Tradução não-oficial.
Proletários de todos os países, uni-vos!
Levantar alto a bandeira da Internacional Comunista e do seu VII Congresso
I – Introdução
A crise geral do imperialismo se agrava formidavelmente agudizando suas contradições fundamentais, principalmente a que opõe nações/povos oprimidos ao imperialismo, empurrando amplas massas populares a rebelarem-se contra a exploração, opressão, a subjugação nacional e guerras de agressão imperialista. Nas sublevações das massas destacam-se as lutas armadas de libertação nacional e especialmente a heroica persistência das guerras populares do Peru, Índia, Filipinas e Turquia. Além do mais, resultante do agravamento da contradição entre proletariado e burguesia nos países imperialistas, aumenta e radicaliza-se o protesto das camadas mais profundas do proletariado neles, contra as brutais “políticas de austeridade” de seus governos e cada dia mais contra estes mesmos governos da burguesia imperialista. Por sua vez, as contradições interimperialistas intensificam-se na luta por nova partilha do mundo por meio de relações de pugna e conluio. Nelas o USA, como superpotência hegemônica única, inimigo No 1 dos povos do mundo, tem sua hegemonia questionada na rivalização com a superpotência atômica Rússia e outras potências como China, etc., das quais Alemanha pugna por estabelecer sua hegemonia na Europa e das contradições que opõem outras potências a cada uma destas primeiras. Todos estes acontecimentos caracterizam a situação mundial como de crescente situação revolucionária em desenvolvimento desigual, dentro da qual estão se dando reconstituição e constituição de partidos comunistas militarizados, para desatar novas guerras populares como parte da luta por impor o maoismo como único mando e guia da revolução proletária mundial.
Neste contexto histórico e como produto dessa agudização da luta de classes no mundo e elevação da luta de duas linhas no MCI, cujo processo de dispersão já se reverteu (no fundamental) com os avanços de reunificação, através da crescente unidade de sua esquerda, é que marchamos para a realização da I Conferência Internacional Maoista Unificada (CIMU). Conferência que dará luz a uma Nova Organização Internacional do Proletariado (NOIP), significando um passo adiante na luta por reconstituir a Internacional Comunista, sob o mando e guia do marxismo-leninismo-maoismo. Evento este de tamanho significado após décadas de dispersão, ao tratar dos mais candentes problemas da luta de classes e do MCI atuais, coloca para si como tarefa imprescindível tomar a posição que deslinde cabal e resolutamente com o revisionismo, o trotskismo e todo o oportunismo acerca de problemas fundamentais da experiência histórica da luta do proletariado internacional, da revolução proletária em geral e do Movimento Comunista Internacional em particular.
Dentre esses se destaca de forma inequívoca, por sua grandiosidade e transcendência, o VII Congresso da Internacional Comunista (Comintern), de meados de 1935, que enfrentou problemas fundamentais da época e cruciais para o Movimento Comunista Internacional naquela tão particular situação de ascenso do fascismo e desabalada corrida imperialista por nova partilha do mundo, por nova guerra mundial e de grave ameaça à União Soviética e à ditadura do proletariado, situação de gigantesco desafio para a Revolução Proletária Mundial (RPM). VII Congresso no qual se condensou e plasmou o papel magistral da direção (chefatura) do camarada Stalin.
Ao longo das últimas décadas o VII Congresso da Internacional Comunista e a grandiosa figura do camarada Stalin, foram lançados à sombra pela ação e influência mistificadora e proterva das ideias, critérios e posições revisionistas no interior do Movimento Comunista Internacional, como repercussão da dinâmica ideológica da ofensiva contrarrevolucionária geral do imperialismo, da reação e do revisionismo.
A correta e justa valoração da Internacional Comunista e do seu VII Congresso em especial, do papel do camarada Stalin e do camarada Dimitrov, não é um problema de segunda ordem para o MCI. Sob estas gloriosas bandeiras vermelhas, legiões de ferro de comunistas e massas populares de todo mundo se levantaram em armas, através da guerra de resistência para combater o fascismo, pela defesa da URSS, da ditadura do proletariado e da Revolução Proletária Mundial. Esta grande epopeia da humanidade, pela qual combateram dezenas de milhões de massas em todo mundo, é parte de nossa alma e nosso coração e, portanto, uma questão de vida e morte na qual se separam marxismo e revisionismo.
Contra a política de Frente Única Antifascista a Alemanha nazista promoveu o chamado pacto “Anti-Comintern”:
“No Congresso Nacional-Socialista de Nuremberg, Hitler, Goebbels e Rosenberg abriram um bombardeio particularmente furioso contra o perigo da Frente Popular, que está ameaçando a ditadura fascista e contra a democracia em geral. Ao dirigir os disparos mais veementes contra a Frente Popular já existente na França e na Espanha, ao mesmo tempo, expressaram seu alarme e medo ao movimento da Frente Popular que está se formando na própria Alemanha.”(Dimitrov, A frente popular”, A luta contra o fascismo e a guerra, 1938)
Quanto a isto há que ressaltar que em um balanço interno, de 1947, da CIA ianque, no qual reconhece-se que:“Durante os vinte e quatro anos de sua existência oficial, a Terceira Internacional (Comunista) desempenhou um papel-chave na organização e desenvolvimento mundial do movimento revolucionário marxista. Como a primeira máquina política global da história, coordenou os esforços de grupos de agitadores determinados e fanáticos e revolucionários em quase todas as nações e áreas colonizadas do mundo. Em grande parte, o enorme crescimento do comunismo mundial em nossa geração se deve à sua força integradora e propulsora.”
O Presidente Gonzalo destacou a necessidade de fazer o balanço do VII Congresso da Internacional Comunista afirmando, que tal balanço, só poderia ser realizado corretamente tomando como um conjunto, este congresso, o papel do camarada Stalin na direção da Grande Guerra Pátria e a Frente Antifascista Mundial. Ele apontou com precisão os critérios marxistas para fazê-lo: “Para os comunistas e para nosso partido fazer um balanço da Internacional Comunista, especialmente de seu VII Congresso, ligado à guerra mundial e ao papel do camarada Stalin, é tarefa urgente”. (PCP, Linha internacional)
Quando este problema foi planteado pelo PCP, este dirigia dura luta de duas linhas dentro e fora do MRI, para que o MCI reconhecesse e assumisse o maoismo como terceira, nova e superior etapa do marxismo. Situação na qual o PCP não podia abrir mais frentes na luta de duas linhas. Dentro do MRI o PCP chocava-se, sobretudo, com as posições revisionistas de Avakian, quem já havia se desbocado em seus ataques contra o camarada Stalin. Vejamos:
“Especialmente depois da estrondosa derrota dos comunistas na Alemanha e com o surgimento da forma fascista de ditadura burguesa (1933), surgiram fortes tendências derrotistas e tendências defensivas na direção da União Soviética e da Comintern. Junto com o crescente perigo de uma guerra mundial, e especialmente com o crescente perigo de um ataque contra a União Soviética, os desvios abertamente direitistas, de uma natureza fundamental, chegaram a ser predominantes –a promoção do nacionalismo, do reformismo e da democracia burguesa, a subordinação de tudo à União Soviética, etc., de maneira qualitativamente mais pronunciada que antes… tudo isso se encontra concentrado no informe de Dimitrov ao VII Congresso Mundial da Comintern (1935) e na implementação e no desenvolvimento ulterior desta linha– o que, como sabemos, envolveu entre outras coisas, e como um de seus ingredientes básicos, o rechaço básico à posição leninista sobre a ‘defesa da pátria’. Toda esta linha era intrinsecamente errônea… se promoveu sob a liderança de Stalin teve muito que ver com o eventual triunfo da contrarrevolução. E igualmente certo, a Guerra Civil espanhola foi um marco no caminho revisionista em que se embarcaram muitos partidos e líderes da Comintern.” (A linha da Comintern ante a Guerra Civil na Espanha. Partido Comunista Revolucionário E.E.U.U. 1980)
Hoje, após mais de 35 anos, desde o início da “Campanha pelo Maoismo” pelo Partido Comunista do Peru, em 1982, a maioria dos partidos comunistas e organizações do proletariado internacional rechaçou o revisionismo e assumiu o maoismo e luta decididamente por sua aplicação à realidade concreta de seus países. Ao mesmo tempo um número crescente de Partidos e Organizações do Movimento Comunista Internacional, avançaram em assumir e compreender os “aportes de validez universal do Presidente Gonzalo”. Sobre essa base ideológica e em meio e através de tormentosa luta de classes, partidos comunistas marxistas-leninistas-maoistas militarizados estão sendo constituídos ou reconstituídos, desenvolvendo e preparando mais guerras populares em todo mundo.
Como temos assinalado, isso é um auspicioso avanço que mostra que “rompemos o gelo”, e todo MCI está entrando em uma nova fase de seu desenvolvimento. Este avanço nos leva à necessidade de aprofundar nossa compreensão do marxismo-leninismo-maoismo, em cada uma de suas etapas e delas como uma unidade, elevar nossa aplicação do maoismo, encarnando-o para manter o rumo.
Ao longo dos anos alguns partidos sempre publicaram artigos em defesa do camarada Dimitrov, mas foi principalmente no último que surgiram diversas declarações, documentos e artigos, por ocasião do Centenário da Internacional Comunista e dos 70 anos da morte do camarada Dimitrov. Nestes pronunciamentos partidos e organizações de diferentes países destacaram o grandioso papel desempenhado pelo camarada Dimitrov e o legado do VII Congresso da Internacional Comunista para a Revolução Proletária Mundial. Este é um passo adiante e um importante sinal de avanço.
Por outro lado, entre alguns partidos e organizações marxistas-leninistas-maoistas que rechaçaram o revisionismo e tomaram posição pelo marxismo-leninismo-maoismo persistem confusões, limitações e posições errôneas de várias ordens sobre a valoração do VII Congresso da Internacional Comunista. Entre essas posições diferenciamos aquelas que são por limitações próprias do desenvolvimento, daquelas que são manifestação de sérios desvios ideológicos e políticos, manifestos na forma de um idealismo subjetivista e mecanicista. Ainda que ambos possam chegar a conclusões parecidas, os primeiros estão mais próximos do marxismo que os segundos, pois como dizia um provérbio chinês: “o preconceito (direitismo) está mais longe da verdade do que a ignorância”. Esses pontos de vista representam o lastro do revisionismo e sua sobrevivência nas fileiras do MCI e se não são corrigidos levarão inevitavelmente a afastar-se dos princípios fundamentais do marxismo-leninismo-maoismo.
As “demolidoras críticas” ao VII Congresso têm sua origem no saltimbanco Trotsky. Como um servo do imperialismo Trotsky centrou todos os seus ataques contra a política de frente única da Internacional Comunista e seu VII Congresso, que qualificou como o “Congresso de liquidação da Comintern”, de que este havia abandonado o internacionalismo proletário substituindo-o pelo patriotismo e a luta pela revolução socialista substituída pela defesa do regime burguês:“O sétimo Congresso da Comintern… passará para a história, cedo ou tarde, como o congresso da liquidação… liquidou os ensinamentos de Lenin, realizando uma brusca virada de cento e oitenta graus rumo ao oportunismo e ao patriotismo… substituir a luta revolucionária contra a burguesia pela colaboração reformista e pacifista com os partidos burgueses de ‘esquerda’ e com todos os ‘amigos da paz’ em geral. De modo que no que refere à guerra, ao pacifismo e à ‘guerra civil’ se produziu um giro de quase cento e oitenta graus.” (Trotsky, O congresso de liquidação da Comintern, 23 de agosto de 1935)
Sobre o Presidente Mao e o VII Congresso já Avakian afirmava: “…Só que o problema de Mao consiste em que não criticou as ideias erradas do VII Congresso porque ele mesmo no fundo tinha nacionalismo”. E sobre o camarada Stalin, entre outras coisas, o que diz este senhor?
“Stalin… ‘revogou o veredito do leninismo… sobre o internacionalismo, por exemplo – e este foi marcadamente assim durante o período imediatamente anterior à Segunda Guerra Mundial e durante a mesma, quando, sobre uma base muito descaradamente nacionalista, contrária aos interesses da União Soviética como estado, ao avanço geral da revolução mundial, o mundo)… sob a direção de Stalin na União Soviética nos anos de 1930 a 1940… explicitamente se revisava a ideia de que os trabalhadores não tem pátria nem base nem interesses em apoiar à ‘pátria’ imperialista …” (Bob Avakian, Abrindo Brechas, O avanço histórico feito por Marx e o novo avanço histórico do novo comunismo. Um resumo básico. 2019)
Estas “lapidares” citações do Sr. Avakian demonstram que não há como ir contra o camarada Stalin sem ressuscitar Trotsky e se afundar no pântano do revisionismo e oportunismo.
Estes foram os mesmos argumentos ressuscitados pelo trotskismo, pelo revisionismo de Tito e seus asseclas, convergindo com a campanha anti-Stalin da reação imperialista, de que o PC(b) URSS e a Internacional Comunista, sob a direção do camarada Stalin, traíram a revolução mundial em nome da defesa da URSS.
Um balanço completo da Internacional Comunista somente poderá ser realizado pela Internacional Comunista reconstituída sob o mando e guia do marxismo-leninismo-maoismo. Contudo para os comunistas tirar lições das experiências históricas de seus acertos e erros, será sempre benéfico, desde que sejam corretamente resumidas de acordo com a realidade e contexto históricos e não os tergiversando.
O correto e justo balanço somente pode ser realizado baseado no internacionalismo proletário, no interesse da Revolução Proletária Mundial em seu conjunto e não do ponto de vista de “meu” país, tal como nos ensinou Lenin: “não devo pensar desde o ponto de vista de ‘meu’ país (porque esta é a maneira de pensar do pequeno burguês nacionalista, desgraçado cretino que não compreende que é joguetes nas mãos da burguesia imperialista), senão desde o ponto de vista de minha participação na preparação, propaganda e acercamento da revolução proletária mundial (…) isso é internacionalismo, isso é o dever internacionalista.” (Lenin, A revolução Proletária e o renegado Kautsky)
Cada novo desenvolvimento do marxismo nos permite e nos requer uma compreensão mais ampla e profunda das etapas anteriores. O que apregoa Avakian com sua “Nova Síntese”, afirmando partir do maoismo, senão que realizar uma revisão de todas as etapas anteriores? Afirma ele:
“Desde os tempos de Marx até Mao, o comunismo principalmente foi científico em seu método e enfoque. Porém contém elementos que foram contra esse método e enforque científico, e a nova síntese toma o que é positivo, constrói sobre a base das partes essenciais que foram positivas, porém também rechaça, descarta ou reconfigura desde uma perspectiva mais correta algumas das coisas de tempos anteriores do desenvolvimento do comunismo que não foram completamente científica.” (Bob Avakian)
O Presidente Gonzalo definiu Avakian, com a precisão que lhe é característica, como alguém que “todo o dia está lendo somente como encontrar o erro”. Esta é uma síntese exata do método avakiano que permanece causando prejuízos no MCI. O Marxismo é totalmente oposto ao racionalismo burguês de Avakian. Separar o desenvolvimento de nossa ideologia de sua base material, da luta de classes, é uma tentativa de negar o caráter de classe da verdade.
O Presidente Gonzalo ensinou que ao estudar um documento devemos ver corretamente seu contexto, e saber o que cada documento quer dizer, qual é seu sentido político. Não se trata de buscar “onde está o erro”, como planteia Avakian. Por isso é de suma importância estudar e compreender o Movimento de Retificação levado a cabo pelo Partido Comunista da China, em 1941. Este profundo movimento de retificação foi condição para uma acertada integração da verdade universal do marxismo-leninismo com a prática concreta da revolução chinesa, base sobre a qual foi se forjando o pensamento Mao Tsetung. O Presidente Mao definiu a necessidade de estudar um problema em seus diversos domínios, o estudo da situação política, militar, econômica e cultural, nos planos internacional e nacional; o estudo da história do país, de pelo menos de seus últimos cem anos; o estudo da experiência internacional do marxismo, tomando-o como uma contradição; e não ter pontos de vista unilaterais, combatendo o método subjetivista, o qual consiste em não buscar a verdade nos fatos. Resumiu que há duas formas de conhecimento parcial: o que se adquire sistematizado nos livros, e o que é, principalmente, de grau sensível. Ou seja, ao analisar o processo do movimento comunista internacional em geral e do marxismo, em particular, necessitamos tomá-lo como um todo e não por partes isoladas.
