Hoje,
1º de Outubro completam-se 69 anos da Grandiosa Revolução Chinesa.
Esse foi um extraordinário acontecimento para humanidade, em que
milhões de massas dirigidas pelo PCCh – Partido Comunista da China
e sua chefatura, o Grande Timoneiro Presidente Mao Tsetung, tomaram o
poder em toda a China após uma Guerra Popular Prolongada que
derrubou o poder da grande burguesia, do latifúndio e do
imperialismo, construindo a Nova Democracia e o Socialismo na China,
levando luz e esperança para o proletariado e massas populares em
todo o mundo.
Reproduzimos
a seguir artigo publicado pelo Jornal A Nova Democracia na passagem
dos 60 anos da vitória da revolução.
9, novembro de 2009
As colossais comemorações feitas pelo atual Estado fascista chinês para comemorar os 60 anos da fundação da República Popular da China pretendiam esconder que a maior população do globo vive, desde o golpe contra-revolucionário de Teng Siaoping em 1976, sob o mais cruel regime de exploração, integrado à economia capitalista e responsável em grande medida pela sobrevida do capitalismo em crise mundial.
Guerra contra a ocupação japonesa |
Todos os que hoje se impressionam com a pujança
da economia chinesa, com suas taxas altíssimas de crescimento em
relação ao restante do mundo, se esquecem que isso se deve à
utilização pela burguesia burocrática chinesa de toda a estrutura
e conquistas deixadas pelo processo revolucionário que se
desenvolveu até a morte do Presidente Mao Tsetung em 1976.
Hoje a China é um país capitalista, com um
Estado fascista que impõe repressão e exploração infinitas ao
povo. Porém, nada é capaz de apagar a memória da revolução que
libertou o povo chinês, marcada pela fundação da República
Popular da China em 1º de outubro de 1949. É essa a história que
merece ser relembrada.
Nasce o Partido Comunista da China
Sob o influxo da Revolução de Outubro de 1917, na Rússia, cresce o movimento revolucionário dirigido pelo Kuomintang, liderado por Sun Yat-sen, um burguês nacionalista que pretendia realizar a revolução burguesa de velho tipo. Em 1919, eclode o movimento 4 de Maio. Em 1º de julho de 1921 é fundado o Partido Comunista da China. Neste mesmo ano, surge o governo de Cantão, cujo presidente era o líder revolucionário Dr. Sun Yat-sen. Em seguida, operários e camponeses estabelecem uma inquebrantável aliança e começam a desalojar os latifundiários.
O partido de Sun Yat-sen recebe apoio do Partido
Comunista da China em 1923. Chiang Kai-shek, jovem militar que
retorna ao seu país após concluir estudos na então Federação das
Repúblicas Socialistas Soviéticas, assume o comando da Academia
Militar de Wampoa, que se constitui no núcleo do exército
revolucionário do Kuomintang, em 1924. O Dr. Sun Yat-sen falece em
1925 e Chiank Kai-shek assume o controle do Kuomintang, acirrando-se
as contradições entre comunistas e nacionalistas no interior do
partido burguês.
Tem início à expedição ao Norte com o apoio
entusiasta das massas camponesas, em 1926. Neste mesmo ano, Chiang
Kai-shek prende inúmeros comunistas. Em 1927, forças dirigidas por
Chu En-lai são destroçadas pelo Kuomintang.
Em 12 de abril do mesmo ano, em Pequim, Chiang
Kai-shek trai a revolução. O Kuomintang desencadeia uma violenta
repressão, utilizando-se de campanhas de cerco e aniquilamento, de
imediato abatendo 5 mil pessoas, entre comunistas e aliados. Chu
En-lai é libertado por mediação. Entre maio e junho de 1927, novo
banho de sangue contra os comunistas.
Nasce o Exército Vermelho
Em 1928, colunas comunistas lideradas por Mao
Tsetung e Chu Teh se fundem em Chingkanshan dando origem ao Exército
Vermelho da China. Aqueles dias foram determinantes para que Chu Teh
se convertesse em gênio militar e o Presidente Mao no teórico
político máximo da revolução na China.
Progridem nas bases de apoio os planos meticulosos
de aprofundamento do poder, da economia e da cultura das amplas
massas, enquanto Chiang Kai-shek acumulava fortunas, burocracia e
treinava tropas reacionárias nas áreas sob sua governança. Em
janeiro de 1930, na província de Fukien, o Presidente Mao é
reconhecido o líder máximo da revolução na China. Também no
início desse ano é estabelecida a organização militar do Exército
Vermelho, com efetivos divididos em quatro corpos, somando 30 mil
homens.
Hu Yahan, 1946, durante a 3a Guerra Civil Revolucionária contra o Kuomitang |
O comitê central executivo do Partido Comunista
da China é reorganizado com um conselho militar revolucionário.
Antes de terminar o ano, Chu Teh organiza pequenas unidades e golpeia
100 mil soldados de Chiang Kai-chek agrupados em oito divisões que
se dirigiam contra as bases de apoio de Hunan e Oyuwan. Chu Teh faz
10 mil prisioneiros.
