Saturday, June 14, 2014

Por que gritamos NÃO VAI TER COPA? - Why do we shout ‘THERE WON’T BE A WORLD CUP’? -FRENTE INDEPENDENTE POPULAR – RJ

Por que gritamos NÃO VAI TER COPA?

O futebol é o esporte das multidões; esporte das mais intensas paixões dos povos ao redor do planeta. Não negamos a importância do futebol para o povo brasileiro nem mesmo o papel do esporte e do lazer em uma sociedade. Entretanto, a Copa do Mundo da FIFA não se resume a um evento esportivo.
O grito ‘NÃO VAI TER COPA’ surgiu nas ruas, no levante popular de junho de 2013, quando milhares de pessoas em diversas cidades do país lutaram pormelhores condições de vida e de trabalho. Gritar ‘NÃO VAI TER COPA’ é se posicionar contra o total domínio do poder econômico e de seus interesses nas decisões políticas, que devem ser determinadas pelo povo e voltadas única e exclusivamente às suas reais necessidades. Não podemos fechar os olhos para os crimes que estão sendo cometidos em nome da Copa do Mundo. Calar-se para o ‘NÃO VAI TER COPA’ é trair o povo pobre, é trair a luta contra a desigualdade social. É TRAIR as ruas!
Por que gritamos NÃO VAI TER COPA?
REMOÇÕES
Em nome da Copa do Mundo e das Olimpíadas, despejos ilegais e graves violações aos direitos humanos foram e estão sendo cometidos. Comunidades inteiras foram e estão sendo riscadas do mapa, acabando com a vida de milhares de pessoas.
As remoções geram dor, tristeza, abandono e morte. Todo o processo é uma tortura. Desde a pichação para marcar as casas (que lembram práticas nazistas) que serão demolidas, a pressão covarde – com intimidação e ameaças – dos agentes públicos da SMH (Secretaria Municipal de Habitação), até a retirada à força, muitas vezes, com a polícia empunhando armas de fogo para as pessoas sairem de suas próprias casas.
O Estado Burguês brasileiro, conhecido como Estado Democrático de Direito, nega o direito de toda a pessoa a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família os serviços sociais indispensáveis à dignidade humana – saúde, educação, limpeza urbana, transporte e HABITAÇÃO. O direito à moradia é completamente negado pelo Estado Burguês.
A Copa reproduz a exclusão social e racial. Aprofunda problemas sociais e ambientias nunca solucionados.
Mais de 250.000 famílias foram removidas e/ou vivem ameaçadas de remoção. Os gastos para a Copa do Mundo no Brasil passam os incríveis R$ 30 Bilhões (até o momento). Em comparação, as últimas três Copas do Mundo somadas chegam a R$ 25 bilhões.
ENORMES GASTOS PÚBLICOS E ELEFANTES BRANCOS
O que são os Elefantes brancos? São obras extremamente caras, grandiosas e, no entanto, TOTALMENTE INEFICIENTES. Na linguagem popular é o famoso “jogar dinheiro no lixo”.
Os estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal não deverão sair por menos que três bilhões de reais no total. A verba será financiada via BNDES e pelos governos estaduais, que são composições de verbas públicas, portanto, o nosso dinheiro.
O estádio Mané Garrincha, em Brasília, por exemplo, tem capacidade máxima para 71 mil pessoas. A contradição salta aos olhos quando olhamos para o público do primeiro jogo da final do campeonato brasiliense do ano passado: 1.956 pagantes. O mesmo cenário se repete nas outras três cidades mencionadas.
Em Manaus, o absurdo é ainda maior! O Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, ligado ao Tribunal de Justiça do Amazonas, levantou a hipótese de transformar o recém-construído estádio em um ‘presídio’ temporário.
A reforma do Maracanã custou quase dois bilhões de reais e apenas três jogos da Copa do Mundo serão realizados no estádio. Gastou-se um valor maior doque construir um novo! O novo estádio, agora “arena”, apagou a identidade histórica do Maracanã. Torcedores e até jogadores da seleção espanhola e italiana tiveram essa sensação ao entrar no novo estádio: “Cadê a geral?” “É muito europeu.” “Igual aos outros estádios, perdeu a mística…”
OPRESSÃO DE GÊNERO E RAÇA
A Copa do Mundo da FIFA reproduz as antigas práticas machistas e incentiva a mercantilização do corpo.