O Presidente Gonzalo advertiu sobre a necessidade de tomar o marxismo-leninismo-maoismo enquanto uma unidade, como um todo: “Nos camaradas, creio que estamos tomando a raiz pela planta, agarramos uma unha – a do dedo mindinho – queremos definir ao homem, seria correto?, se agarra a unha do mendinho e dizer o que é o homem: uma crosta calcificada, isso é o homem, seria?, não é, pois, camaradas, pois tem que se tomar a unidade. (Presidente Gonzalo, Primeiro Congresso).
Não se pode separar o balanço sobre a Internacional Comunista, especialmente de seu VII Congresso, do balanço do papel do camarada Stalin. Durante o final dos anos 1920 e 1930, o camarada Stalin teve que dedicar suma atenção à enconada luta de duas linhas, que se desenvolvia dentro do Partido Comunista (bolchevique) da URSS, mediante o grande desafio de edificar o socialismo pela primeira vez na história e da preparação da URSS ante iminente agressão imperialista. É falso o que afirmam pseudos historiadores e demais detratores, de que Stalin tenha deixado de lado a direção da Internacional Comunista. A direção da Internacional Comunista e os problemas do MCI estiveram crescentemente sob a atenção e direção do camarada Stalin, em sua condição de reconhecido chefe da revolução mundial. Separar o papel do camarada Stalin do VII Congresso, dos problemas da II Guerra Mundial e da Grande Revolução Chinesa é negar sua reconhecida e grandiosa condição de chefe da Revolução Proletária Mundial. Então indagamos: afinal o grande e glorioso triunfo sobre o nazifascismo deveu-se ou não à direção do camarada Stalin? E se estamos de acordo com a realidade de que sim, deveu-se à magistral direção do generalíssimo Stalin, com qual linha se obteve tal glorioso triunfo? Não está patente que foi com a linha do VII Congresso ou foi apesar dela? Não ter isto claro é, enfim, opôr Stalin ao Presidente Mao e fraturar o marxismo-lenismo-maoismo.
Por demais que seja isto tão clarividente, devemos ir ao fundo da questão, remontar aos fatos, às citações, atas e registros da luta de duas linhas com que se ocuparam tanto o camarada Stalin na direção do PC(b)URSS, da Internacional Comunista, da luta interna presidida pelo Presidente Mao no PCCh e a luta em diferentes partidos comunistas nas décadas de 1920/30.
O marxismo-leninismo-maoismo somente pode ser compreendido como uma unidade de um processo dialético de desenvolvimento. Nesse processo, cada novo grande salto de qualidade no marxismo é composto de saltos pequenos e médios, os quais o sintetizam e o elevam, concentrando a solução de problemas fundamentais da revolução proletária mundial de todo um período histórico, tal como expôs o Presidente Gonzalo: “O que há atrás disto de titãs do pensamento e a ação que está ligado a ‘sobressaem três luminárias incandescentes: Marx, Lenin, Mao Tsetung’, camaradas uma cadeia de montanhas não tem somente grandes cumes, também há cumes pequenos, cumes médios porém há cumes altíssimo,… ‘e como é que nossa ideologia vai se desenvolver sendo um processo dialético? por meio de grandes saltos; por isso o documento diz mediante grandes saltos e três grandiosos, claro! Três grandiosos saltos qualitativos: Marx, Lenin, Presidente Mao Tsetung. Porém esses três grandiosos saltos qualitativos não se poderiam entender sem outros grandes saltos, medianos e até pequenos e com esses saltos incessantes, que dada sua magnitude tão elementar não os consideramos”. (Presidente Gonzalo I Congresso)
O desenvolvimento do marxismo é produto do desenvolvimento da luta de classes do proletariado internacional e da luta de duas linhas na vanguarda proletária (MCI) em defesa da linha vermelha proletária e de combate à linha burguesa e outras não proletárias. Somente a luta de classes, cujo centro é a política para conquistar e defender o poder da Classe pode gerar a nossa ideologia e na mesma luta de classe desenvolvê-la mediante lutas de duas linhas. Por isso, há que ver e compreender o contexto em que se desenvolve o maoismo. E esse foi o da mais complexa convergência de contradições e cruenta luta de classes o centro da revolução mundial que já havia sido a Alemanha, França, Rússia e que se transladou à China.
Quanto ao CONTEXTO em que se desenvolveu “o presidente Mao Tsetung e se forjou o maoismo, internacionalmente sobre a base do imperialismo, guerras mundiais, movimento do proletariado internacional, movimento de libertação nacional, luta entre marxismo e revisionismo e restauração do capitalismo na URSS, três grandes marcos históricos cabe destacar no presente século [século XX]: primeiro, a Revolução de Outubro, 1917, que abre a era da Revolução Proletária Mundial; segundo, triunfo da Revolução chinesa, 1949, modificando a correlação de forças a favor do socialismo; e terceiro, a Grande Revolução Cultural Proletária, iniciada em 66, como continuação da revolução sob a ditadura do proletariado para manter o rumo até o comunismo. Basta ressaltar que o Presidente Mao dirigiu dois desses gloriosos feitos históricos. E na China, onde como centro da revolução mundial se concretizou o maoismo. (Presidente Gonzalo, Primeiro Congresso, PCP)
Por isso mesmo o Partido Comunista da China sempre sustentou que o problema de como apreciar e enfocar, justa e corretamente, o papel e direção do camarada Stalin é de “como sintetizar a experiência histórica da ditadura do proletariado e do movimento comunista internacional a partir da morte de Lenin” (PCCh, Sobre o Problema Stalin).
Após a morte de Lenin, o camarada Stalin teve que enfrentar uma situação complexa representada pela dura luta interna no PC(b)URSS que levou quase 14 anos. Luta que afetou de maneira particular a direção da Internacional Comunista, a derrota das revoluções na Alemanha, Hungria, Itália, etc., e surgimento de um fenômeno novo, o fascismo, em meio aos problemas novos que representavam a construção do Socialismo, e tendo que enfrentar a preparação febril de uma guerra de agressão imperialista contra a URSS. O Presidente Mao resumiu assim os aportes fundamentais do camarada Stalin:
“Dirigidos por Stalin o PCUS, o povo e o Exército soviéticos persistiram na linha da industrialização socialista e da coletivização da agricultura do país e alcançaram grandes êxitos na transformação e edificação socialistas.
Dirigidos por Stalin o PCUS, o povo e o Exército soviéticos travaram árduas batalhas e obtiveram a grande vitória da guerra antifascista.
Na luta contra o oportunismo de todo tipo, contra os inimigos do Leninismo, os trotskistas, zinovievistas, bukarinistas e demais agentes da burguesia, Stalin defendeu e desenvolveu o marxismo-leninismo.
Com suas obras teóricas, literatura imortal do marxismo-leninismo, Stalin fez uma contribuição inapagável ao Movimento Comunista Internacional.
Dirigidos por Stalin o PCUS e o Governo soviético aplicaram uma política externa que, em seu conjunto, correspondia ao internacionalismo proletário, e prestaram grande ajuda às lutas revolucionárias dos povos de diversos países, incluída a do povo chinês.
Stalin se colocou à frente da corrente histórica, dirigindo a luta revolucionária; foi inimigo inconciliável do imperialismo e de todos os reacionários.
A atuação de Stalin está indissoluvelmente ligada às lutas do grande PCUS e do grande povo soviético, e é inseparável das lutas revolucionárias dos povos do mundo inteiro.”
Assim o Presidente Mao planteou o critério de que o balanço do papel do camarada Stalin é inseparável do balanço da teoria e prática da revolução proletária mundial desde a morte de Lenin. Sobre os erros do camarada Stalin, o nosso Partido toma posição pelo estabelecido pelo Presidente Mao de que Stalin acertou em 70% e errou em 30%, e que Stalin foi “um grande marxista”:
“Em certos problemas, Stalin se afastou, em sua maneira de pensar, do materialismo dialético, caiu na metafísica e no subjetivismo e, como consequência disso, perdeu às vezes o contato com a realidade objetiva e com as massas. Na luta, tanto dentro como fora do Partido, às vezes e em alguns problemas, Stalin confundiu duas categorias de contradições de distinto caráter, isto é, contradições entre os inimigos e nós e contradições no seio do povo, e confundiu os métodos diferentes para resolvê-las. No trabalho de liquidar os contrarrevolucionários, efetuado sob a direção de Stalin, se castigou com justiça a um grande número de contrarrevolucionários que o mereciam; porém, ao mesmo tempo, se sentenciou equivocadamente alguns inocentes e se cometeu em 1937 e 1938 o erro de ampliar o raio da repressão. Em matéria de organização do Partido e do Estado, Stalin não aplicou plenamente, ou violou até certo ponto, o princípio proletário do centralismo democrático. Ao resolver os problemas nas relações com os partidos e países irmãos, cometeu certos erros. Ademais, deu alguns maus conselhos no movimento comunista internacional. Estes erros causaram alguns danos à União Soviética e ao Movimento Comunista Internacional.” (PCCh, Comentário Sobre o Problema Stalin)
O Presidente Mao afirmava que a ‘questão Stalin’ havia tido repercussão em todas as classes sociais, e que seriam necessários cem anos para uma conclusão definitiva sobre a questão, mas ressalvava que no seio da classe operária internacional e dos povos revolucionários, sua memória era venerada mais e mais.
Ademais, ao realizar o balanço do papel da direção do camarada Stalin na Internacional Comunista em cada país, há que investigar os erros que corresponderam à linha e instruções adotadas e os cometidos pelo sinistro papel desempenhado por elementos oportunistas, tais como Wang Ming que, posteriormente, se degeneraram em podres revisionistas. Basta ver que somente após o Movimento de Retificação de 1942, quando se derrotou as linhas oportunistas de “esquerda” e de direita, é que numerosas obras do camarada Stalin sobre a China foram sistematicamente editadas pelo PCCh, e o livro “Lenin e Stalin sobre o problema da China” se converteu em uma das doze obras necessárias à formação dos quadros.
O próprio Presidente Mao estabeleceu que “nós próprios chineses devemos assumir a responsabilidade por isso, nosso Partido, na luta contra o oportunismo de ‘esquerda’ e de direita, sempre se limitou a criticar nossos camaradas que haviam cometido erros e nunca lançou a culpa sobre Stalin.” O próprio PCCh afirmava que ante a determinados maus conselhos do camarada Stalin, bastava que os comunistas chineses resistissem um pouco a Stalin “… Quando cometeu erros, Stalin pôde fazer a autocrítica. Por exemplo, deu alguns maus conselhos a respeito da revolução chinesa. Depois que esta triunfou, reconheceu seus erros.” (PCCh Comentário, Sobre o Problema Stalin)
Sobre a relação com o camarada Stalin, Chu En-lai afirmou que quando este cometeu erros: “Bastou que resistíssemos um pouco para que ele, apesar de tudo, aceitara algumas de nossas opiniões e assim mesmo, reconhecera implicitamente alguns de seus erros.” (O Partido Comunista da China e a Internacional, 1960)
O Presidente Gonzalo sublinhou que o “Camarada Stalin foi um grande Marxista-leninista. Errou? Sim, porém nunca vendeu a revolução, pôde equivocar-se, pôde não compreender; como o Presidente ensinou, seu erro partiu de uma insuficiente compreensão da dialética, de arrastar metafísica, dai deriva o problema do camarada Stalin; porém ninguém pode negar seu enorme papel, nem ninguém pode lhe tirar sua condição de Chefe do proletariado internacional em décadas, enfrentando pela primeira vez a construção do socialismo, sem antecedente, nem o grandioso esforço que ele conduziu na II Guerra Mundial. Tem aportes, Claro que os tem! Não se lhe pode negar, devemos saber valorar. Ai temos então já cinco, somados aos três são cinco; porém é uma plêiade, um conjunto considerável de grandes figuras, de titãs do pensamento e da ação. Ai, pois, está contido isso. Por que não o temos enumerado? Para que fique claro que são três as grandes figuras: Marx, Lenin, Presidente Mao Tsetung, essa é a razão, podem ver?” (Presidente Gonzalo, Primeiro Congresso)
Em sua obra teórica e prática o camarada Stalin definiu o marxismo-leninismo como segunda etapa do marxismo e aportou contribuições ao marxismo-leninismo e seu desenvolvimento, plasmando-os na construção e defesa do socialismo, na ditadura do proletariado e na direção do Movimento Comunista Internacional.
Partindo da aplicação criadora do marxismo-leninismo, incluídos os aportes do camarada Stalin a uma nova etapa de seu desenvolvimento, e de toda experiência do Movimento Comunista Internacional, da Grande Revolução Socialista de Outubro (GRSO), da derrota da Revolução alemã e húngara e o desenvolvimento das guerras antifascistas com a Frente Antifascista Mundial, estabelecida pelo VII Congresso da Internacional Comunista, é que o Presidente Mao pôde dar justa e correta solução aos problemas da revolução chinesa e da revolução mundial, elevando o marxismo a uma terceira, nova e superior etapa. O maoismo é assim, produto da luta de classes internacional e nacional e das encarniçadas lutas de duas linhas no processo acumulado do Movimento Comunista Internacional e da Revolução Mundial, no qual os aportes do camarada Stalin são parte integrante do maoismo.
II – O VII Congresso da Internacional Comunista
O VII Congresso da Internacional Comunista foi o primeiro Congresso a plantear de forma cabal o problema da Frente Única, derrotando as linhas oportunistas de direita e de “esquerda”. Nele se planteiam problemas estratégicos e táticos da revolução mundial que somente foram completamente desenvolvidos pela Revolução na China e pelo Maoismo. Ao estudar o VII Congresso devemos considerar o que são seus aspectos táticos, tais como a possibilidade de realizar uma unidade com a social-democracia, e o que são os problemas estratégicos colocados por ele.
O Presidente Gonzalo estabeleceu com meridiana clareza que a questão da Frente Única foi planteada pelo camarada Stalin e a Internacional, e que o Presidente Mao a desenvolveu: “O problema da frente começa a se desenvolver quando a Internacional Comunista, o próprio Lenin começa a propor essa questão, porém insisto pois, Lenin morre em 24. O problema da frente vai adquirir mais dimensão na luta contra o fascismo, ai; não quer dizer com isso não foi proposto por exemplo a frente já por Stalin para a questão na China, claro que propôs, Stalin foi quem propôs que os comunistas chineses se integraram ao Kuomintang e tivessem duascarteiras(carteira do Partido e carteira da frente), essa é a realidade. Porém é o Presidente que estabelece as leis da frente, as seis leis da frente, está em ‘Sobre a aparição da revista O Comunista’, como bem sabem.” (presidente Gonzalo, Primeiro Congresso)
A política de Frente Única planteada no VII Congresso da Internacional Comunista representou a culminação da luta de duas linhas iniciada por Lenin no III Congresso da Internacional contra as posições oportunistas disfarçadas de esquerda, posições pequeno-burguesas, que negavam a necessidade de preparação dos partidos comunistas e o papel das massas para a revolução.
Entre 1917 e 1921, apesar do grande impulso para a revolução, sobretudo na Europa, esta não pôde se sustentar porque não havia partidos comunistas maduros para dirigi-la. Com a derrota da revolução na Hungria e Alemanha a primeira onda da revolução refluiu temporariamente.
As posições oportunistas embandeiradas na chamada “teoria da ofensiva”, defendida pelos oportunistas de “esquerda” da direção do PC da Alemanha e apoiadas por Zinoviev e Bukarin, se opunham à tática da Carta Aberta e a linha correta de Lenin sobre a Frente Única, qualificando-as como um “passo ao oportunismo”. Os oportunistas defenderam a teoria de que o PC não deveria conquistar a maioria da classe operária, mas apenas sua “parte socialmente determinante” e que através da ação ofensiva –insurrecionalista, aventureirista– de um pequeno grupo poderiam realizar a revolução. Esta tese teve adeptos na Hungria, Checoslováquia, Itália, Áustria e França. A luta foi tão dura que o próprio Lenin teve que recorrer à disciplina do Partido Bolchevique para que todos votassem nas teses apresentadas pela delegação bolchevique contra os oportunistas de “esquerda”.
