Por ocasião dos vinte anos de fundação do glorioso Partido Comunista da Índia (Maoista) – PCI (M) – publicamos artigo de autoria do Camarada Ajith, que apareceu na revista “People’s War”, em 2014. Naquela oportunidade, ao celebrar os dez anos do novo partido, que resultou da fusão das duas principais organizações maoistas do país, em armas desde a década de 1960, o artigo em tela se referia à Guerra Popular da Índia como âncora estratégica da Revolução Mundial. De lá para cá, ao enfrentar as mais difíceis situações, e vencer com enormes sacrifícios gigantescas campanhas de cerco e aniquilamento promovidas pelo reacionário Estado indiano (como as operações Caçada Verde, Samadhan e atualmente a genocida operação Kagaar), tal posição se fortaleceu. Trata-se de uma heroica Revolução de Nova Democracia que, por meio da guerra revolucionária agrária – que cobrou um preço de sangue de 5.249 mártires nos últimos vinte anos (dos quais, mil mulheres e vinte e dois membros do Comitê Central do Partido) –, ousa construir o Novo Poder Popular da única maneira conhecida pela história da luta de classes: com as armas nas mãos. Sendo uma revolução verdadeira, é acossada implacavelmente pelo inimigo de classe, e o revida: no mesmo período, o Exército Guerrilheiro Popular de Libertação eliminou 3.090 soldados da reação e feriu outros 4.077.
Apesar de todas as intempéries, esse rico processo revolucionário, neste que é o país mais populoso da Terra, em uma região valiosa em termos de recursos naturas e geoestratégica para o imperialismo ianque (em particular, dada sua crescente contenda com a China), mantém a bandeira vermelha erguida
audaciosamente. O levante de Naxalbari, saudado pelo Presidente Mao como “trovão da primavera” em 1967, segue sendo não só um alento como um incentivo às novas gerações de revolucionários após muitas décadas. Este processo ganhou novo fôlego com a criação do PCI (M) em setembro de 2004, e não por acaso é caracterizado pelo atual governo como “maior ameaça à segurança interna do país”. A defesa desta revolução, e o estudo das posições que a sustentam, é um dever internacionalista que não devemos subestimar, compromisso assumido pelo Novo MEPR na sua fundação e que cumpriremos sem vacilar.Ressaltamos, no artigo abaixo, a importância dada pelo camarada Ajith ao “emaranhado de contradições” que conforma a Revolução de Nova Democracia e a sua compreensão teórica e prática pelos maoistas indianos. Tal emaranhado de contradições abriga complexas questões de castas, tribos e nacionalidades, “várias das quais formam as bases de identidades específicas”. Se é certo que os imperialistas e os reacionários internos tentam construir “muros de identidade” ao redor dessas lutas específicas, de modo a isolá-las da “revolução social total”, não é menos importante compreender que “o manejo bem-sucedido dessas identidades e a resolução revolucionária das contradições subjacentes a elas sob a orientação do maoísmo e o desenvolvimento da teoria por meio da síntese dessa experiência certamente serão de grande relevância no mundo contemporâneo”. São palavras de grande atualidade e relevância, ditas por uma força revolucionária provada, que entende que a teoria serve a resolver os problemas colocados pela vida.
Para certos marxistas vulgares, pelo contrário, o simples apontamento do problema pela nossa Corrente provocou e provoca furiosas injúrias de “pós-modernismo”. Como vimos, tal injúria vive da desinformação que circula entre suas próprias fileiras e não conta com qualquer credibilidade fora do seu círculo de seguidistas. Alguém ousaria dizer que o processo revolucionário mais avançado do mundo de hoje está contaminado de “pós-modernismo”? Pelo contrário, ao ler essa literatura que nunca circulou amplamente entre a juventude brasileira, pode-se constatar, além da força material que expressa, a solidez teórica que a sustenta, no sentido da única boa teoria, que enxerga no marxismo não um dogma mas um guia para a ação.
A Revolução de Nova Democracia na Índia é uma grande bandeira vermelha e nos inspira a fazer a revolução em nosso próprio país!
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