Na noite do dia 22 de novembro Terezinha Nunes Meciano e Anderson Mateus André dos Santos,
foram assassinados em casa, na Área Élcio Machado, na linha C 30, no
município de Monte Negro. Segundo vizinhos, 3 homens chegaram de moto,
invadiram a casa e deram cerca de 16 disparos de arma de fogo, matérias
divulgaram que a polícia encontrou cartuchos deflagrados calibres 12 e
38 e que Terezinha foi golpeada de machado na cabeça e Anderson levou
golpes de foice pelo corpo. Uma filha e duas netas de Terezinha estavam
em casa na hora do ataque mas conseguiram fugir pela mata.
Eles lideravam ocupações
de terra na região e é possível que foram vítimas de bandos fortemente
armados a mando da associação de latifundiários recém-criada no Vale do
Jamari para frear as tomadas de terra que tem pipocado em todo o estado.
Com o título “Líder da LCP e seu amásio são mortos a tiros em Monte Negro”, a página de internet Rondônia Vip,
aproveitou para divulgar várias mentiras sobre a luta camponesa e a
LCP. Apresentaram as vítimas como bandidos desmatadores, grileiros,
quadrilha armada e a LCP como criminosa, que fatura muito vendendo terra
e que ameaça de morte fazendeiros. Como sempre, não apresentaram prova
alguma. A imprensa marrom não diz uma palavra sobre os latifundiários
que grilam terras públicas destinadas à reforma agrária. Rondônia Vip
nunca disse nada também sobre o depoimento do latifundiário Caubi
Moreira Quito confessando ter contratado 10 policiais militares para
fazerem serviço de pistolagem. Tampouco divulgou em suas páginas o
relatório da polícia reconhecendo que pistoleiros, agentes
penitenciários e policiais fortemente armados são contratados para
realizar segurança privada nas fazendas da região de Buritis, sob o
comando de um oficial da PM e de um ex-comandante do 7º Batalhão da PM
(Ariquemes).
Os
latifundiários são os maiores bandidos no Vale do Jamari, a imprensa
marrom, as polícias e a “justiça” a serviço deles não tem moral alguma
para acusar qualquer camponês. As massas é que devem, em assembleias
populares democráticas, eleger e expulsar suas lideranças da forma e
quando julguem necessário.
Camponês Valdecy está desaparecido, latifundiário Alencar é o principal suspeito
Desde a manhã do dia 11 de novembro está desaparecido o camponês Valdecy Padilha,
morador da Área 10 de maio, no município de Buritis. Seu lote faz
divisa com a fazenda do latifundiário Alencar, dono de uma loja de
materiais de construção na cidade e que está tentando grilar as terras
dos camponeses. Após o desaparecimento de Valdecy, vizinhos ouviram
muitos tiros na direção da fazenda do latifundiário Alencar, por isso
temem que ele tenha sido assassinado. Em setembro, ele e sua família
foram atacados no lote por pistoleiros fortemente armados, conforme
denunciamos (http://www.resistenciacamponesa.com/noticias/766-urgente-lutar-para-impedir-mais-um-despejo-de-camponeses-na-regiao-de-buritis).
Depois de expulsar a
família de suas terras, Alencar mandou fazer uma picada cortando o lote
de Valdecy ao meio. Pistoleiros deixaram uma cruz feita com cartuchos
calibre 12 e espalharam panos vermelhos em toda a divisa.
Mais ataques de pistoleiros e policiais contra camponeses
No dia 4 de novembro, cerca de 25 camponeses, homens e mulheres, acampados na fazenda Santo Antônio,
de cerca de 2000 alqueires, no município de Ariquemes, foram atacados
por 8 pistoleiros fortemente armados e encapuzados. Os criminosos
invadiram o acampamento, destruíram 2 carros e 3 motos dos camponeses,
bateram com um pau grosso, facão e arma de fogo, inclusive nas mulheres,
e depois mandaram-nos beijar as armas. Um camponês quebrou duas
costelas, vários ficaram com escoriações pelo corpo.