Em 8 de janeiro de 1921 o PC da Alemanha havia publicado uma “Carta Aberta” na qual convocava a todas as organizações operárias, socialistas e sindicais a combater, em comum, a crescente reação e rechaçar a ofensiva do capital contra os direitos dos trabalhadores: “não ocultamos em nenhum momento às massas operárias, nem ocultamos a nós mesmos, que as reivindicações que estabelecemos não podem terminar com a miséria. Sem abandonar em nenhum momento a ideia de que entre as massas operárias seguiremos difundindo a consigna de lutar e da ditadura, como única via para a libertação, sem renunciar a chamar e guiar as massas operárias em cada momento propício à luta pela ditadura. O Partido Comunista Unificado está disposto a realizar, junto com outros partidos que se apoiam no proletariado, ações para conseguir as medidas antes mencionadas.” (PC da Alemanha, Carta Aberta)
A tática da Carta Aberta apoiava-se na orientação de Lenin aos Comunistas da Inglaterra, segundo a qual “os grupos, organizações e simpatizantes do comunismo devem ingressar no Partido Trabalhista, apesar de que este pertence a II Internacional”. Lenin considerava a Carta Aberta um passo político exemplar para atrair a maioria da classe operária. Lenin ressaltava como condição que “… os comunistas devem, sem falta, dar todos os passos necessários e aceitar certos compromissos para poder influir nas mais amplas e profundas massas operárias, desmascarar seus líderes oportunistas desde uma tribuna mais alta”. Em uma carta de Lenin a Clara Zektin e Paul Levi, Lenin afirmou: “Vi somente a Carta Aberta e a considero completamente correta” (…).
Já então Lenin planteara a lei de incorporação gradual das massas na revolução:
“No começo da luta bastavam alguns milhares de operários verdadeiramente revolucionários para que se pudesse falar de massas….Se o partido, ademais de levar à luta seus militantes, consegue pôr de pé os operários sem partido, isso é já o começo da conquista das massas …durante nossa revolução, houve momentos em que alguns milhares de operários representavam a massa… Quando a revolução já está suficientemente preparada, o conceito de massas é outro: uns quantos milhares de operários já não são a massa…o conceito de massas muda no sentido de que por ele se entende uma maioria, e ademais não só uma simples maioria de operários, mas a maioria de todos explorados”.
É um grave erro subestimar os desvios de “esquerda” no MCI, pois nele se abrigava o trotskismo. O camarada Stalin advertia sobre os desvios afirmando que “os da ‘esquerda’ [desviacionistas de ‘esquerda’] são os da direita que disfarçam suas posições direitistas como frases assim”:
“Não se deve esquecer que as direitas e ‘ultraesquerdas’ são realmente gêmeos, que ambos tomam em consequência uma posição oportunista, a diferença entre eles é que enquanto as direitas nem sempre escondem seu oportunismo, a esquerda invariavelmente camufla seu oportunismo com frase ‘revolucionária’” [J. V. Stalin, A luta contra os desvios de direita e “Ultraesquerda” 1926]
Estas derrotas refletiram a falta de maturidade ideológica e política dos partidos comunistas para dirigir a revolução e, ao mesmo tempo, expressaram a necessidade de resolver o que Lenin definiu “como acercar-se à revolução proletária”. Ou seja, de como especificar a experiência da GRSO, combater as tendências putschistase desenvolver a estratégica e tática para realizar a revolução. Até então, predominava no MCI a tática de esperar o desenvolvimento de uma crise política revolucionária, para que o proletariado pudesse levantar uma insurreição armada. Lenin afirmou que a Frente Única era o caminho para resolver como “acercar-se à revolução proletária”.
Após a morte do grande Lenin, estas tendências oportunistas recrudesceram na Internacional Comunista, que até seu V Congresso esteve sob a presidência de Zinoviev, contando com o predomínio no seu interior em grande parte dos partidos do MCI.
A XIV Conferência do PC(b) da URSS, em abril de 1925, condenou as teses de Trotsky sobre a impossibilidade de construir o socialismo em um só país. O XIV Congresso do PC(b) da URSS, de dezembro de 1925, derrotou a nova “oposição” dirigida por Zinoviev e Kamenev. O V Pleno ampliado do Comitê Executivo da Internacional Comunista (CEIC), de março-abril de 1925, aprovou as teses para “bolchevização dos partidos da Internacional Comunista”, campanha que elevou o nível ideológico, político e orgânico dos partidos em todo mundo.
Neste pleno se define que a Internacional se guia pelo marxismo-leninismo, porque o “leninismo é o marxismo da época do capital monopolista, das guerras imperialistas e da revolução proletária”. Esta importante vitória da linha vermelha do camarada Stalin representou um grande triunfo e um enorme número de quadros comunistas, de todo o mundo, se formaram na maior escola de comunismo desta época.
Em 1926 o trotskismo havia formulado sua própria “tese” para a Internacional, sendo que as posições pseudo-esquerdistas de Zinoviev, Kamenev, não eram senão, uma máscara do podre e desmoralizado trotskismo. O camarada Dimitrov dizia que com respeito à camarilha de Zinoviev-Kamenev/Trotsky, “na Comintern se está formando já uma fração internacional”, ressaltando que essa luta deveria se revestir de um caráter internacional em defesa da Comintern.
O VII Pleno ampliado do CEIC, de novembro-dezembro de 1926, marcou uma vitória decisiva da esquerda no interior da Internacional Comunista. Sob a direção direta do camarada Stalin foram aplastadas as posições trotskistas-zinovievistas, que acusavam a Comintern de ter substituído o internacionalismo pelo nacionalismo. Em sua resolução o pleno afirmou que:
“O sétimo pleno ampliado do Comitê Executivo da Internacional Comunista, estima que o País Soviético é objetivamente o centro principal de organização da revolução internacional. O Pleno ampliado faz constar que o PC(b) da URSS tem demonstrado com todo seu trabalho atual e anterior – não de palavra, senão de fato – seu internacionalismo e foi dado provas sublimes do mesmo. O Pleno ampliado qualifica de coluna contra o PC(b) da URSS as acusações de estreiteza nacional (Jane Degras, Ed., The Communist International: 1919-1943).
No VII Pleno ampliado do CEIC, no dia 23 de outubro de 1926, C. Zetkin, P. Togliatti, O. Geschke, B. Smerral, O. Kuusinen, H. Valecki, G. Dimitrov, Sen Katayama. K. Manner, e outros, em nome de seus partidos apresentaram ao Presídium do CEIC um projeto de resolução no qual afirmavam não ser mais possível que Zinoviev seguisse sendo presidente da Comintern, resolução aprovada pelo VII Pleno, aplastando decisivamente a usurpação do aparato da Comintern pela camarilha zinovievista.
Somente em 27 de setembro, em cumprimento da Resolução do VIII Pleno, o Presidium do CEIC excluiu a Trotsky desse organismo. Em sua resolução o VIII Pleno do CEIC qualificou a posição de Trotsky como “a uma luta desesperada de um punhado de desertores políticos contra a frente dos comunistas do mundo inteiro”.
Com estas vitórias da esquerda foram geradas condições para o desenvolvimento e aplicação de uma correta linha para a Internacional Comunista. O VIII Pleno do CEIC, de 1927, já centrou sua atenção na preparação das tarefas da IC ante a corrida para uma nova guerra imperialista contra a URSS.
Na resolução do VIII Pleno do CEIC se dizia: “As massas operárias do mundo inteiro devem esta alerta hoje mais do que nunca. Os comunistas de todos os países devem cerrar fileiras e mobilizar todas suas forças contra a guerra já iniciada na China e a que se está preparando contra a União de Repúblicas Socialistas Soviéticas” (A Internacional Comunista em Documentos, pag.699).
O VIII Pleno apontou que a política de preparação de uma guerra adotada pelos imperialistas, trazia inerentes os métodos fascistas, terroristas, contra a classe operária e que a “‘Internacionalização’ desses métodos. ‘para levar guerras,’ o capitalismo necessita uma ‘retaguarda sossegada’”. Assim, a ascensão do fascismo era corretamente tomada como parte dos planos agressores contra a URSS e a Revolução Mundial, e as tarefas do proletariado definidas como parte da defesa da pátria do socialismo contra a agressão imperialista.
O VI Congresso da IC (1928) em suas resoluções denunciou a preparação de uma guerra imperialista, conclamando o movimento comunista e os povos do mundo a defender a URSS e lutar contra a intervenção imperialista na China, defender a revolução chinesa e as lutas de libertação nacional. Ademais esse Congresso desempenhou um importante papel na coesão do proletariado contra o oportunismo de direita lutando contra a coalizão da “social-democracia” com os governos reacionários.
Deve se destacar a importância da aprovação pela primeira vez do Programa da Internacional Comunista, que estabeleceu bases sólidas para avançar, definindo entre outros que: “A conquista do poder pelo proletariado não é uma conquista ‘pacífica’ preparada pela máquina estatal burguesa mediante a obtenção da maioria parlamentar (…) a violência burguesa só pode ser destruída mediante a severa violência do proletariado (…) a conquista do poder pelo proletariado é o derrubamento violento do poder burguês, a destruição do aparato capitalista do Estado (exército burguês, polícia, hierarquia burocrática, tribunais e justiça, parlamento, etc.) e substituição por novos órgãos do poder proletário, o qual é, antes de tudo, uma força armada para o aplastamento dos exploradores”. (Programa da Internacional Comunista, 1928). Todo o desenvolvimento posterior da Internacional Comunista deve tomar como ponto de partida os princípios estabelecidos neste importante Congresso.
Sabendo da inevitabilidade da Guerra Imperialista e de que esta apontaria à destruição da URSS, o camarada Stalin estabeleceu a estratégia e tática para defender a ditadura do proletariado e avançar a Revolução Proletária Mundial.
No XVII Congresso do PCUS, em 1934, Stalin desenhou magistralmente a tática da Frente Antifascista Mundial, como parte da defesa da Ditadura do Proletariado e do desenvolvimento da Revolução Proletária Mundial. Este Congresso representou um poderoso influxo para o MCI, nele o camarada Stalin demonstrando sua condição de grande marxista e dirigente do MCI definiu uma correta e genial caracterização da situação internacional, do caráter do fascismo, concebeu a defesa da URSS e nexo para levantar as nações oprimidas e unificar as duas grandes correntes da Revolução Proletária Mundial, o movimento proletário internacional e o movimento de libertação nacional, impulsionando-a: “Uma segunda guerra contra a URSS conduziria à completa derrota dos agressores, à revolução em vários países da Europa e Ásia e a derrota dos governos burgueses-latifundiários de ditos países.” (Stalin, Discurso ao XVII Congresso do PCUS).
Stalin apontou a necessidade de preparar uma frente antifascista mundial em defesa da URSS e da Revolução Proletária como parte de uma guerra que se dá também na retaguarda do inimigo: “Não somente porque os povos da URSS lutariam até a morte pelas conquistas da revolução. Seria também a mais perigosa para a burguesia, porque a guerra seria feita não apenas no solo nas frentes de batalhas, senão também na retaguarda do inimigo. A burguesia pode estar segura de que os numerosos amigos da classe operária da URSS na Europa e Ásia procurariam assestar golpes na retaguarda a seus opressores, se estes se atrevessem a desencadear uma guerra criminosa contra a pátria da classe operária de todos os países” (Stalin, Discurso ao XVII Congresso do PCUS)
Para logo apontar que:
“Nos países capitalistas, se realizam febris preparativos de uma nova guerra com vistas a uma nova repartilha mundial… se os interesses da URSS exigem o acercamento a tal ou qual país… vamos até este acercamento sem vacilações… …a guerra… desencadeará com segurança a revolução e porá em perigo a existência mesma do capitalismo em vários países, como ocorreu na primeira guerra imperialista. (Stalin, Discurso ao XVII Congresso de PCUS).
“As massas populares não chegaram ainda ao ponto de se lançarem ao assalto contra o capitalismo, porém dificilmente pode duvidar-se de que a ideia do assalto amadurece em sua consciência. O atestam eloquentemente fatos como a revolução espanhola, que tem derrotado o regime do fascismo, e o aumento das regiões soviéticas na China, que a contrarrevolução da burguesia chinesa, coligada com a estrangeira, é incapaz de conter. (Stalin, Discurso ao XVII Congresso de PCUS)
O camarada Stalin definiu corretamente a essência do fascismo e seu vínculo com a iminente agressão a URSS: “As classes dominantes dos países capitalistas suprimam ou reduzam à nada com todo empenho os últimos vestígios do parlamentarismo e da democracia burguesa, que podem ser aproveitados pela classe operária em sua luta contra os opressores; lancem à ilegalidade aos Partidos Comunistas e recorram a métodos de terror abertos para manter sua ditadura… O Chauvinismo e a preparação da guerra, como elementos principais da política exterior; o amordaçamento da classe operária e o terror em política interior, como meio indispensável para fortalecer a retaguarda das futuras frentes militares: esto é ao que agora se dedicam, sobre tudo, os políticos imperialistas”.
No XIII Pleno do CEIC, de 1933, Dimitrov definiu o fascismo como: “O fascismo é a ditadura terrorista aberta dos elementos mais reacionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro. O fascismo trata de assegurar uma base de massas para o capital monopolista entre a pequena burguesia, apelando ao campesinato, aos artesões, aos empregados de escritórios e dos serviços públicos que foram tirados do rumo normal da sua vida, e particularmente aos elementos sem classes das grandes cidades, tratando também de penetrar na classe operária… A possibilidade de prevenir [a ditadura fascista] depende das forças do proletariado combativo, que estão paralisadas pela influência corruptora [desintegradora] da socialdemocracia mais que por qualquer outra coisa. Extrato das Teses do XIII Pleno do CEIC sobre o Fascismo, o perigo da guerra, e as tarefas dos Partidos Comunistas (dezembro 1933), no Jane Degras, Ed., A Internacional: 1919-1943: documentos, Vol.3, Londres, 1971, pp.296-7
Apenas com a realização do VII Congresso em 1935, com a derrota das posições trotskistas, zinovievistas e bukarinistas, que o MCI vai assumir e aplicar decididamente a necessidade de construir a Frente Única, e estabelecer os delineamentos básicos de uma estratégia e tática da revolução proletária. Sobre esta base o MCI pôde abrir uma nova etapa no seu desenvolvimento, a da existência de partidos comunistas com caráter de massas, desenvolvendo guerra de guerrilhas e a frente única como instrumentos para realizar a revolução, como se aplicou em dezenas de países durante a resistência ao fascismo, o triunfo da Grande Guerra Pátria e vitória da URSS, culminando com o triunfo da Grande Revolução Chinesa.
Uma das experiências de maior importância, sobre a qual foram estabelecidas as teses do VII Congresso da Internacional Comunista, foi o levantamento dos operários austríacos de fevereiro 1934. Nesta grande experiência já se encontravam concentrados muitos dos problemas ideológicos que se desenvolveriam nos anos posteriores. Em uma carta dirigida aos camaradas austríacos o camarada Dimitrov realizou o seguinte balanço:
“Não, o erro não está na luta armada da classe operária austríaca. O erro consistia em que esta luta não estava organizada, nem dirigida de forma revolucionária, bolchevique.
A maior debilidade da luta de fevereiro dos trabalhadores austríacos consistia em que eles, pela consequência da nefasta influência da social-democracia, não compreenderam que não é suficiente se defender contra os ataques do fascismo, senão que deveriam ter transformado sua resistência armada em luta por derrubar a burguesia e tomar o poder. A resistência armada da classe operária austríaca frente ao fascismo não se transformou em uma verdadeira sublevação armada. Nisto consiste o erro fundamental.” (Georgi Dimitrov, Carta aos operários austríacos, março de 1934)
Assim, em 1934, Dimitrov já alertava com clareza que o proletariado não deveria limitar sua luta apenas contra o fascismo, mas que deveria seguir desenvolvendo sua resistência armada para derrubar toda burguesia e o capitalismo, pela ditadura do proletariado, o socialismo. Assinalando que a principal responsabilidade por essa derrota era da direção burguesa representada pela social-democracia de Otto Bauer, o camarada Dimitrov salientou:
“Os operários na luta, que passaram pela escola da social-democracia austríaca, preferiram passar fome, antes de atentar contra a sagrada propriedade privada e confiscar artigos alimentícios… é necessário aproveitar os ensinamentos desta luta, na qual se refletem toda a bancarrota da política social-democrata… Vossa luta armada foi no essencial uma luta por estabelecer a Constituição violada por Dollfuss. Não passou disto, não se transformou em luta pelo poder. No século da crise geral do capitalismo, quando a burguesia já não está em condição de dirigir por meio da democracia parlamentar e quando se lança por vias fascistas, a questão decisiva da luta dos operários deixa de ser o restabelecimento da já passada à história democracia burguesa, para transformar-se na luta por derrotar à burguesia, na luta pela ditadura do proletariado.”
