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Ocupação da REItoria da UnB prepara o Movimento Estudantil da universidade para grandes batalhas
Diante da postura autoritária adotada
pela REItoria da UnB, expressa em constantes ataques, cortes de direitos
e criminalização do movimento estudantil, os estudantes mobilizaram
importante luta que culminou com a recente ocupação de seis dias do
prédio da administração da universidade. O reitor Ivan Camargo, que
desde os primeiros dias de sua gerência hostiliza os estudantes e
executa um projeto nefasto de universidade, move verdadeira escalada
repressiva contra o movimento estudantil, ameaça o bem-estar e a
sobrevivência dos estudantes que recebem os direitos da assistência (são
verificados recorrentes atrasos nas bolsas, insuficiências as mais
diversas, humilhações são cometidas contra os estudantes), destrói o
patrimônio público da UnB (vide o recém-privatizado restaurante
universitário, que já aumentou o preço das refeições e criou um “espaço
gourmet” confortável e que serve comida de qualidade a preços
exorbitantes enquanto a imensa maioria dos estudantes tem de conviver
com alimentação ruim, com insetos e demais violações) além de aplicar
medidas para militarizar a universidade e transformá-la em uma
instituição ainda mais elitizada e desvinculada do povo brasileiro.
A gestão do Diretório Central dos
Estudantes – “Aliança pela Liberdade” – organização reacionária e que
defende o mesmo projeto colonial de universidade encampado pela
reitoria, cumpre o vil papel de fiadora de todos os ataques perpetrados
contra o movimento estudantil. Portanto, as organizações combativas e os
estudantes honestos da universidade travam árdua batalha para organizar
a luta e resistir de forma independente. Desta feita, o elemento que
serviu para detonar a revolta dos estudantes, foram os processos movidos
pela administração da universidade contra 8 companheiros e companheiras
que no ano de 2013 participaram de um catracaço (protesto com liberação
das catracas) no R.U. A época, vigorosa mobilização se processava pelos
direitos da assistência estudantil e contra a privatização do
restaurante. Dos catracaços participaram mais de 3000 estudantes e a
reitoria, deslegitimando uma autêntica manifestação política do
movimento estudantil e buscando intimidar os lutadores e lutadoras,
escolheu esse número restrito de pessoas para arcar com um suposto
prejuízo de R$ 29.000 e correr o risco de jubilamento. Centros
Acadêmicos de destacada atuação política também são perseguidos,
processados e ameaçados de remoção, ao mesmo tempo que seus direitos de
conseguir transporte para os encontros de curso são suprimidos.
No dia 5 de junho, reunidos em
assembleia geral independente, organizada por fora da burocracia do DCE e
que contou com a participação de mais de 300 pessoas, os estudantes
construíram sua pauta de reivindicações que exigia, entre outras coisas,
a extinção dos processos contra estudantes e centros acadêmicos e o fim
da criminalização do movimento estudantil. Seguindo em ato até a
reitoria, apresentaram a pauta e foram ignorados pelo reitor e seus
decanos, que intransigentemente abandonaram a reunião que ocorria no
auditório da administração e reiteraram a disposição de punir e
processar militantes e CA’s. Revoltados com a arbitrariedade, os
estudantes ocuparam o prédio da reitoria. No dia seguinte, dia 6 de
junho, ocorreu nova assembleia estudantil que deliberou pela
continuidade da ocupação e demarcou campo com os partidos oportunistas:
alegando divergência tática, PSOL, PSTU, PT, satélites em geral
manifestaram sua costumeira covardia votando pela desocupação e, quando
derrotados, se puseram em retirada.
Os estudantes permaneceram,
construíram atividades políticas e culturais, transformaram a ocupação
em pulsante polo mobilizador e, quando veio à ameaça de reintegração de
posse, decidiram se preparar para resistir, puseram barricadas nos
acessos da reitoria e deram mostras de inequívoca bravura. O reitor, de
mãos dadas com o DCE e com o monopólio dos meios de comunicação, moveu
cruzada contra a ocupação, deu entrevista afirmando que a universidade
vivenciava um clima de “guerra civil”, preparando o terreno para a
violenta intervenção policial. O movimento de ocupação travou batalha
ideológica, rechaçou o fascismo e terrorismo levados a cabo pelos
traidores do Diretório Central, pelo reitor e pela imprensa. Professores
apoiaram a ocupação. Uma professora de antropologia ministrou sua aula
de introdução no prédio da reitoria.
Na terça-feira, dia 10 de junho,
ocorreu à negociação. O reitor apresentou proposta que foi aceita pelos
estudantes e que, a princípio, garantia a extinção dos processos. Foi
votada a desocupação do prédio depois da assinatura do acordo em
assembleia que reuniu, novamente, mais de 300 estudantes. Depois a
reitoria voltou atrás, mudou alguns termos do acordo que lhe permitiam
seguir com os processos. A decisão de desocupar a reitoria foi mantida,
mas os estudantes saíram com a certeza de que a palavra dos fascistas
que gerenciam a universidade não vale absolutamente nada, de que não
podemos confiar nunca na burocracia e que devemos continuar altivos e em
constante alerta.
Foi dado um primeiro e importante
passo para a construção de uma ampla e massiva campanha contra a
criminalização do movimento estudantil na Universidade de Brasília. A
prática tratou de demonstrar, mais uma vez, que só a luta combativa e
independente é capaz de produzir verdadeiras conquistas e que o
oportunismo eleitoreiro dos partidos da “esquerda” oficial deve ser
repudiado e colocado no campo inimigo.
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