Os pistoleiros atacaram
camponeses vizinhos do acampamento, invadindo casas, abordando na
estrada, roubando e ameaçando de morte quem não contasse onde as
famílias acamparam depois de serem despejadas por eles. Roubaram R$ 200
de um camponês que vende picolé nas casas, quando ele passou em frente a
fazenda. Outro camponês abandonou o sítio depois que sua casa foi
invadida duas vezes, com medo das ameaças. E um terceiro, quando foi
denunciar estes crimes, ouviu do delegado que a polícia estava na área.
Quem se diz o dono da
fazenda é Caio Brito, que trabalha com arames Belgo e mora em Ji Paraná.
O acampamento localiza-se perto do Assentamento Terra Prometida, onde
os líderes Tonha e Serafim foram assassinados em 2003.
Camponeses do Acampamento 13 de agosto
localizado na linha C-110, travessão B-40, município de Alto Paraíso,
têm sido atacados por policiais e pistoleiros. Segundo os camponeses,
quando tomaram a fazenda Paraíso, ela estava abandonada, com muita
capoeira, sem sede, nem curral, as poucas cabeças de gado estavam
alongadas no mato. Francis Gutemberg da Silva que se diz o dono já
explorou toda a madeira de lei, derrubou as matas ciliares do rio Jamari
e juntou no processo judicial apenas um documento do Idaron e um
requerimento do Terra Legal.
Acampados denunciaram que
20 homens fortemente armados de fuzil, pistola, espingarda 12, com
máscaras, roupa camuflada e colete, atiraram várias vezes contra o
acampamento e trancaram porteiras em estradas fora da fazenda. Eles
seriam na maioria policiais militares de Ariquemes, amigos da namorada
do latifundiário Francis Gutemberg, que é agente penitenciária na mesma
cidade. Um oficial de justiça esteve na área depois de denúncias de
vizinhos e teria presenciado os policiais armados e fora de sua função.
No dia 12 de novembro, quase 30 camponeses, inclusive mulheres e crianças, do Acampamento Luiz Carlos,
no município de Monte Negro, foram despejados pela PM e GOE –
Grupamento de Operações Especiais. O ex-prefeito Jair Mioto, que se diz
dono da área, esteve presente e ameaçou matar quem ficasse nas terras.
Comenta-se na região que ele é responsável por vários homicídios,
inclusive o de Luiz Carlos, desaparecido em dezembro de 2014.
A PM marcou para o dia 30 de novembro o despejo de cerca de 60 famílias do Acampamento Rancho Alegre 2,
no município de Pimenta Bueno, em favor do policial reformado Genival
Azevedo Cavalcante. O mais absurdo é que o título desta área já foi
cancelado para fins de reforma agrária, segundo o Incra (clique aqui para ver o documento).
A Área de posseiros Terra Boa,
no antigo Burareiro 20, de 420 alqueires, localizado na linha C-100, no
município de Rio Crespo, está novamente ameaçada de despejo. Desde
2007, 36 famílias vivem e trabalham em seus lotes. Elas tiveram acesso a
uma planilha do Terra Legal que consta que o título destas terras está
cancelado, ou seja, ele tem que ser destinado para reforma agrária.
Funcionários do Incra que
sempre garantiram aos trabalhadores que eles tinham grande chances de
ganhar a terra, agora estão negando tudo. Há cerca de 40 dias um oficial
de justiça esteve na área, escoltado por policiais militares. Três dias
depois, uma comissão de moradores reuniu-se em Porto Velho com o
Ouvidor Agrário Estadual Erasmo, o superintendente Luiz Flávio e o
advogado Dr. Maguis, representando o pretenso proprietário, não
identificado. O advogado disse que o Incra nunca apresentou uma proposta
de compra da terra e por isso seu cliente não se interessa mais em
negociá-la com o órgão. Este advogado é o mesmo que defende o
latifundiário Caubi Moreira Quito, que se diz o dono das terras da Área
de Posseiros 10 de maio, acusado de vários crimes contra camponeses.
Jaru, 23 de novembro de 2015
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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