Defendendo a luta armada e denunciando o papel da social-democracia o camarada Dimitrov afirmou: “A luta armada não é um ato isolado da política geral do partido. Um partido, que retrocede sempre, que no curso de quinze anos chama aos operários a evitar a luta, não pode de nenhuma maneira transformar-se em 24 horas política e organicamente para a luta armada… Se trata, por tanto, camaradas, de romper organicamente com o Partido Social-democrata e, junto com os operários comunistas criar uma verdadeira unidade de combate da classe operária austríaca. Esta unidade de luta somente é possível sobre a base da ação revolucionária”.
Sobre o balanço dessas lutas Dimitrov sentenciou: “Não existe poder que possa ser capaz de parar o desenvolvimento histórico da humanidade em direção ao socialismo. Uma batalha foi feita, os combatentes contam suas perdas, mas eles não param. O grande exército proletário está seguindo à frente até a última vitória.” (G. Dimitroff, Brief an die österreichischen Arbeiter).
III – O Informe do Camarada Dimitrov ao VII Congresso da Comintern
O VII Congresso representou a superação de toda uma longa luta de duas linhas dentro do Partido Comunista (b) da URSS e no Comitê Executivo da Internacional Comunista, que levou mais de 17 anos para resolver. Somente no VII Congresso da Internacional Comunista, que as posições oportunistas defendidas por Trotsky-Zinoviev-Kamenev-Bukarin, foram finalmente derrotadas, se estabelecendo pela primeira vez um Comitê Executivo sujeito à direção do camarada Stalin.
O Informe do camarada Dimitrov ao VII Congresso “A ofensiva do fascismo e as tarefas da Internacional na luta pela unidade da classe operária contra o fascismo” foi guiado pela linha vermelha estabelecida pelo camarada Stalin no XIV Congresso do PC(b) da URSS, e representou uma síntese de toda experiência acumulada da Revolução Proletária até então, armando assim o proletariado internacional para enfrentar as tarefas que a Revolução Proletária Mundial exigia.
Na luta de classes ao nível mundial e de cada país há todo um conjunto de contradições, principal e secundárias, de onde derivam os inimigos principais e secundários e cada caso e em cada etapa de um determinado processo revolucionário.
O camarada Stalin dirigindo a Internacional Comunista soube manejar com maestria a contradição principal e que através de sua solução a Revolução Proletária Mundial pôde desenvolver-se. O poderoso impulso que representou a vitória sobre o nazifascismo e triunfo da Grande Revolução Chinesa elevando a Revolução Proletária Mundial à sua etapa de equilíbrio estratégico, o comprovou taxativamente.
Em meio à preparação e desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial, a defesa da Ditadura do Proletariado representada pela URSS, ante a iminente agressão imperialista, se converteu no problema principal para o MCI e o inimigo principal a ser combatido em todo mundo passou a ser a Frente Fascista.
Dimitrov demonstrou que o fascismo era a ponta de lança do imperialismo para deter o desenvolvimento da Revolução Proletária e da Ditadura do Proletariado, ou seja, o inimigo principal a ser derrotado para impulsionar a Revolução Proletária Mundial e concebeu a Frente Única Antifascista Mundial como um instrumento para derrotá-lo, desde sua preparação, ademais destacou o papel da China:
“O assalto contra a União Soviética, para preparar a escravização e a partilha da China e impedir, por meio de tudo isso, a revolução… Tentam adiantar-se ao crescimento das forças da revolução mediante ao aplastamento do movimento revolucionário dos operários e camponeses e o ataque militar contra a União Soviética, baluarte do proletariado mundial. Para isto, necessitam o fascismo”. (Dimitrov, A ofensiva do fascismo e as tarefas da Internacional na luta pela unidade da classe operária contra o fascismo)
“a luta conjunta contra todas as formas da ofensiva fascista, pela defesa das conquistas e direitos dos trabalhadores, contra a liquidação das liberdades democrático-burguesas… luta conjunta contra o perigo cada vez mais iminente da guerra imperialista, luta que dificultaria a preparação desta guerra.”(idem)
Dimitrov revelou o verdadeiro caráter de classe do fascismo, contra as pseudoteorias social-democratas e trotskistas que procuravam situar o fascismo por cima das classes sociais, bem como do oportunismo de “esquerda” que o subestimava, não vendo seu caráter e o perigo que representava.
“A ditadura terrorista aberta dos elementos mais reacionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro… O fascismo não é uma forma de Poder Estatal, que esteja, como se pretende, ‘por cima de ambas classes, do proletariado e da burguesia’, como afirmou, por exemplo Otto Bauer. Não é ‘a pequena burguesia sublevada que se apoderou do aparato do Estado’, como declara o socialista inglês Brailsford. Não, o fascismo não é um poder situado por cima das classes, nem o poder da pequena burguesia ou do lumpemproletariado sobre o capital financeiro. O fascismo é o poder do próprio capital financeiro. É a organização do ajuste de contas terrorista com a classe operária e o setor revolucionário dos camponeses e dos intelectuais. O fascismo, em política exterior, é o chauvinismo em sua forma mais brutal que cultiva um ódio bestial contra os demais povos.” (Dimitrov, A ofensiva do fascismo e as tarefas da internacional na luta pela unidade da classe operária contra o fascismo)
Queria dizer com isso, como pretendem alguns críticos puros, que a forma demo-liberal da ditadura burguesa não seja uma ditadura? Evidentemente que não. O próprio Dimitrov ao destacar que é a “ditadura aberta”, dos elementos mais reacionários que aplica o terror para tentar parar a revolução.
O Presidente Gonzalo ressaltou contra aqueles que pretendem igualar o fascismo ao regime demo-liberal, que “O fascismo é o pior inimigopelo plano que busca montar, pela negação de todo direito, começando pelo do povo, por desfazer todos os princípios de um ordenamento, ao qual utilizamos, ex. com as defesas legais que se faz. O que busca é parar a revolução.” (Presidente Gonzalo, Colocar em marcha o MRDP)
“O Presidente Mao afirmou, ‘O fascismo é a guerra’; isto é completamente certo. Logo complementa em nota de fim de página correspondente: ‘Em agosto de 1935, em seu informe ao VII Congresso da Internacional Comunista, entitulado ‘a ofensiva do fascismo e as tarefas da Internacional Comunista na luta pela unidade da classe operária contra o fascismo’ o camarada Georgi Dimitrov afirmou que ‘o fascismo é o chauvinismo desenfreado e a guerra de rapina’. Em julho de 1937 o camarada Dimitrov publicou um artigo intitulado ‘O fascismo é a guerra’. (Presidente Mao Tsetung, Sobre a Guerra Prolongada, T.II)”
Contra aqueles que defendiam uma posição capitulacionista ante o fascismo, negando a possibilidade de desenvolver o trabalho de massas sob o fascismo, o Presidente Gonzalo ressaltou:
“‘o fascismo é violência, o varre tudo, por tanto há que esperar que passe para poder organizar’[dizem os capitulacionistas]; tamanha ignorância. O fascismo varre o que pode destruir, e nos está armar aparatos que não os possam destruir; a própria internacional comunista no VII Congresso nos põem o exemplo dos camaradas austríacos e nos diz que é factível trabalhar, desenvolver e organizar as massas sob o fascismo e que inclusive é factível usar a legalidade ou a semilegalidade, todo resquício que a lei dá. O presidente Mao não nos ensinou também o mesmo, usar as leis, usos e costumes, todo resquício possível? Está em ‘Expandir Audazmente as Forças Antijaponesas’, ponto 6, tomo II. Coisas claras camaradas: terror ao fascismo.” (Presidente Gonzalo, Primeiro Congresso)
O camarada Dimitrov demonstrou a missão particular da qual estava encarregado o fascismo, a de derrotar a revolução mediante o terror e a corporativização das massas. Mais ainda, demonstrou do porquê disso, o de derrotar a revolução, era o que o convertia em inimigo principal. Esta foi uma definição justa e correta nesta situação histórica que foi capaz de demonstrar que a essência do fascismo, como uma política do imperialismo, a burguesia financeira e sua missão contrarrevolucionária, que a situação exigia, necessitava negar a ordem demo-liberal, aplicar o terror aberto e a manipulação das massas através de sua corporativização.
O Presidente Gonzalo destacou o aporte feito pelo camarada Stalin e o camarada Dimitrov na caracterização do fascismo:
“A origem do fascismo está no Japão, nunca se fala disso. A ação se polariza entre a revolução e a contrarrevolução e as formas demoburguesas e os ideários demoliberais são insuficientes para combater a revolução, dai a necessidade do fascismo. Em 35 vai ser realizado o Sétimo Congresso da Internacional Comunista e Dimitrov vai analisar o problema do fascismo, vai propor que o fascismo é a expressão estatal da burguesia financeira, da oligarquia financeira que aplica o terror mais descarado. A definição assim centra no terror. Dimitrov analisa antes o fascismo com Clara Zetkin e a proposta é que há que ver a negação das liberdades burguesas que representa o fascismo. Há uma citação de Stalin em que propõe que é um terror descarado e também há mais escritos por ele e que há necessidade de estudar o dito por Stalin. Dimitrov vai propor neste Congresso a possibilidade da unidade dos demoliberais contra o fascismo. Isso faz ver que não era tudo terror, entender que o fascismo era a negação do demoliberal, porém o partido diz que isso não cabe em nós, são outras as situações. Dimitrov considera o fascismo como Estado que representa e defende os interesses da burguesia financeira (grande burguesia), rechaçando os critérios demoliberais, seus princípios, introduzindo os critérios fascistas de negação de seus princípios demoliberais, rechaçando a ordem demoburguesa parlamentar para propor o corporativismo e que ademais usam o terror, política branda e política dura. O terror, o que faz o fascismo é desenvolver mais violência como um instrumento paralisante de domínio, para lograr seus objetivos de aplicar seus objetivos fascistas e a ordem corporativista (objetivo político) Stalin propõe união com os democratas burgueses, (aliança de certos setores para aplastar o fascismo). No processo do Estado burguês, o sistema demoburguês anda com perigo de tomar mais medidas para restringir e frear as lutas, não é que os demoliberais deem um salto ao fascismo, porém com as leis de restrição que adotam preparam o caminho. Dimitrov vai analisar que o fascismo não é igual em todas as partes, tem formas concretas segundo as condições em que se desenvolve e o grau da revolução, e pode conviver com o parlamento por um tempo. Porém tem coisas gerais que são comuns varre tudo o que é democrático-burguês, potenciam o nacionalismo usam a demagogia social (luta contra os ricos), apontam aos bancos, é expressão clara de que até por seus edifícios são claras expressão de riqueza. Grande oferecimento às massas, aos operários os oferecem trabalho aos desempregados, aos camponeses terras, aos jovens estudo, educação aos intelectuais, capacidade para desenvolver suas faculdades (qualquer parecido…). São cínicos se baseiam em mentiras mais descaradas”. (obra citada sublinhado no original)
Em outro documento o Presidente Gonzalo afirma:
“Alguns identificam fascismo e violência. A violência é um método para ter sujeitas as massas; a violência é uma manifestação de todo Estado. Se interpreta mal a Dimitrov. O Estado tem um processo de desenvolvimento; a burguesia constrói um Estado demoliberal, porém quando chega ao imperialismo tal Estado se devém caduco… A violência é um ingrediente porém não a essência do fascismo, sua essência é o questionamento da ordem demoliberal e assim, desfralda moldes do passado, remoçados, para opor-se à luta das massas; trata de implantar instituições consagradas como ‘naturais’, suas normas fundamentais são: indivíduo, propriedade, família e junto a isso o Estado, a Igreja, ‘enaltecedora do homem’, e o exército como‘espírito de nacionalidade viva’. O fascismo não é simples problema de militares ou civis, senão de eficácia para cumpri-lo. Se deve esclarecer o caráter do Estado Corporativo. O governo não se apresenta abertamente como fascista nem corporativista por evitar seu desprestigio; todavia, suas medidas demonstram sua ideologia e sua meta.” (Presidente Gonzalo, V Pleno Ampliado do Comitê Regional de Ayacucho, 1972)
Por isso, o camarada Dimitrov sustentou corretamente a necessidade dos comunistas defenderem os direitos democráticos, situando a defesa destes direitos aviltados como parte da revolução proletária e da luta aberta pela ditadura do proletariado:
“Que os comunistas reconheçam a democracia e atuem na defesa dela e então estaremos dispostos a participar na frente única”. A isto lhes contestamos: Nós somos partidários da democracia soviética, a democracia dos trabalhadores, a democracia mais consequentes do mundo. Porém defendemos e seguiremos defendendo nos países capitalistas, palmo a palmo, as liberdades democrático-burguesas, contra as quais atentam o fascismo e a reação burguesa, pois assim o exigem os interesses da luta de classes do proletariado.
Os oportunistas de direita buscavam situar a luta contra o fascismo como etapa própria, de caráter democrático-burguês, anterior à revolução socialista nos países capitalistas. O camarada Dimitrov aplastou de forma cristalina estas posições e fez ver que a luta contra o fascismo era parte da luta pela revolução socialista, e a possibilidade de um governo de frente única.
Alertava ainda que, o desenvolvimento da luta antifascista levaria à mudança de contradições e à necessidade de passar à ofensiva: “devemos prepara sem descanso à classe operária para as mudanças rápidas de formas de lutas, ao variar as circunstâncias. A medida que cresça o movimento e se fortaleça a unidade da classe operária, teremos que ir mais longe e preparar a passagem da defensiva à ofensiva contra o capital.”
Ademais indicava claramente que a Frente Única deveria ser aplicada de acordo com a situação particular de cada país, ou seja, de acordo com as particularidades da revolução em cada país, e as necessidades da Frente Antifascita Mundial: “Resta dizer que a realização concreta da frente única nos distintos países se efetuará de diversos modos e revestirá formas, segundo o estado e o caráter das organizações operárias, seu nível político, a situação concreta do país de que se trata, segundo as mudanças operadas no movimento operário internacional, etc.”
A frente popular antifascista foi concebida como uma Frente que desenvolveria sobre a base de uma frente única proletária. A condição para a realização de uma ampla frente popular antifascista era a unidade da classe operária. Ou seja, de que o proletariado possa exercer sua hegemonia como uma força independente. A tática de unidade de ação com a social-democracia foi retomando o definido por Lenin, foi estabelecida como uma tática de arrebatar amplas massas de trabalhadores que seguiam sob sua influência. A possibilidade de concretizar a Frente Proletária se devia essencialmente porque entre o VI e VII Congresso se havia produzido uma importante separação entre suas alas direita e esquerda. Esta diferenciação estava definida, sobretudo por sua atitude quanto à frente única, à defesa da URSS e ao combate ao fascismo.
“Em primeiro lugar a crise tem debilitado a fundo inclusive a situação dos setores mais favorecidos da classe operária, a assim chamada aristocracia operária, na que, como se sabe, se apoia fundamentalmente a social-democracia. E estes setores começam a revisar cada vez mais suas antigas ideias sobre a conveniência da política de colaboração de classe com a burguesia.
Em segundo lugar, em uma série de países, como já indiquei em meu informe, a própria burguesia se viu obrigada a renunciar à democracia burguesa e a recorrer de uma forma mais terrorista de sua ditadura, privando à social-democracia, não somente da posição que antes ocupava dentro do sistema de Estado do capital financeiro, senão também em determinadas circunstâncias, de sua existência legal, submetendo-a a perseguições e ainda destruindo-a.
