O
distrito de Rio Pardo fica a 350 km de Porto Velho, porém seu principal
acesso é pela cidade de Buritis a cerca de 100 Km. Esta é uma região de
intensos conflitos agrários com dezenas de assassinatos de camponeses
registrados nos últimos anos. Em todos estes conflitos a atuação da
justiça e polícia é sempre para defender os interesses dos grandes
latifundiários grileiros de terras e contra as famílias camponesas da
região.
Há
mais de um ano o acordo firmado entre governo federal e estadual previa
a retirada das famílias da área da Floresta Nacional Bom Futuro e o seu
assentamento numa APA estadual (Área de Proteção Ambiental), pelo
acordo as famílias só poderiam ser retiradas quando um novo local fosse
providenciado pelo Incra. No final do ano passado as famílias que moram e
trabalham nas terras há 10 anos foram expulsas da área por uma operação
do ICMBio (Ibama), Força Nacional e Exército brasileiro e se
comprometeram a aguardar 90 dias fora da área até que a situação de uma
área regularizada fosse resolvida. Mais de 270 famílias retornaram para
suas terras após o prazo acertado com autoridades ter acabado e nenhuma
solução apresentada.
Esta semana uma nova operação que contou
com quase 200 efetivos policiais da Força Nacional de Segurança (FNS),
Grupamento de Operações Especiais (GOE), Polícia Federal e agentes do
ICMBio tinha como objetivo uma nova retirada das famílias da área. Na
quarta feira (13) a população se revoltou após a apreensão de várias
motos e 2 camponeses terem sido presos ilegalmente pela polícia. A
resposta dos moradores foi bloquear as estradas e destruir as pontes de
acesso para tentar impedir que suas motos e companheiros fossem levados
pela FNS para Buritis. Soldados da FNS ficaram encurralados dentro da
Flona e cercados por centenas de camponeses. Numa ação desesperada a
polícia revidou com tiros de borracha e depois com munição real ferindo
várias pessoas.
Os camponeses se defenderam com rojões,
pedras e paus. Uma viatura da Força Nacional e um caminhão do ICMBio que
participavam das apreensões foram totalmente queimados, várias outras
viaturas do GOE e PM foram atacadas com pedras, a base de operações da
PM e FNS foi completamente destruída em represália aos ataques contra os
camponeses.
Na quinta feira pela manhã, o comandante
da PM de Ariquemes- Enedy Dias, prestou informações desencontradas
alegando que a situação na área era tranquila e negando os confrontos.
No mesmo dia sites de notícia da região desmentiram sua versão e
informaram sobre a morte de um soldado da FNS que teria sido atingido
por um suposto disparo acidental.
Há informações de que dezenas de
camponeses foram feridos e continuam na área com medo de sofrerem
represálias pois a PM estaria controlando as entradas de pacientes em
hospitais.
Um representante dos moradores de Rio
Pardo esteve num Seminário realizado ontem (14) na Universidade Federal
de Porto Velho, com a presença de entidades, advogados, professores e
estudantes de várias cidades do país, falou para sobre a situação dos
camponeses, da ação repressiva do Estado contra os moradores da região e
sua disposição em seguir lutando pela permanência nas terras.
Ontem os efetivos da FNS se retiraram da
área e se deslocaram para a cidade de Ariquemes para redefinir sua ação
contra os moradores. Hoje pela manhã efetivos policiais de Ji-Paraná,
Porto Velho e Ariquemes se deslocaram para a região de Buritis
aumentando ainda mais o clima terror e intimidação na população.
Os moradores de Rio Pardo são
trabalhadores, tem o direito de viver e trabalhar nestas terras, e não
aceitam serem tratados como bandidos e criminosos. É longa a lista de
humilhações, violações e abusos das forças policiais contra a população
da região. Assim como é antiga a atuação criminosa dos agentes do ICMBio
que destroem plantações, queimam casas, roubam ferramentas e aplicam
multas abusivas. As famílias de Rio Pardo se cansaram de tudo isso, se
cansaram das promessas nunca cumpridas por parte dos políticos, do Incra
e Ministério do Meio Ambiente - MMA.
Os governos aliados de Dilma (PT) e
Confúcio/Raupp (PMDB) são os únicos responsáveis pelo que possa vir a
acontecer com os moradores de Rio Pardo, porque nunca cumpriram sua
parte no acordo com as famílias e agora se prepararam para enviar mais
forças repressivas com o intuito de massacrar os trabalhadores que lutam
por seus direitos.
Abaixo a criminalização da luta pela terra!
Fora Ibama e ICMBio agentes do imperialismo na Amazônia!
Os moradores de Rio Pardo e região têm o direito de viver e trabalhar em suas terras!
LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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