Editorial – Abandonar as ilusões, partir para a luta dura e prolonga
Camponeses bloqueiam rodovia no Norte de MG em 25/11
Centrar fogo para pôr abaixo Temer e sua quadrilha,
derrotar os ataques aos direitos do povo, ganhando terreno no campo e
na cidade a ideia de que só a Revolução de Nova Democracia pode libertar
nosso povo da exploração e opressão e libertar a Nação da corrupção e
do imperialismo.
Editorial AND nº 181, 1ª quinzena de dezembro
A eleição de Trump no USA é resultante deste afundamento do imperialismo ianque, em particular, e da agudização das contradições entre as classes dominantes no USA…. Quanto mais avança o afundamento geral do imperialismo ianque, mais reacionário e agressivo se fará. Assim vai se passar com todas as demais potências imperialistas.
I
O mundo inteiro está abalado pela
gravíssima crise de todo sistema de dominação imperialista provocando
distúrbios de magnitudes ímpares. O mundo inteiro está sacudido por
tormentosas lutas e guerras. O aprofundamento da crise geral do
imperialismo (o capitalismo de nossa época) aguça as contradições entre
nações oprimidas e nações imperialistas por sua ação de rapina sobre as
primeiras. Também agudiza as contradições entre as potências e
superpotências imperialistas, principalmente a superpotência hegemônica
única USA e a superpotência atômica Rússia, com mais guerras pela
divisão de países (tal como Síria, Iraque, etc.) e por uma nova partilha
do mundo entre os mais poderosos. Também agudiza a contradição entre
proletariado e burguesia, principalmente com os violentos cortes de
direitos dos trabalhadores nos próprios países imperialistas, a
superexploração e o chauvinismo contra os trabalhadores imigrantes.
A eleição de Trump no USA é resultante
deste afundamento do imperialismo ianque, em particular, e da agudização
das contradições entre as classes dominantes no USA, a ponto do Partido
Republicano ter que guindá-lo à Presidência, após uma disputa com
tradicionais representantes das esferas políticas ianques. Ele conseguiu
impor sua condição e já cumpriu o compromisso firmado com a
extrema-direita, nomeando elementos seus para os postos-chave do Estado
ianque.
Aparentemente, ele se confronta com o establishment
ao se colocar acima dos políticos, entretanto, o círculo dos poderosos
ianques, os banqueiros, os reis do petróleo e os do complexo
industrial-militar, sentam-se é com o Pentágono, e já está determinado
como tudo seguirá. Trump não fugirá ao que está escrito nas estrelas do
Pentágono. O apoio de Kissinger – saído do sarcófago – é sinal de que o establishment está lá, e que vai ter queda de braço interna.
No caso da OTAN (Organização do Tratado
do Atlântico Norte), por exemplo, constitui uma das maiores fontes de
lucro da indústria bélica ianque e modo operacional de exercer seu
domínio no mundo ocidental, e nisto persistirá.
As promessas de Trump para “tornar a
América grandiosa de novo” embutem a ilusão de que basta implementar uma
política protecionista para que o USA internalize empregos gerados por
suas empresas no exterior. Ora, elas estão lá cumprindo uma lei maior do
capitalismo que é a busca do lucro máximo e, não retornarão ao solo
ianque, nem mesmo com a promessa de uma tarifa de 45% para produtos
chineses. Contrariará também os consumidores, hoje habituados a pagar
preços baixos por importados que substituíram a manufatura local. Daí,
mais distúrbios diante da desilusão das massas de desempregados e das
famílias que tiveram grande redução da renda.
Quanto mais avança o afundamento geral do
imperialismo ianque, mais reacionário e agressivo se fará. Assim vai se
passar com todas as demais potências imperialistas.
II
A fúria com que se processou até agora as investigações de corrupção e as condenações é só mais um outro engano para uma sociedade já esgarçada pelas desigualdades…. Se faz necessário abandonar as ilusões de superação negociadas pelo atual sistema político e avançar a direção revolucionária para reforçar a linha de classe proletária da crescente revolta popular, denunciando e desmascarando por completo o revisionismo e todo oportunismo.
