Friday, July 23, 2021

Brasil - 'A nova democracia ' Golpe militar em curso: Ministro da Defesa ameaça impedir eleições


General Braga Netto fez ameaça de golpe militar ao presidente do Congresso, Arthur Lira, como revelou O Estado de S. Paulo. Foto: Ricardo Moraes

O general Braga Netto, Ministro da Defesa do governo militar genocida de Bolsonaro, fez, através de um interlocutor político, uma séria ameaça ao presidente do Congresso, Arthur Lira: ou as eleições de 2022 ocorrerão com voto impresso ou não ocorrerão. Isso é o que afirma o jornal monopolista Estado de S. Paulo. A imprensa reacionária colheu tais informações de interlocutores em anonimato. Todos os envolvidos dizem que tal fato não ocorreu.

Os generais não precisam necessariamente cancelá-las para garantir o rumo da marcha política (caso apenas extremo!), mas podem e, pelo desenvolvimento das tendências eleitorais, vão conduzir e influenciar diretamente em seus resultados por processos outros. Neste contexto, a ocorrência ou não de eleições próximas é tema secundário

Tal ameaça, segundo as fontes, ocorreu no dia 8 de julho, e o Ministro da Defesa estava acompanhado de chefes militares do Exército, Marinha e Aeronáutica. No mesmo dia, o fascista Bolsonaro voltou a proferir essa ameaça, que tem sido repetida com frequência: "ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não teremos eleições". Ainda segundo o monopólio de imprensa, Lira disse a um restrito grupo de pessoas que estava "muito preocupado" com essa situação "gravíssima".

O monopólio de imprensa publicou falas de algumas fontes, todas em condição de anonimato. “A conversa que eu soube é que o ministro da Defesa disse a um dirigente de partido: ‘A quem interessar, diga que, se não tiver eleição auditável, não terá eleição’. Teve um momento de muita tensão. Não foi brincadeira, não”, disse "um dos envolvidos no assunto".

Revelando a gravidade da crise institucional e a divisão no seio dos reacionários, vários chefes políticos das classes dominantes se pronunciaram.

Um ministro do STF, também anônimo, disse que "os militares estão tentando fazer uma ameaça" e que buscam repetir o que foi feito por Villas-Bôas, em 3 de abril de 2018, quando publicou mensagem pública constrangendo a Suprema Corte a ser contra o Habeas Corpus de Luiz Inácio.

Os últimos 30 anos provam que as eleições periódicas não são empecilho para o alijamento das massas do processo político, senão que, em situações normais de temperatura e pressão, são mesmo a forma mais eficaz de fazê-lo

Já outro ministro, dessa vez em público, Gilmar Mendes, afirmou que no país “não há espaço para coações autoritárias armadas”. “Os representantes das Forças Armadas devem respeitar os meios institucionais do debate sobre a urna eletrônica”, posicionou-se.

Até mesmo o embaixador ianque no Brasil, Todd Chapman, pronunciou-se escondendo que haja "ameaças de golpe" no Brasil, buscando atenuar e não ser contrário ao que está à vista de todos. "Para nós, a democracia é inegociável", começou, como se fosse proprietário do Brasil, "e o Brasil é um país superdemocrático", dissimulou. Disse ainda que não existe receio de golpe e que o principal problema do país não é um golpe, mas sim a corrupção, citando em seguida esquemas no governo do PT.

O contexto

A situação ocorre em meio à tramitação de uma proposta de emenda à Constituição para realizar as eleições através do voto impresso; Bolsonaro tem grande possibilidade de perder esse embate. Ao mesmo tempo, ocorre também em meio ao avanço da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid que está revelando indícios de crimes, inclusive de corrupção, cometidos por altos oficiais da reserva e, inclusive, da ativa das Forças Armadas reacionárias, como o próprio general Pazuello; podem ser tais pronunciamentos uma forma da direita militar no Alto Comando chantagear a direita tradicional (parlamentar) para que dê "última forma" na exposição dessa corrupção militar. 

Abertamente favoráveis ao voto impresso estão alguns generais, como Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Casa Civil, e o comandante da Aeronáutica, defendendo tal forma como a mais legítima e condição para manter a "transparência da democracia". Como muito provavelmente será impossível aplicar, ainda que se queira, o voto impresso, o pronunciamento dos altos oficiais indicam, desde já, o questionamento do futuro resultado das eleições que, sendo favorável ao oportunismo, se confrontará com enorme agitação bolsonarista nos quartéis e na sociedade polarizada. Desagradando e sendo ilegítimo, o resultado das eleições não precisa ser respeitado, deixando a porta aberta para sua violação; e em última instância, só quem pode nessas situações impor sua vontade são aqueles que manejam as armas. 

Se uma coisa provam os recentes episódios é que não está nas urnas a solução para a tragédia brasileira. Esta radica na luta das massas do campo, principalmente, e também da cidade, mobilizadas em defesa dos seus interesses mais sentidos, e passo a passo engajadas na luta pelo Poder. Contra esta muralha, nada poderão os criminosos fardados

 

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