Acontecem a segunda e terceira campanhas de cerco
e aniquilamento, todavia com a vitória do exército operário e
camponês dirigido pelo partido comunista. Na terceira campanha,
Chiang Kai-shek havia reduzido as forças de Chu-Teh de 30 mil para
20 mil homens, ao mesmo tempo em que possibilitou aos japoneses
invadirem Mukden em setembro de 1931. O Presidente Mao declarou
guerra ao Japão. Cerca de 20 mil soldados nacionalistas do 28º
exército do Kuomintang desertam e ingressam no exército operário e
camponês de Mao Tsetung. Em abril de 1932, Chiang Kai-chek dispõe
de 500 mil homens para tentar, na sua quarta campanha de cerco e
aniquilamento, destruir o exército operário e camponês, recuando
todavia em janeiro de 1933.
Uma quinta campanha é desfechada pelo Kuomintang,
com assessoramento técnico do general alemão von Seeckt. A campanha
se alongou até 1934, tendo Chiang Kai-shek abandonado toda a
resistência ao Japão, que se apoderou da Manchúria.
O fraco se torna forte
O Exército Vermelho preparou sua marcha de combates para as montanhas de Shensi, a mais de 10 mil quilômetros de distância, percorrendo uma média de 40 quilômetros por dia.
O I, II e III exércitos dos camponeses se
juntaram ao Exército Vermelho e vitoriosamente completaram a Longa
Marcha de 25 mil lis*. Desde meados de 1934, esse exército venceu 18
cadeias de altas montanhas, cinco delas cobertas de neve; atravessou
24 grandes rios profundos e tormentosos; doze províncias localizadas
em regiões inóspitas, nas quais ocupou temporariamente 62 cidades,
chegando a Shensi do Norte em outubro de 1935, onde estabeleceu suas
imbatíveis bases de apoio do grande noroeste.
A guerra antijaponesa
Com aproximadamente 35 mil combatentes, o Exército Vermelho defendeu a região compreendida pelas províncias de Kansu, Suiyuan e Shensi. Ao sul de Shensi, 15 mil soldados de Chiang lançavam ataques isolados contra o exército do povo chinês. Por detrás das linhas de Chiang, entretanto, forças japonesas atacaram o Kuomintang. Habilmente, o Exército Vermelho cessou suas hostilidades às desgastadas forças do Kuomintang. Reuniu quadros civis e militares, desenvolveu suas indústrias e agricultura, criou uma escola militar.
Ocupada desde 1931 pelos japoneses, a Manchúria
assiste aos reforços imperialistas que chegam ao seu território
constantemente até março de 1932, quando — por "mediação"
britânica — os japoneses se retiram. O exército revolucionário
se expande constantemente, nesse meio tempo. Já ao final de 1936,
100 mil combatentes revolucionários ocupam o norte de Shensi.
Em janeiro de 1937, Yenan foi declarada capital da
República Popular da China.
Nankin era a sede do governo do Kuomintang.
O presidente Mao Tsetung durante a Longa Marcha |
Após incidentes — criados pelos japoneses para justificar uma série de massacres por eles próprios perpetrados —, a 30 de julho de 1937, o exército imperial japonês ocupa Pekin e, a 13 de dezembro do mesmo ano, Nankin. No mesmo ano, em Shensi, as tropas japonesas são derrotadas em setembro e outubro. Em seguida, elas desencadeiam uma grande ofensiva em todas as frentes. Em 1939, os efetivos sob o mando do Presidente Mao ocupavam largos territórios e neles estabeleciam o poder operário e camponês.
Chiang Kai-shek pretendia que o Exército Vermelho
se desgastasse no enfrentamento com o exército japonês, para
aliar-se a eles e destruir o exército de operários e camponeses.
Mas essas forças revolucionárias obrigaram que justamente o
Kuomintang desempenhasse o desgastado papel. O Exército Vermelho se
fortalecia para enfrentar ambos os inimigos.
Em 1940, o Exército Vermelho de operários e
camponeses contava com meio milhão de homens guiados por uma
invencível linha política. Além do mais, bem armados e treinados.
A ofensiva contra o invasor foi lançada, de forma intermitente e
segura, levando perdas ao exército japonês fascista que somaram 50
mil homens, entre japoneses e chineses obrigados a lutar a seu lado.
Ao desastre imperialista, acrescentavam-se perdas de inúmeros pontos
fortificados, quilômetros de vias férreas e o domínio político de
imensas regiões. Entre 1939 e 40, o Presidente Mao Tsetung torna-se
o líder incontestável dos comunistas e do povo chinês.
Em 1941, a Segunda Guerra mundial se generaliza.
Nesse ano, o USA lança uma série de provocações contra os
japoneses, obrigando-os a atacar a base ianque Pearl Harbor, no
Pacífico. Em 1942, 43 e 44, os comunistas ampliam seu raio de ação,
gradualmente desenvolvem a produção, o abastecimento de armas e
munições. Preocupados com as ilhas no Pacífico, os japoneses dão
prioridade à defensiva na China enquanto a saqueiam, pondo em
prática as consignas de "roubar tudo, queimar tudo, matar a
todos".
