Saudações aos combativos trabalhadores em educação do Rio de Janeiro!
Viva as lutas classistas e combativas e abaixo o oportunismo no movimento sindical!
Nossas
saudações aos trabalhadores em educação das redes municipal e estadual
do Rio de Janeiro que, desde agosto de 2013, protagonizaram uma das
maiores e mais combativas greves da educação da história recente do
país. A categoria se levantou contra as nefastas alterações propostas
pela gerência Paes/Cabral na estrutura da carreira dos profissionais em
educação. Particularmente na mudança da jornada de trabalho e na questão
da polivalência. Somado a esses fatores, reivindicam uma justa
recomposição salarial e melhores condições de trabalho e de aprendizagem
para os alunos.
Com a intensificação das mobilizações o
movimento ganhou o amplo apoio de pais e alunos. A juventude combatente
em ação desde as jornadas de junho/ julho engrossou as diversas
manifestações realizadas pela categoria, que adquiriram um caráter ainda
mais amplo e democrático.
A greve recebeu o apoio e solidariedade de
diversas organizações populares em todo o país. Foi travado nesses mais
de 70 dias um verdadeiro “cabo de guerra” com as gerências Paes/Cabral.
Relatos de professores que atuam na base (que podem ser vistos nas redes
sociais) apontam que desde o inicio da greve a direção central do SEPE
fazia todos os esforços para colocar “cabresto” na justa revolta dos
trabalhadores em educação, tentando “modelar” a expressiva combatividade
demonstrada a cada atividade da categoria em greve, tentando em vão dar
à paralisação um caráter pacífico, nos moldes das movimentações que os
partidos oportunistas tanto gostam de fazer, em clima de carnaval, sem
combatividade, “ordeiras”, pois eles são parte da ordem e têm de mostrar
às classes dominantes que também sabem jogar o seu jogo sujo e que são
“civilizados”.
As gerências Paes/Cabral/Dilma, cumprindo o
papel reacionário que lhes é reservado, manipularam através dos
monopólios de comunicação todas as informações sobre o real objetivo das
alterações no plano de carreira, mentindo descaradamente e jogando a
opinião pública contra a greve.
Mesmo com toda expressão de combatividade
da luta, passados os mais de 70 dias, a gerência Paes/Cabral não cedia e
nenhuma vitória econômica havia sido alcançada. A base da categoria
apontava uma avaliação honesta e correta de que, mesmo com todo o
cansaço produzido pelo prolongado movimento grevista, não era o momento
político para suspender a greve.
A gota d’água do escancaramento da traição
da direção central do SEPE-RJ foi à ida à Brasília para uma negociação
mediada pelo Supremo Tribunal Federal, tendo como intermediário o
ministro Luiz Fux. A direção do SEPE não acatou a decisão tomada em
Assembleia de que o Comando de Greve participaria da mesa de negociação
com o STF. O roteiro colocado pela direção sequer incluiu o STF no ato
realizado em Brasília, ficando essa mesma direção, a todo o tempo,
preocupada em deixar a categoria distante fisicamente do local da
reunião. Os ônibus foram alugados, inclusive, para saírem de Brasília
antes do término da audiência no Supremo. Isto impossibilitou que a
categoria, que enfrentou cerca de quarenta horas de viagem e arcou com
todas as despesas de alimentação, pudesse participar e sequer receber os
informes imediatamente após o térm ino da audiência.
Todas essas artimanhas da direção do SEPE,
características bem conhecidas dos sindicatos governistas e
oportunistas, tinham o claro objetivo de garantir a todo custo que a
negociação se desse apenas entre a direção do SEPE e o STF. Por fim, a
negociação realizada representou uma verdadeira traição do movimento
grevista, pois levou em conta apenas as punições arbitradas pelos
executivos estadual e municipal e não a pauta de reivindicação das duas
redes. A “negociação”, que na verdade foi uma imposição do STF e dos
governos sobre o sindicato, foi vergonhosa, pois impôs que os
professores não teriam o ponto cortado desde que fizessem a reposição de
TODAS as aulas, além de chantagearem com multas altíssimas a direção do
sindicato, que claramente capitulou frente às ameaças.