Em terceiro lugar, adestrados pelos ensinamentos da derrota dos operários da Alemanha, Áustria e Espanha, derrota que foi, no fundamental, o resultado da política social-democrata de colaboração de classes com a burguesia, e, por outra parte, estimulados pelo triunfo do socialismo na União Soviética, como resultado da política bolchevique e da aplicação do marxismo revolucionário, os operários social-democratas se esquerdizam, começam a virar em direção a luta de classes contra a burguesia.” (Georgi Dimitrov)
A divisão nos partidos oportunistas da II Internacional foi analisada pelo pelo Presidente Mao na “Entrevista Sobre a Nova Situação Internacional” de primeiro de setembro de 1939: “Frente a ameaça e o suborno de Chamberlain e Daladier, estão dividindo-se os partidos social-democratas da II Internacional. Um setor, a reacionária camada superior, seguindo o mesmo caminho desastroso que em ocasião da Primeira Guerra Mundial, se dispõe a apoiar a nova guerra imperialista. Porém, outro setor passará a formar parte, junto aos Partidos Comunistas, de uma frente popular contra a guerra e ao fascismo.”
Durante o XVI Congresso do PC(b)URSS, em 1930, o camarada Stalin havia afirmado que:“A deserção das massas operárias dos social-democratas, todavia, significa um giro de sua parte até o comunismo. Isso é o que está se passando realmente… É a garantia de que nossos partidos comunistas irmãos se converterão em grandes partidos de massas da classe operária. Todo o necessário é o que os comunistas seja capazes de avaliar a situação e utilizá-la adequadamente… os partidos comunistas… devem fortalecer-se definitivamente neste sentido; porque só se o fazem poderá ganhar-se à maioria da classe operária e preparar exitosamente ao proletariado para as batalhas de classes que vêm. Somente se se faz isso podemos contar com um maior incremento na influência e o prestígio da Internacional Comunista”. [José V. Stalin, Informe Político do Comitê Central no XVI Congresso, em Obras, vol. 12, Moscou, 1949, p.260-1]
Esta tendência se comprovou com a conquista de amplos setores de massas oriundas da social-democracia, depois do VII Congresso, contudo a unidade com a social-democracia não era a essência da frente única proletária, mas uma tática para alcançá-la. Dimitrov assinalou claramente que esta não poderia ser uma unidade ideológica:
“No mais, há que ter presente que, se as ações conjuntas com os partidos e organizações social-democratas exigem dos comunistas, em geral, uma crítica séria, argumentada, do social-democratismo como ideologia e prática da colaboração de classes com a burguesia, assim como esclarecer infatigavelmente e com espírito de camaradagem aos operários social-democratas o programa e as consignas do comunismo, esta tarefa é de singular importância para a luta de frente única, precisamente nos países em que existem governos social-democratas.”
Quando se trata da possibilidade de fusão entre o Partido Comunista e os partidos social-democratas (ou uma de suas alas) foi levantada, esta foi defendida com a condição de que estes abandonassem o revisionismo e aderissem à revolução proletária e a ditadura do proletariado:
“Considerando que os interesses da luta de classes do proletariado e o êxito do proletariado ou da revolução proletária impõem a necessidade de que exista em cada país um partido único de massas da classe operária, o Congresso coloca a tarefa aos partidos comunistas de tomar a iniciativa na busca desta unidade, apoiando-se no crescente desejo dos trabalhadores de unir aos partidos social-democratas ou organizações individuais com os partidos comunistas. Ao mesmo tempo deve se explicar aos trabalhadores sem falta que tal unidade somente é possível sob certas condições: a condição de se levar a independência completa da burguesia e romper completamente o bloco da social-democracia com a burguesia; a condição de que se realize previamente a unidade de ação; de que se reconheçam a necessidade da derrubada revolucionária da dominação da burguesia e da instauração da ditadura do proletariado em forma de sovietes; de que se renuncie a apoiar à própria burguesia em uma guerra imperialista”. [Extratos da resolução do Sétimo Congresso do Comintern sobre o Fascismo, a Unidade da Classe Operária e as tarefas da Comintern (20-8-35, em Jane Degras, Ed. The Communist International: 1919-1943: Documentos, vol.3. Londres, 1971, p.368-9]
Posteriormente, em 1941, Dimitrov anotou em seu diário, demonstrando uma vez mais o caráter tático da unidade proposta em 1935 e a necessidade de combater o revisionismo: “Discutida com D.Z. (Manuílski) a proposta de tese sobre a II Internacional. (Observei: nas teses não se reconhece o nosso objetivo; nenhuma orientação clara relativa ao nosso objetivo de suplantar definitivamente a social-democracia no movimento operário, estabelecer uma direção homogênia do movimento operário na forma do partido Comunista; não permitir que a social-democracia ganhe de novo força e cumpra o papel contrarrevolucionário que desempenhou no final da I Guerra Mundial imperialista, etc.” (p.354)
O camarada Dimitrov vinculou a questão da Frente Única à questão do Poder, estabelecendo que a Frente Única devia servir à destruição da velha ordem e que o governo surgido dela, deveria ser uma expressão do novo poder, das classes revolucionárias.
“(…) temos em conta que se pode produzir uma situação em que a criação de um governo de frente única proletário, ou de frente popular antifascista seja não apenas possível, senão indispensável no interesse do proletariado… Não me refiro aqui ao governo que pode ser formado depois da vitória da revolução proletária senão da possível formação de um governo de frente única em véspera e antes da vitória da revolução soviética”.
O camarada Dimitrov apontou contra as concepções direitistas que separavam a formação de um governo de frente única da destruição da velha ordem e as concepções oportunistas de “esquerda” que excluíam a possibilidade da formação de dito governo antes do triunfo completo da revolução.
“… os oportunistas de direita puderam interpretar a coisa no sentido de que havia que aspirar a formação de um governo operário, apoiado pelo Partido Comunista, em qualquer situação, pode-se dizer, ‘normal’. Pelo contrário, os ultraesquerdistas somente admitem um governo operário que se forme única e exclusivamente mediante a insurreição armada, depois da derrubada da burguesia.”
O camarada Dimitrov apontou com clareza o nexo entre a questão da Frente Única e a destruição do velho Estado, estabelecendo três condições para o surgimento de um governo de frente única: 1) a destruição do velho aparato estatal (desorganização e paralisação do aparato estatal), 2) desenvolvimento da luta política de massas contra o fascismo e toda reação, e 3) hegemonia do partido comunista na frente única:
“Somente na presença de determinadas premissas especiais, pode colocar-se a ordem do dia o problema da formação deste governo como tarefa política necessária. Parece-me que neste sentido merecem a maior atenção as seguintes premissas: primeiro: quando o aparato estatal da Burguesia esteja já o bastante desorganizado e paralisado para que a burguesia não possa impedir a formação de um governo de luta contra o fascismo e a reação. Segundo: quando as mais extensas massas trabalhadoras e em particular os sindicatos de massas se levantem impetuosamente contra o fascismo e a reação, porém não esteja todavia preparados para lançar-se à insurreição com o fim de lutar sobre a direção do partido comunista pela conquista do poder soviético. Terceiro: quando o processo de diferenciação e radicalização nas fileiras da social-democracia e dos demais partidos que participam na frente única já conduziu a que uma parte considerável dentro deles exija medidas implacáveis contra os fascistas e demais reacionários, luta de braços dados com os comunistas contra o fascismo e se manifestem abertamente contra o setor reacionário e hostil ao comunismo de seu próprio partido. (sublinhado nosso)
No VII Congresso da Internacional Comunista a esquerda necessitava desfechar um golpe decisivo nas tendências oportunistas de “esquerda” (direitistas na prática), sob o custo de não poder forjar e desenvolver uma ampla frente antifascista mundial. Necessariamente elementos oportunistas de direita se aproveitaram desta luta para encobrir sua posição oportunista e revisionista. Esta é uma lei da luta de classes no terreno ideológico, sempre quando se desenvolvem lutas contra desvios de direita ou “esquerda”, uma tendência desviacionista oposta tende a se fortalecer (durante uma luta de duas linhas, outra se oculta). Consciente dos perigos de desvios de direita, de supor a existência de uma etapa intermediária entre o capitalismo e o socialismo nos países imperialistas, o camarada Dimitrov combateu essas posições de forma sumamente clara ao afirmar que:
“Faz quinze anos, Lenin nos convidava a que concentrássemos toda a atenção ‘em buscar as formas de transição ou de aproximação à revolução proletária’. Pode ocorrer que o governo de frente única seja em uma série de países, uma das formas transitórias mais importantes. Os doutrinários ‘de esquerda’ sempre passaram por alto esta indicação de Lenin, falando somente da ‘meta’, como propagandistas limitados, sem preocupar-se jamais das ‘formas de transição’. E os oportunistas de direita tentavam estabelecer uma ‘fase democrática intermediária’, entre a ditadura da burguesia e a ditadura do proletariado, para sugerir à classe operária a ilusão de um pacífico passo parlamentar de uma ditadura a outra. Esta ‘fase intermediária’ fictícia chamada também ‘forma de transição’ e invocavam inclusive o nome de Lenin! Porém não foi difícil descobrir a fraude, pois Lenin falava de uma forma de transição e de aproximação à ‘revolução proletária’, isso é, à derrubada da ditadura burguesa e não de uma forma transitória qualquer entre a ditadura burguesa e a proletária.”
Esta posição foi ratificada na resolução final do VII Congresso sobre o informe do camarada Dimitrov: “Deve-se expor aos trabalhadores a impossibilidade de passar ao socialismo caso o poder permaneça nas mãos da burguesia.” (Resolução adotada pelo VII Congresso da Comintern Sobre o Informe de Georgi Dimitrov, 20 de agosto de 1935).
Sublinhando a necessidade de combater o revisionismo afirmou:“As ações conjuntas com os partidos e as organizações social-democratas não só não excluem, senão que, pelo contrário, fazem ainda mais necessária a crítica séria e atenta do reformismo, do social-democratismo como ideologia e como prática da colaboração de classes com a burguesia e a explicação paciente aos operários social-democratas sobre os princípios do programa do comunismo”. (Comintern; Resolução final emitida pelo VII Congresso da Comintern a respeito do informe de Georgi Dimitrov, 20 de agosto de 1935).
As resoluções demonstravam o necessário vínculo entre a luta antifascista e a conquista da ditadura do proletariado afirmando:
“Na luta por defender-se contra o fascismo as liberdades democrático-burguesas e os direitos dos trabalhadores, na luta pela derrubada da ditadura fascista, o proletariado revolucionário prepara suas forças, fortalece e luta em contato com seus aliados e dirigirá a luta até a meta do estabelecimento da democracia real para os trabalhadores; o poder soviético. (…) O mundo capitalista está entrando em um período de agudização da luta de classes como resultado da acentuação das contradições internas e externas do capitalismo (…) Somente a unidade do proletariado em um único exército político de massas pode assegurar sua vitória na luta contra o fascismo e o poder do capitalista, para lograr a ditadura do proletariado e o poder soviético”. (Resolução adotada pelo VII Congresso da Comintern Sobre o Informe de Georgi Dimitrov, 20 de agosto de 1935).
“Os comunistas devem incrementar sua vigilância e guardar-se do perigo do oportunismo de direita, e devem continuar uma determinada luta contra todas estas concretas manifestações, tendo em conta que o perigo do oportunismo de direita crescerá onde as táticas da frente única sejam aplicadas. A luta pelo estabelecimento da frente única, de ação conjunta da classe operária, alça como necessário que os operários social-democratas se convençam através das lições objetivas da correta política dos comunistas e a incorreta política reformista, e que cada partido comunista prossiga uma luta irreconciliável contra qualquer tendência que rebaixe as diferenças de princípio entre o comunismo e o reformismo, contra rebaixar a crítica da social-democracia como ideologia e prática de colaboração de classes com a burguesia, contra a ilusão de que é possível transitar ao socialismo pacificamente, por métodos legais, contra qualquer realização baseada no automatismo e a espontaneidade, na organização da liquidação do fascismo ou na realização da frente única, contra qualquer menosprezo do papel do partido e contra a vacilação nos momentos de decisiva ação. (Resolução adotada pelo VII Congresso da Comintern Sobre o Informe de Georgi Dimitrov, 20 de agosto de 1935).
Estas são advertências claras e um deslinde absolutamente claro. Pode existir suficientes advertências que previnam do revisionismo? Evidentemente que não, o revisionismo é uma forma da ideologia burguesa desde o seio do movimento operário, distinta e oposta ao marxismo. Aqueles que pensam que podem se prevenir de cair em pecados, mantendo-se no altar imaculado da crítica pura, já estão condenados a eles. Os que pretendem justificar a traição revisionista no VII Congresso da Internacional não fazem uma distinção entre o vermelho e o negro, entre marxismo e revisionismo.
Dentro do contexto de defensiva estratégica da Revolução Proletária Mundial, a política estabelecida pelo VII Congresso da Comintern foi uma política justa e correta, através da qual o proletariado internacional pôde derrotar a ofensiva da contrarrevolução armada representada pelo fascismo. Foi com o impulso desta transcendental vitória, para a qual concorreram os ingentes sacrifícios e esforços do povo chinês e do PCCh, que com o triunfo de sua grandiosa revolução, quatro anos depois, a Revolução Proletária Mundial alcançou sua etapa de equilíbrio estratégico.
IV – O VII Congresso da Internacional Comunista e o Partido Comunista da China
O Partido Comunista da China desde sua fundação tem sua história intrinsecamente vinculada com a Internacional Comunista e a luta de duas linhas no seu interior.
Em 1935, a Internacional Comunista aprovou uma importante resolução afirmando que seu Comitê Executivo devia transladar seu centro de gravidade à elaboração da linha fundamental e tática para o MCI, não intervindo diretamente nos assuntos internos dos partidos comunistas. Chu En-lai reconheceu que desde então até sua dissolução em 1943, a IC não interferiu diretamente na vida do PCCh: “Esta havia adotado em 1935 uma resolução afirmando que não se devia intervir nos assuntos internos dos diversos partidos e, de fato daí em diante os deixou atuar com maior liberdade.” (Chu En-lai, A Internacional Comunista e o Partido Comunista da China, 1960)
É falso que a Internacional Comunista tenha centrado seus esforços nos países da Europa ocidental. A situação da Alemanha tinha muita importância, já que nela havia o maior Partido Comunista no Ocidente, onde as tendências oportunistas e revisionistas se revestiram de maior força e influência para toda luta entre revolução e contrarrevolução no continente. Essa importância deveu-se também por ser esta a retaguarda do inimigo principal. Tais condições se converteram no vértice da preparação da Guerra contra URSS, constituindo-se em problema de primeira grandeza para a URSS, uma vez que a ação dos comunistas seria utilizada como desculpa para atacar a URSS, tal como se tentou com o farsante incêndio do Reischtag.
O camarada Stalin e a Internacional Comunista foram plenamente conscientes da crescente importância da Revolução Chinesa. A Revolução na China ocupou sempre um lugar central na atenção da Internacional Comunista. Nenhum outro país recebeu tantos aportes quanto o Partido Comunista da China. Basta ver que dada a importância central da questão chinesa, todas as resoluções e telegramas dirigidos à China, firmados pelo camarada Dimitrov em nome do CEIC, eram debatidos e revisados pelo Camarada Stalin ou em outros casos por Molotov.
O camarada Stalin estabeleceu brilhantemente que“Na China, a revolução armada combate à contrarrevolução armada. Tal é uma das peculiaridades e uma das vantagens da revolução chinesa.” (Stalin: As perspectivas da revolução na China). Esta afirmação tem grande transcendência e representou um enorme aporte ao Partido Comunista da China com a afirmação de que “a questão colonial e semicolonial é em essência a questão camponesa”. Estas duas assertivas têm grande transcendência e desempenharam um papel muito importante no curso da Revolução Chinesa. Ao longo da Guerra antijaponesa e da Terceira Guerra Civil Revolucionária, o Presidente Mao estudou e aplicou a correlação entre estes dois princípios fundamentais.
A concepção de Frente Única, baseando-se no marxismo-leninismo e os aportes do camarada Stalin, pôde desenvolver-se através de sucessivas lutas de duas linhas contra desvios de “esquerda” e direita, com a realização de grandes campanhas de retificação, até alcançar o grandioso VII Congresso do PCCh, realizado em 1945. Nos oito anos da Segunda Guerra Civil Revolucionária na China, o PCCh incorreu em três desvios de “esquerda” que somente foram corrigidos na Conferencia de Tsunyi, janeiro de 1935, e nos dez anos seguintes até a realização do seu glorioso VII Congresso, de 1945. Estes desvios estiveram em certa medida vinculados à luta de duas linhas na Internacional Comunista.
