No ataque covarde foram assassinados os camponeses Vilmar Bordim, 44 anos, casado, pai de três filhos, e Leomar Bhorbak, 25 anos, que deixa a esposa grávida de nove meses. Foi uma descarga de mais de trinta tiros atingindo as vítimas pelas costas.
O latifúndio Araupel e seus congêneres tiveram, sob o gerenciamento petista, apoio e incentivo para transformarem o solo brasileiro em quintal do imperialismo na produção de commodities em detrimento da produção de alimentos e matérias-primas de suporte à indústria, nacional ou transnacional. Como consequência, o falido programa de reforma agrária iniciado no gerenciamento Sarney, e que passou por Collor, Itamar e FHC, veio se definhando com Luiz Inácio até ser sepultado por Dilma Rousseff.
Afinal de contas, a principal tarefa de Dilma no gerenciamento de turno do velho Estado, ademais de prosseguir e aprofundar a política ditada pelo capital financeiro internacional, foi a de varrer da agenda política do país a questão agrário-camponesa, suprimindo o já falido “programa de reforma agrária” e redobrando a repressão contra o movimento de luta pela terra que não se deixou cooptar. Isto para liberar total e completamente o campo brasileiro para a ofensiva do chamado “agronegócio” e das mineradoras, em sua sanha por açambarcar todas as terras públicas e das pequenas e médias propriedades que restam e sacramentar a condição, que impõe a dominação imperialista ao país de produtor de matérias-primas e alimentos in natura para exportação, ou como preferem dourar a pílula os vendilhões da Pátria, grande produtor de commodities.
De última hora, na tentativa desesperada de angariar apoio para escapar do impeachment, Dilma Rousseff assinou, no dia 1º de abril, “25 decretos de desapropriação de imóveis rurais para reforma agrária e regularização de territórios quilombolas, no total de 56,5 mil hectares”, segundo informação da Agência Brasil. Este gesto demagógico, que não contempla sequer mil famílias, mesmo sendo medida tão miserável, só serviu para pôr em guarda os representantes do latifúndio no Congresso, que, de imediato, acionaram seus agentes no Tribunal de Contas da União (TCU) para apresentarem uma suposta lista de irregularidades no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e, ato contínuo, determinar a suspensão do já falido programa.
Tal medida vale mais pela constatação do domínio que o latifúndio exerce no parlamento, como em todo aparelho estatal, do que pelo seu resultado concreto, até porque, desde seu primeiro mandato, no fundamental, Dilma já havia liquidado qualquer vestígio de reforma agrária.
Para o movimento camponês, tanto os assassinatos como a ação do TCU, são apenas repetição de fatos da lógica secular do latifúndio. Fatos que deixam patente, uma vez mais, que sem a erradicação cabal do latifúndio não terá fim a violência e o genocídio de camponeses e nem haverá progresso para o povo e independência à Nação. Deixa patente também que a necessária e pendente erradicação e morte do latifúndio só ocorrerão com a tomada pelos camponeses de todas as suas terras, entre as quais as vastas extensões griladas e açambarcadas da União e sem função social, entregando-as aos pobres do campo, sem terra ou com pouca terra.
Para destruir o latifúndio, mais que nunca, se faz necessário unir o movimento camponês sob a guia da Revolução Agrária e com o apoio das trabalhadoras e trabalhadores da cidade.
A crise política se agravou sobre a base da crise econômica endêmica de nosso país e agudiza a crise social. A rinha entre grupos de poder das classes dominantes, afundados nesta pantanosa crise moral, estremece e sacode todo o sistema político, a ponto de levar seus guardiões a violarem seus próprios marcos jurídicos e constitucionais. Em meio da luta desesperada pelo controle do aparelho do velho Estado, os partidos eleitoreiros da direita, do centro e da “esquerda” oportunista, estão todos atolados na execrável prática da corrupção e unidos pela manutenção deste sistema de exploração e opressão do povo e de dominação da Nação pelo imperialismo, principalmente o ianque.
Já é mais que tempo para abandonar as ilusões neste velho e genocida Estado e suas corruptas instituições, guarda pretoriana do latifúndio e de todo este sistema de exploração e opressão do povo e subjugação da Nação. Já é mais que tempo de tomar o caminho da Revolução Democrática, Agrária e Anti-imperialista.
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