Carta de um operário entregue à um diretor do sindicato Marreta na obra da Direcional, no bairro Santa Amélia, em 11 de janeiro de 2016. Essa obra é a mais combativa na jornada de lutas do Sindicato dos Trabalhadores da Construção de BH e Região (o Marreta) na Campanha Salarial de 2015/2016 e ficou do dia 24 de novembro ao dia 4 de dezembro parada para pressionar o sindicato patronal (Sinduscon-MG) a negociar. No dia 8 de janeiro, ao receberem o anúncio do corte dos pagamentos dos dias parados, os operários voltaram a parar, só que de forma diferente: dentro do canteiro de obras. Aproveitando-se dos pacotes antipovo da gerência Dilma Rousseff/ PT/pecedobê, os patrões querem tirar direitos ao invés de atender a justa reivindicação dos operários por melhores salários e melhores condições de trabalho. A greve só será encerrada, segundo decisão da categoria, caso a empresa pague os dias e negocie com o sindicato.
Transcrevemos aqui a carta com pequenas adequações.
“Direcional e André, dois ladrões.
Eles querem a obra, nós queremos dinheiro.
Vamos atrasar essa obra ao máximo.
Eles precisam de nós e nos humilham como se nos não fossemos nada.
Vamos mostrar para eles que quem faz a obra somos nós.
Deixa a polícia vir. De repente a polícia faz a obra para o André baba-ovo e o Gustavo puxa-saco.
Vocês acham que só vocês podem viver às nossas custas. Temos família para tratar e vocês querem que nós trabalhemos de graça.
Direcional, você é um lixo!
Direcional ‘ladrona’!
Até nos ônibus somos humilhados por falta de passagem (e vocês) no carrão.
(Conosco) juntos com o Marreta vocês vão quebrar a cara.
Eu quero agradecer nosso sindicato por ter ficado conosco sexta-feira. Porque o que o André e o Gustavo estão fazendo com os funcionários aqui no canteiro de obras é caso de polícia.
Eles ameaçam, humilham, escravizam os funcionários aqui. Só falta corrente, porque o resto da escravidão está completa. Quando os funcionários fazem greve, que é um direito do trabalhador, eles chamam a polícia. Por que que eles não chamam a polícia para o Zé Maria, encarregado baba-ovo, que ameaça dar tiro na cara de funcionário?
Aqui dentro o que se vê é revolta, um engenheiro que acha ser Deus e que está acima de todos.
Eles querem nos ferrar porque quanto mais rápido acabar a obra, dão a comissão dele e dos encarregados baba-ovo. Nós temos que atrasar a obra para eles pagarem multa e não ganharem comissão às nossas custas.
Marreta, nos ajude a atrasar a obra para que, ao invés de eles ganharem comissão, eles paguem. Multa pra cima deles!”
Essa carta é um exemplo da imensa disposição de luta dos operários dessa empresa, que têm nos dado um grande exemplo e, principalmente, provando na prática que, mesmo em tempos de crise, é possível se rebelar contra esse sistema de exploração e opressão. Os operários têm consciência de que são eles que produzem riquezas e que por isso devem lutar ainda mais.
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