Na
manhã da terça-feira dia 14 de junho de 2016, latifundiários e
pistoleiros cercaram e metralharam indígenas Guarani Kaiowá que lutavam
por suas legítimas terras. Foi assassinado com dois tiros o Guarani
Kaiowá Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, de 23 anos, que trabalhava
como agente de saúde indígena, e feridos gravemente pelo menos outros 6
indígenas, inclusive uma criança de 12 anos que foi atingida com um tiro
no abdômen.
Este é o primeiro massacre da gerência Temer contra o povo que luta pela terra.
Como relatou ao CIMI uma liderança
indígena que estava no local, os latifundiários, antes do ataque,
estiveram na área acompanhados pela Polícia Federal, Força Nacional de
Segurança, Polícia Militar e Polícia Civil. (ver reportagem completa da
Assessoria de Comunicação do CIMI em http://cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8774&action=read).
Reproduzimos trechos do relato:
“Após
a saída da polícia, um grupo de carros se aglomerou num ponto a cerca
de três quilômetros do acampamento indígena, e os observou por cerca de
quatro horas. Na terça-feira, por volta das sete da manhã, cerca de 200
carros se concentraram no mesmo local do dia anterior.”
“Às sete da amanhã,
começamos a avistar carro chegando no mesmo local de ontem”, relembra.
“Vinha mais de duzentos carros. Fizeram uma divisão, dois grupos: um
veio de um lado, pela divisa da aldeia, fizeram um cerco na gente. Do
outro lado, veio pá cavadeira [tipo de trator] e arrebentou a cerca, e
começaram a entrar pelo campo. Vieram atirando, atirando, tiroteio feio
mesmo, arma pesada”.
“A liderança segue no
relato: “A gente foi empurrado de volta pra aldeia. Eles continuaram
atrás e entraram na reserva, atacando. No meio desse ataque o filho da
nossa liderança caiu morto, as pessoas foram feridas”, conta S.T.”
“Tudo indica que a operação
massacre desencadeada contra a comunidade está longe de um fim. “Estamos
cercados aqui. Tá tudo rodeado, os fazendeiros estão em volta. Não
podemos nem entrar nem sair”, diz S.T. Ainda, os indígenas afirmam saber
quem são produtores rurais responsáveis pelos disparos.”
A motivação do bárbaro e covarde ataque, a reportagem do CIMI esclarece a seguir:
“Em maio, os indígenas estiveram em Brasília, pressionando pela publicação do relatório da terra indígena Dourados-Amambai Peguá. Sob pressão, a Funai assinou o relatório.
Dessa forma, a demarcação da terra indígena teria prosseguimento e o
massacre, para as lideranças indígenas, é uma forma criminosa e covarde
de intimidar as autoridades públicas e expulsar os Guarani e Kaiowá de
uma terra que lhes pertence.”
Este relatório foi assinado pela FUNAI
no dia 12 de maio de 2016, no dia seguinte à votação ocorrida no Senado
para dar prosseguimento ao processo de afastamento da gerência
Dilma/PT/PCdoB/PMDB, ocorrida no domingo 11 de maio de 2016.
Canalhas, demagogos e mentirosos! Este
relatório deve ter circulado nos gabinetes palacianos por anos a fio
durante a gerência Lula/Dilma/PT/PCdoB/PMDB, e só foi assinado quando
concretamente esta assinatura muito pouco iria adiantar.
