Avaliação da FIP sobre as primeiras manifestações durante a copa e próximos passos
Avaliação da FIP-RJ sobre as primeiras manifestações durante a Copa e próximos passos
A Frente Independente Popular do Rio de Janeiro (FIP-RJ) vem a público saudar as companheiras e os companheiros que participaram, conosco, das primeiras manifestações ocorridas durante a Copa da FIFA, no dia 12/06 em Copacabana, no dia 15/06 nos arredores do Maracanã e novamente em Copacabana, no dia 23/06, quando compomos o ato convocado por diversas comunidades com o tema “A festa nos estádios não vale as lágrimas nas favelas”. Cada ato tem a sua história, mas todos eles, dentro das suas características, somam para a causa comum de não permitir que a farra da FIFA passe em clima de “unanimidade” como falsamente tenta demonstrar o governo brasileiro e os monopólios de imprensa. Ao contrário: há manifestações diárias pelo país, e não é senão com base num verdadeiro estado de sítio que tem se realizado o corrupto torneio de Blatter & Cia.
Apesar do atraso, gostaríamos de saudar, particularmente, as mulheres e homens que no dia do primeiro jogo da Copa no Rio (15/06) enfrentaram com coragem o terrorismo de Estado e o cerco policial montado para impedir o povo de exercer seu legítimo direito de manifestação, conseguindo romper o perímetro imposto pela FIFA e chegar a uma quadra do Maracanã. Apesar do verdadeiro aparato de guerra movido pelo Estado, apesar do bombardeio contra nós despejado praticamente desde o início da manifestação, apesar dos tiros de munição letal disparados por policiais, o povo combatente não arredou pé e soubemos vencer, com nossa determinação e organização, todos os obstáculos erguidos no nosso caminho. Os que lá estavam podem, com toda razão, dizer que participaram de um dia histórico! Ainda sobre o ato do dia 15, queremos saudar especialmente o companheiro Edson Rosa, agredido por covardões ao término do protesto, manifestando nossa repulsa por esses valentões que não sabem demonstrar a mesma disposição quando o povo está coeso e organizado.
Diferentemente do que dizem muitos, os atos por onde passam têm recebido apoio popular. Os que por qualquer razão não podem comparecer às manifestações nos ajudam de diferentes maneiras, inclusive repercutindo a cotidiana violência policial e a resistência que cada vez mais o povo opõe a ela. Ressaltamos também, com os punhos erguidos, solidariedade aos nossos irmãos argentinos e chilenos que, ao ocuparem o Maracanã, desmoralizaram perante o mundo inteiro o governo brasileiro e a FIFA, com suas mentiras de que a Copa no Brasil é um evento “popular”.
Se há algum legado da Copa esse não é outro senão a generalização da insatisfação e dos protestos populares por todo o Brasil. Apesar do bombardeio midiático sem igual em nossa história recente, o entusiasmo pelo torneio nem se compara com outros realizados em diferentes países e continentes, e nenhum governante se atreve a comparecer aos estádios por medo das vaias certas. A “Copa das Copas” não existe, de fato, demonstrando o êxito da palavra-de-ordem combatente de “Não vai ter Copa!”. As mobilizações só não são maiores pela ação traidora da “esquerda” eleitoral e oportunista. Visando enganar suas bases prometeram que na Copa haveria luta e, entretanto, o que vemos? As greves que haviam, algumas em setores estratégicos, com real capacidade de pressão, foram por esses setores sabotadas, como a ação desmobilizadora da CSP-CONLUTAS junto aos rodoviários do Rio. A greve da educação somente segue por pressão da base pois, na última assembléia, PT, PSOL e PSTU votaram juntinhos pelo seu término. O Comitê Popular Copa-Olimpíadas está literalmente de férias e, se não fosse pela iniciativa da FIP-RJ e outros setores independentes, o Rio de Janeiro, local onde os protestos populares mais avançaram em 2013, estaria em plena Copa deitado eternamente em berço esplêndido.
Concluímos fazendo um chamado a todas e todos para que contribuam a construir o calendário “Não vai ter Copa!-Fora FIFA!-FIFA GO HOME!” proposto pela FIP-RJ. Em particular nosso próximo ato no dia 28/06, quando voltaremos ao Maracanã. Pela responsabilidade que temos com o movimento popular, e considerando o Estado de exceção que vivemos, decidimos convocar atos em intervalos que nos permitam a melhor divulgação e organização possíveis. Queremos destacar, contudo, que estamos prontos a apoiar todas as iniciativas que visem desmascarar a farsa da Copa da FIFA e do oportunismo, acumulando para um grande ato combatente na final, a 13/07.
Todos ao ato de 28/06 no Maracanã!
Não vai ter Copa! Fora FIFA!
“Não me leve a mal, no Rio de Janeiro não vai ter final!”
Viva a Frente Independente Popular!
Rio, 24/06/2014.