Abaixo,
reproduzimos matéria publicada pelo Jornal Resistência Camponesa sobre a
resistência dos camponeses da Área Manoel Ribeiro e região, às blitzes
realizadas por militares.
Camponeses rechaçaram com combatividade a criminosa “Operação Paz no Campo” no Acampamento Manoel Ribeiro. Foto: Resistência Camponesa.
Famílias do Acampamento resistem bravamente às
intimidações policiais desde a tomada da Fazenda Nossa Senhora
Aparecida. Foto: Resistência Camponesa.
Policiais do grupo de operações especiais da polícia militar em conjunto com a polícia civil aumentaram as abordagens intimidatórias nos bares e estradas das áreas Renato Nathan, Zé Bentão e Maranatã. As intimidações se intensificaram após o término da farsa eleitoral.
Todas essas áreas alvos dos ataques ficam nas proximidades do Acampamento Manoel Ribeiro e fazem parte das terras da antiga Fazenda Santa Elina que foram tomadas e cortadas pelo povo há 10 anos.
Os camponeses denunciaram que ao menos duas viaturas, uma delas identificada e outra à paisana circularam pela região abordando camponeses nas estradas e nos bares locais no dia 04 de dezembro.
Em flagrante atitude ilegal e persecutória, os policiais chegaram nos estabelecimentos comerciais empunhando armamento pesados; fotografaram os documentos e rostos dos presentes e pegaram seus números telefônicos. Por ser sexta-feira à noite, estavam bastante movimentados.
Moradores denunciaram ainda a presença de pessoas de fora da região e de policiais na sede da fazenda Nossa Senhora Aparecida nesta mesma data (04/12).
As tentativas de intimidação da repressão têm sido constantes na região rural de Chupinguaia e Corumbiara desde que os camponeses ocuparam as terras do latifúndio Nossa Senhora Aparecida no mês de agosto.
Como resultado dos frequentes ataques, veículos de trabalho dos camponeses como motos e caminhonetes já foram sequestradas nestas incursões e trabalhadores foram presos por portarem armas de caça e para defesa, o que é muito comum nas áreas rurais Brasil afora.
Durante as abordagens, em clara intenção de criminalização da luta pela terra e perseguição política contra os camponeses, os policiais perguntaram insistentemente se os trabalhadores conheciam o Acampamento Manoel Ribeiro, seus acampados e a Liga dos Camponeses Pobres. Policiais também expressaram todo seu ódio contra os trabalhadores em falas do tipo “Sem terra é tudo vagabundo! Roubam terra dos outros.” Estes fatos deixam claro mais uma vez o caráter antipovo destes cães de guarda do latifúndio que consideram todos os camponeses e povo pobre como potenciais suspeitos, enquanto os ricos latifundiários, ladrões de terras públicas, mandantes dos crimes mais hediondos, representantes do que há de mais atrasado neste sistema semifeudal e semicolonial seguem impunes.
Camponeses não se intimidam e mostram disposição de resistência
No dia 23 de outubro, trabalhadores haviam denunciado que duas viaturas da força tática da polícia militar circundaram o Acampamento Manoel Ribeiro, parando veículos no entorno e nas áreas revolucionárias vizinha.
Ao se aproximarem do Acampamento, fogos de artifício foram disparados para alertar a todos da presença dos agentes da reação.
Um grupo de camponeses prontamente se dirigiu à frente da área ocupada, onde os veículos da repressão fizeram parada. Erguendo bandeiras e suas ferramentas de trabalho (foices e enxadas), as famílias gritaram palavras de ordem e entoaram canções de luta.
Organizados, os camponeses responderam à altura contra mais uma ofensiva da polícia militar no dia 23/10/2020. Foto: Resistência Camponesa.
Vendo a disposição de luta dos camponeses, os policiais, que afirmavam estar a serviço da Operação “Paz no Campo”, recuaram e montaram um blitz na esquina da via que dá acesso ao acampamento.
Segundo denúncias dos moradores, as viaturas, vindas de Chupinguaia, fizeram parada na sede do latifúndio Nossa Senhora e montaram ao menos 4 blitzes na linha MC01, via da região rural bastante movimentada pelos que trafegam entre Chupinguaia e Corumbiara.
Um camponês, morador da região, que levava um saco de mandioca como doação para o acampamento foi parado pelos policiais que, sem permissão, fotografaram o trabalhador e também seus documentos. Em flagrante arbitrariedade os agentes ainda tentaram coagir o camponês a destravar o celular que este carregava, sem sucesso.
Outros camponeses parados nas blitzes também relataram que foram perguntados se sabiam onde teria ocorrido o chamado “Massacre de Corumbiara” e se sabiam informações sobre o acampamento.
Também segundo relatos, os policiais fizeram filmagens intimidatórias da circulação dos trabalhadores na região e sequestraram ao menos duas motos nesta ocasião.
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