Reproduzimos na íntegra a nota da Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres (LCP) publicada na página do Jornal Resistência Camponesa no último dia 6 de maio.
Bolsonaro prega guerra no campo
Na abertura da agrishow, em Ribeirão
Preto, no último dia 29 de abril, Bolsonaro defendeu que os
latifundiários que assassinem quem invadir suas terras não sejam nem
processados e nem condenados por seus crimes. Bem como prometeu enviar
ao Congresso projeto de lei que caracterize a luta pela terra como
terrorista.
Também anunciou para os ladrões das
terras públicas e dos camponeses pobres, os latifundiários, mais
especificamente para os barões do agronegócio, que o seguro rural em seu
primeiro ano de governo será de 1 bilhão de reais (aumento de 125 %),
bem como pediu juros menores dos empréstimos contraídos pelos
latifundiários com o Banco do Brasil: mais uma farra para estes
parasitas que só exportam e não colocam um grão de feijão, que seja, no
prato dos brasileiros.
Antes, já havia renovado a mordomia
desses tubarões, com isenção de 40 bilhões de impostos dos insumos
agrícolas, em sua grande maioria vendida por multinacionais
cartelizadas.
No discurso na agrishow, de concreto,
nada de novo, só mais do mesmo, além da defesa aberta da pistolagem e do
genocídio no campo. Servil, sabujo e descarado, falou o que pensa e que
agradaria aos donos da festa.
As bilionárias isenções de impostos para
os barões do agronegócio e as transnacionais da agroindústria, junto
com os trilionários juros pagos aos banqueiros e as remessas de lucros
para o estrangeiro das grandes empresas, nunca deixaram de ser
praticadas por nenhum governo que o antecedeu nos últimos 30 anos, só
para ficar naquilo dos que gostam de encher a boca embelezando o tal
“Estado Democrático de Direito” dessa velha ordem de exploração e
opressão. Isto sim quebrou o Brasil, e não os míseros gastos do Estado
com saúde, educação e aposentadoria, como proclamam aos quatro ventos os
que hoje planejam o assalto à Previdência.
Impunidade para matar camponeses,
indígenas, quilombolas, advogados, padres e militantes proletários que
lutam por terra, pão, trabalho e justiça, também não é novo. Sempre foi
assim.
Tratar a luta consequente do povo por
direitos e reivindicações e o protesto popular contra os abusos e
injustiças deste velho Estado de latifundiários e grandes burgueses como
terrorista, a antecessora de Bolsonaro já o fizera, após as grandiosas
rebeliões da juventude de 2013 e 2014, com a Lei Antiterrorista. E o
imperialismo, principalmente norte-americano, já opera com este mantra
no país desde o golpe militar de 1964.
O que tem de novo em tudo isso, sempre
praticado e nunca falado, é que veio da boca do Presidente da República,
eleito com 30% dos votos dos brasileiros em condições de votar, nas
eleições mais desmoralizadas de todas as edições da farsa eleitoral dos
últimos 30 anos.
É para tentar salvar este brutal sistema
de exploração e opressão de tubarões da terra e das finanças, serviçais
dos imperialistas norte-americanos, de sua crise agônica, em meio da
crise geral e mundial do imperialismo, que o genocida Estado putrefato e
em decomposição desencadeou sua ofensiva reacionária preventiva contra o
povo e contra o Brasil.
Tirando os bancos, já que o imperialismo
é a fase do capitalismo do predomínio do capital monopolista
financeiro, o melhor negócio DO MUNDO é ser latifundiário no Brasil!
Roubam as terras públicas e particulares, praticam trabalho escravo, não
pagam impostos, têm seguro contra prejuízo (lucro garantido) e podem
matar impunemente. Quanta mordomia, absurdos privilégios, quanto
liberalismo, quanta “modernidade” e quanto fascismo.
Com suas descaradas declarações,
Bolsonaro, que disputa com os generais a forma de regime da
contra-revolução para salvar o sistema dos sanguessugas do povo e da
nação de sua ruína, proclama como maior valentão o devaneio de terror do
latifúndio, da grande burguesia e do imperialismo de afogar em banhos
de sangue a secular e sagrada luta pela terra dos camponeses de nosso
país. Vai fracassar!
Bolsonaro com suas declarações e
provocações é apenas a ponta do iceberg no Brasil do fascismo que está,
outra vez, levantando a cabeça em todo o mundo. Bolsonaro está
conclamando seus seguidores fascistas, fanáticos e obscurantistas,
atiçando a guerra civil para o genocídio dos pobres no país. Mas os
camponeses do Brasil têm lutado ao longo dos séculos por um pedaço de
terra para plantar e criar suas famílias e construir com seus irmãos
operários uma nação e um Brasil Novo.
Como os indígenas massacrados neste país
os camponeses lutaram em centenas de levantamentos armados e nunca
pararam de lutar. O fato das derrotas destes séculos ocorrerem ora por
falta de condições objetivas e ora por falta de uma direção esclarecida
não os condena sempre eternamente à derrota. Muito ao contrário, foi
exatamente a sua persistência na luta, apesar das derrotas e aprendendo
delas, que puderam conhecer o caminho da vitória. A reação pensa que
sempre derrotará as massas, mas os camponeses têm aprendido muito e
lutarão, não segundo a provocação de seus inimigos jurados, mas a seu
modo, à sua maneira e no momento que melhor lhes convier darão sua luta
de armas na mão.
Para os camponeses, sobreviver é conquistar um pedaço de terra para trabalhar!
Viva a sagrada luta pela terra!
Terra para quem nela vive e trabalha!
COMISSÃO NACIONAL DAS LIGAS DE CAMPONESES POBRES
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