Videos sobre la lucha armada revolucionaria en Portugal: FP-25 y Brigadas Revolucionárias PRP-BR R
A questão da luta armada no movimento operário
[Nota: el siguiente es un documento de reflexión y debate que nos ha remitido un camarada portugués. En él se aborda "La
cuestión de la lucha armada en el movimiento obrero". El documento está
en portugués pero es fácil de entender o en caso necesario los que lo
deseen pueden recurrir a herramientas de traducción on line. ]
Três artigos de referência para abrir o tema: dois de Lénine e um de Estaline. As citações não substituem a leitura integral dos textos.
"A insurreição é espontânea, dizem eles. É impossível organizá-la e
prepará-la, todos os planos de ação são utópicos (...) E desta forma,
eles dizem: nós devemos cingir-nos às tarefas de propaganda e agitação a
favor da insurreição, a favor do armamento das massas; nós devemos
cingir-nos à "liderança política"; e quanto à liderança "técnica" do
povo insurrecto, deixaremos as ações para quem as pratica"
(...)
"São a liderança técnica e a organização do levantamento em toda a
Rússia que constituem as novas tarefas com as quais o proletariado está
confrontado. E se o nosso partido quer liderar politicamente a classe
operária, não pode recusar estas novas tarefas."
('A Insurreição armada e as nossas tácticas', Estaline)
"Não são as ações de guerrilha que desorganizam o movimento, mas sim a
incapacidade de um partido em colocá-las sob a sua alçada.
(...)
Em qualquer guerra, uma ação militar desorganiza sempre as fileiras em
certa medida. Contudo, isto não significa que não devamos lutar.
Significa apenas que temos de aprender a lutar. Eis tudo"
('Guerra de guerrilhas', Lénine).
"A vitória do socialismo num país. por si só, não elimina todas as
guerras. Pelo contrário, ela pressupõe a existência de guerras. O
desenvolvimento do capitalismo acontece de forma desigual em diferentes
países. Não pode ser de outra forma na produção de mercadorias. É
assim irrefutável que o socialismo não pode alcançar a vitória
simultaneamente em todos os países. O socialismo chegará à vitória num
ou vários países, enquanto outros permanecerão numa fase de domínio
burguês ou pré-burguês. Esta situação criará não apenas fricção, mas
tentativas diretas das outras burguesias em esmagar o proletariado
vitorioso dos estados socialistas. Nesses casos, uma guerra da nossa
parte seria legítima e justa. Seria uma guerra pelo socialismo, uma
guerra para libertar as outras outras nações da burguesia.
(...)
Os pastores da caridade e os oportunistas estão sempre prontos a alimentar sonhos de um socialismo pacífico. Mas aquilo que realmente os distingue dos social-democratas revolucionários é que estes recusam pensar nas lutas de classes e guerras de classes necessárias a esse fim.
(...)
Uma classe oprimida que não se esforce por aprender a usar armas, a
adquirir armas, merecer ser tratada como escravos. A menos que sejamos
pacifistas aburguesados ou oportunistas, não podemos esquecer que
vivemos numa sociedade de classes, e que desta não podemos sair sem
luta de classes. Em todas as sociedades de classes, sejam estas baseadas
na escravidão, na servidão ou no salariato, a classe opressora está
sempre armada."
"('O programa militar da revolução proletária', Lénine)
Nos três textos defende-se a necessidade de preparar esta forma de luta,
para ser usada tanto ofensiva como defensivamente.
No artigo de Lénine sobre a guerra de guerrilhas, trespassa a sua
irritação com os trejeitos escapistas e os desqualificativos como
"blanquismo, anarquismo e terrorismo" - fenómenos reais, mas que não são
sinónimo de luta armada, e poderão ser instrumentais ao oportunismo e
ao reformismo, porquanto Lénine foi ele próprio acusado de "blanquismo"
por Rosa Luxemburgo e Eduard Bernstein.
Então qual é a diferença?