Um exemplo são as camisetas vendidas pela Adidas, uma das multinacionais que patrocinam o megaevento. As camisetas estampam bundas de mulheres, e numa alusão grosseira reforçam a opressão de gênero e, em especial, as cotidianas agressões sexistas contra as brasileiras.
Somado a isso está o racismo: a FIFA se cala sobre inúmeros casos de racismo nos campeonatos europeus e pelo mundo; por ser negro, um casal foi recusado pela FIFA, com respaldo do governo, de apresentar o sorteio dos grupos da Copa – com o discurso de que o casal não se enquadra aos “padrões europeus”.
A Copa só fará aquecer ainda mais as redes de aliciamento que se beneficiam do mercado da exploração sexual. Na África do Sul, por exemplo, o número estimado aumentou de 100 para 140 mil, durante o megaevento de 2010.
O Brasil possui um dos maiores níveis de exploração sexual infanto-juvenil do mundo. Há denúncias do aumento de exploração sexual, incluindo crianças e adolescentes, nos arredores dos estádios e das grandes obras urbanas da Copa, que revelou, por exemplo, que garotas de 11 a 14 anos estão se prostituindo na região do Itaquerão, Zona Leste de São Paulo.
ELITIZAÇÃO = SEGREGAÇÃO NOS ESTÁDIOS
Os novos estádios ou arenas, só ficam ao nível da aparência. Na prática, há um trágico efeito colateral em curso: os custos das novas “arenas” (pagos com o dinheiro público, sendo assim, nosso dinheiro) são embutidos no preço dos ingressos, que ficam mais caros, gerando uma elitização do futebol. É o resultado da privatização dos espaços públicos – empresas capitalistas que só visam o próprio lucro passam a controlar espaços públicos.
Os tradicionais torcedores, a classe trabalhadora, os mesmos que construíram os estádios ou arenas, são excluídos de seus direitos, pois um trabalhador(a) não tem como pagar um ingresso que chega a custar 50% (ou mais) do salário mínimo.
Uma recente pesquisa apontou que no atual Campeonato Brasileiro os ingressos das novas arenas estão em média 119% mais caros que os nos estádios antigos.
REPRESSÃO
Mais preocupante que a campanha orquestrada para desqualificar os que criticam a Copa do Mundo é o movimento orquestrado pelo Estado brasileiro para expandir o aparato repressivo visando sufocar protestos durante o megaevento – e muito provavelmente, depois.
Este movimento tem atuado em duas frentes: uma legislativa e outra ostensiva (policial e militar). Os projetos de lei que visam tipificar o crime de terrorismo no Brasil criam subterfúgios jurídicos para que o Judiciário possa enquadrar movimentos sociais e manifestantes como terroristas.
O governo federal agora envia Tropas Federais ao Rio de Janeiro com o discurso de conter o tráfico de drogas. O tráfico sempre existiu, nunca acabou. Porque agora? É uma ação dos governos (federal, estadual e municipal) para justificar a vinda das tropas federais, auxiliando na invasão das favelas, na instalação ou reforço das UPPs, ampliando o domínio e repressão  do Estado e aumentado o lucro capitalista, já que a primeira ação do Estado é abrir as portas para que empresas privadas consigam novos consumidores.
Em um contexto de indignação e protestos, aumentam as forças repressivas para sufocar, reprimir e controlar as lutas populares, especialmente as seguidas revoltas que têm ocorrido nas favelas, locais de inúmeros focos de resistência. Pois é nas favelas que cotidianamente o povo pobre e negro é perseguido, torturado e assassinado.
O que aconteceu em Manguinhos foi mais uma revolta popular! Pois cerca de cem famílias ocuparam um galpão (vazio) atrás da biblioteca Parque deManguinhos. A polícia militar tentou retirar as famílias à força. Diante da resistência dos moradores, os policiais atiraram bombas de gás e de efeito moral; a população respondeu com uma chuva de pedras e garrafas. Em seguida, os policiais começaram a atirar com armas de fogo. Várias pessoas ficaram feridas. Quatro jovens foram baleados. Um está em estado grave. É a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, das lutas e ocupações.
PROTESTOS
Diante de tantas arbitrariedades, violações de direitos humanos, processos de total exclusão social, apropriação do patrimônio público, desvio de verba pública, entre outros vários crimes contra o povo, protestar contra a realização da Copa da FIFA no Brasil não só é legítimo – é também um dever. Portanto, não se deixe intimidar por discursos mentirosos e por um patriotismo cego e incoerente com as necessidades do povo ou ainda por artigos escritos porjornalistas e intelectuais cujo verdadeiro compromisso é com determinado partido político ou com o próprio bolso.
