- camaradas no se puede utilizar con tanta superficialidad la plabra 'genocidio'
- redaccion de Maoistroad
- Giovanna Schaidhauer da AND Brasil
Colômbia: Exército reacionário realiza genocídio contra 11 camponeses
Corpos dos camponeses de Putumayo estirados.
Na comunidade rural pesqueira de Alto Remanso, em Putumayo, 11 camponeses foram assassinados (entre eles um menor de 16 anos e uma grávida), no dia 28 de março, após uma operação do Exército colombiano atirar contra famílias reunidas em um bazar para angariar fundos para a conclusão de construções na comunidade. Além dos 11 assassinados, outros quatro camponeses ficaram feridos, inclusive uma outra grávida.
Antes do massacre cometido, já haviam sido feitas denúncias à Defensoria Pública de que o Exército estava cometendo ações arbitrárias de “retenções” e acossamento contra as famílias camponesas de Putumayo. Os camponeses eram fotografados pelos soldados quando encontrados sem documentos durante o trabalho no campo, entre outras perseguições recorrentes por anos. Mesmo com as denúncias, o velho Estado burocrático-latifundiário nada fez para impedir a matança.
O massacre do dia 28/03 ocorreu numa segunda-feira de manhã, às 7h, enquanto as famílias, cerca de 70 pessoas, descansavam no quiosque comunitário onde havia sido realizado o festival durante o final de semana, com venda de comidas e bebidas para que a escola da comunidade pudesse terminar de ser construída. O Exército reacionário chegou ao local vestindo preto com a calça oficial do exército, atirando com fuzis contra os camponeses. Haviam, entre os soldados, franco-atiradores e mesmo a Força Aérea e a Força de Reação Imediata tomaram parte no crime.
O líder indígena da comunidade, Pablo Panduro Coquinche, foi derrubado com um tiro na perna e assassinado com outro tiro na cabeça enquanto tentava fugir do tiroteio. Um fuzil foi colocado ao seu lado para o fazer passar por “guerrilheiro”. Entretanto, todos os vídeos e fotos dos presentes no local durante todo o bazar mostram que o camponês não estava de forma alguma armado.
Líder indígena querido pela população local é assassinado e colocado como "narcotraficante" pelo Exército. Foto: Reprodução
Além de Pablo, o presidente da associação comunitária e sua esposa grávida foram assassinados, assim como um jovem menor de 16 anos, morto enquanto tentava correr para a sua casa. Outros nove camponeses da comunidade foram assassinados e quatro pessoas ficaram feridas. Todos os corpos foram movidos de lugar.
O presidente da associação comunitária e sua mulher grávida foram assassinados pelo Exército colombiano. Foto: Reprodução
Uma jovem grávida foi atingida por um disparo enquanto se escondia em sua casa e teve de ficar sangrando e agonizando em silêncio durante pelo menos meia hora, para não chamar a atenção dos militares. Após o massacre, sua casa foi invadida por soldados e um deles, armado com pistola e vestido com uma blusa que não era do exército, começou a gritar “onde estava a guerrilha!?”.
Os presentes que se salvaram, fizeram-no pois conseguiram fugir o mais rápido possível, se atirando de barrancos, em rios ou fugindo em canoas, etc.
Brayan Santiago Pama, menor de 16 anos assassinado pelo Exército Colombiano em Putumayo. Foto: Reprodução.
Velho Estado defende a operação
De acordo com o Exército reacionário, acontecia, ali, uma operação de captura de um “guerrilheiro narcotraficante” chamado “Alias Bruno”, fruto de uma longa investigação e infiltração do exército em uma “dissidência das FARC”. Vídeos foram divulgados pelo Exército e mostravam homens fortemente armados em uma comunidade rural, acusados de serem parte da comunidade camponesa de Alto Remanso.
Entretanto, a “infiltração e investigação” do Exército reacionário ocorreu em outra área rural, a centenas de quilômetros de distância, na comunidade de Concepción. Os vídeos divulgados de homens armados são, na verdade, de Concepción, e não há nenhum “Alias Bruno” em Alto Remanso.