A vitória da esquerda no Partido Comunista da China em 1935, está diretamente vinculada ao triunfo da esquerda na Internacional Comunista sob a direção do camarada Stalin. Ao refutar o palavreado sem sentido dos trotskistas sobre a questão chinesa, Stalin deixou bastante claro os princípios táticos principais do leninismo.
“1- O princípio da necessidade de se levar em consideração as peculiaridades nacionais e as características nacionais de cada país ao se elaborar as diretivas do Comintern para o movimento operário daquela nação.”
“2- O princípio da necessidade em que se encontra o Partido Comunista de cada país de utilizar as menores possibilidades de conquistar aliados de massa para o proletariado, mesmo que sejam temporários, vacilantes, hesitantes ou não merecedores de confiança.”
“3- O princípio da necessidade de se levar em conta a verdade de que somente a propaganda e a agitação não são suficientes para a educação política das massas de milhões de homens, mas que esta educação política exige a experiência política das próprias massas.”
Stalin continua a acentuar a combinação dos princípios gerais marxistas-leninistas com as características nacionais. Escreveu ele:
“Não obstante o progresso ideológico do nosso Partido, infelizmente ainda mantém em seu seio certos tipos de ‘dirigentes’ que acreditam piamente ser possível dirigir a revolução na China, por assim dizer, por telegramas redigidos na base dos princípios gerais bem conhecidos e universalmente aceitos oriundos da Comintern, e que não emprestam mínima importância às peculiaridades nacionais da economia chinesa, da política chinesa, da cultura chinesa, dos costumes e tradições chineses. Estes dirigentes se distinguem dos verdadeiros dirigentes pelo fato de que sempre têm em seus bolsos duas ou três fórmulas prontas e adequadas para todos os países e ‘obrigatórias’ em todas as condições. Não se dão ao trabalho de levar em consideração o caráter nacional e as peculiaridades nacionais de cada país. Para eles não existe o problema de ligar os princípios gerais da Comintern às peculiaridades nacionais do movimento revolucionário de cada país e oproblema de adaptar os princípios gerais da Comintern às peculiaridades nacionais de cada país. (…)”
“Não compreendem que a tarefa principal de direção no momento atual, em que os Partidos Comunistas já atingiram a maturidade e se tornaram partidos de massa, consiste em descobrir dominar e combinar habilmente as peculiaridades nacionais do movimento em cada país com osprincípios gerais da Comintern, a fim de impulsionar e executar na prática os objetivos básicos do movimento comunista.”
“Daí resulta a tentativa de estereotipar as tarefas de direção para todos os países. Daí resulta a tendência a aplicar mecanicamente certas fórmulas gerais sem se levar em conta as condições concretas do movimento revolucionário de cada país. Daí resulta o infindável conflito entre as fórmulas e o movimento revolucionário em cada país, resultado essencial da liderança desses infelizes dirigentes”. (J. Stalin – “Comentários Sobre Questões do Momento: O Problema da China”)
A Reunião de Tsunyi (janeiro de 1935), em que triunfou a direção do Presidente Mao, representou a superação dos desvios oportunistas de “esquerda”, que se manifestavam na atitude de “portas fechadas” para a formação de uma Frente Única contra os agressores japoneses. Ela expressava uma compreensão sobre a frente única, como aplicação na China da Frente Antifascista Mundial, o que se debatia na Comintern e viria a ser sancionado pelo VII Congresso da Internacional. Sobre esses erros o Presidente Mao afirmou:
“A situação atual exige que renunciemos com audácia à atitude de ‘portas fechadas’, formemos uma ampla frente única e nos prevenhamo-nos contra o aventureirismo. Não devemos nos precipitar a uma batalha decisiva antes de que tenha chegado a hora e termos forças suficientes.”
Os partidários da “política de portas fechadas” que consideravam que: “As forças da revolução devem ser puras, absolutamente puras e o caminho da revolução deve ser reto, absolutamente reto. O único correto é o registrado nos Cânones… Aos sindicatos amarelos há que combatê-los até a morte. … Há gato que não goste de pescado ou caudilho militar que não seja contrarrevolucionário? Os intelectuais são revolucionários de três dias, e é perigoso recrutá-los. Dai a conclusão: a atitude de ‘portas fechadas’ é a panaceia, e a frente única, uma tática oportunista… Camaradas, que é o correto: a frente única ou a atitude de ‘portas fechadas’? O que é o aprovado pelo marxismo-leninismo? Eu afirmo firmemente: a frente única, e não a atitude de ‘portas fechas’. Um menino de três anos tem muitas ideias corretas, porém não se lhe pode confiar os assuntos sérios de Estado ou do mundo, porque não os entende todavia. O marxismo-leninismo se opõe à ‘enfermidade infantil’ nas fileiras revolucionárias, e é justamente essa ‘enfermidade infantil’ o que apregoam os cabeças-duras partidários da tática de ‘portas fechadas’. Igualmente a qualquer outra atividade no mundo, a revolução segue sempre um caminho tortuoso e nunca um reto. Tal como todas as coisas no mundo a alinhamento de forças revolucionárias e contrarrevolucionárias pode experimentar mudanças.” (Sobre a tática da luta contra o imperialismo japonês, OE, T.II, p.177)
Arvorando a política da frente antifascista o Presidente Mao afirmou: “com o atual ascenso da luta contra o Japão em todo o país e da luta antifascista no mundo inteiro, as guerras justas se estenderam por toda a China e pela Terra inteira. Toda as guerras justas se apoiam entre si, e todas as guerras injustas devem ser convertidas em guerras justas: esta é a linha leninista.” (Sobre a tática da luta contra o imperialismo japonês, OE, T.II, p.177)
A Internacional Comunista, através de seu secretariado executivo, comandado pessoalmente pelo camarada Dimitrov, desempenhou um importante papel na concretização da Frente Única Antijaponesa. Quando se deu o incidente de Sian, ocorrido em dezembro de 1936, o camarada Dimitrov desempenhou um papel importante na resolução correta do conflito. O Secretariado da Internacional Comunista emitiu um telegrama apoiando a posição do Presidente Mao, contra a posição de Wang Ming, a quem o camarada Stalin acusou de ter a posição de um agente provocador (Ver, Diário Dimitrov.p42), onde se lê:
1. A ofensiva de Zhang Xueliang, quaisquer que sejam suas intenções, objetivamente só pode prejudicar a unificação do povo chinês em uma Frente ÚnicaAntijaponesa e ajudar a agressão japonesa contra a China.
2. Como a ofensiva já começou e é preciso enfrentar a realidade, o Partido Comunista da China presta apoio decisivo a uma solução pacífica do conflito com base em: a) Reorganização do governo, incluindo os governos dos vários representantes do movimento antijaponês, os apoiadores da integridade e independência da China; b) provisão de direitos democráticos para o povo chinês; c) fim das políticas destinadas a destruir o Exército Vermelho e o estabelecimento de cooperação com esse na luta contra a agressão japonesa; d) Estabelecer cooperação com os Estados que simpatizam com a libertação do povo chinês da ofensiva do imperialismo japonês.” (Telegrama do Secretário da ECCI ao Comitê Central do Partido Comunista da China sobre a necessidade de uma solução pacífica do conflito de Xi’an ”)
No debate do Secretariado da CEIC sobre a Questão Chinesa de 10 de agosto de 1937, o camarada Dimitrov destacava que: “Sou eu quem lida diretamente com o Partido da China, que os problemas enfrentados pelo Partido da China são extremamente complexos e a posição do partido é excepcional. Imagine tudo o que ocorreu nos últimos dois anos. O Partido Comunista da China, que liderava o Exército Vermelho na China, toma uma decisão crucial. Você não encontrará uma única seção do Comintern que tenha sido colocada em tal situação e que tenha feito uma mudança tão crucial em suas políticas e táticas nos últimos anos, como foi feito pelo Partido Comunista da China. Lutou pelos sovietes na China, pelas regiões soviéticas, criou um governo soviético, criou um exército, separou dele uma parte do exército de Chiang Kai-shek em seu objetivo de sovietização … O quadro do partido, materiais do partido e a força do partido – tudo isso estava concentrado em até 95%, se não totalmente, 100% nessas regiões soviéticas. E na luta armada contra Nanquim o quadro foi educado, eles amadureceram e cresceram; um bom quadro emergiu como seus líderes políticos. (…) Mas, a partir dessa orientação, era necessário neste momento girar 180 graus nas políticas e nas táticas do partido. E agora o mesmo quadro, não outro partido, nem pessoas novas, mas os mesmos membros do partido, as mesmas massas devem conduzir uma política diferente. (…) Esta política está correta? Certamente. Está sendo conduzido de acordo com a linha geral do VII Congresso da Internacional Comunista e está de acordo com o desenvolvimento da revolução chinesa. … ‘É necessário unir grandes forças do povo chinês na luta contra a Agressão japonesa por defender a independência, liberdade e integridade do povo chinês. E aqui o partido deveria – e no geral o fez – fazer a transição para a posição de luta, não pela sovietização da China, mas pela democracia, por unificação em uma base democrática das forças do povo chinês contra o imperialismo japonês, contra a agressão japonesa’”.
A resolução do Secretariado do CEIC sobre o Problema Chinês, de 10 de outubro de 1937, afirmava:
“1. O início da resistência armada de toda a China contra o agressor japonês e os avanços bem-sucedidos na criação da Frente Única Nacional marcariam uma nova etapa na luta do povo chinês …
2. Uma das tarefas mais importantes do partido consiste em reeducar politicamente o antigo quadro, em assuntos militares e no uso de novos métodos de trabalho, e em promover o novo quadro das fileiras, sobretudo dos operários e os ativistas e líderes do movimento revolucionário de massas.
3. Devemos obter, por pressão persistente sobre o Kuomintang e o governo de Nanquim e por meio de campanhas em massa, a legalização do funcionamento do partido em todas as regiões sob o Kuomintang e devemos voltar nossa atenção para a criação de uma grande imprensa legal no país, nas principais cidades.
4. O Partido Comunista da China, como partido do proletariado, deve aumentar seu trabalho, especialmente entre os operários e suas organizações sindicais, e atraí-los para uma participação ativa na luta antijaponesa e na Frente Única Nacional …”
Em 1937, Wang Ming, que então estava na Internacional Comunista, voltou a China e passou a encabeçar uma linha capitulacionista de direita no período inicial da Guerra de Resistência contra o Japão. Wang Ming negava então a hegemonia e a independência do proletariado no seio da Frente Única, buscou colocar o Partido Comunista a reboque do Kuomintang, fazendo concessões à política antipopular do KMT, não se atrevia a mobilizar as massas para a luta e nem expandir as forças populares e ampliar as bases antijaponesas nas zonas ocupadas pelo Japão. Wang Ming propugnava então a linha oportunista de “tudo através da Frente Única”.
“Durante a guerra Antijaponesa os camaradas que haviam antes cometido erros causados pelo oportunismo de ‘esquerda’ se lançaram ao extremo oposto, aos erros provenientes do oportunismo de direita. Os seus pontos de vistas eram exatamente iguais aos mantidos em 1927 pelo oportunismo de Chen Tu-Hsiu, no sentido de que desprezaram o aspecto da oposição ao feudalismo. ‘Enxergavam somente a burguesia’ e não ‘conseguiram ver a significação decisiva do movimento camponês revolucionário’.
‘Não concordaram em apoiar decididamente a revolução no campo, temendo que, pelo fato do campesinato participar da revolução se dividiria a frente única anti-imperialista… Tais pontos de vista estavam em contradição direta com os de Stalin, porque, segundo Stalin: ‘A frente única anti-imperialista na China será tanto mais forte e mais poderosa quanto mais cedo e mais amplamente o campesinato chinês for arrastado à revolução’”. (Stalin e a Revolução Chinesa)
Esta linha oportunista foi combatida na VI Sessão Plenária do CC do PCCh de setembro a novembro de 1938, unificando todo partido em torno da linha de esquerda do Presidente Mao Tsetung, segundo a qual o proletariado deveria exercer a independência e a autodecisão no seio da Frente Única. O informe realizado pelo Presidente Mao Tsetung é o documento“El papel del Partido Comunista de China en la Guerra Nacional”. (Obras Escolhidas, TII, p.201)
Em uma saudação aos 21 anos da fundação do Partido Comunista da China, o camarada Dimitrov combateu essas posições capitulacionistas de Wang Ming “Mas também existem dificuldades internas no caminho do Partido Comunista da China. Ele precisa superar a resistência dos elementos sectários, que não entendem que, nas condições atuais, a única maneira de garantir a libertação do povo chinês é estabelecendo uma Frente Única Nacional contra os agressores japoneses. Também tem de continuar lutando contra os capituladores oportunistas que estão prontos para sacrificar a independência política e orgânica do Partido e do Exército Vermelho e dissolvê-los em outras organizações e exércitos.” (Dimitrov, A Frente Popular)
Entre 1942 e 1944, no curso do grande Movimento de Retificação desenvolvido no Partido Comunista da China sob a chefatura do Presidente Mao Tsetung, o PCCh se dedicou a realizar um profundo balanço sobre os problemas de sua história. Especialmente sobre o período entre 1931 e 1934, quando se manifestaram agudos desvios oportunistas de “esquerda”, que somente começaram a ser superados com a Conferência de Tsunyi, em janeiro de 1935. Estas discussões foram parte da preparação do grande, histórico e transcendental VII Congresso do Partido Comunista da China (1945), com o triunfo do pensamento mao tsetung. Com ele ficou estabelecido que o PCCh se guiava pelo marxismo-leninismo e as ideias do pensamento mao tsetung.
No curso deste debate o Presidente Mao escreveu, em 12 de abril de 1944, “Nosso Estudo e a Situação atual” (Obras escolhidas, T.III), publicado junto a um anexo “Algumas questões sobre a história de nosso partido”. Documentos esses, que se destacam com outros, de suma importância para todo MCI. Em Nosso Estudo e a Situação Atual, sistematizou brilhantemente a situação ao afirmar:
“A situação atual apresenta duas características: uma é o robustecimento da frente antifascista e o desmoronamento da frente fascista, e a outra, o robustecimento das forças populares e o desmoronamento das forças antipopulares dentro da frente antifascista. A primeira característica é obvia e se percebe facilmente. Hitler será derrotado rápido, e os agressores japoneses também estão já em vias de sê-lo. A segunda característica não aparece contudo com tanta evidência e ainda não é fácil percebê-la, porém está se tornando cada dia mais manifesta na Europa continental, na Inglaterra e os EUA, e na China”.
O Presidente Mao demostrou como durante os sete anos transcorridos desde julho de 1937 as forças democráticas populares, dirigidas pelo PCCh, enfrentaram três fases: 1) ascenso entre 1937 e 1940, quando os agressores japoneses centravam seus ataques contra o Kuomintang e subestimavam o Partido Comunista da China. Nesta fase o Kuomintang empreendia um combate sério contra os agressores japoneses e uma política de unidade com o PCCh. Após a queda de Wuhan, em outubro de 1938, os agressores japoneses passaram a centrar o combate contra as bases antijaponesas dirigidas pelo PCCh, e o Kuomintang passou, cada vez mais, a uma política anticomunista ativa e uma política passiva de resistência ao Japão.
Nesse período o Presidente Mao sistematizou magistralmente os três instrumentos fundamentais da revolução e sua interrelação: “A experiência destes dezoito anos nos diz que a frente única e a luta armada são as duas armas básicas para vencer o inimigo. A Frente Única serve para levar adiante a luta armada. E o Partido é o heroico combatente que utiliza estas duas armas para assaltar e destruir as posiciones do inimigo. Tal é a interconexão entre o Partido, frente única e luta armada”. (Com motivo da aparição de O Comunista, T.II, 1939)
2) descenso, entre 1941 e 1942, para preparar e realizar a guerra contra Estados Unidos e Inglaterra, os agressores japoneses intensificaram sua política de centrar seus ataques contra o Partido Comunista. Nesse período o Kuomintang, sentindo-se de mãos livres levou a cabo sua segunda campanha anticomunista, atacando as bases do Partido Comunista, em coordenação com os agressores japoneses.
