Pinturas feitas por prisioneiros de guerra do PCP
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Na manhã de 18 de junho, os prisioneiros políticos de guerra
rebelados apresentaram ao velho Estado peruano um documento
reivindicando direitos e denunciando as péssimas condições carcerárias a
que os presos políticos eram submetidosNessa mesma manhã, reunia-se, na capital Lima, o congresso da Internacional Socialista, da qual o Partido Aprista Peruano, do então presidente Alan García, tomava parte. Após a explosão da rebelião, o Conselho de Ministros e o comando das forças armadas reacionárias se reuniram com Alan García. Os presídios de Lurigancho, El Callao, El Frontón e seus arredores foram declarados “zona militar restrita” e foi dada a ordem de ataque das forças armadas.
A marinha invadiu El Frontón às 16h30. Começava a sanguinária “Operação Selvagem”. Foram 96 horas de horror. Bombardeios e armas de guerra contra homens e mulheres desarmados, que impuseram feroz resistência.
Os prisioneiros de guerra, vanguardeados pelos militantes do PCP, lutaram até tombar o último combatente.
A gerência fascista aprista tudo fez para tentar justificar e abafar a repercussão dos crimes e matanças perpetrados pelo velho Estado na imprensa internacional. Mais uma vez, a exemplo do que ocorreu na Alemanha em 1919 com os dirigentes revolucionários Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, um governo da “Social Democracia” comandou o assassinato de revolucionários e das massas.
Uma resolução especial do PCP proclamou o 19 de junho como o Dia da Heroicidade, reconhecido e assumido por vários partidos comunistas e organizações revolucionárias em todo o mundo.
1992: resistência derrota plano genocida de Fujimori
Nos dias 7, 8 e 9 de maio de 1992, já sob o gerenciamento fascista de Fujimori, as forças armadas reacionárias levaram a cabo a chamada operação “Mudança I”, que era anunciada como uma suposta transferência de 135 prisioneiras de guerra do presídio de Castro Castro para o de Santa Mônica.Os prisioneiros e prisioneiras de guerra, que sabiam se tratar de mais um ataque genocida, se entrincheiraram nos pavilhões e resistiram durante três dias.
No dia 7, as forças armadas reacionárias abriram fogo com rajadas de metralhadoras e bombas disparadas indiscriminadamente contra os pavilhões. Os prisioneiros de guerra resistiram e responderam armados de paus, pedras, lanças improvisadas e água fervente, chegando a rodear e tomar de assalto as posições de grupos das tropas que invadiram os pavilhões. Nesse dia estavam presentes o ministro do Interior, Juan Briones Dávila, e o chefe do estado maior do exército, Nicolás de Bari Hermoza, além do assessor do exército reacionário, Vladimiro Montesinos.
Também nesse dia, o genocida Alberto Fujimori deu a seguinte declaração à imprensa: “Estamos aplicando a estratégia integral contra o terrorismo. Agora que já não temos a oposição obstrucionista que bloqueava a ação do governo, vamos aplicar integralmente esta estratégia” [fonte: agenciaperu.com].
A estrada que levava ao presídio foi bloqueada pelas forças armadas reacionárias para impedir a chegada de familiares dos prisioneiros e da imprensa e para tentar ocultar o crime hediondo ali perpetrado.
Bombardeios aéreos destruíam os pavilhões e franco-atiradores do exército reacionário postados nos telhados atiravam contra os prisioneiros de guerra, que resistiram com heroísmo até a tarde do dia 9, quando um novo bombardeio derrubou a parede do prédio onde eles se entrincheiravam.
Cumprindo a decisão da direção do partido, os dirigentes do PCP, por ordem de responsabilidade, sairiam primeiro, com as mãos ao alto, caminhando lentamente e entoando o hino A Internacional. À frente marchavam altivos os dirigentes Tito Valle Travezaño e Yovanka Pardavé.
Covardemente, os militares abriram fogo executando-os friamente. O mesmo se deu com os demais. Ao todo, 41 prisioneiros, entre homens e mulheres, foram assassinados pelo Estado reacionário. Militares encapuzados percorriam freneticamente as ruínas com uma lista de nomes de dirigentes que deveriam ser identificados e mortos caso houvessem sobrevivido ao ataque. Relatos de sobreviventes dão conta que os prisioneiros de guerra que não haviam sido mortos pelas balas e bombardeios assassinos das forças de repressão, mas foram barbaramente torturados e assassinados.
