Saturday, November 19, 2022

Brasil - A nova democracia - PE: Extrema-direita promove ataques contra MST e picha suásticas -Bolsonaro instigou atentados contra a luta pela terra

PE: Extrema-direita promove ataques contra MST e picha suásticas

Grupo de extrema-direita ataca Centro de Formação Paulo Freire em PE. Foto: Reprodução/ Associação Juízes para a Democracia

Um grupo da extrema-direita realizou um ataque contra o Centro de Formação Paulo Freire do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado no assentamento Normandia, em Caruaru (PE). Os bolsonaristas invadiram e incendiaram a casa da coordenadora do movimento e picharam suásticas e a palavra “mito” nas paredes do centro. O atentado político foi realizado por pelo menos quatro delinquentes, que vestiam camisas amarelas  quando promoveram os ataques na madrugada do dia 12 de novembro.

De acordo com a direção do MST de Pernambuco, a ação ocorreu durante uma festa de vaquejada que ocorria no Parque de Vaquejada Milanny, em frente ao assentamento. 

Membros da Associação Juízes para a Democracia (AJD) visitaram o assentamento Normandia no dia seguinte (13/11), como parte da programação do Encontro Nacional da AJD e, ao chegar no local, se depararam com as pichações nazistas nas paredes. Em nota divulgada no Twitter, a organização declarou “toda a solidariedade ao Centro de Formação Paulo Freire, localizado no assentamento Normandia, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco”. Anos antes, em 2019, uma ação de despejo contra os camponeses foi barrada pela organização popular.

Grupo de extrema-direita ataca Centro de Formação Paulo Freire em PE. Foto: MST

Em relatórios enviados pelas Polícias Militar, Civil e Federal e pelo Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal (STF), indica-se o perfil dos líderes e financiadores dos protestos golpistas, do qual faz parte a vaquejada desde onde saíram os delinquentes que atacaram o Centro de Formação do MST: estes são principalmente latifundiários, assim como políticos reacionários, policiais e servidores públicos.

O ataque é parte da movimentação golpista da extrema-direita que, instigados por décadas de discursos reacionários e anticomunistas, realiza atentados e provocações contra ativistas e especialmente contra a luta pela terra. Se tratam dos “mais ferozes inimigos do povo e da soberania nacional”, segundo já denunciado pelo Editorial semanal Resistir à ofensiva contrarrevolucionária na nova situação, que também aponta que estes reacionários “conformam um movimento relativamente centralizado, do ponto de vista político, fortemente armado e suficientemente disposto a servir como tropa de choque terrorista da contrarrevolução”. O mesmo editorial afirma que “a luta contra as falanges bolsonaristas e outras hordas fascistas exigirá necessariamente golpeá-las medida por medida e com toda a fúria”.

Cerca de um mês antes, em 20 de outubro, um ataque da extrema-direita incendiou a casa de um camponês da Área Revolucionária Cleomar Rodrigues, no norte de Minas Gerais. A Liga dos Camponeses Pobres denunciou que “os latifundiários se armam cada vez mais à luz do dia e seguem cometendo seus crimes, com total cobertura do velho Estado” e afirmou que “nenhum ataque poderá deter a justa luta pela terra!”.

Bolsonaro instigou atentados contra a luta pela terra

Essas ações contra movimentos camponeses, dentre outras, é resultado da apologia do presidente de turno, Bolsonaro, que tachou inúmeras vezes a luta pela terra como terrorismo.

Em 1º de maio de 2021, na abertura da exposição agropecuária em Uberaba, em 1º de maio de 2021, o fascista Bolsonaro louvou os latifundiários ladrões de terra da União e atacou a Liga dos Camponeses Pobres (LCP): “O nosso governo poucas invasões tivemos (sic) no campo, … Se bem que, deixo claro, temos um foco mais grave que os malefícios causados pelo MST em Rondônia. Nós temos aqui um exemplo da LCP, Liga dos Camponeses Pobres, que tem levado terror ao campo naquele estado. Estive reunido esta semana com o governador, ministro da justiça, para traçarmos uma estratégia de como conter este terrorismo, que obviamente começa no campo e com toda certeza pode ir pra cidade.”

Na semana seguinte, durante a inauguração da ponte sobre o rio Madeira, divisa de Rondônia e Acre, Bolsonaro mais uma vez voltou a atacar e ameaçar a LCP afirmando que “não tem espaço aqui pra grupo terroristas. Nós temos meios de fazê-los entrar no eixo e respeitar a lei.” 

Em resposta, a LCP afirmou decididamente, em nota pública disponível no portal Resistência Camponesa: “Terroristas são os latifundiários ladrões de terra, que com seus bandos armados de pistoleiros ou se utilizando diretamente das próprias forças policiais a seu serviço, esses sim, causam verdadeiro terror no campo, cometendo toda sorte de crimes e atrocidades, assassinando impunemente camponeses e demais lutadores do povo”. E destacou ainda que é preciso mobilização das massas “em lutas cada vez mais contundentes” para "barrar estes sinistros planos da reação”.

Os camponeses ainda declaram que os ataques não vão parar a luta pela terra, denunciando que: “Buscam tachar essa luta como guerrilha, pois bem, se assim querem, quanto mais repressão, mais ódio de classe e maior resistência”.

 

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