No
dia 27 de abril, na Câmara de Vereadores de Jaru ocorreu uma reunião
entre camponeses de várias áreas de Rondônia e representantes do Incra,
da Eletrobrás, do DER e da prefeitura de Ariquemes. A reunião foi uma
conquista do combativo protesto ocorrido no dia 9 de abril, também em
Jaru, onde camponeses fecharam a BR 364 por 9 horas, cansados de serem
“empurrados com a barriga” pelas autoridades (in)competentes, de terem
seus direitos desrespeitados, mesmo pagando impostos e produzindo 70% do
alimento que chega na mesa do brasileiro.
Participaram mais de 150 camponeses de Rio Pardo (Porto Velho), áreas Renato Nathan 2, Raio do Sol, Canaã, Capitão Sílvio e Vale Encantado (Ariquemes), assentamentos Renato Nathan, Zé Bentão, Maranatã, Alzira Augusto Monteiro, Alberico Carvalho e Maranatã 2 (Corumbiara), acampamentos Rancho Alegre (Vilhena), Cajueiro 1 (Machadinho D’Oeste), Cajueiro 2 (Vale do Anari), Monte Verde (Monte Negro), 10 de maio (Alto Paraíso), João Batista e área Bacuri (Rio Crespo).
Os representantes do velho Estado assumiram compromissos para cada exigência dos trabalhadores: energia, estradas e pontes de qualidade, escola e posto de saúde nas áreas, regularização das terras camponesas. Mas os trabalhadores estão espertos, pois sabem que tudo pode ficar só na promessa e afirmaram que se os compromissos não forem cumpridos, fecharão a BR novamente, com mais pessoas, com outros trabalhadores e com mais combatividade.
Na reunião, nenhum policial esteve presente. Esta foi uma exigência dos camponeses, que não são bandidos e sabem que lutar não é crime. Os trabalhadores também não permitiram a participação de politiqueiros. Cada vez mais, o povo percebe que eleição é farsa e que só com pressão conquista seus direitos.
Energia já!
A reivindicação que teve mais luta foi a do início das obras da 5ª etapa do Programa Luz Para Todos. O responsável da Eletrobrás informou que as empresas licitadas se negaram a assinar o contrato e que seria necessário fazer nova licitação, o que demoraria 90 dias. Os camponeses se revoltaram com a falta de empenho da Eletrobrás em conseguir uma solução e disseram que não sairiam enquanto não tivesse uma proposta melhor. O auditório ficou pequeno para a justa indignação.
O representante fez várias ligações para seus superiores e depois de algumas horas teve o seguinte resultado: a empresa vai reavaliar a possibilidade de assinar o contrato, se isto não ocorrer, o prazo para nova licitação diminuiu para 60 dias. A Eletrobrás também se comprometeu a iniciar imediatamente sua parte do trabalho, antes mesmo da assinatura do contrato com a empresa.
Foi uma conquista da união, organização e luta camponesas, foi o exercício da verdadeira autoridade, daqueles que trabalham.
Não é de hoje que lutam por este direito. No começo de 2010, representantes da Ceron prometeram aos camponeses do Canaã que eles assistiriam a Copa da Fifa daquele ano em suas casas. Os projetos se iniciaram, mas logo foram suspensos. Em 2013, camponeses de várias áreas dirigidos pela LCP, tiveram que ocupar a Eletrobrás para pressionar pela retomada do Programa Luz Para Todos, que tinha sido encerrado.
E enquanto as obras não iniciam, os camponeses perdem frutas, verduras e alimentos por não ter refrigeração, enfrentam estradas em péssimas condições para entregar o leite nos tanques, não podem nem repousar após o almoço porque não tem um ventilador para espantar os mosquitos.
No assentamento Zé Bentão, com muito sacrifício, alguns camponeses instalaram energia elétrica particular, principalmente para funcionar resfriadores de leite. A rede é fraca, a energia é interrompida constantemente, estragando centenas de litros de leite. E todo prejuízo fica nas costas do dono do tanque.
Mas para grandes empreiteiras construírem usinas o governo destina recursos à vontade, não fiscaliza nem pune pelas dezenas de operários mortos nas obras e pelos milhares de desabrigados devido às enchentes. Tampouco garante que tanta energia gerada atenda ao povo. Um rápido levantamento feito em 2013 pela LCP e sindicatos indicou que 19 mil famílias estão no escuro em Rondônia, mas a etapa atual do Luz Para Todos, se ocorrer, atenderá apenas 6.400 famílias.