Voltarei ao tema num outro post, mas para já adianto que Lénine define
com precisão o que entende por guerrilha: eliminação física dos
inimigos e expropriação de fundos para a ativiade política. Portanto,
não é esta a diferença do blaquismo, do anarquismo e do terrorismo, para
outros processos de luta insurrecional. A diferença é que a luta armada
de guerrilha é uma das fases na escalada das contradições, que neste
caso Lénine coloca a seguir às "greves dos trabalhadores (1896-1900), às
manifestações de trabalhadores e estudates (1901-02), às revoltas dos
camponeses (1902)" e depois ao início das greves políticas já
articuladas com manifestações e confrontos de baixa intensidade. A
guerra de guerrilhas insere-se nessa escalada que vai desembocar no
levantamento de dezembro de 1905. Prever uma escalada das contradições
pela simples injeção de violência organizada, que não segue as dinâmicas
sociais, é negar o papel das contradições internas. Acresce que Blanqui
podia ao seu tempo, dedicar-se apenas à ação revolucionária e
conspirativa argumentando que o nível de repressão impedia que as
atividades de agitação e propaganda pudessem sequer ser feitas.
No 'programa militar da revolução proletária' Lénine expõe com clareza
quais os obstáculos que as propostas de "desarmamento" das populações
criam à revolução. Argumenta que o desarmamento não responde à questão
da revolução - foge dela. Não há revolução sem armas. Lénine opõe-se
também à participação em exércitos da burguesia. Contra o exército da
burguesia, defende o exército do proletariado. O nosso exército de
classe.
É importante notar que encontramos, nos dias de hoje, unidade entre
diferentes posições reformistas e destas com os liberais, em oposição a
esta linha justa. A defesa do desarmamento, por mero exemplo nos EUA
onde ainda existe um dispositivo constitucional que protege o direito a
possuir armas, parte de posições distintas. Vemos essas mesmas posições
distintas chegarem à mesma conclusão no debate sobre o Serviço Militar
Obrigatório. Este foi um debate confuso e cheio de miasmas, onde vimos
esquerdistas defender uma posição justa, sem assumir a sua consequência
lógica. Ou seja, esquerdistas que se opõem ao reforço do exército
burguês não porque queiram ser eles a treinar a classe operária na arte
da guerra, mas exatamente porque não querem exército nenhum, nem da
burguesia, nem do proletariado. Defendem uma posição justa, pelas razões
erradas, ou seja, apenas por puro oportunismo pacifista. Por outro
lado vemos posições que estão erradas, mas que procuram responder à
questão revolucionária, ou seja, a defesa do Serviço Militar
Obrigatório para que seja o estado burguês a treinar a classe operária
no uso das armas, uma vez que esta não dispõe de ferramentas no imediato
para fazer essa aprendizagem. Este não é um debate lateral, é bastante
importante para analisar corretamente a questão da luta armada.
Voltemos ao início. Essa necessidade de canalizar a revolta popular
leva o POSDR, no seu III Congresso, a assumir o papel de vanguarda do
levantamento armado - como aqui
explica Lénine no relatório ao Congresso. Em abril de 1907, no V
Congresso do POSDR em Londres, não se confirma a decisão do III
Congresso. Mais, rejeita-se explicitamente a sua aplicação prática. As
posições de Lénine e Martov colidem, com o segundo a ganhar a contenda
com 65% dos votos.
Lénine não vai respeitar a decisão do V Congresso. Juntamente com Estaline e outros camaradas, vão planear e executar o roubo de 341 000 rublos em 1907 em Tblissi.
Em aplicação das decisões do III Congresso, Estaline vai criar logo um
laboratório para o fabrico de explosivos. Na noite de 12 para 13 de
abril de 1906, um comando de seis bolcheviques disfarçados com
uniformes do regimento de infantaria, vai expropriar 315 mil rublos do
tesouro público também em Tblissi. Estaline é uma figura central durante
este processo.Ficará também famoso pelas suas acções militares Semeno
Petrossian, mais conhecido como Kamo.
Podemos apenas concluir até aqui o seguinte: a luta armada e a guerra
assimétrica fizeram-se no passado, fazem parte da história do movimento
operário, e corresponderam a momentos de luta que antecederam
revoluções. A Revolução de Outubro é apenas um exemplo.
Podemos concluir também que até aqui, a história continua a convalidar a
tese de Lénine: não existem caminhos pacíficos para o socialismo. Não
sabemos se aparecerá no futuro uma experiência ou várias, que ponham em
causa a tese, mas aqueles que se dizem do socialismo científico
constroem a teoria revolucionária com base na evidência histórica
concreta. Não com base em especulações.
E isto é o princípio da discussão.