O Poder operário e camponês avança. Cresce o
Partido e as regiões libertadas. São ampliadas as escolas de
quadros políticos e militares. Em 1944, somente no noroeste da China
o Poder que abarcava Shansi-Chahar-Hopei incluía 20 milhões de
habitantes.
Período da guerra civil
Era 1945. Concluída a Segunda Guerra Mundial, os efetivos do Kuomintang somavam 280 brigadas. Um total de 2,5 milhões de soldados, contando ainda com uma pequena marinha e quinhentos aviões. Os comunistas chegavam a 300 mil soldados, apoiados por 700 mil guerrilheiros. Toda a administração pública de Chiang estava minada pelas forças do povo. Os revolucionários aguardavam apenas a ordem de ataque.
Em 30 de junho de 1946, a guerra civil estava
cristalizada. Entre julho e agosto, as forças comunistas pareciam
recuar, mas na realidade se fortaleciam entre as massas, criando a
possibilidade de todo o povo envolver-se na guerra.
10 de maio de 1947. O exército operário e
camponês lança uma estupenda ofensiva por toda a China. Em dezembro
do mesmo ano dá-se a mais encarniçada luta de toda a guerra civil,
entre os rios Amarelo e o Yang-tsé. Atacando por detrás das linhas
inimigas, estabelecendo golpes que dividiam as forças do Kuomintang
em fatias menores e frágeis diante de um contingente vermelho
esmagador, as forças de Chiang perdem mais e mais abastecimentos e
homens.
Em setembro de 1948, um notável dirigente militar
que havia iniciado suas façanhas aos 16 anos como ajudante de ordens
de Chu Teh dispõe de 600 mil soldados. Com esse contingente Lin Piao
se apodera das guarnições e pontos fortificados de Chiang, entre
Mukden e Chinchow. Em novembro, as posições de Chiang são
esmagadas por sucessivos, simultâneos e intermináveis ataques que
avançam em direção ao sul da China.
Quando chega janeiro, o Presidente Mao oferece a
paz, que os reacionários do Kuomintang rejeitaram. Mantendo a
demanda de paz, o Exército Vermelho, todavia, segue exercendo o
domínio da situação e atacando. De nada vale o apoio do
imperialismo ianque a Chiang.
Nankim, a capital do Kuomintang, cai a 13 de abril
de 1949, Hankow a 3 de maio e Shaoshing no dia 7. Finalmente, em 4 de
dezembro, na fronteira da Indochina, 25 mil soldados do Kuomintang se
entregam, enquanto Chiang traidor já havia se refugiado desde o dia
23 de abril na ilha de Formosa sob a proteção do imperialismo
ianque.
Em 1º de Outubro, o Presidente Mao Tsetung
proclama a República Popular da China, na sua capital, Pequim.
Sob o novo Poder
O proletariado revolucionário da China forneceu enormes contribuições à Primeira Onda Revolucionária Proletária no mundo (1848-1976), tendo o pensamento do Presidente Mao como guia — desde a fundação do Partido Comunista da China, em 1921; da criação do Exército Vermelho; do Levante da Colheita de Outono, em 1927; da libertação da China à fundação da República Popular.
De fato, o Presidente Mao estabeleceu a estratégia
do cerco da cidade pelo campo; fundou e dirigiu a República Popular
e o estilo de democracia nova. Ultrapassando o período enfocado pela
ópera, a história da revolução proletária mundial, no curso das
lutas na China não só elevou a questão das rebeliões armadas ao
nível da teoria militar do proletariado como impulsionou, desde as
bases de apoio, uma nova economia, uma nova política e nova cultura.
À frente do Grande Salto Adiante esteve o
Presidente Mao; guia da luta contra o revisionismo moderno e contra
toda sorte de doutrinas de restauração capitalista; chefe e mando
da Grande Revolução Cultural Proletária; estabeleceu a contradição
como a lei fundamental da dialética; desenvolveu a tese do
capitalismo burocrático — o capitalismo que se desenvolve nas
nações oprimidas pelo imperialismo com seus diversos graus de
feudalidade.
Ele aprofundou a teoria marxista-leninista do
Estado (desde os três instrumentos: o Partido, o Exército e a
Frente Única), como a da luta de classes sob o socialismo. No plano
da Revolução Mundial, ainda que sob os mais cruéis refluxos, ele
esclareceu a questão dos três mundos que se delineiam e da vitória
inexorável dos povos sob a hegemonia do proletariado.
Seus aportes jamais foram um conjunto de
fraseologias — deliberadas e artificialmente arquitetadas — para
atender ao poder de uma elite, ou de um só homem e a servir a uns
tantos seguidores que surgem e se vão com o passar dos tempos.
Ao contrário, ele tomou a prática social de
milhões e milhões de revolucionários proletários de todo o mundo
(das revoluções antecedentes e a parte que lhe coube dirigir) como
critério da verdade na busca e na construção de uma nova sociedade
livre da exploração das massas e da existência de classes.
* Li - Unidade de medida chinesa de distância,
equivalente a 576 metros.
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