Nos últimos anos, como mil vezes a Liga
dos Camponeses Pobres denunciou, inclusive com o recente documento
“CARTA ABERTA Contra a perseguição, ameaças e assassinatos de camponeses
e suas lideranças”, publicada em 29 de fevereiro de 2016 no site
Resistência Camponesa (http://www.resistenciacamponesa.com),
o Estado brasileiro desencadeou verdadeira operação de guerra para
aplastar a luta pela terra. E isto vem sendo realizado combinando
ataques pelo monopólio da imprensa criminalizando, desmoralizando e
demonizando camponeses, indígenas e remanescentes de quilombolas; com o
judiciário distribuindo reintegrações de posse a rodo para qualquer
latifundiário grileiro e ladrão de terras que se arrogar proprietário;
com a procrastinação eterna do poder executivo em regularizar os
territórios indígenas e quilombolas; e com a criação de batalhões
especiais da Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal e das
Polícias Militares para reprimir as massas que lutam pela terra. Além do
mais é o Estado, principalmente através do aparato militar, mas não só,
que fornece armamento, protege e dá fuga para os bandos de pistoleiros a
soldo do latifúndio, encarregados de assassinar lideranças e
aterrorizar as massas que lutam pela terra.
É a barbárie contundentemente denunciada
e explicada pelo Professor Ariovaldo Umbelino no artigo “Camponeses,
indígenas e quilombolas em luta no campo: a barbárie aumenta”, publicada
no relatório ‘Conflitos no Campo –Brasil 2015, organizado pela CPT’, e
reproduzida em partes na edição n.º 169 de A Nova Democracia (http://www.anovademocracia.com.br/no-169/6412-camponeses-indigenas-e-quilombolas-em-luta-no-campo-a-barbarie-aumenta ).
O ataque aos indígenas Guaranis no Mato
Grosso do Sul têm a assinatura da gerência Temer. Será possível que o
Gabinete de Segurança Institucional deste “governo”, chefiado pelo
General Etchegoyen (parente de torturadores do regime militar-fascista e
que por diversas vezes defendeu publicamente a tortura), que em última
instância é o responsável pela Força Nacional de Segurança e pela
Polícia Federal (que estiveram horas antes do ataque na Reserva Indígena
junto com os latifundiários), não sabia, nestes tempos em que tudo se
grava e tudo se ouve, sobre a ação criminosa dos latifundiários que
ocorreria horas depois? Será possível que as dezenas de caminhonetes,
carros e tratores utilizados para atacar os indígenas se deslocaram de
forma invisível, sem que seus objetivos fossem identificados? E após o
ataque, ninguém foi preso. Não é possível identificar os criminosos e
assassinos?
E então General Heleno, falastrão,
verdugo do povo haitiano e do povo pobre das favelas do Rio de Janeiro,
quem é que se arma, se organiza como milícia, realiza invasões ilegais
truculentas (os indígenas estavam em seu território reconhecido pelo
Estado). Será o “MST, o MTST, as Ligas de Camponeses Pobres e
congêneres”? http://m.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1776179-chefe-do-gsi-nomeado-por-temer-e-de-ala-que-ve-mst-com-preocupacao.shtml
E a cobertura do monopólio da imprensa? Vejamos como noticiou este crime premeditado o G1, da Globo, em 14/06/2016 às 15h29, Índio é morto e 6 ficam feridos em conflito no sul de MS, afirma Funai. Desde
quando um ataque deste é um conflito, que pressupõe dois lados em
confronto. E não bastasse a tergiversação, que dimensão foi dada a este
gravíssimo atentado ao povo indígena, dizimado em grande parte pelo
genocida Estado brasileiro? É certo que é infinitamente menor do que a
cobertura em tempo real da ação tresloucada de um americano em uma boate
por motivos de intolerância.
Este massacre foi mais um crime
premeditado. É o cartão de apresentação de Temer aos indígenas,
camponeses e quilombolas em luta pela terra, para deixar claro o papel
imutável do velho Estado brasileiro. E mais, este banho de sangue dos
Guaranis Kaiowás do Mato Grosso do Sul é um ato terrorista dos
latifundiários grileiros e ladrões de terras, e também do velho e
genocida Estado brasileiro de grandes burgueses e latifundiários,
serviçais do imperialismo contra todo o povo que se levanta por seus
direitos e contra toda essa politicalha corrupta e entreguista que
afundou o Brasil na crise.
Conclamamos todos a repudiar, denunciar e
levar à sociedade brasileira toda a dimensão deste massacre vil,
covarde e premeditado.
Conquistar a terra! Morte ao latifúndio!
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