Os camponeses da área 10 de maio seguem
em luta pelas terras da antiga fazenda Formosa, área pública destinada à
reforma agrária, em Buritis. Desde 2004, mais de 150 famílias vivem,
produzem e lutam em seus lotes, resistindo a toda sorte de violência. E
não foi diferente na última ordem de despejo, expedida pelo juiz federal
Herculano Martins Nacif. Os camponeses não se intimidaram e
permaneceram em suas terras, apesar de toda violência do grande
fazendeiro Caubi Moreira Quito, da associação de latifundiários da
região de Buritis e seus bandos armados de pistoleiros e policiais,
inclusive oficiais.
As famílias se mobilizaram, denunciaram
as violências do latifúndio, a enrolação do Incra, Terra Legal e
Ouvidoria Agrária e fizeram mais reuniões em Porto Velho e Brasília.
Para se verem livres do despejo, os tralhadores ofereceram pagar uma
parte da indenização pelas benfeitorias do latifundiário Caubi Quito. O
Incra cadastrou as famílias e se comprometeu a acelerar a regularização,
mas nada está garantido.
Últimas ações criminosas do latifúndio na área 10 de maio
Por sua vez, a polícia militar segue
atacando os camponeses a mando do latifúndio. No último dia 15 de
outubro, cerca de 5 policiais militares encapuzados, foram na área 10 de
maio, cortaram com motosserra um barraco e mastros de bandeira e deram
disparos de arma de fogo. Pararam um carro na estrada, revistaram,
jogaram no chão os documentos que estavam em ordem, proferiram
xingamentos racistas contra o camponês e ameaçaram: “Fala para essa tal de Liga que não temos medo deles!”
No dia seguinte, 3 viaturas da PM, com
cerca de 15 policiais retornaram, insultaram os camponeses de bandidos e
prenderam 5 em suas residências, alegando crime de desobediência, como
se eles estivessem na área vizinha onde existe uma ordem de reintegração
de posse. Eles foram presos no camburão na frente dos filhos que
choraram assustados, e só foram liberados após serem multados em 2
salários-mínimos cada. Alguns destes camponeses têm mais de 4 filhos,
são tão pobres que chegam a passar fome e agora estão pagando por um
crime que não cometeram.
Comerciantes que atendem a área e toda a
comunidade vizinha denunciam que a polícia está criando um clima de
terror entre a população e afastando a freguesia. Viaturas chegam nos
comércios em alta velocidade, os policiais descem empunhando arma de
grosso calibre e mandando todos deitarem no chão, até crianças e
mulheres grávidas. Os policiais acusam os “sem-terra” da região de
vários crimes, mas sequer apresentam ordem judicial. Numa das batidas
criminosas, um camponês foi preso só porque já cumpriu pena, mesmo
apresentando seu alvará de soltura.
Há dois anos, as dezenas de crianças da
área 10 de maio estão sem estudar, apesar dos camponeses já terem feito
várias denúncias no Incra, Conselho Tutelar e Ministério Público.
Na região, é grande o comentário de que a
associação de latifundiários está planejando assassinar lideranças
camponesas e apoiadores em Buritis. Em Ariquemes, vários camponeses
foram seguidos por um carro sedam Slogan, cor prata, de placa EDJ-4960,
de Porto Velho.
Na mesma região, camponeses da área
Monte Verde e outros acampamentos também sofrem todo tipo de violência
de pistoleiros e policiais, enquanto lutam pelo sagrado direito à terra
para viverem e sustentarem a família com seu próprio trabalho.
Governos Confúcio/PMDB e Dilma/Lula/PT são governos do latifúndio
No último dia 21, Gercino José reuniu
com representantes da segurança pública do governo estadual para tratar
de conflitos agrários. O secretário de segurança Antônio Carlos dos Reis
afirmou que a polícia monitora todas as áreas de conflito e que
apresentará um relatório sobre isso ao Ministério do Desenvolvimento
Agrário.
É assim que Confúcio/PMDB e
Dilma/Lula/PT tratam a questão agrária: escondem seus crimes e o
descumprimento da reforma agrária prevista na constituição e tratam a
luta pela terra como caso de polícia.
Gercino José parabenizou a secretaria de
segurança de Rondônia pela prevenção de crimes no campo e prometeu
recursos para ajudar nas operações policiais. Mas não dá um centavo para
regularizar as posses dos camponeses. E não dá uma palavra sobre o fato
do estado ter ganhado o vergonhoso título de campeão de mortes no
campo. Silêncio também sobre a região de Buritis, onde pululam abusos e
crimes da polícia, inclusive grupos de extermínio dirigidos por
comandantes e oficiais da PM.
Na reunião, o Ouvidor Nacional dos
latifundiários Gercino José ainda ameaçou suspender as negociações nas
áreas onde houver conflito. Desta forma, Dilma fará aumentar a violência
no campo, porque os latifundiários continuarão com suas terras
oprimindo os camponeses, e por sua vez, os trabalhadores terão que lutar
ainda mais pelo direito à terra. Nos últimos 13 anos de gerenciamento
petista, só conquistou terra quem tomou latifúndios, resistiu a despejos
violentos, cortou as terras por conta, distribuiu os lotes entre as
famílias, fez manifestações e atos políticos, cortou rodovias e ocupou
prédios públicos.
Em várias reuniões de polícia e Incra, o
nome do apoiador da luta camponesa Pelé aparece como incentivador das
tomadas de terra. Grande mentira! Quem incentiva as ocupações é a
paralisação da reforma agrária falida do governo e a crise que já está
causando quebradeira nos comércios e demissões. A vida de Pelé e outros
apoiadores e lideranças camponesas corre sério risco. É urgente uma
grande campanha em defesa deles.
Contra a crise, tomar todas as terras do latifúndio!
O latifúndio em Rondônia já iniciou uma
nova ofensiva contra os camponeses e movimentos de luta pela terra, com
total apoio dos governos Dilma/PT e Confúcio/PMDB. Querem aplastar a
luta camponesa. Mas a cada dia mais trabalhadores sem terra ou com pouca
terra nos procuram para saber quando será a próxima ocupação, tomadas
de terra se espalham pelos 4 cantos. Os camponeses se organizam e se
preparam mais, avança a Revolução Agrária que em breve se transformará
numa onda invencível.
É a única forma de tirar o país da crise
e iniciar as mudanças verdadeiras de que precisamos. Todo o povo deve
conhecer, divulgar e apoiar ativamente esta luta.
Regularização imediata das posses dos camponeses da área 10 de maio!
Lutar pela terra não é crime!
Conquistar a terra, destruir o latifúndio!
Jaru, 29 de outubro de 2015
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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