Manifesto da FIP esclarecendo os acontecimentos das mobilizações dos rodoviários no Rio de Janeiro e golpe da CSP-CONLUTAS
Como outras categorias de trabalhadores, rodoviários e rodoviárias levantaram-se por melhores salários e condições de trabalho. Tão logo iniciaram a se mobilizar, foram surpreendidos por práticas políticas que aparelham e destroem o movimento dos trabalhadores. Além do próprio Sintraturb, que não defende os interesses e reivindicações dos trabalhadores, também a Conlutas usou todo o seu aparato para controlar o movimento, através de carro de som e controle do microfone, com golpes em assembleia e desrespeito das decisões coletivas, de modo a impedir que a greve por tempo indeterminado fosse deflagrada. Mentiram para os trabalhadores com manobras jurídicas e políticas.
Foi afirmado na internet que no dia 27 iria ocorrer uma audiência pública no TRT a partir de 14 horas. Mas não ocorria nenhuma audiência pública no TRT. O que estava acontecendo era o seguinte: no Ministério Público do Trabalho (que não é o TRT), um Procurador do Trabalho estava escutando algumas pessoas, uma por uma, sobre questões que envolvem o sindicato. Nenhuma questão da greve poderia ser decidida lá. Dessa forma, a Conlutas reproduz a política de dar esperanças em espaços institucionais que não trazem vitórias concretas para os trabalhadores e reforça a necessidade do sindicato.
Nesse mesmo dia 27, estava convocada uma assembleia para 16 horas na candelária. Claramente, a proposta da Conlutas era de aprovar a paralisação de 24 horas. Todavia, era evidente que a categoria queria a greve por tempo indeterminado. Foi realizada uma votação entre paralisação por 24 horas e greve por tempo indeterminado. Primeiro, foi perguntado quem era a favor da paralisação por 24 horas e pouquíssimas pessoas votaram a favor. Mas quem controlava o microfone não encaminhou a votação. Não perguntou para a assembleia quem queria a greve por tempo indeterminado. Ocorreu uma manipulação por parte de quem estava no microfone, de alguns membros da comissão e de rodoviários ligados a Conlutas!
Iniciaram uma nova votação, agora com três propostas: paralisação por 24 horas, por 48 horas ou por tempo indeterminado. Claramente, a proposta de paralisação por 24 horas foi a proposta menos votada. Então, a Conlutas e os rodoviários ligados a ela continuaram com as manipulações até impor sua vontade: paralisação por 24 horas.
Essa não era a decisão da categoria, o que foi provado com a fraca paralisação na quarta, dia 28. Não se vendo nesse resultado, rodoviários e rodoviárias rechaçaram as manobras da Conlutas. A assembleia de sexta, dia 30, foi esvaziada. O microfone permaneceu sob o comando da Conlutas, que insistiu que o importante, para o momento era fazer um abaixo assinado pelo fim da dupla função.
Diante de uma categoria radicalizada, a Conlutas propõe um abaixo assinado e a espera da decisão do TRT! É a capitulação completa dessa Central Sindical, fura-greve, burocratizada e manipuladora, que faz o papel de controlar e destruir a luta da classe trabalhadora.
Agora, o TRT decide que a greve dos rodoviários é ilegal e abusiva. Mostrando seu comprometimento com o governo, o Judiciário fez como na greve dos garis, declarando a greve ilegal. Todavia, a greve é um direito constitucional. Mais que legal, ela é legítima. Se há algo que fere os direitos humanos e Constituição é a precarização das condições de trabalho dos rodoviários, a dupla função, as longas horas de trabalho sem interrupção, a falta de água, o barulho dos ônibus, o trânsito caótico.
Os trabalhadores mostraram, com a greve dos garis, que é possível derrotar as injustiças do Judiciário e do sistema através da sua coragem, independência e determinação. Deixaram claro que não precisam de sindicato vendido para se organizar e nem de Centrais sindicais fura-greves que querem aparelhar e burocratizar a luta.
Os rodoviários não precisam do sindicato para se organizar e fazer a greve! Diante de sindicatos traidores, os trabalhadores podem e devem se organizar de forma independente. É em assembleias democráticas que os trabalhadores conseguem decidir os rumos do movimento. Os trabalhadores têm o direito de eleger em assembleia uma comissão de greve que esteja comprometida com as decisões dos rodoviários. A comissão tem que respeitar o que os rodoviários decidem em assembleia. O acordo de greve pode ser feito diretamente com essa comissão, com autorização da base, independente do sindicato da categoria.
A greve por tempo indeterminado é a saída para combater todas essas violências que o Estado e os patrões cometem contra os trabalhadores. A solidariedade e a unidade da classe trabalhadora, sem traidores e fura-greves, pode fazer vencer a greve e garantir que nenhum rodoviário seja demitido ou penalizado.
Viva a luta da classe trabalhadora! Sem sindicato vendido e sem central sindical fura-greve!
Frente Independente Popular – RJ