Além disso, o exército divulgou o massacre afirmando que nove dos 11 assassinados seriam “narcotraficantes das FARC” (inclusive a mulher do presidente da associação comunitária), assim como foi manipulado que teriam “quatro capturados”. Outra mentira. As quatro pessoas "capturadas" eram, na verdade, as quatro pessoas feridas à bala que tiveram de ser levadas às pressas até o hospital de uma base militar.
O Ministro da Defesa Nacional da Colômbia, o genocida Diego Molano, publicou em seu Twitter logo após o massacre: “Graças a operações ofensivas da Força Pública, que continuam a se desenvolver, contra dissidências das Farc, neutralizamos 9 criminosos e capturamos 4 a mais em Puerto Leguízamo, Putumayo. #ComTodasNossasForças protegemos a Colômbia de esses #SímbolosDoMal.”
“Falsos positivos”
Os chamados “falsos positivos” na Colômbia foi como ficaram conhecidos os assassinatos de cerca de pelo menos 6.402 pessoas (por estatísticas oficiais) durante os sete anos do governo de Alvaro Uribe Velez para “mostrar serviço” no combate às Farc. O presidente ultrarreacionário impulsionava e incentivava as milhares de ações levadas a cabo pela polícia e o Exército de assassinar principalmente camponeses e alegar que eram “narcotraficantes das Farc”, inflando os números de “guerrilheiros mortos”, exibindo-os ao imperialismo ianque e às classes dominantes colombianas como processo de “estabilização” do país.
Essa política de massacre inaudito do povo colombiano, comparável aos tempos coloniais, continua a acontecer, como demonstra o caso de Putumayo.
Montagem de operações
Além disso, ao mesmo tempo em que são denunciados os crimes de Putumayo, dez policiais (entre eles altos oficiais) estão sendo investigados por sua participação na montagem de um falso centro de usuários de drogas na casa abandonada de uma idosa na cidade Pereira (departamento de Risaralda). Filmagens montadas expunham policiais filmando um suposto centro de usuários e assaltantes nessa cidade, com pessoas usando drogas.
Um mega-espetáculo midiático, com a presença de Diego Molano (Ministro da Defesa) foi montado para a destruição da casa da senhora com retroescavadeiras. O ministro discursou no local e a imprensa recebeu um convite formal da polícia: “Derrubar esses muros de medo para que cresçam os esforços de esperança, derrube esses covis de ladrões, para que a segurança retorne, para que as possibilidades de diversão , recreação, caminhadas para idosos e jovens; e que as famílias possam fazer isso sem medo e com tranquilidade”, destacou Molano.
Carlos Andrés Sánchez, neto dos proprietários desta casa, afirma que até um mês atrás, sua avó Teresa morava na propriedade, além disso, disse também que nunca houve um processo judicial contra a casa por suposto uso ou tráfico de drogas (apenas por risco de desabamento). Ele afirma que a família já foi inclusive ameaçada por gangues locais após a “operação” porque, de acordo com a polícia, estariam vendendo drogas há 10 anos ali.
Um vizinho relata que um dia antes do “ato público” abriu a porta da casa para a polícia, que a adentrou com uma câmera e acompanhada de moradores de rua.
Guerra para manter o povo na miséria
A imprensa popular e democrática El Comunero, da Colômbia, afirma que o massacre de Putumayo demonstra que o “velho Estado podre” só protege aos ricos e latifundiários, que são os que se beneficiam da guerra por despejar terras e manter o povo na miséria.
No país, 1% de latifundiários detém 86% das terras, enquanto os camponeses representam, em estatísticas oficiais, quase 50% da população. Um milhão de famílias camponesas na Colômbia vivem em menos espaço do que uma vaca tem que pastar.
Por isso, o jornal El Comunero afirma: “o campesinato deve se organizar para lutar pela conquista da terra e para que os próprios camponeses a desfrutem e protejam.”.
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