Rebelar-se é justo!
A revolta camponesa aumenta quando comparamos com a situação dos latifundiários. Eles desmatam milhares de hectares, acabam com a água usando irrigação e contaminando rios e lençóis freáticos com fertilizantes e agrotóxicos. Recebem isenção de impostos federais e basta uma simples garoa para que recebam seguro do ministério da agricultura e tenham suas dívidas perdoadas. Não precisam pressionar as secretarias de obras para terem suas estradas bem construídas e reformadas.
Segundo dados oficiais, o latifúndio produz para exportação e só 30% de sua produção é de comida. Ocupam 76% das terras, mas empregam apenas 26% da mão de obra rural. Apesar disto, ficam com quase 90% dos créditos do governo para atividades rurais – previsão de R$156,1 bilhões para 2015. Quanto aos camponeses, receberão apenas R$24,1 bilhões, mesmo promovendo 74% dos trabalhos no campo.
O governo Lula/Dilma/PT assentou menos famílias que o bandido FHC e ainda aumentou a violência contra aqueles camponeses que se organizam e tomam terras, um direito constitucional. Durante os 12 anos de gerência petista a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança e o Exército passaram a atuar nos despejos de acampamentos, nas perseguições e prisões de camponeses. E o mais grave, aumentou o número de lideranças camponesas assassinadas.
Desde 2013, cidades dos quatro cantos do país são sacudidas por grandes revoltas populares. Os trabalhadores não aceitam mais tanto abuso, rejeitam as lideranças oportunistas que usam a luta para eleger seus candidatos e conseguirem carguinhos. Novos movimentos e lideranças honestos, combativos vão se forjando no fogo da luta verdadeira pelos direitos do povo, por justiça e por um novo país. A bandeira de uma greve geral foi levantada em várias cidades e sua preparação é crescente.
Não será o impeachment da presidenta, nem uma reforma política, nem a farsa das eleições que vai mudar o Brasil. Tudo que vier destes políticos, deste parlamento e desta justiça será para enganar, serão mudanças só na aparência. Só uma grande revolução pode acabar com o sistema de opressão, miséria e injustiça que reina no país.
E esta revolução já começou nos campos brasileiros, é a Revolução Agrária, feita por bravos camponeses que tomam terras do latifúndio, cortam por conta e distribuem para famílias sem terra ou com pouca terra, produzem de forma cada vez mais cooperada e fazem Assembleias Populares para decidirem coletivamente tudo o que lhes diz respeito.
Participaram mais de 150 camponeses de Rio Pardo (Porto Velho), áreas Renato Nathan 2, Raio do Sol, Canaã, Capitão Sílvio e Vale Encantado (Ariquemes), assentamentos Renato Nathan, Zé Bentão, Maranatã, Alzira Augusto Monteiro, Alberico Carvalho e Maranatã 2 (Corumbiara), acampamentos Rancho Alegre (Vilhena), Cajueiro 1 (Machadinho D’Oeste), Cajueiro 2 (Vale do Anari), Monte Verde (Monte Negro), 10 de maio (Alto Paraíso), João Batista e área Bacuri (Rio Crespo).
Os representantes do velho Estado assumiram compromissos para cada exigência dos trabalhadores: energia, estradas e pontes de qualidade, escola e posto de saúde nas áreas, regularização das terras camponesas. Mas os trabalhadores estão espertos, pois sabem que tudo pode ficar só na promessa e afirmaram que se os compromissos não forem cumpridos, fecharão a BR novamente, com mais pessoas, com outros trabalhadores e com mais combatividade.
Na reunião, nenhum policial esteve presente. Esta foi uma exigência dos camponeses, que não são bandidos e sabem que lutar não é crime. Os trabalhadores também não permitiram a participação de politiqueiros. Cada vez mais, o povo percebe que eleição é farsa e que só com pressão conquista seus direitos.
Energia já!
A reivindicação que teve mais luta foi a do início das obras da 5ª etapa do Programa Luz Para Todos. O responsável da Eletrobrás informou que as empresas licitadas se negaram a assinar o contrato e que seria necessário fazer nova licitação, o que demoraria 90 dias. Os camponeses se revoltaram com a falta de empenho da Eletrobrás em conseguir uma solução e disseram que não sairiam enquanto não tivesse uma proposta melhor. O auditório ficou pequeno para a justa indignação.
