Tuesday, November 15, 2016

Brasil - Juventude e trabalhadores se levantam contra ataques de Temer -A nova democracia


Durante o último mês de outubro, como parte das mobilizações nacionais, inúmeras manifestações e ocupações foram (e estão sendo) realizadas contra a tentativa do gerenciamento Michel Temer/PMDB de aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que vai tirar 40% dos gastos públicos como saúde e educação nos próximos 20 anos. Em meio ao intenso clima de revolta, o plenário da Câmara dos Deputados concluiu, na madrugada de 26 de outubro, a análise em segundo turno da PEC 241. Aprovado pelo antro de inimigos do povo que é aquela casa, o texto seguirá para análise no apodrecido Senado, onde possivelmente terá votação em 13 de dezembro.
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Jovens fecham BR em Goiânia. Faixa estampa: ‘Abaixo as contra-reformas educacionais! MEPR’
Rio de Janeiro
Na capital fluminense, onde o jornal A Nova Democracia é sediado, nossa equipe de reportagem acompanhou de perto todos os protestos. Em 17 de outubro, mais de 5 mil manifestantes se reuniram na Cinelândia, centro da cidade. Entre os manifestantes, as categorias de trabalhadores e as inúmeras organizações populares presentes, destacaram-se os estudantes e a Juventude Combatente que compareceram em peso e engrossaram a luta popular.
Após a concentração, eles saíram pelas ruas do Centro em direção ao prédio da Petrobras. Quando o ato passava pela Avenida Chile, teve início um confronto. Os jovens responderam a violência da PM com bombas e fogos de artifício.
Um agente de repressão chegou a ficar ferido e quatro pessoas foram detidas. O confronto durou alguns instantes e a Juventude Combatente não recuou diante da conhecida truculência policial, pelo contrário. No fim do protesto, quando os manifestantes voltaram para a Cinelândia, coletivos da imprensa popular registraram o momento em que policiais entraram em um bar e destruíram o local.
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Estudantes ocupam escola no Paraná em 10 de outubro
No dia seguinte, 18, outra manifestação ocorreu no Centro, dessa vez com concentração na Candelária. O ato foi convocado pelos estudantes contra a Medida Provisória da reforma do Ensino Médio feita pela gerência federal. Logo no início, uma grande quantidade de PMs começaram as provocações revistando arbitrariamente os jovens. O ato saiu da Candelária rumo à Central do Brasil. Blocos compostos por militantes do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), pela Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC) e outros estudantes independentes levantaram palavras de ordem conclamando a Greve Geral e repudiando a farsa eleitoral que legitima a falsa democracia brasileira.
No dia 24, um novo protesto teve concentração na Candelária. Novamente, milhares de pessoas se reuniram e saíram em passeata pela Av. Rio Branco em direção à Cinelândia. No trajeto do ato, membros de centrais sindicais pelegas e oportunistas (notadamente a CUT/PT), que estavam presentes em grande número, mandaram seus capangas cercar e intimidar alguns jovens ativistas que estavam num bloco independente e combativo. No carro de som, um pelego incentivou a polícia a atacar os adolescentes. Mas a Juventude Combatente, com as camisas nos rostos, não recuou, e peitou os “seguranças” da CUT, entoando palavras de ordem que denunciavam esta entidade: Não é mole não, a CUT tá pior que a repressão! e Abaixo a CUT oportunista, oficial, pelega e reformista!
Nossa reportagem constatou que esses jovens organizados em movimentos populares classistas, de luta e anti-eleitoreiros têm dado um tom mais combativo aos protestos convocados por “frentes” oportunistas e centrais sindicais chapa-branca. Mas, como nos afirmou uma adolescente no ato do dia 24, “a rua não tem dono e nós vamos lutar contra essa PEC até o fim, independentemente dessa pelegada”.
Protestos pelo país
Nesse mesmo dia 24, um protesto contra a PEC 241 realizado em Porto Alegre (RS) terminou com ataques da Brigada Militar contra os manifestantes, que revidaram as bombas da polícia com paus e pedras. Uma enorme faixa foi levantada pelos gaúchos exigindo liberdade para Rafael Braga, jovem negro e pobre que vem sendo perseguido injustamente desde as jornadas de junho 2013 e está preso novamente no Rio de Janeiro (ver AND 167, Libertem Rafael Braga!).
Na Bahia, estudantes da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) ergueram uma barricada em chamas na BR-101, no município de Santo Antônio de Jesus.
Uma grande barricada de pneus pegando fogo também foi erguida perto da reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e na Universidade Federal de Viçosa (MG), servidores administrativos iniciaram uma paralisação.
Escolas ocupadas
Além das manifestações, mais de mil escolas estão ocupadas em todo o país, em especial no estado do Paraná, onde, até a conclusão desta matéria, o número de ocupações já ultrapassava 850 escolas.
