Emmanoel Bezerra dos Santos nasceu em 17 de junho de 1943, em Praia de Caiçara, Município de São Bento do Norte/RN.
Foi destacado líder estudantil,
presidente da Casa do Estudante quando cursou a Faculdade de Sociologia e
destacou-se nos estudos do marxismo-leninismo, sendo ardente defensor
da ciência do proletariado nas acaloradas discussões com os colegas e
companheiros. Também organizou a bancada dos estudantes potiguares para o
histórico congresso da Une em Ibiúna, SP, onde foi preso com os demais
companheiros pelo regime militar fascista.
Assim desde a juventude Emmanoel Bezerra
se debruçou na luta revolucionária pela libertação do povo brasileiro,
organizando o movimento estudantil e ajudando a construir o PCR, Partido
Comunista Revolucionário, que levaria adiante a revolução democrática e
antiimperialista no país.
Em 1973, juntamente com Manuel Lisboa,
foi preso e barbaramente torturado. Mas a justa compreensão da causa de
milhões e milhões de explorados o manteve firme e não entregou nada aos
agentes do regime militar fascista.
Militância Política
Estudou na Escola Isolada São Bento do
Norte, onde fez o curso primário. Em 1961 transfere-se para Natal,
passando a residir na Casa do estudante e a estudar no Colégio Estadual
do Atheneu Norteriograndense. Quando cursava a 3a. série do curso
ginasial, Emmanuel, juntamente com outros colegas, funda o jornal O
Realista, voltado para a denúncia política das misérias da nossa
sociedade. Logo em seguida, já na época da ditadura militar, Emmanuel
cria "O Jornal do Povo", publicação libertária com correspondentes em
vários municípios do Estado. No Atheneu estuda até o 1o. ano clássico,
1965.
Em 1966 fica doente e perde o ano
letivo, recuperando-se imediatamente com o supletivo e presta exame
vestibular, ingressando na Faculdade de Sociologia da Fundação José
Augusto em 1967. Neste ano é eleito delegado ao XIX Congresso da UNE em
São Paulo. Também é eleito presidente da Casa do Estudante, onde realiza
uma administração marcada pelo dinamismo, ousadia e eficiência. A Casa
do Estudante é transformada em uma forte trincheira de luta do movimento
estudantil (secundaristas e universitários) de Natal. Torna-se, em
1968, na gestão de Ivaldo Caetano Monteiro, diretor do Diretório Central
dos Estudantes da UFRN, desempenhando função de liderança no meio
universitário. A partir de 1966, Emmanuel passa a integrar o Partido
Comunista Brasileiro (PCB), sendo um dos principais articuladores e
teóricos da Luta Interna no velho partido, dele se afastando em 1967
para incorporar-se no Partido Comunista Revolucionário (PCR)
.
Com a edição do Ato Institucional no. 5,
Emmanuel é preso (dezembro de 1968), condenado cumprindo a pena até
outubro de 1969 em quartéis do Exército, Distrito Policial e finalmente
na Base Naval de Natal. Libertado, Emmanuel imerge na clandestinidade,
indo atuar politicamente (já como dirigente nacional do seu partido) nos
Estados de Pernambuco e Alagoas. Nesse período, realiza viagens ao
Chile e Argentina em missão do partido, buscando aglutinar exilados
brasileiros à luta em desenvolvimento no país. Além de militante
político, Emmanuel era uma pessoa voltada para a arte e cultura, tendo
participado dos movimentos artísticos desenrolados na capital Natal.
Rabiscou seus primeiros poemas adolescentes ainda na sua longínqua
Caiçara do Norte. Apesar das atribulações da vida clandestina, foi
possível salvar alguns dos poemas de sua autoria.
Circunstâncias da prisão e morte
Emmanuel foi preso no dia 04 de setembro
de 1973, às 08:30 horas no Largo da Moema, São Paulo, quando regressava
de viagem ao exterior. Conduzido para o DOI-CODI do II Exército, onde
passou a ser torturado brutalmente até a morte, junto com o seu
companheiro Manoel Lisboa de Moura, que havia sido aprisionado desde o
dia 17 de agosto em Recife. A necrópsia foi realizada pelo famigerado
legista Harry Shibata, o qual deve ter assinado o laudo sem ter
examinado o cadáver; não constatou as inúmeras marcas de torturas no
corpo de Emmanuel.
Em fotografia recuperada pelas entidades
de direitos humanos, fica evidenciada a violência sofrida por Emmanuel:
seu olho esquerdo está visivelmente inchado, seus lábios também estão
intumescidos, sua testa apresenta ferimentos, a base do seu nariz está
quebrada, seu lábio inferior está cortado e em volta do seu pescoço
desenha-se um colar de morte, como se fora feito a fogo. Foi sepultado,
ao lado de Manoel Lisboa, no cemitério de Campo Grande, como indigente.
Situação atual
Em 13 de março de 1992 seus restos
mortais foram exumados, periciados e identificados pela equipe de
legistas da UNICAMP. Trasladados para Natal em julho de 1992, os
despojos seguiram em cortejo para São Bento do Norte e em meio a grande
comoção da comunidade local, foram enterrados no cemitério da cidade.
Emmanuel recebeu diversas homenagens do povo do Rio Grande do Norte: a
Escola Isolada de São Bento do Norte, tem hoje o seu nome; o Grêmio
Estudantil da Escola Estadual João XXIII, também é homenageado, e é nome
de rua no bairro de Pitimbu, em Natal.
Mais informações em: www.dhnet.org.brÀs gerações futuras
Emmanoel Bezerra
Eu vos contemplo
Da face oculta das coisas.
Meus desejos são inconclusos,
Minhas noites sem remorsos.
Eu vos contemplo,
Pelas grades insensíveis.
Meu sonho,
é uma grande rosa.
Minha poesia,
Luta .
Eu vos contemplo
Da virtual extremidade.
Minha vida (pela vossa).
Meu amor,
Vos liberta
Eu vos contemplo
As grades esmaecem.
Da própria contingência
Mas minha força
É imbatível
Porque estais
À espera.
Eu vos contemplo
Do fogo da batalha.
Meus soldados
Não se rendem.
O grande dia
Chegará
Eu vos contemplo
Gerações futuras,
Herdeiros da paz e do trabalho
Ante o meu contemplar.
No comments:
Post a Comment