Monday, June 16, 2014

Brasil - Ocupação da REItoria contra a criminalização do ME



Ocupação da REItoria da UnB prepara o Movimento Estudantil da universidade para grandes batalhas
Diante da postura autoritária adotada pela REItoria da UnB, expressa em constantes ataques, cortes de direitos e criminalização do movimento estudantil, os estudantes mobilizaram importante luta que culminou com a recente ocupação de seis dias do prédio da administração da universidade. O reitor Ivan Camargo, que desde os primeiros dias de sua gerência hostiliza os estudantes e executa um projeto nefasto de universidade, move verdadeira escalada repressiva contra o movimento estudantil, ameaça o bem-estar e a sobrevivência dos estudantes que recebem os direitos da assistência (são verificados recorrentes atrasos nas bolsas, insuficiências as mais diversas, humilhações são cometidas contra os estudantes), destrói o patrimônio público da UnB (vide o recém-privatizado restaurante universitário, que já aumentou o preço das refeições e criou um “espaço gourmet” confortável e que serve comida de qualidade a preços exorbitantes enquanto a imensa maioria dos estudantes tem de conviver com alimentação ruim, com insetos e demais violações) além de aplicar medidas para militarizar a universidade e transformá-la em uma instituição ainda mais elitizada e desvinculada do povo brasileiro.
A gestão do Diretório Central dos Estudantes – “Aliança pela Liberdade” – organização reacionária e que defende o mesmo projeto colonial de universidade encampado pela reitoria, cumpre o vil papel de fiadora de todos os ataques perpetrados contra o movimento estudantil. Portanto, as organizações combativas e os estudantes honestos da universidade travam árdua batalha para organizar a luta e resistir de forma independente. Desta feita, o elemento que serviu para detonar a revolta dos estudantes, foram os processos movidos pela administração da universidade contra 8 companheiros e companheiras que no ano de 2013 participaram de um catracaço (protesto com liberação das catracas) no R.U. A época, vigorosa mobilização se processava pelos direitos da assistência estudantil e contra a privatização do restaurante. Dos catracaços participaram mais de 3000 estudantes e a reitoria, deslegitimando uma autêntica manifestação política do movimento estudantil e buscando intimidar os lutadores e lutadoras, escolheu esse número restrito de pessoas para arcar com um suposto prejuízo de R$ 29.000 e correr o risco de jubilamento. Centros Acadêmicos de destacada atuação política também são perseguidos, processados e ameaçados de remoção, ao mesmo tempo que seus direitos de conseguir transporte para os encontros de curso são suprimidos.
No dia 5 de junho, reunidos em assembleia geral independente, organizada por fora da burocracia do DCE e que contou com a participação de mais de 300 pessoas, os estudantes construíram sua pauta de reivindicações que exigia, entre outras coisas, a extinção dos processos contra estudantes e centros acadêmicos e o fim da criminalização do movimento estudantil. Seguindo em ato até a reitoria, apresentaram a pauta e foram ignorados pelo reitor e seus decanos, que intransigentemente abandonaram a reunião que ocorria no auditório da administração e reiteraram a disposição de punir e processar militantes e CA’s. Revoltados com a arbitrariedade, os estudantes ocuparam o prédio da reitoria. No dia seguinte, dia 6 de junho, ocorreu nova assembleia estudantil que deliberou pela continuidade da ocupação e demarcou campo com os partidos oportunistas: alegando divergência tática, PSOL, PSTU, PT, satélites em geral manifestaram sua costumeira covardia votando pela desocupação e, quando derrotados, se puseram em retirada.
Os estudantes permaneceram, construíram atividades políticas e culturais, transformaram a ocupação em pulsante polo mobilizador e, quando veio à ameaça de reintegração de posse, decidiram se preparar para resistir, puseram barricadas nos acessos da reitoria e deram mostras de inequívoca bravura. O reitor, de mãos dadas com o DCE e com o monopólio dos meios de comunicação, moveu cruzada contra a ocupação, deu entrevista afirmando que a universidade vivenciava um clima de “guerra civil”, preparando o terreno para a violenta intervenção policial. O movimento de ocupação travou batalha ideológica, rechaçou o fascismo e terrorismo levados a cabo pelos traidores do Diretório Central, pelo reitor e pela imprensa. Professores apoiaram a ocupação. Uma professora de antropologia ministrou sua aula de introdução no prédio da reitoria.
Na terça-feira, dia 10 de junho, ocorreu à negociação. O reitor apresentou proposta que foi aceita pelos estudantes e que, a princípio, garantia a extinção dos processos. Foi votada a desocupação do prédio depois da assinatura do acordo em assembleia que reuniu, novamente, mais de 300 estudantes. Depois a reitoria voltou atrás, mudou alguns termos do acordo que lhe permitiam seguir com os processos. A decisão de desocupar a reitoria foi mantida, mas os estudantes saíram com a certeza de que a palavra dos fascistas que gerenciam a universidade não vale absolutamente nada, de que não podemos confiar nunca na burocracia e que devemos continuar altivos e em constante alerta.
Foi dado um primeiro e importante passo para a construção de uma ampla e massiva campanha contra a criminalização do movimento estudantil na Universidade de Brasília. A prática tratou de demonstrar, mais uma vez, que só a luta combativa e independente é capaz de produzir verdadeiras conquistas e que o oportunismo eleitoreiro dos partidos da “esquerda” oficial deve ser repudiado e colocado no campo inimigo.

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