Se esta decisão por um lado causa
revolta e indignação nos companheiros de Cleomar, nas massas e
camponeses que por todo canto do Brasil levantam cartazes que proclamam
CLEOMAR VIVE!, e nos camponeses, indígenas e quilombolas que lutam por
terra e território e têm lideranças assassinadas por pistoleiros e
agentes do Estado, por outro lado não é nenhuma surpresa!
Desde o primeiro momento, as Ligas de
Camponeses Pobres denunciaram que a prisão de Marcos Gusmão e Marco
Aurélio era uma farsa. Não pelo fato de estarem presos e sendo
processados, mas sim porque a prisão e o inquérito destes tinham por
objetivo esconder os latifundiários mandantes do covarde assassinato,
bem como de impedir que viesse à tona a participação de agentes
policiais de Januária no crime contra o companheiro Cleomar.
Também
não devemos estranhar que tal decisão tenha se dado neste momento, após
sucessivas derrotas dos advogados dos acusados no Tribunal de Justiça
de Minas Gerais e no próprio STJ. Afinal, diante das bandeiras vermelhas
que tomaram as ruas de Januária nos dias 10 e 11 de outubro de 2015,
durante o 8º Congresso da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e
Sul da Bahia, e das faixas com os dizeres: “CONTRA A CRISE,
TOMAR TODAS AS TERRAS DO LATIFÚNDIO!”, “FORA DILMA, FORA PT, GOVERNO DE
BANQUEIROS, TRANSNACIONAIS E LATIFUNDIÁRIOS!”, “VIVA A REVOLUÇÃO
AGRÁRIA!”, “CLEOMAR VIVE!”, o Estado brasileiro e seus
gerentes se viram na obrigação de se posicionar, uma vez que o
latifúndio, diante do Congresso da Liga, fora as provocações costumeiras
(ameaçar quem divulgasse a propaganda do Congresso, organizar grupos
para arrancar cartazes, etc.), acorreu à “justiça” para conseguir
“Interditos Proibitórios” contra possíveis novas ocupações (e estas
estão acontecendo e vão acontecer mais e mais).
Poderia o Estado e seus gerentes talvez,
uma vez mais, prometer que entregaria para os camponeses as terras do
latifúndio pelo qual a família de Cleomar lutava, demagogia tantas vezes
utilizada principalmente quando o Estado faz tratativas com movimentos
dóceis e comprometidos com a atual gerência Dilma/Lula/PT/PCdoB (para
nos ater aos acontecimentos recentes). Esta manobra poderia “acalmar” as
massas sertanejas que enfrentam a violência do latifúndio, a seca e a
miséria. Mas não, o mar não está para peixe, a crise tira o chão do
oportunismo, não dá para fazer demagogia neste momento.
A resposta do Estado brasileiro para as
massas que lutam por terra e pela verdadeira justiça, que ao mesmo tempo
também é uma “satisfação” para o latifúndio, além da presença
provocadora do aparato militar da gerência Pimentel/PT no local do
Congresso da LCP, veio por esta decisão do STJ, como a dizer: vocês
camponeses querem terra para acabar com a crise, pois os pistoleiros
estão soltos!
Que venham com mais gotas de sangue no
copo que está prestes a transbordar. Que venham com mais violência e
ameaças contra o povo! Que venham com mais derramamento de sangue! Mas a
farsa de que se faria justiça diante do assassinato de Cleomar virou
pó!
Os assassinos de Cleomar estão livres!
Os acusados que estavam presos, os latifundiários mandantes que sequer
foram citados até hoje, o aparato policial do Estado que participou da
trama e que permaneceu neste tempo todo intocável: a história não os
absolverá!
Cleomar Vive! Morte ao Latifúndio!
Contra a crise, tomar todas as terras do latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
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