Viva o 28 de Março! Edson Luís: Presente na Luta!
Neste dia 28 de março completarão-se 49
anos do assassinato do primeiro estudante morto pelo regime militar
fascista, Edson Luís, na cidade do Rio de Janeiro no Restaurante Central
dos Estudantes, conhecido como Calabouço. Desde o ocorrido, o dia 28 de
março ficou marcado pelos estudantes brasileiros como o dia do Estudante Combatente,
uma forma de relembrar este e todos os crimes praticados pelos
fascínoras do regime militar fascista, fruto do golpe militar de 1º de
abril de 1964, efetuado pelo reacionário exército brasileiro a mando do
imperialismo ianque como uma forma de tentar deter o avanço da situação
revolucionária naquela época. Como parte da Juventude Combatente, nós,
do Movimento Estudantil Popular Revolucionário levantamos nossas vozes
em todo dia 28 de março para seguir na mesma luta contra o velho estado
burguês-latifundiário, levantando as pautas do movimento estudantil em
defesa do nosso direito a estudar e aprender e apontando o caminho da Revolução Democrática Ininterrupta ao Socialismo como forma de resolver completamente os problemas que assolam o nosso povo diariamente.
Repercutiremos em nosso site a arte de um panfleto distribuído em
colégios do Rio de Janeiro e de Niterói, convocando para um ato no
próximo dia 28 de março, terça-feira, 16 horas no CEPLIM - Niterói.
Aproveitamos também para repostar a
matéria publicada na edição de nº 10 do Jornal Estudantes do Povo,
intitulada "41 anos depois, a Edson Luís Saudações Revolucionárias!".
41 ANOS DEPOIS, A EDSON LUÍS SAUDAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS!
Edson Luís de Lima Souto nasceu em Belém do Pará, no dia 24 de fevereiro de 1950.
Oriundo de uma típica família pobre
paraense iniciou seus estudos na escola estadual Augusto Meira,
aonde concluiu o ensino fundamental. Devido à ausência de opções de
ensino na sua região mudou-se então para o Rio de Janeiro a fim
de cursar o ensino médio no Instituto Cooperativo de Ensino que
funcionava no Restaurante Central dos Estudantes, mais conhecido
como “Calabouço”.
O Calabouço (apelido dado devido à
lenda de que ali teria existido uma prisão de escravos) foi
fundado em 1951 na sede histórica da UNE, no bairro do Flamengo,
mas logo no ano seguinte foi transferido para as proximidades do
aeroporto Santos Dumont exatamente no centro da cidade. Apesar de
formalmente administrado pelo ministério da educação era a própria
União Metropolitana dos Estudantes (entidade secundarista) quem
geria o local. Desde então, e particularmente durante o ascenso de
manifestações da década de 60, a história daquele singelo lugar
fundiu-se definitivamente com a história do levante da juventude.
Manifestações contra o aumento das refeições, a favor da
educação pública e contra o regime militar encontravam ali um
verdadeiro centro de preparação e mobilização.
E, claro, seria inevitável que no
meio de tão intenso ambiente o jovem Edson se encontrasse com
aquele audacioso movimento estudantil, como tantos e tantos jovens
de sua geração. Apesar de não ter chegado a ser uma liderança,
Edson Luis nunca abandonou ou hesitou em estar ao lado dos seus
colegas sendo um bom exemplo do espírito combativo do conjunto
daquela juventude. Ajudava colando cartazes e jornais nos murais,
assistindo aos comícios, enfim, porque compreendia muito bem a
justeza daquela luta.
Mas um dia, repentinamente, veio ligar seu nome à história.
No fim da tarde do dia 28 de março
de 1968 mais uma manifestação estudantil ocorria próxima ao
Calabouço.Por volta das dezoito horas, a Polícia Militar chegou ao
local e tentou dispersar os estudantes que, por sua vez,
responderam com paus e pedras. A polícia então recuou mas, temendo
que os jovens seguissem com a manifestação e apedrejassem o
consulado norte-americano (o que era comum, uma vez que essa é
vizinha ao restaurante) logo voltaram e invadiram o Calabouço. Os
estudantes resistiram e o confronto instalou-se. Como em todas as
manifestações da época, a polícia levava larga desvantagem até que
um tiro seco irrompeu no pátio. Subitamente a multidão abre e, no
seu meio, jaz morto com um tiro a queima roupa no peito aquele
jovem que contava então dezoito anos, chamado Edson Luis. Logo a
batalha reinicia, agora pelo corpo do estudante, uma vez que a
polícia tentaria sumir com o mesmo. Com fúria e vigor centuplicados
os estudantes vencem a batalha e saem pelas ruas da cidade
carregando o primeiro estudante assassinado pelo regime militar,
seu colega de manifestações, agora um de seus heróis. Um outro
estudante, Benedito Frazão, também foi atingido e morreu no
hospital.