O representante fez várias ligações para seus superiores e depois de algumas horas teve o seguinte resultado: a empresa vai reavaliar a possibilidade de assinar o contrato, se isto não ocorrer, o prazo para nova licitação diminuiu para 60 dias. A Eletrobrás também se comprometeu a iniciar imediatamente sua parte do trabalho, antes mesmo da assinatura do contrato com a empresa.
Foi uma conquista da união, organização e luta camponesas, foi o exercício da verdadeira autoridade, daqueles que trabalham.
Não é de hoje que lutam por este direito. No começo de 2010, representantes da Ceron prometeram aos camponeses do Canaã que eles assistiriam a Copa da Fifa daquele ano em suas casas. Os projetos se iniciaram, mas logo foram suspensos. Em 2013, camponeses de várias áreas dirigidos pela LCP, tiveram que ocupar a Eletrobrás para pressionar pela retomada do Programa Luz Para Todos, que tinha sido encerrado.
E enquanto as obras não iniciam, os camponeses perdem frutas, verduras e alimentos por não ter refrigeração, enfrentam estradas em péssimas condições para entregar o leite nos tanques, não podem nem repousar após o almoço porque não tem um ventilador para espantar os mosquitos.
No assentamento Zé Bentão, com muito sacrifício, alguns camponeses instalaram energia elétrica particular, principalmente para funcionar resfriadores de leite. A rede é fraca, a energia é interrompida constantemente, estragando centenas de litros de leite. E todo prejuízo fica nas costas do dono do tanque.
Mas para grandes empreiteiras construírem usinas o governo destina recursos à vontade, não fiscaliza nem pune pelas dezenas de operários mortos nas obras e pelos milhares de desabrigados devido às enchentes. Tampouco garante que tanta energia gerada atenda ao povo. Um rápido levantamento feito em 2013 pela LCP e sindicatos indicou que 19 mil famílias estão no escuro em Rondônia, mas a etapa atual do Luz Para Todos, se ocorrer, atenderá apenas 6.400 famílias.
Rebelar-se é justo!
A revolta camponesa aumenta quando comparamos com a situação dos latifundiários. Eles desmatam milhares de hectares, acabam com a água usando irrigação e contaminando rios e lençóis freáticos com fertilizantes e agrotóxicos. Recebem isenção de impostos federais e basta uma simples garoa para que recebam seguro do ministério da agricultura e tenham suas dívidas perdoadas. Não precisam pressionar as secretarias de obras para terem suas estradas bem construídas e reformadas.
Segundo dados oficiais, o latifúndio produz para exportação e só 30% de sua produção é de comida. Ocupam 76% das terras, mas empregam apenas 26% da mão de obra rural. Apesar disto, ficam com quase 90% dos créditos do governo para atividades rurais – previsão de R$156,1 bilhões para 2015. Quanto aos camponeses, receberão apenas R$24,1 bilhões, mesmo promovendo 74% dos trabalhos no campo.
O governo Lula/Dilma/PT assentou menos famílias que o bandido FHC e ainda aumentou a violência contra aqueles camponeses que se organizam e tomam terras, um direito constitucional. Durante os 12 anos de gerência petista a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança e o Exército passaram a atuar nos despejos de acampamentos, nas perseguições e prisões de camponeses. E o mais grave, aumentou o número de lideranças camponesas assassinadas.
Desde 2013, cidades dos quatro cantos do país são sacudidas por grandes revoltas populares. Os trabalhadores não aceitam mais tanto abuso, rejeitam as lideranças oportunistas que usam a luta para eleger seus candidatos e conseguirem carguinhos. Novos movimentos e lideranças honestos, combativos vão se forjando no fogo da luta verdadeira pelos direitos do povo, por justiça e por um novo país. A bandeira de uma greve geral foi levantada em várias cidades e sua preparação é crescente.
Não será o impeachment da presidenta, nem uma reforma política, nem a farsa das eleições que vai mudar o Brasil. Tudo que vier destes políticos, deste parlamento e desta justiça será para enganar, serão mudanças só na aparência. Só uma grande revolução pode acabar com o sistema de opressão, miséria e injustiça que reina no país.
E esta revolução já começou nos campos brasileiros, é a Revolução Agrária, feita por bravos camponeses que tomam terras do latifúndio, cortam por conta e distribuem para famílias sem terra ou com pouca terra, produzem de forma cada vez mais cooperada e fazem Assembleias Populares para decidirem coletivamente tudo o que lhes diz respeito.
Conquistar a terra, destruir o latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!
Jaru, 28 de abril de 2015
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