Nesse período difícil o Partido Comunista começou a política dos “três terços” nos órgãos de Poder na Frente/Novo Estado. Nesse período o PCCh estabeleceu o princípio de lutar com “razão, vantagem e limite sem sobrepassar-se” e sublinhou a necessidade de praticar dentro da frente única “a unidade e a luta por vez, e a unidade através da luta”. Sistema de três terços, cuja aplicação não se dá no exército, no qual o PC deve manter “… não se deve introduzir o ‘sistema dos três terços’ no exército regular, porém, sempre que o partido mantenha a hegemonia no exército (princípio indispensável e inviolável), não há que temer que um grande número de simpatizantes participem no trabalho dos departamentos militares e técnicos de nosso exército. Agora que já foi firmemente estabelecido os fundamentos ideológicos e organizativos de nosso Partido e nosso exército, deve-se incorporar a grande número de simpatizantes (excluindo, claro está, aos sabotadores).”
3) novo ascenso a partir de 1943: Os agressores japoneses seguiram centrando seus ataques contra o Partido Comunista, porém o Kuomintang, fortemente golpeado, seguiu a política de “retirar-se às montanhas” e “contemplar a luta”. O presidente Mao Tsetung demonstrou que através desta relação de unidade e luta dentro da frente única, em meio ao combate ao inimigo principal, o Partido Comunista pôde se desenvolver e se fortalecer. O Presidente Mao afirmou que “tendo permanecido de braços cruzados durante estes cinco anos e meios, o Kuomintang perdeu sua capacidade de combate. Por outro lado o Partido Comunista, que combateu duro todo esse tempo, elevou a sua. Isso determinará o destino da China”. (Presidente Mao Tsetung, Nosso Estudo e a situação atual. 12 de abril de 1944. T.III)
Em “Sobre a Nova Democracia” o Presidente Mao planteou sobre o caráter da revolução democrática na China, pertencente não mais à velha revolução burguesa mundial, mas sim à “Revolução Mundial Socialista”, afirmou que “Está correta tese, proposta pelos comunistas chineses, se baseia na teoria de Stalin.” (Presidente Mao Tsetung, Sobre a Nova Democracia, 1940, T.II)
O problema da revolução ininterrupta desenvolvida pelo Presidente Mao, parte de Stalin e da Internacional, como ressaltou o Presidente Gonzalo:
“A Internacional Comunista sabia? Claro que o sabia. Muitas coisas, meus queridos camaradas, que estão em Mariategui são da Internacional Comunista, por si não o sabem; eu creio que não conhecemos a história e falamos do que não sabemos. Vocês creem que a Internacional Comunista não sabia que a revolução era ininterrupta, creem que não sabia isso a Internacional Comunista? Isso sabia perfeitamente o camarada Stalin, Stalin não era marxista? Por favor, homem!” (Presidente Gonzalo, Primeiro Congresso)
No curso da guerra contra os agressores japoneses a contradição entre o Partido Comunista da China e o Kuomintang havia passado a ser uma contradição secundária ainda que esta tenha por sua própria natureza um caráter antagônico e irreconciliável. Quando o inimigo principal foi derrotado ocorreu uma mudança na contradição principal e no inimigo principal, e no interior da Frente Antifascista ocorreu uma nova diferenciação. Os inimigos secundários como o Imperialismo Ianque e o Kuomintang, então aliados, passaram crescentemente a inimigos principais, e a revolução entrou em uma nova fase, iniciando a Terceira Guerra Civil Revolucionaria, desenvolvida até a conquista do poder em todo país.
V – A Grande Guerra Pátria
“Depois da primeira guerra imperialista, os Estados vencedores, principalmente Inglaterra, França e os EUA, criaram um novo regime de relações entre os países, o regime de paz do pós-guerra. As bases principais deste regime eram: no Extremo Oriente, o Tratado das novas potências, e na Europa, o Tratado de Versalhes, assim como toda uma série de outros tratados. A Sociedade das Nações estava chamada a regularizar as relações entre os países dentro do marco deste regime, sobre a base da frente única dos Estados, sobre a base da defesa coletiva da seguridade dos Estados. Porém os três Estados agressores e a nova guerra imperialista, que estes iniciaram dando ao traste com todo este sistema de regime de paz de pós-guerra. O Japão fez cacos do tratado das novas potências, e Alemanha e Itália, o tratado de Versalhes. Com a finalidade de ter as mãos livres, estes três Estados saíram da Sociedade das Nações. A nova guerra imperialista é já um fato.” (Stalin, Informe ante o XVIII Congresso do Partido, Sobre o trabalho do C.C. do P.C.(b) da URSS)
Em 1935, a Itália fascista havia se lançado e ocupado a Abissínia. No verão de 1936, Itália e Alemanha intervieram na Espanha contra a República. Em 1937 o Japão, depois de ocupar a Manchúria, avançou sobre a região Norte e Central da China, ocupou Pequim, Tientsin e Shangai. No começo de 1938, a Alemanha ocupou e anexou a Áustria e no outono a Região dos Sudetos da Checoslováquia. No final de 1938 o Japão ocupou Cantão. Em março de 1935 Hitler promulgou nova lei estabelecendo o serviço militar obrigatório, rompendo o Tratado de Versalhes e superando em tropas a França.
Somente a URSS fez esforços sistemáticos por um amplo pacto de segurança coletiva com as potências ocidentais, contra a expansão da agressão fascista e romper a tentativa de isolar a URSS. A diplomacia revolucionária da URSS atravessou a década de 1930 tentando obter um tratado de não agressão com Inglaterra e França sem lográ-lo. Inglaterra e França rechaçavam sistematicamente a firmar um pacto com a URSS, adotando a farsante “Política de Apaziguamento”. Ou seja, enquanto Hitler ameaçava anexar países da Europa, Áustria e outros, invadia a Tchecoslováquia e Polônia, nada se fazia para detê-lo, buscando empurrar Alemanha contra a URSS. Política que culminou no acordo da Conferência de Munich, celebrada nos dias 29 y 30 de setembro, de 1938, entre Hitler, Chamberlain, Mussolini y Daladier, que entregou a Checoslováquia. Sobre isto Stalin afirmou, no XVIII Congresso do PC(b) da URSS, celebrado em março de 1939: “A política de não-intervenção equivale a tolerar a agressão, a desencadear a guerra e, em consequência, a transformá-la em Guerra Mundial. Na política de não-intervenção subjaz a aspiração, o desejo de não impedir que os agressores levem a cabo sua tenebrosa obra; de não impedir, por exemplo, que Japão se emaranhe na guerra com China e, melhor ainda, com a União Soviética; de não impedir, sobretudo, que Alemanha se empantanasse nos assuntos europeus, se enredar na guerra contra a União Soviética; permitir a todas as partes beligerantes afundar-se até o pescoço na lama da guerra, encorajar-lhes a hipocritamente deixar-se que se debilitem e se esgotem mutuamente e, logo, quando já esteja suficientemente debilitados, aparecer em cena com forças novas e intervir; naturalmente, ‘em interesse da paz’ e ‘impor suas condições aos beligerantes debilitados’”
EUA até então fizera tanta campanha demonizando a URSS, que para entrar na guerra tiveram que montar a maquinação covarde de Pearl Harbor. Nela centenas de norte-americanos, militares e civis, foram massacrados e feridos por terem sido pegos de surpresa pela Operação Tora Tora do Japão. Ataque à base naval no Havaí do qual o governo ianque sabia com antecedência, mas precisava de algo que causasse tal indignação popular e comoção nacional que o Congresso seria obrigado a aprovar sua entrada na guerra.
Com seu tirocínio, o grande Stalin logrou um tratado de não agressão com a Alemanha nazista numa semana e logo na seguinte com o Japão fascista, ganhando um precioso tempo para preparar-se para a invasão nazista. A correspondência secreta entre Stalin, Churchill, Roosevelt, e logo com Attlee e Eisenhower, é uma prova de como o camarada Stalin aplicou com maestria a frente mundial antifascista, colocando o Estado Soviético como eixo e em defesa das forças populares dirigidas pelos partidos comunistas, em cada país envolvido no conflito. Isto é fato e está fartamente documentado.
Quando a Alemanha invadiu a URSS, em 22 de junho de 1941, no dia seguinte, o Presidente Mao afirmou:
“A tarefa atual dos comunistas, no mundo inteiro, é mobilizar os povos dos diversos países com objetivo a organizar uma Frente Única Internacional para lutar contra o fascismo e em defesa da União Soviética, da China e da liberdade e independência de todas as nações. No presente período, todas as forças devem concentrar-se em combater a escravização fascista.” (Presidente Mao Tsetung, Sobre a Frente Única Internacional Antifascista, 1941, T.II)
Logo especificou o conteúdo que a frente única deveria assumir na China:
“A tarefa atual dos comunistas, no mundo inteiro, é mobilizar os povos dos diversos países com objetivo a organizar uma Frente Única Internacional para lutar contra o fascismo e em defesa da União Soviética, da China e da liberdade e independência de todas as nações. No presente período, todas as forças devem concentrar-se em combater a escravização fascista.” (Presidente Mao Tsetung, Sobre a Frente Única Internacional Antifascista, 1941, T.II)
Novamente ressaltamos que o Presidente Gonzalo planteou “fazer o balanço da Internacional Comunista, especialmente de seu VII Congresso, ligado à guerra mundial e ao papel do camarada Stalin”. Na exposição ante ao I Congresso do PCP, o Presidente Gonzalo, fundamentando a definição do Marxismo-Leninismo-Maoismo, afirmou:
“A II guerra mundial é um fato de transcendência na história do mundo, estreitamente começou em 1939 e terminou em 1945(…) é uma guerra mundial na qual por um lado há a rapina imperialista, a disputa pela hegemonia mundial que Alemanha sob Hitler demandava para si; porém por outro lado é a defesa do socialismo e desenvolvimento da revolução, se, bem claro é e é correto que a guerra desatada então pela URSS foi uma grande guerra pátria… foi uma justa guerra de defesa, uma grande guerra pátria assim foi definida com toda correção, por isso; e de desenvolvimento da revolução mundial porque a mais dessa gloriosa defesa heroica que à URSS custou 20 milhões de homens, temos uma luta anti-imperialista que já tem se desenvolvido em nações oprimidas principalmente na China (…)
É uma grande guerra de resistência das nações oprimidas, como China, como Coreia, como Birmânia, como Indonésia, Filipinas, etc., donde precisamente os imperialistas fugiram como ratazanas e foram os povos dessas nações os que tomaram as armas; os que tiveram a sorte de contar com um partido comunista triunfaram e avançaram e os que não, pelo menos se livraram de forma negociada de ser colônias, por exemplo Indonésia que deixou de ser, em consequência dessa guerra, colônia de Holanda.
Nessa guerra havia um sinistro plano: a cruzada contra a URSS,… (palavra que expressa) claramente sua entranha reacionária e que assim foi proposto pelo mesmo Hitler; como uma cruzada antibolchevique, porque o sonho negro que tinha era varrer à URSS da face da terra; fútil, sonho de vidro, se espatifou contra o poder da ditadura do proletariado, com a direção do partido e do camarada Stalin, do proletariado russo, do povo russo. Camaradas, páginas heroicas!: Stalingrado… Ai também se vê bem claramente o sujo jogo astuto dos aliados imperialistas… buscando que a Alemanha fascista derrotasse à URSS… O que podia fazer Rússia ante semelhante embate? Aplicar pois uma defensiva estratégica e isso é o que se fez – … unida a terra arrasada, a não deixar-lhes nada, terra arrasada (…) (…)
“Camaradas, estava em jogo a ditadura do proletariado, estava em jogo a revolução, não podemos acatar o que se conta, nem podemos simplesmente deixar-nos entorpecer como diz o presidente Mao, por defender algumas polegadas de terrenos ou de troços inúteis; assim somos, pois, os comunistas.”
Todo esse feito grandioso da II guerra mundial estremeceu o mundo e marcou os homens e deu bons frutos; não em todas as partes, porém inclusive deu frutos imediatos, exemplo, França e Itália, razão: revisionistas, se deixaram arrebatar pelo triunfo, os frutos da vitória da guerrilha de 500 mil homens, de 300 mil homens, forjados nessa heroica resistência da classe e os povos europeus que também temos que tomá-los em conta. Assim pois, a II guerra mundial é um feito de grande transcendência. O prestígio da URSS se elevou altamente sobre a terra, basta ver os periódicos da época (…) assim posposto, não se pode julgar o camarada Stalin, por isso é que o partido diz há que ver a II guerra mundial. (Presidente Gonzalo, Primeiro Congresso)
Consideramos que essa apreciação tem um valor de síntese para todo o MCI. A vitória na Segunda Guerra Mundial contra o fascismo é um dos grandes acontecimentos históricos do processo da Revolução Proletária Mundial, que deve ser seriamente estudado para sua justa e correta compreensão, ser ressaltada e celebrada.
Após o término da Grande Guerra Pátria, o campo imperialista se encontrou profundamente golpeado, três importantes potências imperialistas, Alemanha, Japão e Itália foram derrotadas. Outras potências como França e Inglaterra se viram debilitadas, por sua vez o proletariado internacional e povos oprimidos de todo o mundo se elevaram enormemente. O campo socialista, abarcando as democracias populares se expandiu e impulsionou um poderoso movimento de libertação nacional.
O Presidente Mao nos alertou que seria um grave erro subestimar a importância da vitória na Segunda Guerra Mundial:
“A Frente única revolucionária mundial, encabeçada pela União Soviética, derrotou a Alemanha, Itália e Japão fascistas. Este foi um resultado da Revolução de Outubro. Sem a Revolução de Outubro, sem o Partido Comunista da União Soviética, sem a União Soviética e sem a frente única revolucionária anti-imperialista no Ocidente e no Oriente dirigida pela União Soviética, poderia imaginar-se a vitória sobre a Alemanha, Itália e Japão fascistas e seus lacaios? Sim a Revolução de Outubro abriu amplas possibilidades e caminhos efetivos para a liberação da classe operária e dos povos oprimidos do mundo, a vitória da Segunda Guerra Mundial antifascista abriu para sua liberação possibilidades ainda mais amplas e caminhos ainda mais efetivos. Seria um erro muito grave subestimar o significado da vitória na Segunda Guerra Mundial”. (Presidente Mao Tsetung, Forças revolucionárias do mundo, uni-vos, lutando contra a agressão imperialista! Novembro de 1948, T.IV)
No editorial da revista Hongqi, de 1965, publicado por ocasião dos 20 anos da vitória na Guerra Antifascista, o Partido Comunista da China afirmou sobre o balanço dessa experiência histórica:
“Existe toda uma série de diferenças importantes de princípios entre Marxista-leninistas e o revisionismo moderno na questão de como avaliar a Guerra Antifascista e sobre as lições que devem ser tiradas dela.”
Destaca o grande papel da guerra antifascista na defesa do socialismo, da guerra popular e da frente única:
“Em primeiro lugar, a história da guerra antifascista mostra que o sistema socialista tem uma enorme vitalidade que pode aguentar severos testes e que um Estado da ditadura do proletariado é invencível.
Em segundo lugar, a história da guerra antifascista mostra que o imperialismo é fonte de guerra nesta época, que a natureza agressiva do imperialismo não mudará e que para defender a paz mundial, é necessário levar uma persistente luta contra o imperialismo.
Em terceiro lugar, a história da guerra antifascista mostra que a guerra popular é certamente invencível, que é inteiramente possível derrotar o imperialista agressor, que o imperialismo é um tigre de papel, que é aparentemente muito forte, mas na verdade são fracos e que a bomba atômica também é um tigre de papel e são pessoas e não as armas, de qualquer tipo, que decidem o resultado da guerra.
Em quarto lugar, a história da guerra antifascista mostra que, para derrotar o agressor imperialista, é imperativo contar com a unidade das Forças revolucionárias de todos os países, ganhar para o nosso lado todas as forças que podem ser ganhas, formar a maior Frente Única Internacional possível e concentrar nossos esforços sobre o inimigo principal dos povos de todo o mundo.”
