Nos dias 21 e 22 de janeiro foram vistos
vários DRONES sobrevoando ostensivamente sobre as pessoas (moradores e
visitantes que estavam presentes para prestigiar e festa do Corte
Popular e a entrega dos Certificados de Posse, pelo CDRA – Comitê de
Defesa da Revolução Agrária). Além disso, os aparelhos que estavam
voando bem baixo percorreram a área sobre as casas, plantações e todo o
perímetro da área, incluindo a mata.
Os companheiros da autodefesa, diante da
flagrante invasão e ameaça, tentaram acertar com foguetes os objetos,
mas não alcançaram. Alguns camponeses que nunca viram um DRONE ficaram
apreensivos, pois pensaram que seriam alvejados pelos aparelhos. O
clima foi de indignação e preocupação, pois na quinta-feira dia 19, a
POLICIA CIVIL de Januária sem nenhuma comunicação formal às famílias, à
Associação, nem aos advogados da LCP, invadiu a área revolucionária
pela região de mata, entrando pela Fazenda Triunfo (vizinha) com apoio
dos latifundiários Rodolfo Rabelo e Antônio Carlos Vinagre. Os
policiais chegaram na dita fazenda em 3 caminhonetes com logomarca da
PC, estacionaram por lá, depois adentraram a pé para dentro da área,
deixaram fitas com o selo da policia civil por todo lado. As famílias
não foram abordadas e portanto não se sabe ao certo o que os policias
pretendiam com essa invasão.
Nessa mesma área foi assassinado numa
tocaia, por pistoleiros e policiais civis, o dirigente camponês Cleomar
Rodrigues de Almeida em 22 de outubro de 2014, nenhum assassino se
encontra preso, os mandantes latifundiários sequer foram indiciados e o
crime brutal e covarde continua sem punição. No entanto foi amplamente
denunciado na época, pelo próprio companheiro Cleomar, as constantes
ameaças de morte que recebeu do policial civil Danilo, de Januária, que
reconhecidamente “presta serviços de segurança” aos latifundiários da
região, organizando e operando com bandos armados para saquear, ameaçar,
perseguir e inclusive assassinar os camponeses e pescadores da região.
Consideramos muito grave estas duas
invasões, primeiro porque é grave violação dos direitos do povo de viver
e lutar sobre estas terras onde jorrou o sangue de seu dirigente, do
direito de não ser fotografado ou filmado e não ter seu quintal violado e
sua família ameaçada.
Consideramos grave essa invasão pela PC
da área, pela certeza de que estes agentes do Estado estão sob ordens
dos latifundiários na perseguição aos camponeses pobres em luta e seus
dirigentes.
Por fim, reafirmamos que as famílias
estão dispostas a defender suas terras e suas famílias e que não
arredarão pé da área, que não se intimidarão diante destas ameaças.
Exigimos esclarecimentos imediatos pelas
autoridades de plantão sobre estes procedimentos ilegais e absurdos do
uso de armas de guerra para coletar informações sobre as famílias de
camponeses pobres e da invasão pela PC dentro da área.
Responsabilizamos o Estado pela
cumplicidade no assassinato do companheiro Cleomar e nenhuma punição aos
assassinos e mandantes de bárbaro crime, fato que encoraja e acoberta a
ação dos latifundiários, inclusive com uso pelos mesmos, do aparato e
agentes do Estado na repressão aos camponeses em sua luta pelo sagrado
direito à uma sobrevivência digna sobre as terras que lhes foram
usurpadas nestes séculos de existência do sistema latifundiário!
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