No dia 24 de outubro, o adolescente Lucas Eduardo Araújo Mota, de 16 anos, foi encontrado morto com facadas no pescoço e no tórax na Escola Estadual Santa Felicidade, em Curitiba. Esse acontecimento, oriundo de uma briga pessoal entre jovens, fez com que o monopólio da imprensa desatasse uma campanha hipócrita para deslegitimar o movimento pelo fato dos dois estudantes envolvidos na briga estarem consumindo um tipo de droga ilícita. Mas a campanha apócrifa da imprensa burguesa não abalou a juventude que, no dia 26 de outubro, já ocupava instituições de ensino em pelo menos 19 estados brasileiros.
Em São Paulo, temendo uma nova onda de ocupações igual ou maior a que ocorreu em 2015, a repressão atacou a ocupação da Escola Estadual Silvio Xavier Antunes, no bairro do Piqueri, Zona Norte da cidade. Após terem entrado no local às 22 horas do dia 24, jovens foram detidos e levados para o 87° Distrito Policial.
No Rio de Janeiro, até o dia 26, estudantes ocupavam unidades do Colégio Pedro II e cinco campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). Ao mesmo tempo, servidores do Pedro II decidiram iniciar uma greve por tempo indeterminado no dia 28 de outubro. No município de Seropédica, estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) ocuparam a reitoria do campus-sede.
Segundo informações enviadas por um leitor, em 27 de outubro, estudantes que ocupavam escolas em alguns estados foram presos. Cerca de 26 alunos da Escola Dona Filomena Moreira de Paula, em Miracema, Tocantins, sendo 11 são menores de idade, foram levados algemados pela polícia. Não havia mandado. Outras notícias de prisões foram registradas em Brasília e em Goiás. Apesar deste avanço da repressão a juventude tem seguido firme em sua justa luta contras as medidas antipovo de Temer.
Inúmeras outras manifestações e ocupações ocorreram (e continuarão ocorrendo) pelo Brasil e as informações e novidades serão publicadas em nosso Blog da Redação: andblog.com.br.
Relatos enviados pelos Comitês de Apoio
Águas Lindas (GO)
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Manifestação repudia ataques de Temer em Goiás
Em 18 de outubro foi realizado o 1º ato no município de Águas Lindas de Goiás após a ocupação do Instituto Federal de Goiás (IFG) (ver blog da Redação, Ocupações em defesa da educação pública – o exemplo do IFG de Águas Lindas). A manifestação foi organizada pelos estudantes secundaristas do IFG e contou com a participação de servidores da instituição e também da comunidade ao redor, totalizando uma centena de pessoas. Em 19 de outubro, em uma onda de manifestações, ocupações e perspectivas de greves por todo o país, aconteceu em Goiânia uma grande manifestação combativa, tais como não se viam desde as jornadas de junho de 2013.
Em 21 de outubro, houve um segundo exitoso ato reivindicando as pautas das redes de ensino municipal e estadual em Águas Lindas, e denunciando a precarização da educação na região, com salas de aula lotadas, a falta de concurso público, assim como a falta de democracia nas escolas, além de outras demandas.
Araranguá (SC)
O Comitê de Apoio ao AND de Araranguá (SC) esteve no Hospital Regional de Araranguá (HRA) onde, no dia 12 de outubro, estava ocorrendo uma greve puxada pelo Sindicato da Saúde. O HRA está passando por uma transição na direção. Um dos líderes do sindicato, João Estevam, nos concedeu um tempo para falar dos problemas e histórico das lutas do Sindicato na região. Segundo ele, o problema principal é o da municipalização do hospital, pois a prefeitura não teria orçamento necessário para pagar os salários dos trabalhadores do HRA. Assim, o Sindisaúde pede rescisão dos contratos e garantia de estabilidade.
Em 15 de outubro, o Comitê de Apoio de Araranguá esteve presente na manifestação combativa dos professores e servidores públicos contra a PEC 241. O protesto ocorreu no centro da cidade, em forma de aula pública e ato-panfletagem.
Vilhena (RO)
Cerca de 300 estudantes do ensino médio integrado e graduação em matemática do Instituto Federal de Rondônia (IFRO), em Vilhena, ocuparam, na manhã de 20 de outubro, as dependências do campus. O manifesto divulgado afirma que a ocupação é para barrar a PEC-241/2016, contra o corte de verbas na educação. Na manhã desse mesmo dia, em solidariedade à ocupação, os estudantes do IFRO, campus Colorado D’Oeste, realizaram um protesto na BR-364. Os estudantes do campus Cacoal também realizaram protesto. Cresce o movimento de ocupação. Até o fechamento desta edição, os campi de Colorado D’Oeste, Cacoal, Ji-Paraná e Vilhena já estão ocupados.
Campinas (SP)
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Manifestação da juventude em Campinas (SP)
Depois da Escola Estadual Newton Pimenta ter sido ocupada no início da segunda quinzena de outubro e desocupada ilegalmente pela PM no fim do mês, agora foi a vez da E.E. Ruy Rodriguez, no bairro do Itajaí, periferia de Campinas. Os estudantes fizeram uma manifestação contra os ataques do gerenciamento Temer e a PEC-241, logo após as aulas da manhã. Em seguida, tomaram a escola, trancaram os portões e declararam estarem ocupando a instituição por período indeterminado para barrar os ataques contra os trabalhadores e as medidas antipovo. Até o dia 27 de outubro, mais duas escolas foram ocupadas, também na periferia de Campinas, região de Campo Grande: a E.E. Carlos Alberto Galhiego e a E.E. Hugo Penteado Teixeira.
