Thursday, February 14, 2019

cebraspo - Saibaba contrai novas doenças no cárcere


“Vasantha Kumari, esposa do professor universitário indiano e ativista dos direitos do povo G.N Saibaba, denunciou em carta pública as terríveis condições em que o democrata está submetido e as consequências atuais no seu estado de saúde.
Mukul Dube
Jovens indianos protestam exigindo liberdade para GN Saibaba
Jovens indianos protestam exigindo liberdade para GN Saibaba
Segundo Vasantha, Saibaba está sofrendo 19 problemas de saúde diferentes: um caroço misterioso nas costas, cisto no cérebro, problemas cardíacos de alto risco, pedras nos rins, infecção urinária e muitos outros. “Os nervos da mão esquerda e do ombro estão ainda mais danificados e a dor excruciante aumentou.”, diz. Os médicos recomendaram fisioterapia, mas as condições no cárcere, além de não permitirem o tratamento, pioram sua saúde.
A sua condição na cela é grave: o professor Saibaba fica exposto à friagem, o que aumenta ainda mais as dores e cãibras que ele sente, segundo Vasantha. “Os músculos danificados da sua mão esquerda chegaram a congelar.”, denuncia. Neurologistas escreveram nos resultados dos exames que o nervo do ombro esquerdo também foi congelado e precisa de terapia imediata.
Enquanto isso, o Estado só permite a cirurgia para tratar das pedras nos rins, não reconhecendo a gravidade dos demais problemas de saúde.
Em 17 de dezembro de 2018, o velho Estado indiano acusou os médicos de Saibaba (o geriatra Dr. Haji Bhatti, o neurologista Dr. Prasad e o cardiologista Dr. Gopinath) de “simpatizantes do maoísmo” por atestarem o grave estado de saúde que se encontrava o professor.
Em 24 de janeiro, os argumentos finais da defesa de Saibaba foram concluídos. A próxima audiência consiste dos argumentos finais do Estado e será em 11 de fevereiro de 2019. Fazem quase 2 anos desde sua condenação à prisão perpétua por um suposto “vínculo com o Partido Comunista da Índia (Maoista)” nunca  comprovado. Além disso, fazem 11 meses desde que a defesa requereu fiança para liberação por motivos de saúde.
O processo segue arrastado e, enquanto isso, a condição de Saibaba deteriora-se. Ele fica inconsciente com frequência e está tão enfraquecido que não consegue mais escrever e consumir comida sólida.
O professor Saibaba foi preso em fevereiro de 2017 e condenado à prisão perpétua no dia 8 de março daquele ano, juntamente com mais quatro pessoas – dentre eles um estudante da União Democrática de Estudantes e um jornalista. A sentença foi do Tribunal de Sessões de Gadchiroli (Maharashtra). Esta é a terceira vez que Saibaba fica detido e encarcerado por longo período. A primeira vez foi entre maio de 2014 e junho de 2015, e a segunda entre dezembro de 2015 a abril de 2016.
Um democrata legítimo
GN Saibaba começou seu ativismo quando defendeu reservas tribais no início dos anos 1990, numa época em que muitos interesses estavam pressionando para acabar com as reservas para pessoas de castas inferiores na Índia. Naquela década, ele também fez campanha contra os chamados “assassinatos por encontros” (como os autos de resistência no Brasil) de pessoas inocentes e supostos maoistas em Andhra Pradesh.
  Graças a seu ativismo, Saibaba viajou por todo o cinturão tribal na Índia central. Ele ensinava inglês na Universidade de Delhi e era bem reconhecido por ser um intelectual democrático, sendo convidado para várias conferências em outras universidades.
Em setembro de 2009, o governo indiano lançou a Operação “Caçada Verde”, em nome da luta contra a “maior ameaça à segurança interna” – referência aos maoistas. Mas, na verdade, segundo denunciou Saibaba, o objetivo era facilitar os monopólios da mineração que estavam mostrando interesse na área.
“Reuni provas suficientes que sugeriam que a classe dominante queria ter acesso a seus recursos, não importa o que aconteça. Então, a Operação ‘Caçada Verde’ foi lançada para matar, mutilar e desalojar essas pessoas.”, denunciou contundentemente Saibaba.
No auge da operação, entre 2009 e 2012, Saibaba reuniu pessoas através de um grupo chamado Fórum Contra a Guerra ao Povo. Ele organizou uma campanha nacional contra a operação militar. Segundo Saibaba, “a melhor maneira de me impedir era me jogar na cadeia”.
Hoje, o velho Estado nega deliberadamente tratamento médico para as graves enfermidades que acometem o professor Saibaba – muitas delas contraídas na cadeia, onde está preso ilegalmente –, o que reforça a denúncia de que o velho Estado quer assassiná-lo gradualmente.

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