A dialéctica contra o mecanicismo dos dois tempos
Convém reconhecer em primeiro lugar que não estamos em 1906 em guerra
aberta com o czarismo. Hoje temos sufrágio universal, direitos
sindicais, de manifestação e organização. Quando pergunto se nos dias de
hoje devemos realizar tarefas tais como preparação militar, guerra
assimétrica ou de baixa intensidade, descontando as caricaturas, costumo
receber respostas como "não estamos nessa fase" e "primeiro
necessitamos do apoio das massas" e a minha preferida "isso seria uma
desculpa para reprimirem o movimento". Não costumo insistir. Noto apenas
que a caricatura de Blanqui tem uma alma gémea, neste caso será o João
Calvino - que inaugura o marxismo-calvinismo.
Acham eles que não têm que fazer rigorosamente nada, que não deve haver
nenhuma prática revolucionária nem preparação de qualquer tipo, até
que uma catástrofe reveladora apareça a sinalizar - "escutai camaradas,
agora sim chegou a fase das revoluções". É a pretensão de saber se
esta é ou não uma época de revoluções, sentadinhos no alpendre a olhar
para a maçã à espera que ela caia de madura. Como se nós estivéssemos
fora dessas contradições a observar apenas o que se passa. Como se
entre o objectivo e o subjectivo não existisse uma relação dialéctica.
Nós somos parte da equação.
Tudo isto se torna ainda mais grosseiro quando observamos que são esses mesmos fatalistas e calvinistas, aqueles que caricaturam e rejeitam todas as iniciativas que respondam a estas dinâmicas. Seja quando um colectivo de jovens ocupa uma casa, ou quando arremessam pedras à polícia. Caricaturar e condenar é o que fazem, enquanto esperam que um meteorito choque com a terra para que se dê início à nova fase.
É mais grave ainda dizer que a prática revolucionária justifica a
repressão do outro lado, e que portanto a devemos abandonar. Parece-me
que temos aqui ciência a mais e não a menos, porquanto isto só pode
querer dizer uma de duas coisas: ou que não querem lutar para evitar a
repressão; ou então que se descobriu uma fórmula de lutar sem sofrer a
repressão do outro lado. Se estamos perante o segundo caso, por favor
revelem ao mundo o vosso descafeinado. Queremos todos aprender, mas até
lá, e julgando a história das últimas décadas, creio que não levarão a
mal o meu cepticismo.
Parece-me óbvio que acreditar na hipótese da revolução nos dias de hoje
e aqui na Europa, é algo que não se afirma apenas, pratica-se.
Parece-me óbvio também que nós não sabemos quando é que se vai fechar o
triângulo do fogo, e portanto temos que, não apenas acompanhar as
dinâmicas sociais, mas também tentar em cada momento elevar o nível da
conflitualidade e preparar-nos para enfrentar o outro lado da barricada.
E depois na prática sim, veremos se a "relação de forças" permite
introduzir maior conflitualidade, ou se somos forçados a recuar de forma
organizada. Na prática concreta, não da boca de uma luminária que julga
antever as dinâmicas sociais sem prática, e muitas vezes sem teoria nem
prática.
Nós não temos apenas a evidência histórica da inexistência de caminhos
pacíficos para o socialismo. É óbvia também a impossibilidade
geográfica e militar de empreender na Europa formas de luta armada como
as guerras populares que se praticam neste momento nas Filipinas e na
Índia, ou que se praticaram no passado no Peru e no Nepal; ou ainda as
formas que a guerrilha assume na Colômbia ou no Paraguai. Temos portanto
que analisar as formas que as expressões armadas poderão assumir na
Europa. No passado recente essas experiências foram de organizações como
os GRAPO, FRAP, FP-25, ETA, IRA, Brigadas Vermelhas, Fracção do
Exército Vermelho, FNLC, etc.
Independentemente da nossa concordância ou discordância com a linha
política de algumas destas organizações, foram elas que fizeram na
prática a guerra contra o estado. São elas que têm o conhecimento
acumulado, e é estudando a sua história e as suas ações que poderemos
melhorar a nossa prática e construir organizações que aguentem os golpes
repressivos, ao mesmo tempo que ganham o apoio das massas e consigam
ter a solidez teórica para sobreviver à degenerescência.
Conseguir juntar estes ingredientes não é fácil, o mais fácil é
simplesmente ignorar esta discussão e caricaturar quem a faz. Os
comunista vão ouvir novamente os epítetos parecidos aos que Lénine
ouviu: blanquista, anarquista, terrorista. É normal. Faz parte do
processo. Mas no final os comunistas e o movimento operário sairão com
uma síntese desse debate, que voltará a oferecer à classe operária os
instrumentos de que necessita para vencer.
Zé do Telhado.
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