu o campus universitário – o que não ocorria desde o regime militar – agredindo estudantes, professores e funcionários, e Vieiralves se omitiu perante um fato tão grave. Quando em julho último uma professora titular da Universidade e diversos estudantes foram encarcerados pela polícia de Pezão, Vieiralves fez declarações tímidas e cautelosas. Certamente considera a defesa da Polícia Militar mais importante que a do direito de livre manifestação, gravemente ameaçado no Brasil dos nossos dias.
No Brasil, infelizmente, somente de poucos anos para cá os torturadores e assassinos do regime militar têm sido escrachados publicamente, e talvez por isso o que ocorreu na UERJ tenha espantado a tantos. Pois foi justamente isso: um escracho público daqueles que torturam e assassinam, só que nas favelas e nos dias atuais.
Saudamos a atitude corajosa dos alunos da UERJ e esperamos que não retrocedam um passo sequer. A ciência não é neutra e nem pode se basear em critérios corporativistas, como claramente parece estar ocorrendo. A luta por construir um conhecimento que não ignore o povo, sua realidade e suas aspirações, a luta por uma universidade realmente popular e emancipadora, é parte integrante da luta por uma nova sociedade. Derrubar os muros que separam as universidades das periferias é tarefa fundamental e verdadeira obrigação de todos os intelectuais honestos e democráticos. Os milhões de moradores de favelas, que não podem se manifestar sob pena de serem esculachados ou mortos, certamente se sentiram representados pela manifestação. Eles conhecem muito de perto a “democracia” da Polícia Militar…
Lutar não é crime!
Por escolas e universidades que sirvam ao povo!
Chega de chacina, polícia assassina!
Frente Independente Popular do Rio de Janeiro (FIP-RJ) – 20/10/2014