A atuação da polícia contra as manifestações se intensifica, fato que ficou claro no protesto do último dia 25 de janeiro, quando o manifestante Fabrício Proteus Chaves foi baleado à queima roupa (quase o levando a morte) por policiais militares. Este covarde episódio que apenas representa a rotina nas favelas e periferias do Brasil, nos coloca em alerta para futuras manifestações.
Nem a violência policial nem o discurso mentiroso da desqualificação nos fará parar. Somos parte do povo e lutamos pelo povo e com o povo. Nada impediráde desfrutarmos do direito constitucional de protestar, sobretudo contra uma Copa do Mundo mergulhada em podridão e crimes – que inclusive levou à prisão e morte pessoas que sofreram com as truculentas remoções ou pelo processo de “limpeza” social.
Os protestos contra a Copa do Mundo no Brasil representam a luta pelos interesses do povo e a defesa da dignidade da pessoa humana, ferida por leis deexceção e pelo processo covarde de construção desta Copa do Mundo da FIFA.

Why do we shout ‘THERE WON’T BE A WORLD CUP’?

Soccer is the sport of multitudes; a sport that gives the most intense passions for people all around the planet. We do not deny the importance of football to the Brazilian people and even the role of sport and leisure in society. However, the FIFA World Cup is not just a sporting event.
The scream ‘NÃO VAI TER COPA’ – ‘THERE WON’T BE A WORLD CUP’ appeared on the streets during the popular uprising of June 2013, when thousands of people in various cities of the country fought for better conditions of life and work. Shouting ‘THERE WON’T BE A WORLD CUP’ is being against the absolute economic power and its interests in political decisions, which have to be determined by the people and focused solely on their real needs. We cannot close our eyes to the crimes being committed in the name of the World Cup. Silencing ‘THERE WON’T BE A WORLD CUP’  is to betray the poor people, is to betray the struggle against social inequality. This is BETRAYING the streets!
Why do we shout ‘THERE WON’T BE A WORLD CUP’?
EVICTIONS
On behalf of the World Cup and the Olympics, illegal evictions and gross violations of human rights were and are being committed. Entire communities have been and are being wiped off the map, ending the lives of thousands of people.
Removals generate pain, sadness, abandonment and death. The whole process is torture. From graffiti to mark the houses (which resemble Nazi practices) that will be demolished, the coward pressure – with intimidation and threats – of public officials from SMH (Secretaria Municipal de Habitação – Municipal Housing Secretariat) until the withdrawal by force, often with police wielding firearms to take people out of their own homes.
The Brazilian Bourgeois State, known as a Democratic State, denies the right of everyone to adequate living conditions, sufficient to ensure for herself/himself and her/his family the essentials social services indispensable for human dignity – health, education, urban sanitation, transportation and HOUSING. The right to the city is completely negated by the bourgeois state.
The World Cup reproduces social and racial exclusion. Deepens social and environmental problems never solved.
Over 250,000 families were removed and/or live under the threat of removal. The spending for the World Cup in Brazil pass the incredible amount of R $ 30 Billion (so far). In comparison, the last three World Cups summed reach $ 25 billion.
HUGE PUBLIC SPENDING AND WHITE ELEPHANTS
What are the white Elephants? Are extremely expensive, huge, but also COMPLETELY INEFFECTIVE works. In popular speaking is the famous “throw money in the trash”.
The stadiums in Brasilia, Cuiaba, Manaus and Natal will not be ready for less than three billion dollars Reais in total. The grant will be funded through BNDES and state governments, which are compositions of public funds, so our money.
The Mané Garrincha stadium in Brasilia, for example, has a capacity of 71,000 people. The contradiction strikes the eye when we look at the audience of the first game of the finals of last year Brazilian championship: 1,956 spectators. The same scenario is repeated in the other three cities mentioned.
In Manaus, the absurdity is even greater! The Monitoring Group of the Prison System (Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário), linked to the Court of Amazonas (Tribunal de Justiça do Amazonas), hypothesized to transform the newly built stadium in a temporary ‘prison’.
The reform of the Maracanã cost nearly two billion dollars and only three games of the World Cup will be played at the stadium. It has been spent a value higher than building a new one! The new stadium, now an “arena”, erased the historical identity of the Maracanã. Fans and even players of the Spanish and Italian national team had these feeling when entered the new stadium: “Where is the public?”, “It is very European”, “Like the other stadium, it has lost its mystique…”.