No Brasil, a “ponte para o futuro” de
Temer, reduzida a pinguela por FHC, é uma tábua podre. Surgiu como um
remendo sem legitimidade e credibilidade com as rachaduras das disputas
internas já expostas. A unidade em torno da aplicação do receituário
draconiano de corte de gastos, com cortes de direitos do povo e
juntamente com a entrega completa do Brasil ao imperialismo, como
promessa para retirar o país da grave crise econômica, está condenada ao
fracasso. Pois que, ademais de provocar crescente revolta do povo, só
fará aumentá-la na medida de sua aplicação e diante do repique destas ao
nível de estados e municípios. E a vinda tão implorada do capital
estrangeiro não virá, em razão da instabilidade e crise política.
A crise política é gravíssima, pois que,
por um lado sua base é o agravamento das contradições entre as frações
das classes dominantes locais em função da grave crise de uma economia
semicolonial e semifeudal, em meio do afundamento da crise imperialista.
Por outro, isto faz radicalizar cada vez mais o confronto entre os
correspondentes grupos de poder destas frações expressas nas diversas
siglas do Partido Único, através duma luta sem quartel entre elas e que
se reflete em disputas e lutas encarniçadas entre os três poderes da
República, onde ocupam posições.
A fúria com que se processou até agora as
investigações de corrupção e as condenações dando chancela de
honestidade, lisura e firmeza ao Ministério Público e à Polícia Federal é
só mais um outro engano para uma sociedade já esgarçada pelas
desigualdades, privilégios indecentes para poucos e injustiça e penúria
para a imensa maioria, de delinquência em crescente espiral e a
violência mais sanguinária das polícias e demais aparatos de repressão
de um velho Estado burocrático sobre o povo, tudo para proteger um
sistema político putrefato.
Casos recentes como o envolvendo Geddel,
homem de confiança de Temer, e outros mais graves que irão
inevitavelmente eclodir com a delação da Odebrecht e outras, revelam que
a crise do “governo” é de todo o sistema político apodrecido de um
velho Estado burocrático-latifundiário, semicolonial e genocida.
A prisão de gente poderosa, grandes
burgueses, senadores, deputados e ex-governadores como resultado de
grande operacionalidade do Judiciário e da Polícia Federal, longe de ser
o que os monopólios de imprensa querem fazer crer à opinião pública
como “moralização” e fortalecimento da velha democracia, são nada mais
que os sintomas da falência de um sistema, cujas classes dominantes
estão numa guerra brutal entre si para ver quem se manterá por cima.
A crise é do sistema e não pode ser
resolvida pela repressão, prisão e condenação de umas tantas figuras,
por mais importantes e numerosas que possam ser, pois que isto é somente
a revelação da podridão e falência desta ordem vigente. O acordão dos
de cima para pôr fim à “fúria” investigatória da corrupção não está
fácil de lograr-se. Vide a dura disputa em torno da “Lei Anticorrupção”
para incluir a anistia à prática anterior de “caixa 2”. Temer foi
obrigado a chamar Maia e Renan para fechar um pacto pela retirada de
pauta da almejada anistia, numa tentativa de evitar a completa
desmoralização das instituições e do sistema político oficial.
Tal falência só pode resolver-se pela
luta entre as classes antagônicas de nossa sociedade. Quer dizer, pela
derrubada violenta das velhas classes exploradoras e serviçais das
potências estrangeiras pelas classes exploradas e oprimidas por elas.
Derrubar a velha democracia e edificar a Nova Democracia.
Se faz necessário abandonar as ilusões de
superação negociadas pelo atual sistema político e avançar a direção
revolucionária para reforçar a linha de classe proletária da crescente
revolta popular. Centrar fogo para pôr abaixo Temer e sua quadrilha,
derrotar os ataques aos direitos do povo, ganhando terreno no campo e na
cidade a ideia e concretização de que só a Revolução de Nova Democracia
pode libertar nosso povo da exploração e opressão e libertar a Nação
brasileira da corrupção e da subjugação ao imperialismo. Mas, isto exige
denunciar e desmascarar por completo o revisionismo e todo oportunismo
no seio das lutas populares que, caído em desgraça, quer mais uma vez
cavalgar as massas para impedir sua radicalização e usar sua luta como
moeda de troca por acordos eleitoreiros.
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