O executor do crime chamava-se
Aloísio Raposo, comandante da operação. Mas o verdadeiro e maior
responsável também era conhecido pelos jovens, conhecido e
repudiado, era o regime militar fascista e todos os seus
asseclas.Tanto que o velório de Edson transformou-se num gigantesco
ato de repúdio à repressão. Centenas de cartazes foram colados
por toda a cidade com palavras-de-ordem como “Bala Mata Fome”? e
“Mataram um estudante-podia ser seu filho”!. Compareceram ao
enterro 50 mil pessoas e no período que vai do assassinato até a
missa do dia 2 de abril ocorreram manifestações em todos os cantos
do país. Dois meses depois, no dia 26 de junho, como
desdobramento do assassinato do Edson Luis e da escalada da
repressão ocorreria outro marco importante daquele ano de 68, a
passeata dos cem mil.
Papel Revolucionário da Juventude
Passados 40 anos daqueles episódios é
necessário lembrar e render homenagem àquela juventude que tantas e
tão belas páginas de heroísmo e ousadia escreveu. Mas não bastam
lembranças e homenagens. É necessário principalmente aprender com
seu exemplo e entender que a essência daquele movimento, a fonte
de seu vigor e grandiosidade era exatamente a confiança firme de
que mais do que lutas pontuais o papel do movimento estudantil é
marchar lado a lado do povo brasileiro no caminho da
transformação cabal de nossa sociedade, no caminho da revolução no
nosso país. E torna-se ainda mais necessário reafirmar e praticar
tais principios quando todos os oportunistas e “ex-lutadores” de
plantão utilizam-se da imagem daqueles valorosos jovens para negar
e jogar lama sobre o que é essencial em toda sua trajetória.
Oportunistas e Renegados
Não têm faltado “Memoriais do
Movimento Estudantil”, “Caravanas” e todo tipo de falsidades
realizados com o apoio do mesmo Estado responsável pela perseguição
e morte daqueles companheiros. Não tem faltado também declarações
da UNE no sentido de se apropriar daquelas lutas quando na
verdade esta entidade governamental tudo o que faz é bajular
“autoridades” como José Serra, José Dirceu e até o ministro da
justiça Tarso Genro, o mesmo que mantém trancados muitos dos
arquivos criminosos do regime militar.
Tanto que no dia 28 de março desse ano
de 2008 em conjunto com a Secretaria de direitos humanos da
Presidência da república e a Prefeitura do Rio, UNE/UBES
participaram da inauguração de uma placa em memória a Edson Luis.
No ato estavam “personalidades” como Vladimir Palmeira, do PT, que
logo disse que apesar da importância daquelas lutas no passado,o
movimento estudantil chegou ao fim. A atual presidente da UNE,
Lúcia Stumpf, também “exaltou” o jovem Edson mas fez questão de
ressaltar que a realidade de hoje é “diferente” e que os estudantes
se mobilizam menos porque “têm menos tempo”. José Dirceu foi
outro convidado mas, talvez por medo da massa, não compareceu. A
mãe do Edson Luís, a sra. Maria de Belém Souto Rocha, de 84 anos,
presente ao ato, pouco falou mas deve ter se surpreendido com
aquela juventude adocicada e rendida, tão diferente em fala e em
espírito de seu filho e seus companheiros.
Mas o caminho da rebelião e da luta
consequente não chegou ao fim e ainda que repetida mil vezes tal
mentira não se tornará realidade. O movimento estudantil segue de
pé e não é devido à “falta de tempo” dos jovens que a UNE é
incapaz de mobilizar os estudantes mas sim porque a linha
conciliatória e oportunista dessa sigla encontra cada vez menos
eco entre a juventude. A UNE de hoje é a própria antítese daquela
União Nacional dos Estudantes da década de 60. Mais do que nunca
devemos celebrar os acontecimentos de 1968 como imagens vivas de
que o espírito rebelde é o único capaz de mobilizar os jovens e
que sempre que encontram-se com tal espírito, sempre que chamados à
luta, a juventude responde com energia e entusiasmo. Foi a esse
chamado que o estudante secundarista Edson Luis de Lima Souto
respondeu e manter erguida no alto a bandeira vermelha da
revolução, bandeira sustentada há 40 anos atrás por aqueles jovens,
é a única forma concreta de homenagea-los e sauda-los hoje,
amanhã e até que juntamente com todo o povo a juventude conquiste
não esse arremedo de democracia purulenta que aí está mas a sua real libertação!
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