Manifestação em Quito, 7 de outubro de 2019. Foto: Cristina Vega/AFP
A Frente de Defesa das Lutas do Povo (FDLP)
do Equador conclamou, junto a outros sindicatos, a nova Grande Greve
Geral que acontecerá, no próximo dia 9 de outubro, em todo o país, para
deter e desmantelar o governo reacionário de Lenín Moreno e suas medidas
econômicas antipovo.
A Greve mobilizará todo o país, com a
participação de trabalhadores das cidades (serviços públicos, indústrias
e outros), além de estudantes, camponeses e indígenas. Uma grande
marcha indígena está se dirigindo para a capital, Quito, onde engrossará
as fileiras da Greve Geral. Temendo esta marcha, Lenín Moreno mudou a
sede do governo para Guayaquil, no dia 8 de outubro, conforme noticiado por AND.
Le
Além dos pequenos produtores rurais, um
sem número de sindicatos de trabalhadores urbanos anunciaram adesão à
Greve, que há tempo já tomou proporções políticas. Mesmo sindicatos
dirigidos por partidos eleitoreiros e conhecidos oportunistas, diante da
enorme mobilização e combatividade das massas, estão sendo arrastados à
luta.
Cartaz da Frente de Defesa das Lutas do Povo (FDLP) do Equador
"Nós, das organizações sociais,
ratificamos a convocatória para a Grande Greve Nacional de 9 de outubro,
sem renunciar às atividades que estão ocorrendo nas diferentes
províncias", afirmou o vice-presidente da Frente Unitária dos
Trabalhadores (FUT), José Villavicencio.
Um outro sindicalista da FUT, Mesías
Tatamuez, afirmou que o "pacotaço" é um prêmio aos grandes burgueses,
aos bancos e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
O país está em "estado de exceção"
válido por 60 dias, e mais de 450 pessoas foram detidas por protestarem.
O "pacotaço" de Lenín Moreno consiste em pôr fim aos subsídios nos
combustíveis, afetando profundamente a renda mensal dos proletários,
camponeses e pequenos proprietários, visto que isso encarece todos os
bens e impacta na própria produção nacional.
FDLP faz balanço das lutas populares
Além de convocar a Greve Geral, os
revolucionários e as massas aglutinados na FDLP realizaram um balanço da
nova onda de lutas populares que está varrendo o país.
Os militantes destacaram em documento a
importância da organizações combativas e revolucionárias, como os
Comitês de Camponeses Pobres (CCP) e os Guardas Vermelhos (GV) durante a
jornada de lutas.
“Os CCPs tornaram-se verdadeiros
fusíveis que deram origem à explosão popular em alguns lugares
estratégicos do país. A Frente Operária de Imbabura, por sua vez,
desempenhou um papel combativo e estratégico na paralisação da
província. A aliança entre trabalhadores, estudantes e camponeses deram
um duro golpe na reação”, avalia a FDLP.
Frente de Defesa das Lutas do Povo (FDLP) do Equador
“A luta já não é como
‘tambores, flores e danças’. É uma ação determinada, onde a violência
revolucionária é imposta e se torna um exercício de novo poder”,
disparam os revolucionários, destacando, em seguida, o papel dos
camponeses: “O campesinato pobre se une à luta, mostrando que hoje é a
principal força dos processos de transformação no país”.
Em vídeo
publicado na internet, a FDLP mostra vários episódios de policiais e
guardas sendo rendidos por camponeses e manifestantes, sendo obrigados a
entregar a arma e outros equipamentos.
Em um outro vídeo, que circula nas redes
sociais, é possível ver um veículo blindado das Forças Armadas
completamente destruído e incendiado em alguma rodovia do Equador. A
data e o local do acontecimento não foram revelados.
Outro vídeo, que também circula nas
redes, mostram camponeses pobres e indígenas colocando a Tropa de Choque
para correr. O vídeo não diz onde ocorreu e nem quando.
Colocando como determinante uma direção
proletária para triunfar as reivindicações populares, os militantes
dizem que “as exigências das massas não cabem nas mesas de negociação,
com a liderança revisionista e oportunista cedendo ao velho Estado. A
única negociação válida será a condição de o regime de Moreno só se
retirar depois de retirar também as medidas de fome que ditou”, cravam.
Eles apontam que, com a desmobilização
da greve dos trabalhadores do transporte após três dias – que tiveram o
fim da sua luta negociada pelas lideranças pequeno-burguesas dos
sindicatos com o governo –, as mobilizações combativas nas ruas,
rodovias e no campo não diminuíram, mas se fortaleceram, incorporando
organizações camponesas e indígenas ao longo da jornada que, contornando
suas lideranças oportunistas, “se lançaram para combater as forças
estatais causando-lhes golpes violentos, destruição de suas unidades,
feridos e recuos vergonhosos”.
Os revolucionários
pontuam que vários carros da Tropa de Choque foram destruídos; vários
ônibus de transporte militar danificados e destruídos; quase 40
policiais e militares feridos; três unidades militares com seus oficiais
detidos pelas massas (12 policiais do Grupo de Intervenção e Resgate, e
97 policiais de tropa).
Isso, conclui a FDLP, “é
o reflexo de que estamos vivendo uma mobilização de luta, de combate,
que superamos as sequelas da corporatização da sociedade, que foi o
maior legado que o regime fascista de Correa deixou ao velho Estado”.
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