São José dos Pinhais (PR)
Demarcando a elevação para um nível mais avançado das lutas pela educação pública, estudantes das escolas ocupadas de São José dos Pinhais realizaram, nos dias 18 e 21 de outubro, manifestações de trancamento de ruas na cidade.
Durante o primeiro dia de manifestações, a força de repressão comandada pelo gerente estadual Beto Richa — já conhecida pela barbárie cometida contra professores da Rede Estadual de Ensino no ano de 2015 — atacou covardemente os estudantes com spray de pimenta, ao que estes resistiram firmes em sua decisão de bloquear as pistas de uma das principais avenidas da cidade.
Após o protesto, os estudantes retornaram com um sabor de vitória para seus colégios, prontamente já planejando outras datas de manifestações de rua e dando um salto qualitativo na luta contra a MP que precariza o ensino médio no país.
É importante ressaltar que estamos diante do maior processo de ocupação de colégios da história, neste momento capitaneado pelos combativos estudantes do Paraná, com mais de 850 colégios ocupados somente neste estado, amplificando exponencialmente a luta das massas.
Minas Gerais
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Entrada da ocupação da UFMG
Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ocuparam, em 19 de outubro, o prédio do Centro de Atividades Didáticas (CAD) 1, exigindo o fim da PEC 241 e dos ataques da gerência Temer/PMDB à educação. Os estudantes de vários cursos de ciências naturais decidiram, por ampla maioria, em assembleia feita na noite de 19 de outubro, ocupar o prédio do CAD 1.
Técnico-administrativos em educação e estudantes da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) realizam paralisação conjunta desde o dia 19 de outubro. O campus da UFVJM, na cidade de Diamantina (MG), até o fechamento desta edição, está ocupado pelos estudantes. A luta se desenvolve contra a ofensiva antipovo do gerenciamento Temer, que ataca frontalmente os direitos fundamentais do povo.
Pernambuco
No dia 24, estudantes do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), campus Recife, vanguardearam um processo de ocupação de centros na Universidade. Estão ocupados pelos estudantes os prédios do Centro de Educação (CE), Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Niate-CFCH e Centro de Comunicação (CAC). As ocupações ocorrem em repúdio aos ataques do gerenciamento Temer através da draconiana PEC 241, que implementa duros cortes de verbas na assistência estudantil, e também pela Homologação imediata do Novo Estatuto na Universidade. Ainda na UFPE, o campus do interior em Vitória de Santo Antão (CAV) está paralisado pelos três segmentos. Já na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o prédio do Centro de Ensino de Graduação Obra-Escola (CEGOE) também está ocupado.
Jovens expulsam fascistas em Curitiba (PR)
Relato enviado por estudantes
“Na noite de 27 de outubro, nós estudantes secundaristas da ocupação do Colégio Lysímaco Ferreira da Costa fomos surpreendidos pelo bando fascista do MBL [movimento “Brasil livre”] que tinha o objetivo de nos atacar e fazer uma reocupação violenta com a justificativa de que estávamos impedindo a circulação dentro da escola.
Nos atacaram de forma covarde e nojenta, destruíram o portão dos fundos da escola, atiraram pedras e paus em direção aos estudantes entrincheirados, quebraram janelas, portas e estouraram um cadeado do portão interno.
Pessoas que apoiavam a ocupação foram agredidas do lado de fora pelos covardes do MBL e tiveram alguns pertences roubados.
O diretor geral do colégio, Jailson da Silva Neco, também estimulou e apoiou os ataques do MBL contra os estudantes, facilitando a entrada no pátio da escola. Demonstrou com isso que é um boneco do governador. Se algo acontecer aos alunos o diretor será responsabilizado, pois como diretor não pode estimular a repressão aos alunos.
O governador Beto Richa (PSDB) está financiando os bandidos do MBL com muito dinheiro, passagens, carros de som, bate-paus e ampla divulgação nos monopólios de comunicação. Como ele não tem moral para reintegrar as escolas usando a polícia, pois 80% da população é contrária a PEC 241 e ao massacre de professores no centro cívico, está usando esses bandidos para atacar as justas ocupações dos colégios em Curitiba e região.
Por isso dizemos, tivemos uma vitória grandiosa. Ontem nós derrotamos toda esta estrutura mafiosa a mando do governador, com a nossa resistência. Mesmo com todos os ataques raivosos e dificuldades resistimos firmemente com barricadas nas portas, palavras de ordem e muita decisão em continuar nossa luta contra a aprovação da PEC 241 e o encaminhamento da MP 746. Lutamos, resistimos e comprovamos que rebelar-se é justo!”

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