Enquanto os companheiros e companheiras da
base que foram para Brasília encaravam horas e horas de ônibus sem ao
menos terem podido se manifestar, os dirigentes do sindicato, ao modo da
burocracia sindical, voltavam para o Rio de avião a fim de poder
articular as assembleias que iriam referendar o acordo com o STF e pôr
fim à greve; ou não.
A assembleia da rede estadual do dia 24 de
outubro foi escancaradamente manipulada. Foram dezenas de falas de
avaliação pela continuidade do movimento grevista e após várias táticas
de enrolação por parte da mesa para esvaziar a votação decisiva no
final, a direção sindical acabou manipulando o resultado da votação.
A assembleia da rede municipal do dia 25 de
outubro estava lotada e vibrante. Antes das falações de avaliação já
podia se ouvir o coro de “A greve continua, prefeito a culpa é sua”.
A pelegada da direção central tinha em mãos uma tarefa difícil: cumprir
o que eles mesmos tinham decidido antes de chegar à assembleia, ou
seja, suspender a greve a todo custo. E para isso não mediram esforços:
colocaram o departamento jurídico para aterrorizar os grevistas,
impediram de falar uma ativista que inclusive foi presa na manifestação
de apoio aos professores do dia 15 de outubro, criando uma
falsa-polêmica que durou quase uma hora, numa manobra típica de esvaziar
o momento da votação. Após perderem as duas votações (segundo um número
considerável de relatos a votaç ão por contraste foi claramente pela
continuidade da greve), protagonizaram uma manipulada contagem de votos,
anunciando com um sorrisinho nos lábios o término da greve após mais de
cinco horas e meia de assembleia.
E para confirmar a descarada manipulação
verificou-se que às 18h50 do dia 25.10, no momento onde ainda ocorriam
falas de avaliações sobre os rumos do movimento, o SEPE através de seu
site (www.seperj.org.br) publicou nota comunicando o fim da greve dos
professores do município do Rio de Janeiro. Às 19h38, de forma muito
confusa e com votos anotados em pedaços de papel, foi feita a
comunicação oficial do resultado da votação, quase uma hora depois da
comunicação na internet.
O Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação – MOCLATE integrou e acompanhou
com grande entusiasmo o histórico levante dos trabalhadores em educação
do Rio de janeiro e por isso vem saudar a todos que se esforçaram nessa
luta, luta esta que serviu de exemplo para o movimento dos
trabalhadores em educação de todo o país.
Ao mesmo tempo, repudia veementemente a
posição oportunista, pelega, covarde e traidora da direção central do
SEPE, que manipulou vergonhosamente a votação e passou por cima da
vontade da grande maioria que compõe a base da categoria que queria
continuar a luta e que foi, na verdade, a responsável por este grande e
combativo movimento de greve.
Somos cientes de que as tão desejadas
conquistas econômicas não vieram, mas é necessário exaltar as grandes
vitórias políticas da histórica greve de 2013 e delas extrair as lições,
tendo a prática como critério da verdade, para saber separar o joio do
trigo e buscar sempre o caminho do classismo, da combatividade e da
independência a esses partidos oportunistas e eleitoreiros (como Psol e
Pstu) que cavalgam a luta das massas para colocar a serviço de seus
mesquinhos interesses eleitorais.
E uma tarefa está lançada para todos
aqueles que de fato desejam uma educação a serviço do povo: Construir um
poderoso movimento dos trabalhadores em educação em cada estado.
Construir por escola, por bairro, junto da comunidade. Unir pais,
alunos, funcionários e professores.
A educação é uma bandeira democrática e é
de todo o povo brasileiro, os últimos acontecimentos têm mostrado isso.
Todas as grandes manifestações levantaram a bandeira da educação
pública. Unir todas as forças possíveis de serem unidas, não cair no
isolamento da sala de aula, pois a luta é diária, dentro de cada escola e
sempre aliada com a comunidade escolar.
Viva a luta classista e combativa!
Viva a histórica Greve da Educação do Rio de Janeiro!
Abaixo a direção oportunista e traidora da direção do SEPE-RJ (Psol e Pstu)!
Em defesa da educação pública, gratuita e que sirva aos interesses do povo!
Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação
São Paulo, novembro de 2013.
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