RACE AND GENDER OPPRESSIONS
The FIFA World Cup plays the old sexist practices and encourages the commodification of the body.
One example is the T-shirts sold by Adidas, one of the multinationals that sponsor this mega event. On the t-shirts, woman’s asses are printed, a coarse allusion to reinforce gender oppression and, in particular, the daily sexist aggressions against Brazilian women.
Added to this there is racism: the FIFA is silent on numerous instances of racism in the European championships and in the world; a couple was denied by FIFA, with government backing, to present the draw for the World Cup for being black- with the speech that the couple did not fit the “European standards”.
The World Cup will only further expand the grooming networks that benefit from the sexual exploitation market. In South Africa, for example, the estimated number increased from 100 to 140 billion during the mega event 2010.
Brazil has one of the highest levels of juvenile sexual exploitation in the world. There are increasing reports of sexual exploitation, including children and adolescents around the stadiums and major urban works of the WorldCup, which revealed, for example, that girls 11-14 years old are prostituting in Itaquerão region, East Zone of São Paul.
ELITIZATION  = SEGREGATION IN THE STADIUMS
The new stadiums or arenas, just stay at the level of appearance. In practice, there is a tragic side effect in progress: the costs of new “arenas” (paid with public money, so our money) are embedded in the price of the tickets, which become more expensive, generating a elitification of football. This is the result of the privatization of public spaces – capitalist companies that only seek their profit gain the control of public spaces.
Traditional supporters, the working class, the same who built the stadiums or arenas, are deprived of their rights: a worker cannot afford a ticket that costs as much as 50% (or more) of the minimum wage.
A recent study showed that the current Brazilian Championship tickets in the new arenas are on average 119% more expensive than in the old stadium.
REPRESSION
More worrying than the orchestrated campaign to discredit those who criticize the World Cup is the movement orchestrated by the Brazilian State to expand the repressive apparatus aiming to stifle the protests during the mega event – and most likely, after.
This movement has acted on two fronts: legislative and other overt (military and police). The bills that aim to create the crime of terrorism in Brazil create legal loopholes so that the judiciary can frame social movements and protesters as terrorists.
The federal government now sends federal troops to Rio de Janeiro saying that they will contain drug trafficking. Trafficking always existed, never ended. Why now? It is an action of the (federal, state and municipal) governments to justify the arrival of federal troops, aiding in the invasion of favelas, in the installation or enhancement of the UPPs, expanding the domain and repression of the State and increasing capitalist profit since the first action of the State is to open the door for private companies to get new customers.
In a context of indignation and protests, the repressive forces increase with the aim to stifle, suppress and control the popular struggles, especially the uprisings that have occurred in the slums, places of various foci of resistance. Moreover, it is in the slums that constantly poor and black people are persecuted, tortured and murdered.
What happened in Manguinhos was more that a popular revolt! About a hundred families occupied an (empty) warehouse behind the library Parque de Manguinhos. Military police tried to forcibly remove the families. Faced with resistance from residents, police fired tear gas and shock grenades; population responded with a hail of rocks and bottles. Then the police started shooting with firearms. Several people were injured. Four young people were shot. One is in serious condition. This is the criminalization of poverty and social movements, struggles and occupations.
PROTESTS
With so many arbitrary, human rights violations, procedures for a complete social exclusion, appropriation of public property, misuse of public funds, among other various crimes against the people, protesting against the FIFA World Cup in Brazil is not only legitimate – is also a duty. Therefore, do not be intimidated by liars and speeches of blind patriotism, or by articles written by journalists and intellectuals whose real commitment is with particular political party or with their own pocket.
The actions of the police against demonstrations are intensifying, a fact that became clear in the protest on the 25th of January, when the demonstrator Fabrício Proteus Chaves was shot at close range (almost leading to death) by military police. This cowardly episode, that is routine in slums and peripheries of Brazil, puts us on alert for future demonstrations.
Neither police violence nor the lying discourse of disqualification will make us stop. We are part of the people: we fight for the people and with the people. Nothing will prevent us from enjoying the constitutional right to protest, especially against a World Cup dipped in rot and crimes – which even led to the arrest and death of people who have suffered with the truculent removals or the social “cleansing” process.
The protests against the World Cup in Brazil represent the struggle for the interests of the people and the defence of human dignity, wounded by emergency laws and the cowardly process of building this FIFA World Cup.
FRENTE INDEPENDENTE POPULAR – RJ

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