Ainda no mesmo editorial se demonstra como Kruschov, ao mesmo tempo em que teve de levantar o papel da Grande Guerra Pátria a fim de insuflar o sentimento de “grande Rússia” entre as massas, negava o papel da guerra antifascista, afirmando que o fascismo foi esmagado apenas pela URSS, chocando-se assim contra o internacionalismo proletário:
“A União Soviética, que era o único país socialista da época, era a principal força para aniquilar os fascistas alemães e desempenhou um papel decisivo na derrota do fascismo. O povo chinês travou sua guerra revolucionária contra o imperialismo japonês, por muito tempo por conta própria, e deu uma contribuição muito significativa à vitória na Guerra Antifascista. Da mesma forma, as pessoas de muitos países da Europa, Ásia, África, Oceania e América deram sua própria contribuição à Guerra Antifascista. O povo dos países ocupados pelo fascismo alemão, italiano e japonês persistiram na guerra de guerrilha e nas lutas clandestinas em casa ou se organizaram em exércitos no exterior que mais tarde lutaram para voltar para seus próprios países. No último período da Guerra, em alguns países, o povo realizou com sucesso revoltas armadas e libertaram grandes extensões de seu território, ou enviaram tropas para se unirem na busca das hordas e apoiarem a luta de libertação popular em outros países depois que seus próprios países tinham sido libertados. Na Alemanha, Itália e Japão, as massas também resistiram ao domínio fascista em casa de várias maneiras, incluindo a luta armada, e apoiaram a luta de outros povos que sofrem agressão e escravização fascistas. Todas essas lutas contribuíram para a vitória na Guerra Antifascista e cada uma ocupa um lugar de honra na história da Guerra. O revisionismo de Kruschov, no entanto, tenta de uma só vez anular o papel desempenhado pelo povo de todos os outros países na Guerra Antifascista, declarando arrogantemente que a União Soviética era ‘a única força que esmagou a máquina fascista alemã’. Com isso, tentam promover seu chauvinismo de grande potência e exigem que todos os países que foram ajudados pelo exército soviético obedeçam às suas ordens, se submetam ao controle e opressão e aguentem a exploração.”
Sob as armas do glorioso Exército Vermelho o Estado Nazista alemão e suas relações capitalistas de produção foram destroçados, erguendo o socialismo e a ditadura do proletariado na Alemanha Oriental. A Bandeira Vermelha do Partido Comunista e da URSS tremulando sobre o oprobrioso e destruído Reichtag alemão, é uma efeméride inapagável do proletariado internacional que simboliza toda a heroica e gloriosa epopeia da luta contra o fascismo em defesa da URSS e pelo desenvolvimento da Revolução Proletária Mundial. Cumpria-se a sentença feita pelo camarada Dimitrov ao embarcar rumo a URSS depois da grandiosa vitória no tribunal nazista de Leipzg: “voltaremos a Alemanha Soviética!”.
Assim as seguintes e lapidares palavras do Presidente Gonzalo exigem pleno valor e compreensão:
“Contra a história, o que podem as palavras camaradas, que poderão as negações, que poderão os questionamentos, que poderão as interrogações? Nada! Razão: conforme mais tempo passe, a história tem mais dimensão e perspectivas, então mais claramente se ressaltará esse brilhante cume.” (Atas I Congresso)
O VII Congresso teve sua expressão e desenvolvimento mais alto e cabal no desenvolvimento da Grande Guerra Pátria a qual se soma a Guerra de Resistência Antijaponesa na China. Através da Frente Única Antijaponesa formulada pelo Presidente Mao, que a desenvolveu aplicando unidade e luta e independência do Partido Comunista, definindo-a como um dos três instrumentos fundamentais da revolução, cumprindo papel fundamental ao deter cerca de 60% do Exército Japonês na importante Frente Oriental. Além do que se somaram todas as guerras e ações de resistência antifascistas, na Itália, França, Áustria, Iugoslávia, Japão, Espanha, Grécia, Bélgica e dezenas de outros países, como parte da Frente Antifascista Mundial. Esta grandiosa experiência histórica é parte do maoismo, e negar seu papel, importância e significado é revisionismo.
A derrota do fascismo significou a mudança da contradição principal em cada país. Durante o transcurso das guerras antifascistas a burguesia imperialista de cada país se debilitou, e o partido comunista e as massas populares se fortaleceram enormemente. A derrota do regime fascista levou à decorrente mudança da contradição principal e do inimigo principal no interior destes países. Nos Partidos Comunistas de então, onde havia uma direção oportunista, estes limitaram-se à luta contra o fascismo em prol da velha ordem burguesa e não levaram a revolução até o fim.
Sintetizando a experiência da Frente Única, o Presidente Mao nos ensinou que o correto manejo da política de Frente Única do proletariado pode ser resumida em três questões fundamentais: em quem se apoiar, a quem se aliar e a quem combater1. Um correto manejo destas três questões e sua interrelação, em cada etapa e fase da revolução garantem uma direção política acertada. A contradição entre a frente antifascista e a frente fascista, por um lado, e por outro a contradição no interior da frente antifascista, entre as forças populares e as forças antipopulares, do correto manejo destas contradições dependia o êxito ou derrota da Revolução.
Nos países, tais como Itália e França, onde prevaleceu uma direção oportunista de direita, o partido comunista não levou a revolução até o fim, deixando-a no meio do caminho. As direções de respectivos partidos não prosseguiram a luta para derrubar toda a burguesia imperialista de seu próprio país e capitulou diante dela traindo a revolução, entregando as armas, degenerando-se no podre caminho parlamentar.
O Presidente Gonzalo resumiu o problema com clareza, de que este não era o de frente antifascista, pois que os critérios revisionistas de Thorez, Togliatti, bem como Earl Browder centravam somente na luta contra o fascismo: “Na IC surgiu nos anos 20 dois problemas de grande repercussão, o problema da Alemanha, ou seja, a revolução em um país avançado e o problema da China, ou seja, a revolução em um país atrasado. Posteriormente, a situação se agudizou com o surgimento e o triunfo do fascismo e sobre como conceber a Frente; havia critérios revisionistas de Togliatti e Thorez que buscavam sustentar a ordem e não derrubá-la e centravam somente na luta contra o fascismo.” (PCP, Linha Internacional).
A luta de duas linhas no seio da Comintern, durante o período do VII Congresso (1935-1943), desenvolveu fundamentalmente entre a linha de esquerda representada pelo camarada Stalin, o Presidente Mao e o camarada Dimitrov, contra as ideias, critérios, posições e linha oportunista de direita do trotskismo, de Browder, Tito, Togliatti e Thorez.
O Presidente Mao estabeleceu com clareza e correção que a linha revisionista no PCUS “surgiu no XX Congresso e foi sistematizada no XXII Congresso do PCUS” (Acercado Falso Comunismode Kruschovesuas Lições Históricaspara o Mundo). Para que o revisionismo pudesse se impor nos partidos onde predominavam posições direitistas, esses partidos tiveram que realizar sucessivos congressos para modificar sua linha ideológica e política, que fora então orientada pela Internacional Comunista com seu VII Congresso, e substituí-la pelo mais apodrecido revisionismo. Tal como ocorreu com os X Congresso do Partido Comunista da Itália e o VIII Congresso do Partido Comunista da Bulgária. O X Congresso do Partido Comunista da Itália substituiu a luta pela revolução proletária e a ditadura do proletariado pelo “caminho das reformas estruturais”.
O Presidente Mao definiu que o surgimento do revisionismo moderno se dá “a partir da Segunda Guerra Mundial, o movimento comunista internacional,ao lado de um grande desenvolvimento produziu sua antítesedentro de suas próprias fileiras, ou seja, uma contracorrente revisionista oposta ao socialismo, ao marxismo-leninismo e à revolução proletária. Esta contracorrente foi principalmente representada primeiro por Browder, mais tarde por Tito e agora por Kruschov. O revisionismo de Kruschov não é outra coisa que a continuação e o desenvolvimento do revisionismo de Browder e de Tito.” (PCCh, A Revolução Proletária e o Revisionismo de Kruschov)
Assim que a direita oportunista e revisionista dentro do Movimento Comunista Internacional está claramente definida e se desenvolveu em revisionismo moderno de Thorez, Togliatti, Tito e Kruschov. E que “Kruschov é um discípulo de Bernstein e Kautsky, e também de Browder e Tito… O revisionismo de Browder e o de Tito assim como a teoria das ‘reformas estruturais’ surgiram a partir da Segunda Guerra Mundial. Estas variedades de revisionismo são fenômenos locais no movimento comunista internacional. Porém o revisionismo de Kruschov, que surgiu e adquiriu predomínio na direção do PCUS, se converteu num grande problema de significação geral para o movimento comunista internacional, do qual depende o êxito ou o fracasso da causa revolucionária do proletariado internacional considerada em seu conjunto.” (idem).
O primeiro a plantear as posições do revisionismo moderno foi Earl Browder, já ainda nos anos de 1930. “Browder havia começado a revelar seu revisionismo ao redor de 1935. Rendia culto à democracia burguesa, renunciava à crítica necessária ao governo burguês e tomava a ditadura da burguesia pelo paraíso do comunismo. Seu lema era: ‘O comunismo é o americanismo do século XX’1
Com a formação da frente única antifascista internacional e nacional durante a Segunda Guerra Mundial, obcecou-se pela ‘democracia’, ‘o progresso’ e a ‘sensatez’ da burguesia, prosternou-se totalmente frente à burguesia e degenerou num capitulacionista dos pés à cabeça… Pregava que a Declaração de Teerã da União Soviética, dos Estados Unidos e Grã-Bretanha tinha aberto perante o mundo uma época de ‘prolongada confiança e cooperação’ entre o capitalismo e o socialismo e podia assegurar uma ‘paz estável por gerações’2 .” (idem)
Browder pretendeu dar aos debates e resoluções revolucionárias do VII Congresso da Internacional Comunista uma interpretação convergente com sua posição direitista de colaboração de classes. As posições de Browder foram duramente combatidas pela Internacional Comunista.
Os que buscam identificar a origem do revisionismo moderno no VII Congresso da Internacional Comunista estão repetindo a Browder, opõem o Presidente Mao a Stalin, e não fazem mais que ressuscitar a Trotsky e todos velhos paladinos do revisionismo. Sob a direção do camarada Stalin se desenvolveram duras lutas contra o revisionismo dentro do Partido Comunista e na Internacional Comunista, enquanto o camarada Stalin esteve vivo o revisionismo nunca pôde levantar sua cabeça e se impôr.
Após a dissolução da Comintern em 1943, os desvios de direita e o revisionismo, tal como o titoismo foi duramente combatido pelo camarada Dimitrov: “Com frequência perdemos de vista o fato de que, ainda que não existe a Comintern, os partidos comunistas formam uma frente comunista internacional única sob a liderança dos homens mais poderosos na experiência da luta contra o capitalismo e da construção do socialismo: o partido de Lenin e Stalin; que todos os partidos comunistas têm uma teoria científica como seu único guia para a ação – o marxismo-leninismo –, e que todos eles têm um mestre e guia universalmente reconhecido – o camarada Stalin – líder do glorioso partido bolchevique e a grande terra do socialismo”. (Georgi Dimitrov; Informe ao XVI Pleno do Comitê Central do Partido Operário (comunista) Búlgaro, julho de 1948)
Quanto aos erros do VII Congresso, consideramos que estes se deram principalmente quanto à aplicação de suas resoluções em cada país, pela existência de partidos que não estavam suficientemente maduros e por dirigentes oportunistas capitulacionistas, que não levaram a revolução até o fim e a venderam, por suposto. E quanto às limitações estas foram superadas com a solução dos problemas pelo Presidente Mao no desenvolvimento da Guerra Popular e triunfo da revolução na China, que com a Grande Revolução Cultural Proletária, suas magistrais contribuições deveniram-se em uma nova, terceira e superior etapa do marxismo, o Maoismo.
É dever dos partidos comunistas, em cada país, realizar um detido e sério balanço do processo histórico do movimento comunista de seu próprio país, diferenciando claramente o que são erros ocorridos no trabalho prático (problemas de aplicação) do que são erros de princípio (problemas com a concepção), separando marxismo de revisionismo, para servir ao justo, correto e cabal balanço desses extraordinários acontecimentos da história mundial, em geral, e da Revolução Proletária, em particular.
VI – Conclusão
O VII Congresso da Internacional Comunista foi um grande Congresso marxista-leninista dirigido brilhantemente pelo camarada Stalin que sentou bases para que a Revolução Proletária Mundial pudesse dar um poderoso salto, com o Maoismo e a Guerra Popular.
O Presidente Gonzalo, ressaltando o estabelecido pelo Presidente Mao, sublinhou quanto ao papel do camarada Stalin de que: “Há figuras históricas que requerem sempre distância temporal para sua cabal compreensão, há múltiplos casos na história; não entenderam que inclusive as figuras são historicamente reavaliadas, por vezes são esquecidas e logo são novamente desfraldadas ou reconhecidas em tais ou quais aportes e em todos os campos se dá, até na música pois, camaradas. Coloquemos um exemplo: hoje todos se deleitam escutando Bach e Bach era reconhecido no século passado? Não, se extraiu então, se reavaliou e teve que passar quanto tempo? Sabe de que fala essa camarada iraniana? Ela fala como cachorro de guarda, com pensamento emprestado, não é bom. Ao camarada Stalin não se pode condená–lo como se está fazendo, de qualquer jeito! Não, isso não se pode consentir.” (Presidente Gonzalo, I Congresso PCP, 1988)
Esta afirmação se reveste de um grande significado. Os avakianistas iranianos com o cacarejo de que “se precisa cem anos para frente para compreender a figura histórica do camarada Stalin,… há cem anos para combater!” Para nosso Partido, passados 67 anos do falecimento do camarada Stalin, ao lançar luz sobre a experiência histórica da revolução proletária e a ditadura do proletariado, sob a guia do marxismo-leninismo-maoismo, principalmente maoismo com os aportes de validez universal do Presidente Gonzalo, a grande e indemne figura do camarada Stalin se eleva mais e mais.
A realização da primeira Conferência Internacional Unificada e a fundação de uma Nova Organização Internacional do Proletariado é um grandioso acontecimento que marcará a história do MCI e da Revolução Proletária Mundial. Tal acontecimento, frente ao mais alto marco da gloriosa Internacional Comunista, seu VII Congresso, não pode nesta altura fazer um silêncio criminoso sobre o mesmo, menos ainda rebaixar-se ao julgamento trotskista e de demais revisionistas, como atualmente se destacam Avakian e Prachanda, senão que desfraldá-lo como decisivo e grandioso feito da história do MCI e da Revolução Proletária. Neste momento histórico, retirar das sombras a bandeira vermelha do VII Congresso, do papel do camarada Stalin e do camarada Dimitrov na direção do MCI e devolvê-la ao panteon de ouro do proletariado mundial é uma exigência peremptória para os comunistas de todo o mundo.
A história do MCI não é simplesmente para recordação ou informação. Para nosso Partido é principalmente uma arma de combate e de grandes lições positivas e negativas na luta contra o revisionismo e o oportunismo, como condição para se cumprir o que predisse o Presidente Mao “dentro dos cinquenta a cem anos”, o do varrimento completo do imperialismo e toda a reação da face da terra pela Revolução Proletária Mundial.
Viva o Centenário da Gloriosa Internacional Comunista!
Viva a vitória contra o trotskismo, o revisionismo e todo oportunismo na IC!
Viva seu grandioso VII Congresso e a firme, resoluta e sábia direção do camarada Dimitrov!
Viva a magistral direção do camarada Stalin na IC e seu VII Congresso, na Frente Antifascista Mundial e na Grande Guerra Pátria!
Viva o 75o Aniversário da vitória contra o nazifascismo!
Viva o Presidente Mao, desenvolvedor da Frente Única Revolucionária e da Teoria dos Três Instrumentos Fundamentais da Revolução!
Viva o Presidente Gonzalo, continuador de Marx, Lenin e Presidente Mao, maior marxista-leninista-maoista vivente sobre a face da terra e seu pensamento todo-poderoso!
Abaixo o revisionismo e todo oportunismo!
Viva o marxismo-leninismo-maoismo, principalmente maoismo e os aportes de validez universal do Presidente Gonzalo!
Viva a invencibilidade da Guerra Popular e sua vigência universal!
Partido Comunista do Brasil – P.C.B.
Comitê Central
Fevereiro de 2020
1 IX Comentário à carta do PCUS de julho de 1964: “O comunismo de Kruschov e as lições que dá ao mundo”.
2 Willian Z. Foster, citando Browder em “A História do Partido Comunista dos Estados Unidos”
3 E. Browder “Teerã: Nosso Caminho na Guerra e na Paz”.
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