Férrea Resistência Feroz
Um ano após a heroica resistência de Lurigancho, El Callao e El Frontón, o Presidente Gonzalo, chefatura do PCP, pronunciou o discurso intitulado “Dar a vida pelo Partido e a Revolução”. Em seu discurso, de junho de 1987, o Presidente Gonzalo assinalou que “o pretendido golpe devastador e decisivo acabou caindo sobre a cabeça de quem o engendrou”. “Assim, a rebelião dos prisioneiros de guerra, ao custo de sua própria vida, conquistou para o Partido e a Revolução um grandioso triunfo moral, político e militar”. “Os prisioneiros de guerra, como personagens da história, seguem ganhando batalhas além da morte, pois vivem e combatem conosco, conquistando novas vitórias. Sentimos palpitante e luminosa sua robusta e indelével presença ensinando-nos hoje, amanhã e sempre, a dar a vida pelo Partido e a Revolução”.Em 1989, por ocasião do terceiro aniversário do Dia da Heroicidade, o PCP editou um pequeno livreto com desenhos feitos a mão e a narrativa da “Férrea Resistência Feroz” dos prisioneiros de guerra nas Luminosas Trincheiras de Combate.
Por ocasião do 29º aniversário do Dia da Heroicidade, publicamos trechos das narrativas desse livreto intitulado “Dia da Heroicidade”, dividido em três capítulos: “Dar a vida pelo Partido e pela Revolução!”, “Férrea Resistência Feroz” e “Resistencia Feroz: ‘Bronquios’ (El Frontón)”.
Os militantes comunistas transformaram os presídios em Luminosas Trincheiras de Combate
“O inesgotável seio do povo os nutriu com fartura e os pôs a
andar, a luta de classes foi modelando sua mente e o Partido, como a
primeira e mais alta forma social, elevou sua consciência, armando-os
com o marxismo-leninismo-maoísmo-pensamento guia.Potenciou sua combatividade organizando-os em Exército Guerrilheiro Popular e fundindo-os com as massas do campesinato pobre, transformou em aço seu corpo e espírito na forja inextinguível da guerra popular.
Transformaram as sórdidas masmorras do caduco e podre Estado peruano em Luminosas Trincheiras de Combate.
A rebelião dos prisioneiros de guerra é o desmascaramento e a condenação pública ante o mundo destes sinistros planos de matança massiva.
Plasmam a trilogia monumental das luminosas trincheiras de combate de Frontón, Lurigancho e El Callao.
‘Puka!’* Foi a voz de comando para avançar aos guardas, tomá-los como reféns e conquistar armas.
Os combatentes em seus postos, coesos,reafirmaram fazer a Resistência Feroz.
Vêm os marines genocidas! Não passarão!
Ao crepúsculo começa a Resistência Feroz. Ray foi o primeiro combatente tombado.
A direção é derrubada pela explosão. Se reincorporou e segue combatendo.
A onda expansiva das granadas nos arrancam de nossas trincheiras, mas voltamos com mais firmeza.
Transporte dos feridos pelas trincheiras de combate.
Demolido o primeiro piso, ao amanhecer, sedenta de mais sangue, a sinistra marinha centra seu ataque na cozinha.
Florescem as torrentes da heroicidade.
Os chupadores de pus, em seu louco desespero, atacam com peças de artilharia, lançando canhonaços contra a cozinha. Porém, com iracundo ódio de classe, percorrendo as sombras, uma bala certeira destroçou seu canhão.
‘Honra e glória aos camaradas combatentes caídos! Viva o Presidente Gonzalo! Viva o Partido Comunista do Peru!’ — gritou o companheiro Augusto!
Com arrogância os fantoches pedem rendição, obtendo a seguinte resposta: ‘Que se renda sua mãe, entra covarde, filho de uma cadela!’.
Cumprida a Resistência Feroz, aproximadamente 60 companheiros gravemente feridos foram concentrados em celas. Retiravam um a um. Torturando-os, obtiveram como resposta estremecedoras agitações, e logo os fuzilaram.
Isto não ficará impune. Este sangue que estamos derramando, vocês vão o pagar. A Revolução triunfará. Os estamos varrendo. Temos bases e apoio.
Seus covardes, vocês não podem nem lá com a guerrilha , nem aqui com os prisioneiros de guerra.
Triunfaremos!
No ato de nosso fuzilamento, cada bala que atravessava nosso corpo, nos fazia arder mais o ódio de classe.
Até o comunismo, camaradas! Até o triunfo, camaradas!”
* Puka, do Quechua, idioma dos povos andinos, que quer dizer vermelho.
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